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Transcrição:

6 A indisponibilidade do enlace desejado O cálculo de indisponibilidade devida à chuva foi a motivação da presente dissertação, cujo objetivo principal é o desenvolvimento de modelo teórico para a determinação da distribuição cumulativa da atenuação diferencial entre dois enlaces convergentes. Desenvolvemos neste capítulo um cálculo teoricamente exato para a estimativa do efeito da atenuação diferencial devida à chuva na indisponibilidade de um enlace, supondo a existência de apenas dois enlaces convergentes. No caso de três ou mais enlaces convergentes, desenvolvemos um cálculo teórico conservador (resultado maior que o real) e indicaremos um método exato (a extensão do modelo de Misme e Fimbel para múltiplos enlaces). Neste capítulo, mostraremos como obter a distribuição da relação C/I entre as potências do sinal desejado e interferente e o valor da indisponibilidade do enlace desejado a partir da distribuição cumulativa da atenuação diferencial. Apresentamos algumas definições: Indisponibilidade: para as necessidades da presente dissertação, um enlace será considerado indisponível se um requisito pré-determinado não for atingido. Limiar de recepção de um receptor: valor da potência recebida ao atingir este requisito. Em geral, este limiar corresponde à soma da potência de ruído térmico (presente no receptor), da potência do sinal interferente e de uma parcela característica da modulação. Casos particulares podem ser definidos na ausência de interferência ou quando a potência do ruído térmico for desprezível em comparação à potência do sinal interferente. Margem de desvanecimento (ou margem de fading): diferença entre o nível nominal recebido e o limiar de recepção. Na determinação da indisponibilidade, estudaremos quatro casos:

60 1. Um caso meramente teórico, em que não há interferências, sendo então considerado o apenas o ruído térmico. Este caso é útil no entendimento do conceito de indisponibilidade. 2. O atual modelo de dois enlaces convergentes (desejado e interferente). Não é considerado o ruído térmico, cuja potência será suposta inferior à potência do sinal interferente em, pelo menos, 10 decibéis. 3. Além dos dois enlaces convergentes, será considerada a existência de outras contribuições significativas como o ruído térmico e a interferência fixa de outros enlaces (não sujeitos, teoricamente, à atenuação por chuva que afeta o enlace desejado). Além dos dois enlaces convergentes, será considerada a existência de interferência de outros enlaces convergentes, sujeitos à atenuação por chuva (que afeta o enlace desejado). Não é considerado o ruído térmico. 6.1. Ruído térmico Na ausência de interferência, a indisponibilidade ocorre quando a atenuação no enlace supera a margem de desvanecimento, de modo que em relação ao ruído térmico (6.1) Nesta equação, a é a atenuação devida à chuva no enlace e M (db) é a margem de desvanecimento em relação ao ruído térmico. Observamos que este caso pode incluir, também, aquele em que a interferência é fixa (não é afetada pela chuva, em um modelo teórico simplista). Haverá uma conjugação entre o ruído e a interferência fixa (soma em potência) e, conseqüentemente, haverá uma elevação do limiar de recepção e uma diminuição (degradação) da margem de desvanecimento. Este modelo teórico simplista é aquele geralmente utilizado no cálculo de indisponibilidade.

61 6.2. Efeito da atenuação diferencial devida à chuva sobre a indisponibilidade de um enlace Para o segundo caso, consideramos somente o efeito da atenuação diferencial devida à chuva por intermédio do atual modelo de dois enlaces convergentes (desejado e interferente). Não é considerado o ruído térmico, cuja potência será suposta inferior à potência do sinal interferente em, pelo menos, 10 decibéis. Não será considerado, também, o efeito direto da atenuação devida à chuva sobre o enlace desejado. Este efeito, intensamente estudado, causa indisponibilidade quando a potência do sinal do enlace desejado tornar-se inferior ao correspondente limiar de recepção. Esta seção apresenta as características da relação C/I (db) entre as potências dos sinais desejado e interferente, supondo a existência de apenas dois enlaces convergentes de 8 km de comprimento operando na freqüência de 15 GHz sob as condições climáticas da região de São Paulo. O primeiro procedimento de cálculo analisado é conservador e considera a atenuação A d (db) devida à chuva no enlace desejado e despreza a atenuação A i (db) no enlace interferente, de modo que a relação C/I pode ser apresentada na forma C/I = (C/I) o - A d. O segundo procedimento é realista e considera ambas as atenuações, de modo que a relação C/I pode ser apresentada na forma C/I = (C/I) o - (A d - A i ) = (C/I) o - A dif. Em ambos as expressões, (C/I) o representa o valor nominal da relação C/I, existente em condições de céu claro e supondo a utilização de equipamentos iguais nos lances desejado e interferente. Foram considerados os valores de 50 db, 45 db e 40 db para a relação (C/I) o, correspondentes à discriminação co-polar da antena Andrew VHLP4-142 (de alta qualidade) para os ângulos de discriminação de 50º, 20º, 12º, respectivamente. Tanto A d quanto a atenuação diferencial A dif = A d - A i são consideradas variáveis aleatórias, cujas distribuições cumulativas foram determinadas pelos modelos descritos nos capítulos 3 e 4, considerando os ângulos de discriminação, quando aplicável. A partir dos resultados obtidos e das expressões apresentadas acima, a distribuição cumulativa da relação C/I foi obtida para cada procedimento e valor de (C/I) o. A Figura 6.1 apresenta um conjunto de três distribuições cumulativas da relação C/I para cada procedimento. O primeiro conjunto (à direita, usando linhas tracejadas), corresponde ao procedimento conservador, que supõe que o enlace

