Informativo mensal Abril/2014 AMÉRICA DIÁLOGO NA VENEZUELA No mês de abril, após solicitação dos chanceleres da UNASUL (União de Nações Sul- Americanas), o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, concordou em se encontrar com oposicionistas em uma conferência para discutir a paz e a democracia. A última reunião de diálogos entre o governo da Venezuela e a coalizão opositora, MUD (Mesa da Unidade Democrática), terminou sem acordos. Mais de 40 pessoas morreram nas manifestações contrárias ao governo que se iniciaram em fevereiro. FARC PODEM VIRAR PARTIDO POLÍTICO Ao final do mês de abril, as FARC (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas) reafirmaram o interesse na formação de um partido político com o estabelecimento de um acordo de paz com o governo colombiano. As rodadas de negociações têm ocorrido em Cuba, no entanto, a possível atuação política das FARC é um tema polêmico que divide opiniões e tem enfrentado grande rejeição por parte de diversos setores da sociedade colombiana. O ponto positivo é que o ENL (Exército da Libertação Nacional) pode se juntar às negociações.
ÁFRICA NIGÉRIA No mês de abril, a Nigéria permaneceu o conflito entre muçulmanos e cristãos, cujas principais razões podem ser encontradas na disputa territorial e por recursos e na intolerância religiosa. No estado de Zamfara, norte do país, pastores muçulmanos da etnia Fulani atacaram uma aldeia, deixando 105 mortos, com o intuito de se apropriar de água e pastagens. Ainda no norte, na região de Borno, diversos ataques foram cometidos pelo grupo islamita Boko Haram com o intuito religioso, queimando casas, atirando em moradores. A principal ação resultou no seqüestro de alunas de um colégio que continuam desaparecidas. O grupo é considerado terrorista pelos EUA, foi fundado em 2002 e seu nome significa a educação não islâmica é pecadora. REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA O país sofre com disputas religiosas. No mês de abril, a Organização das Nações Unidas autorizou o envio de doze mil homens para uma missão de paz com o objetivo de estabilizar o país. Essa decisão foi tomada após o relatório da Missão da União Africana na República Centro-Africana que afirmava que civis estava sendo usados como escudos nos combates entre milícias. O conflito começou em dezembro do ano passado, após cristãos se revoltarem contra as represálias do grupo Seleka, que está no poder desde março de 2013. A ONU também apelou para seus mmembros com o intuito de angariar fundos para ajudar os refugiados do conflito. OUTROS CONFLITOS No começo do mês de abril foi lembrado os 20 anos do genocídio em Ruanda, resultado do conflito entre as etnias tutsis e hutus. O Secretario Geral da ONU, Ban Ki-Moon, afirmou que a Organização se sente envergonhada por não ter feito muito para evitar o massacre, e o presidente de Ruanda, Paul Kagame, acusou a França de ter preparado politicamente o conflito e a Bélgica por ter criado a diferença entre as etnias.
Na República Democrática do Congo, a guerra entre milicianos ruandeses que formam a Raia Motumboki e as Forças Democráticas pela Libertação de Ruanda, uma milícia hutu, demonstra as conseqüências do genocídio em Ruanda. Foi noticiado que mais de 4.000 casos de estupros ocorreram entre 2010 e 2013, cometidos por grupos armados que atuam no país. Na Somália, dois funcionários da ONU foram mortos em um ataque no aeroporto de Galkayo realizato pelo grupo islâmico Shebab. Na Argélia, militantes islâmicos mataram 11 soldados durante uma patrulha que realizavam na capital. ORIENTE MÉDIO ACORDOS ENTRE ISRAEL E PALESTINA As negociações de paz, firmadas em um acordo no ano passado, entre Israel e Palestina, encontraram dificuldades e divergências durante o mês de abril. O acordo previa a libertação de 104 árabes detidos, dos quais 78 foram soltos. As negociações incluem exigências que dificultam o avanço como o reconhecimento de Israel pela Palestina como Estado judeu. No início do mês a tensão entre os dois países aumentou, com disparos de foguetes de ambos os lados. Com isso, a Palestina apresentou novas condições para seguir o processo de paz, como o aumento de libertos para 1.200 presos e o fim do bloqueio de Israel a Faixa de Gaza. No dia 23, o Fatah, principal partido da OLP, e o Hamas assinaram um acordo para formação de um governo palestino de união nacional, acabando com a divisão entre Cisjordânia e Gaza. Após o acordo de unificação entre os grupos palestinos, o exército israelense realizou uma operação de bombardeio à Faixa de Gaza, e o governo declarou que iria suspender imediatamente as negociações de paz com a Palestina, pois considera o Hamas um grupo terrorista. Além disso, iria impor sanções econômicas à Cisjordânia. Ventilou-se que o novo governo a ser formado pelos dois grupos reconheceria Israel e se comprometeria com a solução do conflito árabe-israelense. A posição da ONU é a manutenção do apoio à unidade palestina e a continuação do trabalho para se buscar uma solução para o conflito.
