SANTOS, SS; SANTOS, HS; FREITAS FILHO, AM; MARAUS, PF. Eficiência do inseticida Warrant (Imidacloprido) Eficiência do inseticida Warrant (Imidacloprido) no controle no controle 2010. Horticultura Brasileira 28: S653-S657. Eficiência do inseticida Warrant (Imidacloprido) no controle de pulgão (Dactynocus sonchi) na cultura da Alface. Shalene Silva Santos 1 ; Humberto Silva Santos 1 ; Arleneo Machado de Freitas Filho 1 ; Paulo Francisco Maraus 1 1 Universidade Estadual de Maringá. Campus Universitário Av. Colombo, 5790, CEP 87020-900 Maringá PR.; hssantos@uem.br RESUMO A alface (Lactuca sativa L.) é uma hortaliça popular no mundo inteiro e uma das mais importantes do ponto de vista econômico além de ser uma das hortaliças mais consumidas pelo mercado brasileiro. Entretanto, é um produto de vida útil póscolheita muito curta, levando o produtor a investir em tecnologias que não permitam perdas pelos processos edafoclimáticos e problemas fitossanitários, o qual se torna um dos grandes obstáculos para uma produção de qualidade. O pulgão Dactynocus sonchi, é uma das pragas que causam grande prejuízo para a cultura, pois é um vetor de fitoviroses e consumidor das folhas. O presente trabalho foi realizado em área experimental localizada no campus da Universidade Estadual de Maringá, no município de Maringá, Estado do Paraná, no período de outubro a dezembro de 2009, utilizando-se mudas de alface cv. Vanda. Teve como objetivo avaliar o efeito inseticida e a eficiência agronômica de três doses do inseticida Warrant (175,0 g i.a.ha -1 ; 210,0 g i.a.ha -1 e 245 g i.a.ha -1 ), em comparação com outros produtos à base de Imidacloprido (nas doses 175,0 g i.a.ha -1 e 210,0 g i.a.ha -1 ), visando o controle do pulgão, Dactynotus sonchi, na cultura da alface. Foram realizados no total cinco avaliações, visando quantificar o nível populacional do pulgão, sendo a primeira (avaliação prévia) momentos antes da pulverização. As avaliações da eficiência com que os produtos controlaram a praga evidenciaram que o inseticida Warrant, na dose de 175 g de i.a. ha -1, foi eficiente até os 2 dias após a aplicação; nas doses de 210 e 245 g de i.a. ha -1, a eficiência persistiu até os 10 dias após a aplicação. Verificou-se, também, que em doses iguais o produto Warrant foi equivalente ao padrão. Palavras-chaves: Lactuca sativa L., Dactynotus sonchi, Controle Fitossanitário. ABSTRACT Efficiency of Warrant (Imidacloprid) insecticide in control of Dactynocus sonchi in lettuce crop. Lettuce (Lactuca sativa L.) is a popular vegetable in the world and one of the most important economically as well as being one of the most consumed vegetables in the Brazilian market. However, it is a product of too short post-harvest shelf life, leading the farmers to invest in technologies which prevent losses by soil and climatic processes and disease problems, which become a major obstacle to quality production. The aphid Dactynocus sonchi, is a pest that causes great damage to the crop because it is a vector of fitoviroses and consumer of leaves. This work was carried out in experimental area located in the Universidade Estadual de Maringá, in Maringá, Paraná State, in the period from October to November 2009, using seedlings of cv. Vanda. Was evaluated the insecticidal Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 653
