Quantificação e Compensação

Documentos relacionados
Deslocamento de automóveis sorteados pelo Banco Bradesco aos cotistas do HiperFundo:

Unimed Santa Bárbara D'Oeste

China Construction Bank. CCB Brasil

Compensação de gases do efeito estufa. Ricardo Dinato

INVENTÁRIO DE EMISSÕES IDESAM EMISSÕES INSTITUCIONAIS 2017

CGD RELATÓRIOS CGD. Relatório de Compensação de Emissões de GEE CGD Direção de Comunicação e Marca (DCM)

SUSTENTABILIDADE -RELATÓRIO DE COMPENSAÇÃO DE EMISSÕES DE GASES COM EFEITO DE ESTUFA CGD S.A. 2015

Metodologia da Calculadora Economize o Planeta

Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa 2017

INVENTÁRIO CORPORATIVO DAS EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA UNIMED DO BRASIL

Relatório de Compensação 2012 RELATÓRIO DE COMPENSAÇÃO ATIVIDADE 2012 CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS.

Relatório de emissões evitadas de Gases de Efeito Estufa pelo uso de energia elétrica produzida por fontes geradoras renováveis e incentivadas.

Suani Coelho. Centro Nacional de Referência em Biomassa USP Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Brasília, 25 de abril de 2006

Nº 1 NOVEMBRO, 2013 O QUE. Publicação

SETOR ENERGÉTICO: Prof. Aziz Galvão da Silva Júnior (DER) Projeto Biodiesel

ENERGIAS RENOVÁVEIS. Prof. Jean Galdino IFRN São Paulo do Potengi

O APERFEIÇOAMENTO DAS ESTIMATIVAS DAS EMISSÕES VEICULARES NO ESTADO DE SÃO PAULO, NO PERÍODO DE 2008 A 2013

FONTE DE ENERGIA RENOVÁVEL. Prof.º: Carlos D Boa - geofísica

Iniciativa Global do. Metano

Energia e suas formas

Workshop da CT 150. SC7 Gestão de gases com efeito de estufa e atividades relacionadas

Início e Estruturação

Emissões de CO 2 pelo uso de combustíveis. Érica Ferraz Vanderley John Vanessa Bessa

GEOGRAFIA - 1 o ANO MÓDULO 64 AS ALTERNATIVAS DO PLANETA TERRA E DA CIVILIZAÇÃO

Mudanças Climáticas Vulnerabilidade, Mitigação e Adaptação

Mudanças. Climáticas. Do conceito à contribuição das árvores plantadas. Imagem: Gleison Rezende/BSC

Introdução. Figura 1 - Esquema Simplificado do Balanço Energético da Terra

Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa 2010

COMO DIMENSIONAR BIODIGESTORES PARA GERAÇÃO DE. Projeto Metodologia de estimativa de reduções de GEE provenientes da biodigestão de resíduos animais

1 Introdução Introdução ao Planejamento Energético

Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa Relacionadas à Queima de Biomassa no III Inventário Nacional: avanços e desafios

Geografia. Claudio Hansen (Rhanna Leoncio) Problemas Ambientais

RELATÓRIO DE INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA 3º FÓRUM DE TRANSPARÊNCIA E COMPETITIVIDADE MAIO DE 2018

A Questão do Meio Ambiente na Cadeia Produtiva dos Biocombustíveis no Brasil

INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA DA SANEPAR - IGEES

Sustentabilidade Energética e Projetos de MDL no Brasil

QUALIDADE AMBIENTAL MUDANCAS CLIMATICAS GLOBAIS E A AGRICULTURA BRASILEIRA

Aviação e Mudanças Climáticas: Contexto Global. Roberto Vámos Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas

BM&FBOVESPA S.A. Relatório do Inventário de Emissões de GEE Ano base icfi.com

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

Ciclos em escala global, de elementos ou substâncias químicas que necessariamente contam com a participação de seres vivos.

