ARAÚJO, Dyego Carlos Souza Anacleto 1 ; CARNEIRO, César Alves 2 ; DUARTE, Maira Ludna 3 ; SILVA, Daiane Farias 4 ; BATISTA, Leônia Maria 5 RESUMO

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO E DA UTILIZAÇÃO DA FITOTERAPIA POR PROFISSIONAIS DE UMA UNIDADE INTEGRADA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA - PB ARAÚJO, Dyego Carlos Souza Anacleto 1 ; CARNEIRO, César Alves 2 ; DUARTE, Maira Ludna 3 ; SILVA, Daiane Farias 4 ; BATISTA, Leônia Maria 5 RESUMO Estamos vivendo em um momento marcado por um amplo interesse pelas terapêuticas naturais, especialmente a fitoterapia, tendo em vista que elas buscam a cura ou a prevenção das doenças além de apresentarem um custo acessível. Porém os profissionais do Programa de Saúde da Família (PSF) precisam ter o conhecimento básico para lidar com o uso da Fitoterapia, tanto no que diz respeito à sua indicação, quanto ao aspecto de saber lidar com usuários que, voluntariamente, usam as plantas medicinais. Este trabalho teve como objetivo avaliar o conhecimento e a utilização da fitoterapia pelos profissionais de saúde de uma unidade integrada de saúde da família. Trata-se de uma pesquisa exploratória de caráter transversal, quantitativo, que utilizou como fonte de dados questionários aplicados aos profissionais de saúde de uma Unidade Integrada de Saúde da Família da cidade de João Pessoa-PB. A partir da análise dos questionários, pode-se verificar que a maioria dos entrevistados afirmou conhecer fitoterapia, apenas acreditam que não haja possíveis interações entre plantas medicinais e medicamentos sintéticos, 78% dos profissionais não conhecem nenhuma das normas relacionadas a fitoterapia no SUS, (86%) faz uso da Fitoterapia, mas apenas 45% realizam a indicação de plantas medicinais. PALAVRAS-CHAVE: Fitoterapia, Profissionais de saúde, Unidade Básica de Saúde. INTRODUÇÃO Estamos vivendo em um momento marcado por um amplo interesse nas terapêuticas naturais, tendo em vista que elas buscam a cura ou a prevenção das doenças quando usadas de forma correta além de apresentarem um custo acessível. Este é um fenômeno mundial, mas, no Brasil, ele tem características próprias devido à riqueza de nossa flora, a extensão de nosso território, a tradição do uso de plantas medicinais e a carência da população, tendo em vista que o sistema público de 1 Universidade Federal da Paraíba, discente extensionista, dyegodm_pb@hotmail.com 2 Universidade Federal da Paraíba, discente extensionista, ceza.pta@hotmail.com 3 Universidade Federal da Paraíba, discente extensionista, mairaludna@gmail.com 4 Universidade Federal da Paraíba, discente extensionista, daianefarias_91@gmail.com 5 Universidade Federal da Paraíba, professor orientador, leoniab@uol.com.br

saúde no Brasil não possui uma política de assistência farmacêutica capaz de suprir as necessidades medicamentosas da população (BATISTA; VALENÇA, 2012; COSENDEY et al., 2000; MATOS, 1998). Em 2006 foi criado o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF), que se propõe, dentre outras ações, a construir e/ou aperfeiçoar o marco regulatório em todas as etapas da cadeia produtiva de plantas medicinais e fitoterápicos; inserir a fitoterapia e serviços relacionados no SUS; desenvolver instrumentos de fomento à pesquisa, desenvolvimento de tecnologias e inovações nessa área, e a promoção do uso sustentável da biodiversidade local. No entanto, a implantação desta terapêutica foi dificultada por diversos fatores, como a organização dos serviços e porque os profissionais de saúde, na sua grande maioria, não tinham o conhecimento suficiente para usar esta terapêutica, sem contar a oposição de muitos gestores (FIGUEREDO, 2006). De forma que, os profissionais do Programa de Saúde da Família (PSF) precisam ter o conhecimento básico para lidar com o uso da Fitoterapia, tanto no que diz respeito à sua indicação, quanto no aspecto de saber lidar com usuários que, voluntariamente, usam as plantas medicinais. Desconhecer este aspecto pode acarretar danos ao usuário, devido a possíveis interações planta/medicamento. Levando em consideração os aspectos expostos, o projeto Fitoterapia para todos: uma abordagem multidisciplinar objetiva levar informações sobre plantas medicinais e medicamentos Fitoterápicos para os profissionais de saúde e a comunidade em geral. METODOLOGIA Este trabalho compõe-se de pesquisa exploratória de caráter transversal, quantitativo, tendo como instrumento questionários semiestruturados aos quais são aplicados aos profissionais de saúde de uma Unidade Integrada de Saúde da Família da cidade de João Pessoa-PB, tendo como objetivo avaliar o conhecimento e utilização da fitoterapia por esses profissionais. Durante a realização da feira itinerante, 9 profissionais foram entrevistados. Em seguida, os resultados foram analisados e submetidos à análise estatística, sendo os resultados expressos em forma percentual em gráficos.