effect and the agronomic efficiency of three doses of Warrant (175.0 g i.a.ha -1, 210.0 g i.a.ha -1 and 245 g i.a.ha -1 ) compared with Imidacloprid from a commercial product already registered for the crop (in dose 175.0 g i.a.ha -1 and 210.0 g i.a.ha -1 ), for the control of Dactynotus sonchi, on lettuce. Five evaluations were performed to quantify the level of the aphid population, the first (preliminary assessment) moments before spraying. Evaluations of the efficiency with which products managed to plague showed that the insecticide Warrant, at a dose of 175 g i.a.ha -1 was effective until two days after application. Rates of 210 and 245 g i.a.ha -1 showed efficiency until 10 days after application. There was also that at equal doses the product Warrant was equivalent to the standard. Key words: Lactuca sativa L., Dactynotus sonchi, Pest Control. A alface (Lactuca sativa L.) é uma das hortaliças mais cultivadas em todo o país. A possibilidade de cultivos sucessivos no mesmo ano, por conseqüência da constância em sua comercialização, fazem com que seja a hortaliça preferida de alguns produtores, o que lhe confere grande importância econômica e social, sendo significativo fator de agregação do homem do campo. No Brasil, a área plantada é de, aproximadamente, 35.000 hectares. Na safra de 2002/2003, somente no Paraná, foram produzidas 54.890 toneladas de alface, no valor de 25,32 milhões de reais, em uma área de 2.845 hectares. É uma cultura que exige manejo intensivo, pois é susceptível ao ataque de diversas pragas e doenças que reduzem sua produtividade. Várias tecnologias sementes melhoradas, irrigação, hidroponia, cultivo protegido, entre outras têm sido desenvolvidas no intuito de diminuir os riscos relacionados ao clima. Por outro lado, tem-se buscado melhorar a eficiência no controle das principais doenças e pragas que atacam a cultura. Os pulgões e os tripes têm sido as principais pragas da cultura da alface. Dentre os pulgões que atacam a alface, Dactynotus sonchi, o pulgãoda-serralha ou pulgão-da-alface, pode atacar várias espécies da cultura. Este, apresenta-se de coloração roxo escura medindo cerca de 2,5 a 3,0 mm de comprimento. As formas aladas apresentam a cabeça e o tórax preto e o abdome é roxo escuro ou preto brilhante. Os sifúnculos são pretos e a codícola clara. As pernas são amarelo escuro. As formas ápteras apresentam coloração geral roxo escura, sendo os sifúnculos pretos, a codícola amarelada e as pernas pretas e amarelas. À medida que sugam as folhas, estas vão se engruvinhando, tornando-se de mau aspecto, sendo inutilizadas para o consumo. Entretanto, não é só pelos danos diretos causados que os pulgões são considerados pragas importantes da cultura da alface, mas, principalmente, por serem vetores de fitoviroses, o principal problema sanitário da cultura. Por este motivo, este trabalho teve por objetivo avaliar o efeito inseticida e a eficiência agronômica de três doses de Warrant (Imidacloprido), visando o controle do pulgão, Dactynotus sonchi, na cultura da alface. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em área experimental localizada no campus da Universidade Estadual de Maringá, no município de Maringá, Estado do Paraná, no período de outubro a novembro de 2009. Utilizaram-se mudas de alface, cv. Vanda, produzidas em bandejas de 200 células contendo substrato Plantmax. A semeadura foi feita em 26/10/09 e o transplante em 16/11/09 para os canteiros adotando-se o espaçamento de 0,3 x 0,3 m. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 654