Pág. 1 / 5

Inventário Municipal de Emissões de GEE

A Empresa Londrina PR aquecedores de água

INVENTÁRIO CORPORATIVO DAS EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA. Unimed Missões RS. 7/03/ :24 Página: 1 de. 22.

Compense suas escolhas

INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA CORPORATIVAS FIEMT

O Caminho da Sustentabilidade

Aula 5 A energia não é o começo de tudo, mas já é um início

Estudo do uso de carvão vegetal de resíduos de biomassa no sistema de aquecimento dos fornos de produção do clínquer de cimento portland.

Inventário de Gases de Efeito Estufa GEE Festival de Turismo das Cataratas 2016

Fórum sobre Sustentabilidade ABINEE

Biodiversidade e biocombustíveis. Agosto 2009 M. Cecilia Wey de Brito Secretária de Biodiversidade e Florestas Ministério do Meio Ambiente

BASES CONCEITUAIS DA ENERGIA. Pedro C. R. Rossi UFABC

Inventário de Emissões de Gases do Efeito Estufa do Município de Piracicaba. Prefeitura Municipal de Piracicaba

STCP.COM.BR CONSULTORIA ENGENHARIA GERENCIAMENTO

INVENTÁRIO DE GASES DE EFEITO ESTUFA DO FESTIVAL DAS CATARATAS 2017

LCF Economia de Recursos. Hilton Thadeu Z. do Couto

QUEIMA DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS EMISSÃO DOS GEE ( RETENÇÃO DE CALOR)

ENERGIAS RENOVAVEIS. Biocombustiveis - biomassa sólida; - biocombustíveis gasosos; - biocombustíveis líquidos Energia Solar ENERGIA EÓLICA

Unimed Regional Sul Goias

Iniciativa Global para o. Metano

Gerente da Qualidade do Ar - INEA Luciana Mª B. Ventura DSc. Química Atmosférica

Alternativa para produção de combustíveis sustentáveis de aviação CTBE - Junho 2017

QUALIDADE AMBIENTAL: MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS E A AGRICULTURA BRASILEIRA

Disponível em: GVces Av. 9 de Julho, 2029, 11º andar São Paulo SP /

QUÍMICA ENSINO MÉDIO PROF.ª DARLINDA MONTEIRO 3 ANO PROF.ª YARA GRAÇA

Photo gmeducation.org. Carbono como indicador

ESTIMATIVA E ANÁLISE DA COMPENSAÇÃO DA EMISSÃO DE CO2 DA FROTA DE VEÍCULOS OFICIAL DA UFPB ATRAVÉS DO PLANTIO DE MUDAS DE ESPÉCIES NATIVAS

Balanço Energético e Emissões de Gases de Efeito Estufa na Produção de Bioetanol da Cana-de-açúcar em comparação com outros Bio-combustíveis

COMO COMPENSAR SUAS EMISSÕES NO TRANSPORTE DO DIA A DIA 1

Carvão. Vegetal. na produção do Aço Verde. Solução renovável a favor de uma economia de baixo carbono. Imagem ArcelorMittal /Eduardo Rocha

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil

Etanol eficiente, A alternativa brasileira para o controle dos gases de efeito estufa (GEE) Sustentabilidade

Linha Economia Verde

Características dos projetos

[Ano] Energias renováveis e não-renováveis. Universidade Cruzeiro do Sul

COMBUSTÍVEIS SUSTENTÁVEIS DE AVIAÇÃO, UMA CONTRIBUIÇÃO AO NDC BRASILEIRO

VI INVENTÁRIO DE GASES DE EFEITO ESTUFA UTILIZANDO O PROGRAMA BRASILEIRO GHG PROTOCOL EM UMA EMPRESA DE MONTAGENS INDUSTRIAIS

Unimed Santa Bárbara D'Oeste

QUALIDADE AMBIENTAL: MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS E A AGRICULTURA BRASILEIRA

Seminário Combustíveis Alternativos para a Ai Aviação. 29 e 30 de novembro de 2011