ARMAS QUÍMICAS NA SÍRIA O prazo para a remoção completa do arsenal químico na Síria previsto no acordo internacional era 13 de abril, exceto nas áreas que atualmente são inacessíveis, as quais terão uma data limite de 27 de abril. No início do mês, a Organização para Proibição de Armas Químicas (OPAQ) informou que mais de 49% das armas já havia sido retirada. Contudo, no decorrer de abril, não só a retirada do estoque declarado pela Síria foi relativamente lenta, mas também surgiram denúncias de novos ataques com armas químicas realizados pelo regime de Bashar Al-Assad. Fotos e vídeos foram divulgados pelos rebeldes, mostrando ataques na periferia de Damasco, na província de Hama, e na própria capital. Rebeldes e governo se acusaram mutuamente pelos supostos ataques com gás. Os Estados Unidos, China, e uma equipe da OPAQ investigam as acusações sobre o uso do gás cloro pelo governo. Se comprovados, esses ataques expõem uma grande brecha no acordo internacional para a remoção de armas químicas do país e dá a entender que a guerra química pode persistir mesmo com o fim da operação de remoção. ÁSIA/LESTE EUROPEU A QUESTÃO UCRANIANA No início do mês a Rússia teve divergências com a OTAN, quando a mesma anunciou que iria suspender toda cooperação prática, civil e militar com a Rússia e que reforçaria a defesa de seus aliados no leste europeu por conta de uma possível invasão russa na Ucrânia. Como resposta, o governo russo passou a alertar Kiev para que não se alie à OTAN entendendo que aquela Organização estaria se aproveitando da Crise na Criméia para aumentar sua área de influência. Após sucessivos aumentos no preço do gás natural, a Rússia declarou que está disposta a trabalhar com o FMI e UE para auxiliar a Ucrânia a pagar sua dívida. No meio do mês, um acordo foi firmado entre EUA, UE, Rússia e Ucrânia no sentido de diminuir as tensões em território ucraniano, com uma reforma constitucional na Ucrânia e a anistia de militantes pró-rússia. No final do mês, exercícios militares russos foram realizados perto da fronteira com a Ucrânia em resposta às operações das forças ucranianas contra os separatistas pró Rússia e ao
avanço de tropas da OTAN no Leste Europeu. Como resposta, os EUA ameaçaram aplicar sanções á Rússia se a crise continuar. CRISE NA CRIMÉIA O mês inteiro foi marcado por tensões entre os manifestantes pró-rússia e o governo. Eles invadiam desde prédios governamentais até uma rede de televisão local. No início do mês o governo lançou medidas antiterror e chegou a declarar um possível comprometimento em ceder mais poder às essas regiões, o que não evitou que mais manifestações ocorressem. A região palco das manifestações é o Leste do país, onde os manifestantes foram tomando cada vez mais instalações públicas e pediram a realização de referendos. Nesse contexto, UE e EUA emprestaram aproximadamente 3 bilhões de dólares à Ucrânia para a realização de um programa de reformas e foi pedido à ONU o envio de tropas de paz para minimizar incidentes entre separatistas e militares ucranianos. Em meados do mês as manifestações começaram a atingir também o Sul do país. O aumento das tensões fez os EUA impusessem novas sanções econômicas contra a Rússia