COMUNICAÇÃO AOS MEMBROS

Transcrição

1 PARLAMENTO EUROPEU Comissão dos Assuntos Jurídicos COMUNICAÇÃO AOS MEMBROS (22/2010) Assunto: Parecer fundamentado da Câmara dos Comuns do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte sobre a proposta de Directiva do Parlamento Europeu e do Conselho que altera a Directiva 97/9/CE do Parlamento Europeu e do Conselho relativa aos sistemas de indemnização dos investidores (COM(2010) C7-0174/ /0199(COD)) Nos termos do artigo 6.º do Protocolo (n.º 2) relativo à aplicação dos princípios da subsidiariedade e da proporcionalidade, podem os Parlamentos nacionais, no prazo de oito semanas a contar da data de envio de um projecto de acto legislativo, dirigir aos Presidentes do Parlamento Europeu, do Conselho e da Comissão um parecer fundamentado em que exponham as razões pelas quais considerem que o projecto em questão não obedece ao princípio da subsidiariedade. De acordo com o disposto no Regimento do Parlamento Europeu, a Comissão dos Assuntos Jurídicos é o órgão competente em matéria de respeito do princípio da subsidiariedade. Junto se remete para informação um parecer fundamentado da Câmara dos Comuns do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte sobre a proposta em epígrafe. CM\ doc PE v01-00 Unida na diversidade

2 PE v /5 CM\ doc

3 Parecer Fundamentado da Câmara dos Comuns Apresentado aos Presidentes do Parlamento Europeu, do Conselho e da Comissão nos termos do artigo 6.º do Protocolo (n.º 2) relativo à aplicação dos princípios da subsidiariedade e da proporcionalidade Projecto de directiva que altera a Directiva n.º 97/9/CE, relativa aos sistemas de indemnização dos investidores (12346/10) Disposições aplicáveis do Tratado 1. O artigo 5.º, n.º 3, do Tratado da União Europeia (TUE) estatui o seguinte: "Em virtude do princípio da subsidiariedade, nos domínios que não sejam da sua competência exclusiva, a União intervém apenas se e na medida em que os objectivos da acção considerada não possam ser suficientemente alcançados pelos Estados-Membros, tanto ao nível central como ao nível regional e local, podendo contudo, devido às dimensões ou aos efeitos da acção considerada, ser mais bem alcançados ao nível da União. As instituições da União aplicam o princípio da subsidiariedade em conformidade com o Protocolo relativo à aplicação dos princípios da subsidiariedade e da proporcionalidade. Os Parlamentos nacionais velam pela observância do princípio da subsidiariedade de acordo com o processo previsto no referido Protocolo." 2. No artigo 12.º, alínea b), do TUE mais se estatui que: "Os Parlamentos nacionais contribuem activamente para o bom funcionamento da União [...] garantindo o respeito pelo princípio da subsidiariedade, de acordo com os procedimentos previstos no Protocolo relativo à aplicação dos princípios da subsidiariedade e da proporcionalidade". Aspectos da directiva que não são conformes ao princípio da subsidiariedade 3. A Câmara dos Comuns considera que o projecto de directiva que altera a Directiva n.º 97/9/CE relativa aos sistemas de indemnização dos investidores não é conforme ao princípio da subsidiariedade no que se refere ao seguinte ponto: o mecanismo de contracção de empréstimos de último recurso entre sistemas nacionais previsto no artigo 4.º-B não prossegue um objectivo que possa "ser mais bem alcançado ao nível da União." Fundamentação 4. Na sua exposição de motivos, a Comissão aduz a seguinte justificação para a criação de um mecanismo de contracção de empréstimos de último recurso entre sistemas de indemnização dos investidores dos Estados-Membros: "Aliada ao estabelecimento de regras de financiamento coerentes entre os Estados-Membros, CM\ doc 3/5 PE v01-00

4 a introdução de mecanismos de cooperação entre os sistemas nacionais garantirá uma maior protecção dos investidores e promoverá a sua confiança nos serviços de investimento. O sistema baseia-se no princípio de solidariedade entre os sistemas nacionais. Nos termos do artigo proposto, é adoptado um mecanismo de concessão de empréstimos entre os sistemas, como instrumento de último recurso. Estas medidas devem proporcionar aos sistemas uma fonte alternativa de financiamento, em determinadas condições e a título temporário. Facilitarão também uma relação mais próxima e uma melhor coordenação entre os sistemas nacionais e servirão de incentivo para o desenvolvimento de práticas e de procedimentos de trabalho mais harmonizados." 5. A Comissão explica que os sistemas nacionais "devem ter o direito de contrair empréstimos junto de outros sistemas se os seus fundos não forem suficientes para cobrir as necessidades imediatas" e que "parte do financiamento ex ante em cada sistema de indemnização deve estar disponível para a concessão de empréstimos a outros sistemas." 6. A Câmara dos Comuns considera que é provável que o objectivo primordial do mecanismo de concessão de empréstimos - "garantir uma maior protecção dos investidores e promover a sua confiança nos serviços de investimento" - não venha a ser alcançado. Isto, porque tal mecanismo é susceptível de gerar um risco moral nos serviços de investimento, pela razão lógica de o facto de um sistema nacional dispor de uma fonte de crédito de recurso aumentar a respectiva propensão a subscrever investimentos pouco judiciosos, imprudentes ou arriscados. A Câmara dos Comuns considera que este risco não é mitigado nem pela avaliação dos pedidos de empréstimo pela Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados nem pela obrigação de reembolso do empréstimo no prazo de cinco anos. 7. Para se não gerar este risco moral, é preferível que se evite o recurso aos sistemas de outros Estados-Membros e que cada Estado-Membro, de acordo com o princípio da subsidiariedade, garanta que os membros do sistema de indemnização assumam, eles próprios, toda a responsabilidade. À semelhança do Riksdag sueco, a Câmara dos Comuns considera que, para garantir a protecção dos investidores e promover a sua confiança, deve haver um incentivo ao adequado financiamento a nível nacional dos sistemas de indemnização deste tipo; e que devem ser os governos centrais a assegurar que os sistemas de indemnização dos investidores possam cumprir as suas obrigações. Além disso, a Câmara dos Comuns considera que, por norma, o risco de investimento deve ser garantido na fonte, que é onde é passível de ser mais bem avaliado e se podem tomar medidas a seu respeito. 8. À luz do exposto, e não tendo a Comissão apresentado indicadores qualitativos e quantitativos em contrário, a Câmara dos Comuns não tem motivos para crer que, pelas suas dimensões ou efeitos, a acção ao nível da UE sob a forma da criação de um mecanismo obrigatório de concessão de empréstimos, quando comparada com a acção dos diferentes Estados-Membros em separado, seja mais apta a atingir o objectivo de garantir uma melhor protecção dos investidores e promover a confiança nos serviços de investimento. Muito pelo contrário, o mecanismo proposto pode levar a menos protecção dos investidores e menos confiança nos serviços de investimento. Assim, este aspecto do projecto de directiva não prossegue um objectivo que é "mais bem alcançado ao nível da União" e não é conforme ao princípio da subsidiariedade. PE v /5 CM\ doc

5 CM\ doc 5/5 PE v01-00