ANÁLISE DO CONSUMO ENERGÉTICO E DA EMISSÃO CO 2 e DA VALLOUREC TUBOS DO BRASIL S.A NO PERÍODO DE 2008 À 2013

Evento Anual do Programa Brasileiro GHG Protocol

Inventário de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE)

Ricardo Gorini. Diretor do Estudos Econômico-Energéticos e Ambientais da Empresa de Pesquisa Energética (EPE)

FORMULÁRIO DE COMENTÁRIOS E SUGESTÕES CONSULTA PÚBLICA N 7/ DE 6/3/2019 a 4/4/2019

Biocombustíveis e Instrumentos Econômicos para a Gestão Ambiental no Brasil

Troca de materiais entre os componentes bióticos e abióticos dos ecossistemas.

Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa 2011

SIRENE Sistema de Registro Nacional de Emissões

Riscos (econômicos)climáticos Annelise Vendramini Centro de Estudos em Sustentabilidade EAESP FGV Ces.

Inventário de Gases de Efeito Estufa do Festival de Turismo das Cataratas do Iguaçu 2013

Lembrando onde paramos

Tema Energias Renováveis e Não Renováveis Painel: Suzana Kahn Ribeiro, PBMC e COPPE/UFRJ

ENERGIA movimentando a vida

INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA (GEE) 2016 CCB BRASIL

Transcrição:

Emissões de Gases de Efeito Estufa decorrentes do deslocamento de automóveis sorteados pelo Banco Bradesco aos cotistas do HiperFundo: Quantificação e Compensação Dezembro - 2009

Sumário 1. Introdução...3 1.1 O Aquecimento Global...3 1.2 Compensação Voluntária...3 2. Objetivos...4 3. Metodologia...4 3.1 Fontes de Emissão de GEEs...4 3.2. Remoção de GEE ou Seqüestro de Carbono...5 a) O seqüestro de gás carbônico equivalente (CO 2 e)...5 b) Fixação de gás carbônico equivalente (CO 2 e) através do plantio de árvores...5 c) Metodologia para cálculo do número de árvores necessário à fixação de gás carbônico equivalente (CO 2 e)...6 3.3. Realização do Plantio...6 4. Resultados Obtidos...7 4.1 Médias de deslocamento anual de um carro...7 4.2 Emissão de CO 2 e decorrente da atividade de deslocamento de um carro no período de um ano...7 4.3 Resultados finais...8 5. Conclusão...9 6. Corpo Técnico...10 7. Referências...11 2

1. Introdução 1.1 O Aquecimento Global O aumento da temperatura média da Terra se eleva dia após dia, que pode ser notado através de estudos e previsões científicas, como pelas exacerbadas reações climáticas atemporais aos olhos de todos, causadas principalmente pelo contínuo aporte de Gases de Efeito Estufa na atmosfera decorrente das crescentes atividades humanas. A ação antrópica demonstra que, por mais imperceptíveis ou absorvíveis que sejam seus atos, o equilíbrio regulatório das características climáticas terrestres está sendo quebrado o que implicará em conseqüências para toda vida no planeta. Previsões de secas, inundações, furacões e perda de biodiversidade já são incontestáveis. Dados de 2007 do IPCC (Intergovernmental Pinel on Climate Change) prevêem aumento de 2 C a 3 C na temperatura média da crosta terrestre até o final desse século. A sustentabilidade em todos os setores passa a não ser apenas uma opção: é uma necessidade. Leis e regulamentações são criadas, enquanto a iniciativa pública começa a dar seus próprios passos pelo voluntarismo. 1.2 Compensação Voluntária O planeta pede socorro. O aquecimento global provoca discussões em todo o mundo e seus reflexos são iminentes: enchentes, mudanças climáticas abruptas e todo o tipo de desequilíbrio ambiental. Atentas a essa situação, empresas em todo o mundo começam a agir. Existem diversos exemplos de empresas e governos preocupados com o planeta. Tal foi o caso da Copa da Alemanha (2006), quando uma equipe técnica calculou toda a quantidade de gás carbônico emitida na atmosfera devida ao evento e desenvolveu um projeto de biodigestores na Índia visando compensar o que foi emitido durante a realização do campeonato. Esses biodigestores serão responsáveis pelo processamento de dejetos bovinos que capturam o biogás, pela decomposição da matéria orgânica, para combustão e evitam a prática de queima de madeira e querosene usados em grande quantidade para sistemas de aquecimento (caldeiras). A compensação pode ser feita também por meio da compensação em projetos ambientais que poderão estar no Brasil, ou em qualquer parte do mundo, já que o meio afetado é a atmosfera. Esses projetos sócio-ambientais são verificados conforme sua eficiência e quantificados por certificações (VERs Verified Emission Reductions). Os compradores (compensadores de sua emissão) poderão comprar suas compensações por: - Plantio de árvores em reflorestamentos nativos ou em projetos de cunho sócio-econômico 3

