Eficiência de inseticidas no controle de Diabrotica speciosa na cultura da batata Paulo Francisco Maraus; Humberto Silva Santos 1 ; José Usan Torres Brandão Filho 1 ; Ana Claudia Buzanini 1 ; Bruna Rafaela Barbieri 1 1 Universidade Estadual de Maringá. Av. Colombo, 5790 Departamento de Agronomia, CEP 87.020-900, Maringá- PR; paulomaraus@hotmail.com. RESUMO O presente trabalho teve como objetivo testar a eficiência de inseticidas no controle da vaquinha verde amarela ou vaquinha patriota (Diabrotica speciosa). O experimento foi realizado em área experimental pertencente à Universidade Estadual de Maringá, o delineamento adotado foi o de blocos ao acaso com 7 tratamentos e 4 repetições, os tratamentos foram 1) Testemunha onde não foi aplicado produto; 2) Alfacipermetrina (75,0 g L -1 ) na dose de 15 g i.a.100l -1 ; 3) Alfacipermetrina (75,0 g L -1 ) na dose de 30 g i.a.100l -1 ; 4) Alfacipermetrina (75,0 g L -1 ) na dose de 45 g i.a.100l -1 ; 5) Alfacipermetrina (75,0 g L -1 ) na dose de 60 g i.a.100l -1 ; 6) Alfacipermetrina (75,0 g L -1 ) na dose de 75 g i.a.100l -1 ; 7) Alfacipermetrina (100 g L -1 ) na dose de 2 g i.a.100l -1. Foram feitas 5 avaliações sendo uma prévia e as outras aos 3, 5,7 e 10 dias após a aplicação. Os tratamentos 2 e 3 não apresentaram eficiência no controle superior a 80% em nenhuma das avaliações, dentre os demais, destacaram-se os tratamentos cinco e seis, apresentando eficiência (>80%) até sete dias após aplicação. Portanto os tratamentos destacados mostraram como boas opções dentro do manejo de controle da praga na cultura da batata. PALAVRAS-CHAVE: Solanum tuberosum, fitossanidade, inseticidas. ABSTRACT Insecticide efficiency in the control of Diabrotica speciosa on potato crop This study aimed to test the efficiency of insecticides to control Diabrotica speciosa on potato crop. The Trial was carried out in an experimental area belonging to the Universidade Estadual de Maringá, in Paraná state. The design adopted was randomized blocks with 7 treatments and 4 replications, the treatments were 1) non-sprayed control, 2) Alfacipermetrina 75.0 g L -1 + teflubenzuron (75.0 g L -1 ) at a dose of 15 g a.i. 100 L -1, 3) Alfacipermetrina (75.0 g L -1 ) + teflubenzuron (75.0 g L -1 ) at a dose of 30 g a.i. 100L -1, 4) Alfacipermetrina (75.0 g L -1 ) + teflubenzuron (75.0 g L -1 ) at a dose of 45 g a.i. 100L -1, 5) Alfacipermetrina (75.0 g L -1 ) + teflubenzuron (75.0 g L -1 ) at a dose of 60 g a.i. 100L -1, 6) Alfacipermetrina (75,0 g L -1 ) + teflubenzuron (75.0 g L -1 ) at a dose of 75 g a.i. 100L -1, 7) Alfacipermetrina (100 g L -1 ) at a dose of 2 g a.i. 100L -1. Were made 5 evaluations, being the first before spraying and the others at 3, 5, S744
7 and 10 days after spraying. Treatments 2 a good option in the management of and 3 do not showed efficiency exceeding 80% in none of the treatments. Treatments 5 and 6 stood out because they had efficiency greater than 80% up to 7 days after spraying. Therefore, the treatments 5 and 6 proved to be Diabratica speciosa on potato crop. Keywords: Solanum tuberosum, plant protection, insecticides. INTRODUÇÃO A batata (Solanum tuberosum) é originaria do Peru onde já era cultivada pelo povo Inca, esse tubérculo é pertencente à família das Solanaceae. O Brasil cultiva anualmente em torno de 171 mil hectares com batatas, com produção média de 2,6 milhões de toneladas. Analisando-se a área e a produção brasileira dos últimos dez anos, verifica-se que, houve um decréscimo de 9% na área cultivada, enquanto que, a produção aumentou 8%, o que significa ganho em produtividade. A parte aérea da