Não foram feitas aplicações de outros inseticidas e fungicidas além dos tratamentos experimentais. O delineamento estatístico experimental adotado foi o de blocos ao acaso, com seis tratamentos e quatro repetições. Cada parcela foi constituída por uma área de 4,32 m 2 (3,60 m de comprimento x 1,20 m de largura), ou seja, com quatro linhas de plantio de 3,6 m de comprimento. Para as avaliações foram consideradas as duas linhas centrais, desprezando-se as bordaduras, ou seja, foram avaliadas 20 plantas por parcela. Os tratamentos submetidos à avaliação tiveram como alvo biológico o pulgão, Dactynotus sonchi, cujos nomes dos inseticidas, ingredientes ativos e doses estão relacionados na Tabela 1. O tratamento testemunha correspondeu às parcelas não pulverizadas. Foi realizada uma pulverização, com cada um dos respectivos tratamentos experimentais, no dia 24/11/09, aos 6 dias após o transplante, quando a cultura encontrava-se em início do desenvolvimento vegetativo e com infestação inicial da praga. Para as aplicações foi utilizado um pulverizador costal pressurizado à base de CO, equipado com bico cônico D2-13, calibrado para pressão 2 constante de 35 PSI, o que permitiu uma vazão de 600 L de calda inseticida por hectare. As condições atmosféricas no local do ensaio, por ocasião da aplicação, eram de céu claro e ventos fracos. Foram realizados no total cinco avaliações, visando quantificar o nível populacional do pulgão, sendo a primeira (avaliação prévia) momentos antes da pulverização, no dia 24/11/09. As demais aconteceram aos 02, 07, 10 e 15 dias após a aplicação (DAA). Para as avaliações, adotou-se como metodologia, a tomada de uma folha por planta, localizada em posição intermediária em cada uma das vinte plantas da unidade experimental. Para efeito de cálculos e de análise estatística, considerou-se a média dos pulgões vivos encontrados nas vinte folhas de cada parcela útil. A média aritmética das quatro repetições expressou o nível de ataque em cada tratamento estudado. Os resultados foram submetidos à análise de variância. Os dados originais foram transformados de acordo com a recomendação do teste de homocedasticidade (Box & Cox, 1964) e, em seguida, as médias foram comparadas entre si por meio do teste de Tukey, em nível de 5% de probabilidade, de acordo com Canteri et al. (2001). As porcentagens de eficiência dos inseticidas testados foram calculadas pela fórmula de Abbott, de acordo com Nakano et al. (1981), sendo considerados eficazes os tratamentos que superaram os 80%. RESULTADOS E DISCUSSÃO Por ocasião das avaliações não foram observados sintomas visuais de fitotoxicidade nas plantas ou qualquer anormalidade atribuível aos tratamentos experimentais, a fatores nutricionais, climáticos ou ao manejo da cultura. Os resultados quantificados no experimento estão apresentados na Tabela 2 e correspondem à média do número de indivíduos vivos encontrados por 20 folhas de alface amostradas. O coeficiente de variação e a ausência de diferenças significativas verificadas entre o número de indivíduos quantificados na avaliação prévia mostraram que a praga encontrava-se uniformemente distribuída na área experimental. Apurou-se, ainda, uma infestação inicial, cujas médias variaram de 12,75 a 19,00 indivíduos por planta. Portanto, tal uniformidade e intensidade de ataque foram consideradas suficientes para, nas avaliações posteriores à aplicação dos tratamentos, permitirem a verificação de relação de causalidade entre os tratamentos experimentais e os níveis de ataque, ou seja, entre a ação de doses e produtos químicos (causa) e o controle proporcionado por eles (efeito). Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 655