(inclusão social e manejo sustentável). - Sistemas de eficiência energética (eólica, solar, hidrelétrica, biomassa animal ou vegetal). - Combustíveis renováveis como biodiesel (soja, mamona, girassol) ou álcool. - Corretoras de Créditos de Carbono de origem variada. 2. Objetivos O Bradesco possui um fundo de investimentos chamado HiperFundo, e sorteará entre 365 e 410 automóveis, sendo em sua maioria com motores Flex Fuel. Esses sorteios ocorrerão ao longo do ano de 2010 para seus investidores, serão semanais e baseados na extração da Loteria Federal. Tendo em vista a adequação das atitudes do Bradesco em prol da sustentabilidade, o Bradesco optou por calcular as emissões de CO 2 equivalente emitidos pela rodagem média de veículos no período de dois anos, e entregar aos clientes sorteados cotistas do HiperFundo, veículos que possuam suas futuras emissões já compensadas através do plantio de árvores nativas de Mata Atlântica. Assim, o Bradesco tem como objetivo estabelecer uma estratégia de compensação dessas emissões agregando valor ambiental ao prêmio, além de manter a coerência em relação a preocupação e cuidado que o Bradesco possui frente às questões ambientais. 3. Metodologia Nessa seção serão descritos os parâmetros utilizados e atividades realizadas em uma quantificação de Gases de Efeito Estufa e o processo de compensação de emissão proposto por este trabalho. 3.1 Fontes de Emissão de GEEs Foi considerada nessa quantificação apenas as emissões referente a transporte terrestre proveniente do deslocamento de automóveis. A escolha do método de cálculo apropriado decorreu da disponibilidade dos dados (de atividade), dos fatores de emissão específicos, das tecnologias de combustão utilizadas no processo, entre outros. No caso dessa quantificação, todos esses fatores encontram-se disponíveis, visto que existem históricos de cálculos e estudos atualizados dos fatores de emissão já aceitos (vide referências). Foram adotados na respectiva ordem, fatores nacionais específicos e reconhecidos, por princípio de aplicabilidade, seguidos pelos fatores de emissão do IPCC (1996, 2001, 2006), e por fim, fatores de órgãos de alta credibilidade mundial como GHG PROTOCOL e departamentos internacionais de meio ambiente, como US EPA e UK 4