RESULTADOS Sobre os resultados obtidos, ao serem questionados sobre seu conhecimento sobre a fitoterapia, 89% (8) informaram saber o que é a fitoterapia (Fig. 1), porém dentre eles, 50% afirmaram possuir pouco conhecimento relacionado ao tema e os 50% restante inferiram apenas que é a fitoterapia é a utilização de plantas com fins medicinais. Entretanto esses dados divergem dos encontrados por Dutra (2009), onde apenas 17% dos profissionais de um PSF de Anápolis, Goiás, conheciam o que são plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos. Com relação ao conhecimento de possíveis interações entre plantas medicinais e medicamentos sintéticos, apenas (1) informou não acreditar que possa existir esse tipo de interação, o que indica que os profissionais estão cientes dos riscos que existem com relação ao uso de plantas medicinais, principalmente no que se refere às interações com outras drogas (JUNIOR, PINTO, MACIEL; 2005). Quando questionados sobre o conhecimento sobre as legislações relacionadas à fitoterapia, 78% (7) afirmaram não conhecer nenhum aparato normativo relacionado à fitoterapia no SUS (Fig. 2). Fato esse preocupante visto que várias políticas voltadas para esse tema foram promulgadas, como a Política Nacional de Praticas Integrativas e Complementares (PNPIC) e a Política Nacional de Plantas Medicinais e Medicamentos Fitoterápicos (PNPMF), que são importantes legislações voltadas para a implementação da fitoterapia no SUS. Dados semelhantes foram encontrados por Dutra (2009) em que nenhum dos profissionais de saúde entrevistados conhecia a PNPIC, o que pode indicar um problema na divulgação dessa política para os profissionais. Sobre o uso de plantas medicinais, 59% (5) dos profissionais informaram fazer uso, 33% (3) não se valiam dessa terapia e (1) não responderam. Esses dados se corroboram com os de Cantarelli (2012) em que dos profissionais de saúde pesquisados, 86% utilizavam de plantas medicinais, indicando que essa é uma terapia relevante para os profissionais visto que a maioria utiliza plantas medicinais quando necessário. Dos profissionais entrevistados, 45% (4) afirmaram fazer indicação de plantas medicinais para a população (Fig. 3). Se levado em consideração que a maioria dos entrevistados afirmou ter algum conhecimento sobre a fitoterapia, e que fazem uso dessa prática na vida pessoal, esse dado pode indicar que muitos ainda não se sentem preparados para indicá-la aos usuários. Em pesquisa feita por Cantarelli (2012) dos 15 profissionais de saúde entrevistados, 11 utilizam ou já utilizaram

algum tipo de prática integrativa com os usuários e destes, 9 afirmaram indicar o uso da fitoterapia, o que difere, em parte, dos dados encontrados em nosso estudo. 78% Figura 1: Conhecimento dos profissionais sobre legislações relacionadas à fitoterapia 33% 56% Figura 2: Uso de plantas medicinais pelos profissionais 44% 45% Figura 3: Opinião dos profissionais a respeito da indicação da fitoterapia CONCLUSÃO A partir da análise dos questionários aplicados, pode-se verificar que a maioria dos entrevistados afirmou conhecer fitoterapia, no entanto, constatou-se que é um conhecimento limitado, indicando a necessidade de posteriores estudos e cursos a fim de capacitar estes profissionais para o exercício da Fitoterapia. Apenas acreditam que não haja possíveis interações entre plantas medicinais e medicamentos sintéticos, indicando que a maioria dos profissionais está ciente dos riscos e pode ser capaz de intervir em situações como essas. Um dado preocupante é o fato de 78% dos profissionais

não conhecerem nenhuma das normas relacionadas a fitoterapia no SUS, o que dificulta a plena inserção desta prática na Atenção Básica. A maioria dos entrevistados (86%) faz uso da Fitoterapia, indicando que os profissionais estão sensibilizados para o uso desta terapia, mas apenas 45% realizam a indicação de plantas medicinais, que pode estar relacionado ao fato de não se sentirem aptos a realizarem a indicação pela falta de conhecimento na área, fortalecendo assim a necessidade da capacitação. REFERÊNCIAS -BATISTA, L.M.; VALENÇA, A.M.G.A Fitoterapia no Âmbito da Atenção Básica no SUS: Realidades e Perspectivas. Revista Brasileira em odontopediatria e clínica integrada, Vol. 12 (2), 2012. -BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Assistência Farmacêutica. Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. 2006. -CANTARELLI, A. P. Estudo da utilização de plantas medicinais pelos usuários do SUS e das práticas dos profissionais de sáude de Soutor Maurício Cardoso em relação à Fitoterapia. Três Passos: UFRGS, 70p., 2012. -COSENDEY, M. A. E; BERMUDEZ, J. A. Z; REIS, A. L. A; SILVA, H. F; OLIVEIRA, M. A; LUIZA, V. L. Assistência farmacêutica na atenção básica de saúde: a experiência de três estados brasileiros. Cad Saúde Pública 16: 171-182. 2000. -DUTRA, M. G. Plantas Medicinais, Fitoterápicos e Saúde Pública: Um Diagnóstico Situacional em Anápolis, Goiás. Anápolis: Centro Universitario de Anápolis, UniEvangélica, 2009. -FIGUEREDO, C. A. Fitoterapia. João Pessoa: NEPHF, 2006. -JUNIOR, V. F. V.; PINTO, A. C.; MACIEL, M. A. M. Plantas Medicinais: Cura Segura? Quimica Nova, v. 28, n.3, p. 519-528, 2005. -MATOS, F. J. A. Farmácias vivas. Fortaleza: Editora da Universidade Federal do Ceará. 1998.