Em todas as avaliações realizadas aos 2, 7, 10 e 15 dias após a aplicação dos tratamentos não houve diferença estatística entre os tratamentos químicos, ou seja, não houve efeito estatisticamente significativo de doses e produtos aplicados. Em todas as avaliações, ainda, os valores verificados nas amostras realizadas nas parcelas tratadas foram significativamente inferiores ao ataque quantificado na testemunha não pulverizada, ou seja, todos os tratamentos químicos apresentaram expressiva redução da infestação da praga. A avaliação da eficiência com que os produtos controlaram a praga evidenciou que o inseticida Warrant na dose de 175,0 g i.a. ha -1, foi eficiente até os 2 dias após a aplicação; nas doses de 210,0 g i.a. ha -1 e 245 g i.a. ha -1, a eficiência persistiu até os 10 dias após a aplicação. Verificou-se, também, que em doses iguais o produto Warrant foi equivalente produto padrão comparado. Portanto, a eficiência biológica do inseticida Warrant na dose adequada, mostrou-se uma opção dentro do manejo de controle da praga na cultura da alface, o que assegurou a vitalidade das plantas e, conseqüentemente, reduziu os riscos de perdas quantitativas e qualitativas na produção. REFERÊNCIAS BOX, G. E. P.; COX, D. R. An analysis of transformation. Journal of the Royal Statistical Society, B. London, v. 26, p. 211-243, 1964. CANTERI, M. G.; ALTHAUS, R. A.; VIRGENS FILHO, J. S.; GIGLIOTI, E. A.; GODOY, C. V. SASM Agri : Sistema para análise e separação de médias em experimentos agrícolas pelos métodos Scott-Knott, Tukey e Duncan. Revista Brasileira de Agrocomputação, v. 1, n. 2, p. 18-24. 2001. NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; ZUCCHI, R.A. Entomologia Econômica. São Paulo: Livroceres, 1981, 314p. Tabela 1. Tratamentos aplicados em forma de pulverização na cultura da alface visando o controle do pulgão, Dactinotus sonchi. [Treatments applied as a spray on lettuce for the control of aphids, Dactinotus sonchi] Maringá PR, 2009. Tratamentos Ingredientes ativos Doses (i.a. ha-¹) 1 1 - - 2 Warrant (Imidacloprido) (700 g L-¹) 175,0 g 3 Warrant (Imidacloprido) (700 g L-¹) 210,0 g 4 Warrant (Imidacloprido) (700 g L-¹) 245,0 g 5 Imidacloprido (700 g L-¹) 175,0 g 6 Imidacloprido (700 g L-¹) 210,0 g 1/ Ingrediente ativo por hectare. [Active ingredient per hectare] Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 656
Tabela 2. Média do número de pulgões vivos por amostra (M) e porcentagem de eficiência (%Ef.) dos tratamentos com diferentes doses e inseticidas visando o controle do pulgão, Dactinotus sonchi, na cultura da alface. [Average number of live aphids per sample (M) and percentage of efficiency (%Ef) of treatment with different doses and insecticides for the control of aphids Dactinotus sonchi, in lettuce] Maringá PR, 2009. Tratamentos (Nome comercial) Avaliação Avaliações (dias após a pulverização) Prévia 2 a Av. - 2 DAA26/11 3 a Av. - 7 DAA01/12 4 a Av. -10 DAA04/12 5 a Av. - 15 DAA09/12 M* M 1 % Ef. 2 M % Ef. M % Ef. M % Ef. 1- Testemunha 12,75 a 19,50 a - 27,00 a - 36,75 a - 32,50 a - 2- Warrant 17,25 a 2,50 b 87,2 6,25 b 76,9 9,50 b 74,1 10,75 b 66,9 3- Warrant 14,00 a 2,00 b 89,7 5,00 b 81,5 6,50 b 82,3 9,50 b 70,8 4- Warrant 19,00 a 1,25 b 93,6 2,75 b 89,8 5,75 b 84,4 8,00 b 75,4 5- Imidacloprido 16,00 a 1,75 b 91,0 7,00 b 74,1 8,00 b 78,2 9,25 b 71,5 6- Imidacloprido 13,75 a 1,00 b 94,9 4,50 b 83,3 6,00 b 83,7 8,50 b 73,8 C.V. % 26,08 19,05-17,66-21,96-23,71-1/ 2/ Médias das quatro repetições do número de pulgões vivos encontrados por 20 folhas, as quais quando seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si, pelo teste de Tukey, em nível de 5% de significância. [Averages of four repetitions of the number of live aphids found per 20 leaves, which when followed by the same letter in columns do not differ by Tukey test at 5% level of significance] Porcentagens de eficiência, calculadas de acordo com a fórmula de Abbott [Percentages of efficiency, calculated according to Abbott formula] Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 657