DEFRA, garantindo sua consistência e transparência. É importante certificar-se da adequação dos fatores utilizados nos processos inventariados, se atentando às transformações de unidades. Assim, para estimar as emissões de GEE, utiliza-se a relação geral: Emissão = Q ab xfe ab Onde: a = tipo de combustível b = setor ou fonte de atividade Q ab = Quantidade de combustível utilizado do tipo a na fonte b FE ab = Fator de Emissão do combustível utilizado do tipo a na fonte b 3.2. Remoção de GEE ou Seqüestro de Carbono O processo de fixação de carbono por plantio é definido como Seqüestro de Carbono e se insere como alternativa em compensação de emissões, alternativa esta que será utilizada nesse projeto. a) O seqüestro de gás carbônico equivalente (CO 2 e). O estoque de carbono em árvores é realizado através da fotossíntese. Elas retiram o gás carbônico da atmosfera pelas folhas convertendo-o em açúcar (glicose). A glicose é utilizada na síntese de diversas moléculas energéticas como a celulose, maltose, frutose, etc., constituindo parte de seu metabolismo e/ou crescimento de sua estrutura. O aumento do volume de uma árvore nada mais é do que o acúmulo de madeira na sua estrutura. A madeira de uma árvore, genericamente, possui uma porcentagem de água de 50%. A biomassa seca restante possui teor de carbono médio de aproximadamente 50%. Este teor de carbono é contabilizado e através de cálculos, pode-se obter a quantidade de gás carbônico (CO 2 ) que a árvore absorveu da atmosfera e acumulou em sua biomassa na forma de carbono. b) Fixação de gás carbônico equivalente (CO 2 e) através do plantio de árvores. A metodologia para correta quantificação de carbono agregado por plantio de árvores é um tanto quanto dificultada pelas diversas variáveis que tangem ao desenvolvimento das mesmas. É necessário compreender que uma árvore cresce lentamente, e o valor de uma emissão anual compensada em plantio levará certo tempo para que seja convertido em biomassa de árvores. Foi considerado que em média as árvores atingem a maturidade em um tempo estimado de 20 anos. Apesar 5

de sabermos que muitas árvores crescem durante períodos maiores que um século. Não foi levado em consideração o volume de matéria orgânica no solo pelas raízes e por acumulo da decomposição de galhos, folhas, flores e frutos. Desta forma foi mantida segurança efetiva na conversão do CO 2 para matéria orgânica. c) Metodologia para cálculo do número de árvores necessário à fixação de gás carbônico equivalente (CO 2 e) Para efeito de quantificação do total de CO 2 convertido em biomassa de uma árvore é preciso estabelecer um modelo de uma árvore hipotética a partir das médias de teor de carbono em sua composição e medidas das espécies utilizadas no plantio. Desta maneira calcula-se quanto foi acumulado de CO 2 através da fotossíntese. A, Esalq/USP e a SOS Mata Atlântica estão desenvolvendo um estudo detalhado em áreas já reflorestadas pela SOS Mata Atlântica com o intuito de obter a quantidade de carbono que a árvore acumula em um determinado período de tempo (20 anos). O cálculo das emissões é, convencionalmente, apresentado na unidade de massa de gás carbônico e não de carbono somente (C). Por isso é necessária a conversão de massa de C para massa de CO 2. Assim é possível chegar a um valor de absorção de CO 2 por árvore, referenciado e reconhecido. O resultado mais recente deste estudo (2009), apresenta como quantidade de seqüestro de carbono por árvore, o valor de 140kg de CO 2 para árvores nativas de Mata Atlântica. Para maiores informações, consultar a publicação desse estudo disponível em: http://cmq.esalq.usp.br/wiki/lib/exe/fetch.php?media=publico:metrvm:metrvm-2009-n05.pdf 3.3. Realização do Plantio O plantio das árvores será efetuado pelo parceiro da, a Organização Não Governamental Fundação SOS Mata Atlântica (SOSMA). Esta é detentora das melhores tecnologias para reflorestamento de matas nativas pelo projeto Florestas do Futuro (www.florestasdofuturo.org.br), e provê o plantio e o desenvolvimento seguro da árvore, efetivando a real compensação das emissões, por acompanhamento e registros periódicos até os cinco anos de desenvolvimento. A área a ser realizado o plantio fica sobre responsabilidade da própria SOSMA. Todos os processos (reflorestamentos) desenvolvidos pela SOSMA são auditados no período de cinco anos a partir da realização de cada plantio. O ganho nessa opção, fora a compensação, é a contribuição sócio-ambiental que permite o aumento de biomassa em área depredada, propiciando aumento da fauna e flora deste riquíssimo bioma que é a Mata Atlântica e a contribuição na manutenção de recursos naturais como a água. 6