batata é hospedeira de diversos insetos, os quais podem causar expressivos danos, dependendo das condições climáticas e da cultivar, dentre eles podemos destacar a vaquinha verde amarela ou vaquinha patriota (Diabrotica speciosa). A Diabrotica speciosa é um Coleóptero (Chrysomelidae), alimenta-se de folhas e, em altas populações, provocam diminuição da produção. O ciclo de vida é longo e depende do hospedeiro onde se desenvolve. Em batata é de cerca de 40 dias no plantio da primavera e 50 dias no de outono. Desenvolve várias gerações anuais, em um só ou múltiplos hospedeiros. Pode ser de até duas na batata no ciclo de primavera e de uma ou duas incompletas no ciclo de outono. Quando adultos, alimentam-se de folhas e voam constantemente de uma planta para outra. Nesta fase, chegam em certas situações a promoverem uma desfolha de até 35% quando no início do ciclo da cultura, e em alguns casos extremos onde a desfolha atinge próximo a 70%, as perdas na produção são significativas (Cranshaw & Radcliffe, 1980). Entretanto, os maiores prejuízos são causados pelas larvas que se alimentam dos tubérculos e raízes. As fêmeas fazem a postura no solo, de onde eclodem as larvas de coloração branco-leitosa que quando completamente desenvolvidas atingem cerca de 10 mm de comprimento. Essas larvas, que vivem no solo, perfuram os tubérculos, dando uma aparência similar a alfinetadas, de onde originou-se o nome popular de larva-alfinete. Além dos danos causados nos tubérculos, ocorrem danos em outras estruturas subterrâneas como raízes e estolões, o que aumentam ainda mais os prejuízos causados por esse inseto. Devido as perfurações encontradas nos tubérculos, o ataque desta e de outras pragas resulta na depreciação comercial dos mesmos e dependendo do grau de ataque, até teremos refugo no comércio (Bisognin, 1996). S745
É importante fazer o controle dos adultos, pois haverá um numero menor de ovos, menores danos qualitativos causados pelas larvas, e quantitativos causados pela desfolha com consequente redução da área fotossintética. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi o de verificar a eficácia de inseticidas no controle de D. speciosa, através da avalição da eficiência de controle, e o período de persistência dos tratementos. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em área experimental pertencente à Universidade Estadual de Maringá no período de fevereiro a abril de 2010, o solo da área foi classificado como nitossolo vermelho Eutroférrico, textura muito argilosa, a área esta localizada no município de Maringá, estado do Paraná, Utilizou-se para o plantio a variedade de batata semente Ágata, sendo plantadas no dia 13/02/2010, e a emergência constatada no dia 21/02/2010. O espaçamento adotado foi o de 0,80 m na entrelinha e 0,20 m entre plantas, o que proporcionou a utilização de 62.500 batatas do tipo semente por hectare. O sistema de cultivo adotado foi o convencional com duas gradagens sendo a primeira com grade aradora e a segunda com grade niveladora, sendo que após essas duas operações foram feitos sulcos com um sulcador tratorizado com posterior plantio das batatas sementes no sulco. Por ocasião da semeadura foi realizada uma adubação de plantio, utilizando-se o adubo formulado NPK 04-14-08 na dose de 800 kg ha -1. As técnicas de condução foram as usuais em cultivos comerciais de pequeno porte, ou seja, foram realizadas capinas manuais quando necessárias, sendo que a operação de amontoa foi realizada logo após a adubação de cobertura (Lopes & Buso, 1997). O delineamento estatístico utilizado foi o de blocos ao acaso, com sete tratamentos