TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO T *J5w - DE JUST ÇA DE SÃO PAULO ACORDAO/DECISAO MONOCRÁTICA REGISTRADO(A) SOB N l llllll mil mil um mu mu um IIÍU MI mi Vistos, relatados e discutidos estes autos de Embargos de Declaração n 994.05.130130-0/50000, da Comarca de São Paulo, em que é embargante/embargado DIRCE FELIX DE OLIVEIRA MATTOSO sendo embargado/embargante FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO. ACORDAM, em 4 a Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "ACOLHERAM OS EMBARGOS. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores RICARDO FEITOSA (Presidente) e RUI STOCO. São Paulo, 25 de outubro de 2010. j ANA LUIZA LIARTE RELATORA
4 a Câmara - Seção de Direito Público EMBARGOS DE DECLARAÇÃO: 994.05.130130-0/50000 Comarca: SÃO PAULO Embargantes Embargados DIRCE FELIX DE OLIVEIRA MATTOSO e FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO OS MESMOS VOTON 0 1133 RECURSO - Embargos de declaração - Autora que visa por meio dos Embargos de Declaração a fixação da verba honorária, posto que omissa a sentença nesse sentido - Ação julgada procedente a incidir, por disposição legal, o disposto no artigo 20 do CPC - Pedido implícito que não depende, sequer, da vontade das partes - Possibilidade da fixação pelo Tribunal, sem que se alegue supressão de grau de jurisdição, uma vez que a omissão quanto ao valor que representaria tal condenação constitue-se em mero erro material, a fazer incidir o disposto no art. 463, I, do CPC - Embargos acolhidos, com efeito modificativo. RECURSO - Embargos de declaração - Fazenda Municipal que pugna para que seja suprida a omissão referente a correção monetária e juros de mora com base na Lei n 11.960/09 - Correção monetária e juros de mora - Artigo 1 -F, da Lei n 9.494/97, que teve sua redação alterada pela Lei n 11.960/09 - Aplicação desta última a partir de sua publicação (30.06.09) - Precedentes - Embargos acolhidos para esse fim. Trata-se de embargos de declaração opostos por DIRCE FELIX DE OLIVEIRA MATTOSO e FAZENDA DO ESTADO r
DE SÃO PAULO ao v. acórdão que negou provimento ao recurso oficial e voluntário, mantendo a procedência da ação. Por meio dos embargos de declaração requer a autora que os honorários advocatícios sejam fixados atentando ao quanto estabelece o artigo 20, 3 o, do CPC, pois que em ações onde consta a Fazenda como devedora, a execução se mostra complexa e demorada, exigindo sério empenho do advogado. Já a Fazenda Estadual, por meios dos embargos interpostos, alega que o julgado se mostrou omisso no que diz respeito aos juros de mora á luz da Lei n 11.960, de 29 de junho de 2009. É o relatório. Observa-se que a r. sentença proferida no Juízo singular, condenou "a ré ao pagamento do terço constitucional proporcional ao período trabalhado pela autora ano letivo de 2002 (11/12, correspondente ao período trabalhado de fevereiro a dezembro de 2002), com atualização monetária pela tabela prática do TJSP desde a data da ruptura do contrato de trabalho". Condenou-se, ainda, ao pagamento dos juros moratórios no percentual de 6% ao ano, contado da citação (Lei n 9.494/97, com a redação dada pela Medida Provisória n 2.180-35, de 24 de agosto de 2001). honorária devida. Todavia, não houve qualquer menção a verba Pois bem. Não se desconhece o teor do contido no artigo 128 do Código de Processo Civil, porém, existem pedidos que decorrem da própria lei, ou seja, encontram-se implícitos, não dependendo, sequer, da vontade das parte. Veja-se, por exemplo, o artigo 293 do CPC. Nesse sentido, ao julgar procedente a ação, incide por imposição legal e, nos termos da linha de raciocínio acima descrita, o disposto no artigo 20 do CPC. Portanto, ao acolher na integralidade o pedido da autora, sem dúvida alguma que o réu deve arcar com o pagamento do valor referente a verba honorária - pois como já visto, trata-se de preceito legal - e, a ausência de menção à quantia que representaria tal condenação configura-se nada mais do que mero erro material que pode