4. Resultados Obtidos 4.1 Médias de deslocamento anual de um carro Segundo estudo realizado pela GIPA (Interprofessional Grouping in Automotive Products and Services), órgão que realiza pesquisas referentes à rodagem de automóveis no mundo, no ano de 2006 a quilometragem média rodada por um carro anualmente no Brasil é de 13.275 km. Segundo este mesmo estudo essa quilometragem tem se mantido constante nos últimos anos como demonstra a tabela abaixo: Ano Quilometragem média 2000 13.033,00 km 2001 13.254,00 km 2002 13.450,00 km 2003 13.463,00 km 2004 13.412,00 km 2005 13.013,00 km 2006 13.275,00 km Sendo assim aplicando uma ponderação entre a quilometragem anual média brasileira para o período de 2000 a 2006 encontra-se a quilometragem anual base que será utilizada por este trabalho: Quilometragem média utilizada: 13.271,43 km 4.2 Emissão de CO 2 e decorrente da atividade de deslocamento de um carro no período de um ano. A contabilização das emissões decorrentes do deslocamento terrestre de um carro no período de um (rodagem de 13.271,43) teve como premissas a quilometragem média percorrida de 13.271,43 km e, para o cálculo inicial, a utilização de gasolina brasileira tipo A (sem adição de etanol) visto que se adequa aos padrões de emissões dos fatores utilizados por calculadora do GHG Protocol desenvolvidos pelo UK Defra, onde é levada em conta a gasolina pura por quilometragem no Reino Unido. Posteriormente será descartada a emissão do álcool, pois a gasolina comercializada no Brasil nos postos de abastecimento, é a gasolina tipo C, que possui entre 24 e 26% de álcool em sua composição, conforme norma da ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. 7

É importante ressaltar que a emissão de CO 2 gerada pela queima do álcool, mesmo sendo menor que a da gasolina, não deve ser levada em conta, pois ela faz parte de um ciclo renovável, onde todo o gás de efeito estufa emitido é proveniente do crescimento de biomassa da lavoura através do processo de fotossíntese da planta. Sendo assim, a emissão gerada pela utilização de etanol, que também pode ser utilizado como uma alternativa de combustível em veículos Flex Fuel, não será considerada. Dessa forma, de maneira conservadora, o cálculo de emissões está considerando 100% de utilização de gasolina do tipo C pelos veículos, garantindo a total compensação da emissão, mesmo que o proprietário abasteça seu veículo com álcool. O fator de emissão utilizado para o cálculo inicial das emissões de CO 2 será o da gasolina pura, tipo A, que apresentará variação em função das diferentes potências dos diferentes motores: Igual ou menores que 1.4L Maiores que 1.4L e menores que 2.0L Maiores que 2.0L A classificação da potência dos motores utilizada por automóveis, se faz necessária pois cada tipo de motor tem um potencial de combustão diferenciado, fator este que detêm influência sobre a emissão de CO 2 e da queima de combustíveis. Assim a emissão total anual de um carro percorrendo a distância de 13.271,42 km pode ser definida como: Tipo de motor do veículo Fator de emissão (km/co 2 e) km rodados por ano em média Emissão de CO 2 e (kg) de um automóvel utilizando gasolina tipo A (*) 1.4L 0,16 13.271,42 2.123,43 1.4L < motor 2.0L 0,19 13.271,42 2.521,57 > 2.0L 0,22 13.271,42 2.919,72 *Números arredondados para cima. 4.3 Resultados finais. Como citado anteriormente, no Brasil, a gasolina comercializada nos postos de abastecimento de combustível é somente a do tipo C e devido a isso, para que a emissão se aproxime da realidade nacional, será descontado o valor de 24% sobre as emissões calculadas sobre a gasolina tipo A. Lembrando que esse desconto é referente à porcentagem mínima de álcool acrescentada na gasolina brasileira. 8