e quatro repetições. Cada parcela foi constituída por uma área de 30,0 m 2 (6,0 m de largura x 5,0 m de comprimento). Foram consideradas como parcela útil as plantas mais ao centro da parcela. Os 7 tratamentos foram, 1)Testemunha onde não foi aplicado produto; 2) Alfacipermetrina (75,0 g L -1 ) + Teflubenzuron (75,0 g L -1 ) na dose de 15 g i.a.100l -1 ; 3) Alfacipermetrina (75,0 g L -1 ) + Teflubenzuron (75,0 g L -1 ) na dose de 30 g i.a.100l -1 ; 4) Alfacipermetrina (75,0 g L -1 ) + Teflubenzuron (75,0 g L -1 ) na dose de 45 g i.a.100l -1 ; 5) Alfacipermetrina (75,0 g L -1 ) + Teflubenzuron (75,0 g L -1 ) na dose de 60 g i.a.100l -1 ; 6) Alfacipermetrina (75,0 g L -1 ) + Teflubenzuron (75,0 g L -1 ) na dose de 75 g i.a.100l -1 ; e 7) Alfacipermetrina (100 g L -1 ) na dose de 2 g i.a.100l -1. Foram realizadas no total cinco avaliações, para o número de D. speciosa nas plantas de batata, onde a primeira avaliação (prévia) ocorreu momentos antes da pulverização, no dia 22/03/2010. As demais avaliações ocorreram aos 03, 05, 07 e 10 dias após aplicação (DAA), respectivamente nos dias 25/03, 27/03, 29/03 e 01/04/2010. S746
Para as avaliações adotou-se como metodologia, a contagem do número de D. speciosa por aquário de captura, com 30,0 cm de altura por 50,0 cm de comprimento por 20,0 cm de largura, onde foram realizadas quatro avaliações por parcela, para se obter o número médio da praga por aquário por parcela. Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. As porcentagens de eficiência dos inseticidas testados foram calculadas pela fórmula de Abbott (1925), sendo considerados eficazes os tratamentos que superaram os 80%. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas avaliações não foram observados sintomas visuais de fitotoxicidade nas plantas ou qualquer anormalidade atribuível aos tratamentos experimentais. Os resultados quantificados no experimento estão apresentados na Tabela 1, e corresponde ao número médio de vaquinhas verde-amarelas por aquário de captura por parcela. O coeficiente de variação e a ausência de diferenças significativas verificadas entre o número de indivíduos quantificados na avaliação prévia mostraram que a praga encontrava-se uniformemente distribuída na área experimental. Na segunda avaliação, ocorrida 03 dias após aplicação (DAA), todos os tratamentos diferiram estatisticamente da testemunha e enquanto os tratamentos 05, 06 e 07 não diferiram estatisticamente entre si, mas diferiram dos tratamentos 01 e 02, e o tratamento 06 diferiu dos tratamentos 01, 02 e 03. Somente os tratamentos 02 e 03 não apresentaram eficiências recomendadas 80% (Nakano et al. 2002) para a D. speciosa na cultura da batata. Na terceira avaliação, ocorrida 05 DAA, todos os tratamentos diferiram estatisticamente da testemunha e enquanto o tratamento 06 diferiu dos tratamentos 01 e 02. E somente os tratamentos 02 e 03 não foram eficientes no controle da D. speciosa na cultura da batata. Na quarta avaliação, ocorrida 07 DAA, todos os tratamentos diferiram estatisticamente da testemunha e enquanto os tratamentos 05 e 06 não diferiram estatisticamente entre si, mas diferiram dos tratamentos 01, 02 e 03. Porem somente os tratamentos 05 e 06 mantiveram eficiência de controle acima de 80% da D. speciosa na cultura da batata. Na quinta avaliação, ocorrida 10 DAA, todos os tratamentos diferiram estatisticamente da testemunha e o tratamento 06 diferiu dos tratamentos 01 e 02, e nenhum tratamento manteve residual e eficiência no controle da D. speciosa na cultura da batata. Com base nos resultados a conclusão foi de que apesar de os tratamento 4, 5, 6 e 7 apresentarem eficiência, os tratamentos 5) Alfacipermetrina (75,0 g L -1 ) na dose de 60 g i.a.100l -1 ; 6) Alfacipermetrina (75,0 g L -1 ) na dose de 75 g S747