(cf. art. 463, I, CPC) ser corrigido de ofício, já que demonstra "desacordo entre a vontade do juiz e a expressa na sentença" (STJ - 2 a T., REsp 15.649-0 -SP- Rei. Min. Antônio de Pádua Ribeiro -j., 17.11.93). No mesmo sentido: RSTJ 102/278. Assim sendo, de rigor sanar a omissão, diante do evidente erro material - não se configurando tal situação supressão de grau de jurisdição - para constar do julgado que em face da procedência da ação, fica a Fazenda Estadual condenada ao pagamento das custas e despesas processuais bem como honorários advocatícios no valor de R$ 1.000,00 (art. 20, 4 o do CPC). Por conseguinte, acolhem-se, sem modificativo, os embargos de declaração interpostos pela autora. efeito Quanto a Lei Federal 11.960, de 29 de junho de 2009, observa-se que esta deu nova redação ao artigo 1 -F, da Lei 9.494, de 10 de setembro de 1997: "Art 1 -F. Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança." Revendo a posição anteriormente adotada por esta relatora quanto ao tema ora invocado, assiste razão à embargante. Para tanto, de rigor reproduzir a conclusão a que chegou essa Câmara quando do julgamento dos Embargos de Declaração n 994.04.017689-0/50000, que teve como relator o E. Desembargador Rui Stoco: "A jurisprudência que se formou no Colendo STJ, preconiza a incidência dos juros de mora no percentual de 1% ao mês quando se trate de verba de caráter Oi
4 alimentar devida a servidor público. A Lei n 9.494, de 10.09.97, que disciplina a aplicação da tutela antecipada contra a Fazenda Pública, teve acrescido o art. 1 - F, pela Medida provisória n 2.180-35, de 24.08.2001, com a seguinte redação: "Os juros de mora, nas condenações impostas à Fazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidores e empregados públicos, não poderão ultrapassar o percentual de seis por cento ao ano". Diante disso, essa mesma Corte Superior passou a entender que a incidência do juros no percentual de 1 % nas verbas de caráter alimentar só prevalece até o advento da referida Medida provisória. Ocorre que a ação foi proposta em 21 de outubro de 2003, portanto, na vigência da aludida lei, razão pela qual os juros de mora são devidos desde a citação, nos termos do art. I o - F da lei n 9.494/97 até a entrada em vigor da Lei n 11.960 de 29.06.2009, a partir de quando prevalecerá o critério por esta última estabelecido. Ou seja, a Lei Federal n 11.609/09, entrou em vigor na data de sua publicação (30.06.09) e deu nova redação ao artigo I o - F da Lei n 9,494 de 10.09.97, nos seguintes termos: "Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de Declaração n 994.05.130130-0/50000 voto n 1133. %
remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança". A corroborar tal entendimento, confira-se decisão do Supremo Tribunal Federal, decidindo pela aplicação imediata da nova lei: "Por se tratar de norma de direito material, a limitação dos juros de mora deve ser aplicada desde o início de vigência do ar. 1 -F da Lei n 9.494/97, com redação dada pela Medida Provisória n 2.180, independentemente da data do ajuizamento da ação" (STF - Decisão Monocrática - AI 764676, Rei. Min. Carmen Lúcia - j. 14.09.2009). Portanto, a partir de 30.06.2009, a correção monetária e os juros de mora serão calculados na forma estabelecida pelo artigo 1 -F da lei n 9.494/97, com a redação dada pela Lei n 11.960/2009. Feita essa ressalva o v. acórdão deve permanecer hígido em todos os seus demais aspectos. Em razão do exposto, recebem e conhecem os Embargos de Declaração para aclarar a sua parte dispositiva, ficando consignado que a correção monetária e os juros de mora incidem da forma acima especificada. Por conseguinte, acolho com efeito modificativo os embargos de declaração interpostos pela autora, acolhendo-se, também, os embargos da Fazenda Estadual para o fim de que a Lei n 11.960/09 incida a partir de sua vigência. Ana Liarte Relatora