Tipo de motor do veículo Emissão de CO 2 e (kg) de um automóvel utilizando gasolina tipo A Emissão de CO 2 e (kg) de um automóvel utilizando gasolina tipo C (24% de álcool) 1.4L 2.123,43 1.613,81 1.4L < motor 2.0L 2.521,57 1.916,40 > 2.0L 2.919,72 2.218,99 *Números arredondados para cima. Sendo assim, o número de árvores compensar as emissões da rodagem de 13.271,42 km de cada tipo de veículo encontra-se na tabela abaixo: Tipo de motor do veículo Emissão de CO 2 e (ton) de um automóvel utilizando gasolina tipo C (24% de álcool) CO 2 e retido em uma árvore nativa de mata atlântica (Kg). N de árvores compensação de 1 ano (*) N de árvores compensação de 2 anos (*) 1.4L 1,62 140 12 24 1.4L < motor 2.0L 1,92 140 14 28 > 2.0L 2,22 140 16 32 *Números arredondados para cima visto que não é possível fracionar o número de árvores a serem plantadas para compensação ambiental. 5. Conclusão O número de árvores compensação das emissões de CO 2 dos veículos sorteados pelo Bradesco aos cotistas do HiperFundo, será variável em função do motor do veículo sorteado e da quilometragem rodada a ter suas emissões compensadas. Outro ponto importante a ser ressaltado é que em todo o trabalho foi levando em conta o conservadorismo nos cálculos e arredondamentos, ou seja, foi considerado sempre a maior emissão e o maior valor nos cálculos de emissões. Aumentando assim a credibilidade dos resultados e diminuindo a possibilidade da compensação total das emissões não ocorrer. Sendo assim, tendo como base esses critérios e, considerando o sorteio de 365 carros com motores inferiores a 1.4L e o sorteio de no máximo mais 45 carros com motores menores que 2.0L (Prêmio Especial), podemos estimar o seguinte número de árvores a serem plantadas: 9

Tipo de motor do veículo Nº de Carros Sorteados Nº de árvores compensação de 1 ano Nº de árvores compensação de 2 anos 1.4L 365 4380 8760 1.4L < motor 2.0L 45 630 1260 TOTAL de árvores compensação de 1 ano TOTAL de árvores compensação de 2 anos 5.010 10.020 (*) Números arredondados para cima visto que não é possível fracionar o numero de árvores a serem plantadas para compensação ambiental. 6. Corpo Técnico Cláudio Bicudo Mendonça Consultor Daniel Ahlgrimm Consultor 10

7. Referências ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) - Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo e do Gás Natural 2007. Calculadora do GHG Protocol: CO 2 Emissions from Business Travel. Version 2.0. June 2006. Developed by World Resources Institute (WRI) and copyrighted. Available at www.ghgprotocol.org. [GHGp] GHG Protocol, Greenhouse Gas Protocol: Corporate Module, World Business Council for Sustainable Development and World Resources Institute, Revised Edition, 2004. [GIPA] GIPA do Brasil, Brasil Mottors, pesquisa de deslocamento de automóveis Brasil 2006. [IETA] IETA Verification Protocol v. 2.0, Verification of Annual Emission Reports of Installations Engaged in EU Emissions Trading, International Emissions Trading Association, 2005. [ISOa] ISO 14064, Part 1: Specification with Guidance at the Organization Level for Quantification and Reporting of Greenhouse Gas Emissions and Removals, ISO, Geneva, 2006. [ISOb] ISO 14064, Part 2: Specification with Guidance for the Validation and Verification of Greenhouse Gas Assertions, ISO, Geneva, 2006. UK DEFRA (Table 7, Annexes to Guidelines for Company Reporting on Greenhouse Gas Emissions, updated July 2005) visitado em 14/10/2008 em http://www.defra.gov.uk/environment/business/envrp/gas/. 11