i.a.100l -1, são os mais recomendados no controle da D. speciosa, pois apresentaram eficiência agronômica por maior período de tempo, até sete dias após a aplicação, portanto mostram-se como boas opções dentro do manejo de controle da praga na cultura da batata, o que assegurou a integridade das plantas e, consequentemente, reduziu os riscos de perdas quantitativas e qualitativas na produção. REFERÊNCIAS ABBOTT, W.S. 1925. A method of computing the effectiveness of an insecticide. Journal of Economic Entomology 18: 265-267. BISOGNIN, D. (Coord.). 1996. Recomendações técnicas para o cultivo da batata no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Santa Maria: UFSM/CCR, Departamento de Fitotecnia. 64 p. CANTERI, M. G.; ALTHAUS, R. A.; VIRGENS FILHO, J. S.; GIGLIOTI, E. A.; GODOY, C. V. 2001. SASM Agri: Sistema para análise e separação de médias em experimentos agrícolas pelos métodos Scott-Knott, Tukey e Duncan. Revista Brasileira de Agrocomputação, 1: 18-24. CRANSHAW, W. S.; RADCLIFFE, E. B. 1980. Effect of defoliation on yield of potatoes. Journal of Economic Entomology. 73: 131-134. LOPES, C. A.; BUSO, J. A. 1997. Instruções Técnicas da Embrapa Hortaliças: Cultivo da batata. Brasília: Embrapa, v. 8. NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R. P. L.; BAPTISTA, G. C. de; BERTI FILHO, E.; PARRA, J. R. P.; ZUCCHI, R. A.; ALVES, S. B.; VEN748RAMIN, J. D. X.; MARCHINI, L. C.; LOPES, J. R. S.; OMOTO, C. 2002. Entomologia Agrícola. Piracicaba: FEALQ. 920p. S748
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 MARAUS, PF; SANTOS, HS; BRANDÃO FILHO, JUT; BUZANINI, AC; BARBIERI, BR. 2011. Eficiência de inseticidas no controle de Diabrotica speciosa na cultura da batata. Horticultura Tabela 1. Número médio de Diabrotica speciosa por aquário por parcela (M), e porcentagem de eficiência (%Ef.) dos tratamentos com diferentes doses dos inseticidas na cultura da batata. Maringá - PR, 2010. [Evaluations of the average number of Diabrotica speciosa per aquarium per plot (M), and percentage of efficiency (% Ef.) of the treatments with different doses of insecticides on potato crop. Maringá - PR, 2010.] Número médio de Diabrotica speciosa por aquário por parcela Tratamentos Doses (g i.a.100l -1 Avaliação ) Prévia 03 DAA* 05 DAA 07 DAA 10 DAA M 1 M % Ef. 2 M % Ef. M % Ef. M % Ef. 1 - Testemunha - 1,94 a 2,06 a - 1,88 a - 2,31 a - 1,75 a - 2 - Alfacipermetrina (75,0 g L -1 ) 3 - Alfacipermetrina (75,0 g L -1 ) 4 - Alfacipermetrina (75,0 g L -1 ) 5 - Alfacipermetrina (75,0 g L -1 ) 6 - Alfacipermetrina (75,0 g L -1 ) 15,0 1,63 a 0,81 b 60,6 0,81 b 56,7 1,06 b 54,1 0,94 b 46,4 30,0 1,75 a 0,63 bc 69,7 0,63 bc 66,7 0,88 bc 62,2 0,88 bc 50,0 45,0 1,63 a 0,38 bcd 81,8 0,38 bc 80,0 0,56 bc 75,7 0,56 bc 67,9 60,0 1,94 a 0,31 cd 84,8 0,31 bc 83,3 0,44 c 81,1 0,50 bc 71,4 75,0 1,94 a 0,25 d 87,9 0,25 c 86,7 0,38 c 83,8 0,44 c 75,0 7 - Alfacipermetrina (100 g L -1 ) 2,0 1,75 a 0,31 cd 84,8 0,38 bc 80,0 0,63 bc 73,0 0,63 bc 64,3 C.V. % - 11,34 17,62-19,35-16,14-14,11 1/ Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si, pelo teste de Tukey, em nível de 5% de significância. 1/ [Averages followed by the same letter in columns do not differ by Tukey test at 5% level of significance.] 2/ Porcentagens de eficiência, calculadas de acordo com a fórmula de Abbott. 2/ [Efficiency percentages, calculated according to Abbott formula.] * / Dias após aplicação. * / [Days after spraying.] S749