62 interferente não sofre atenuação devida à chuva. O segundo conjunto (à esquerda, usando linhas contínuas) corresponde ao procedimento realista, que considera a atenuação devida à chuva em ambos os enlaces. Os resultados indicam que, para o mesmo valor da relação (C/I) o (ou, equivalentemente, da separação angular entre os enlaces), a percentagem de tempo em que um determinado nível da relação C/I não é excedido é sempre maior quando calculada pelo procedimento conservador. Para avaliar o impacto dos procedimentos descritos acima na determinação do efeito da chuva sobre a indisponibilidade de um enlace e sobre a eficiência na utilização do espectro eletromagnético, será suposto que, desprezando-se os efeitos do ruído térmico, um enlace está indisponível quando C/I = 20 db. Como critério de qualidade para o dimensionamento do enlace, exige-se que, devido à chuva, a indisponibilidade ocorra, no máximo, durante 0,01 % do tempo (isto é, durante 53 minutos do ano médio). Com base no procedimento conservador e considerando a possibilidade de outras interferências, seria necessário dimensionar o enlace com a margem de 50 db e evitar a reutilização da mesma freqüência em enlaces com separações angulares inferiores a 50 o. Portanto, apenas seis enlaces convergentes na estação central poderiam compartilhar a mesma freqüência na mesma polarização. Por outro lado, com base no procedimento realista e mesmo considerando a possibilidade de outras interferências, seria possível dimensionar o enlace com a margem de 40 db e reutilizar a mesma freqüência em enlaces com separações angulares iguais a 12 o. Portanto, cerca de trinta enlaces convergentes na estação central poderiam compartilhar a mesma freqüência na mesma polarização.

63 Figura 6.1 - Distribuições cumulativas da relação C/I de acordo com os procedimentos conservador (curvas tracejadas com símbolos ocos, obtidas considerando apenas a atenuação no enlace desejado) e realista (curvas contínuas com símbolos cheios, obtidas considerando a atenuação diferencial entre os dois enlaces), para três valores da relação (C/I) o ou, equivalentemente, da separação angular entre os enlaces A indisponibilidade ocorre quando a Atenuação diferencial entre os enlaces supera a margem de desvanecimento (em relação à interferência). Probabilidade (ocorrência de indisponibilidade) = Probabilidade (atenuação diferencial > Ao) = Probabilidade (a 1 a 2 > Ao); Ao= margem de desvanecimento em relação à interferência, Atenuação diferencial = (a 1 a 2 ). Observamos que neste caso (em relação ao caso sem interferência), simplesmente substituímos o ruído térmico pela interferência, e a atenuação no enlace desejado pela atenuação diferencial (positiva). A margem de desvanecimento Ao se refere a um limiar de recepção provocado pela interferência (e não pelo ruído térmico). Exemplificando, para Atenuação diferencial = 30 db, haverá inúmeros pares de atenuações {A(1)/A(2)} que satisfarão este valor, provocando indisponibilidade :

64 {30dB/0dB}, {40dB/10dB}, {50dB/20dB}... Na figura 6.2 (conforme estudado no capítulo 4), a indisponibilidade corresponde à integração da função densidade de probabilidade f(a 1, a 2 ) na região acima da reta a 1 a 2 = A 0 ), onde A 0 é a margem de desvanecimento do enlace desejado, relativamente à interferência (provocada pelo enlace interferente). Figura 6.2 - O cálculo de indisponibilidade corresponde à integração da função densidade de probabilidade, na região de interesse (R). 6.3. Dois enlaces convergentes juntamente com ruído térmico e interferência fixa de outros enlaces Para o terceiro caso, consideramos, além dos dois enlaces convergentes, a existência de outras contribuições significativas como o ruído térmico e a interferência fixa de outros enlaces. Como vimos no primeiro caso (não há interferências), haverá indisponibilidade quando a atenuação no enlace desejado superar a margem de fading (agora denominada A th : atenuação necessária para provocar indisponibilidade, por ruído térmico).

65 No presente caso, haverá uma indisponibilidade adicional (em relação ao segundo caso), correspondente à região R 2 (veja figura 6.3), que é situada abaixo da reta (a 1 a 2 = A 0 ) e acima da reta horizontal a 1 =A th. A figura 6.3 ilustra o caso. Observamos que a indisponibilidade desejada corresponde à integração na região R (calculado pela distribuição de atenuação diferencial) mais a integração na região R 2. Figura 6.3 - Indisponibilidade no caso do ruído térmico ser significativo face à interferência. Além da região (R), integramos a f.d.p na região (R 2 ), situada acima da reta a 1 =A th. e simultaneamente abaixo da reta a 1 a 2 = A 0. Observamos que a indisponibilidade por ruído térmico corresponde à integração em toda a região acima da reta horizontal a 1 =A th., portanto é maior que a indisponbilidade correspondente à região R 2. Uma maneira de calcular a indisponibilidade devida à soma das regiões R e R 2 é considerar duas parcelas: a primeira parcela considera toda a região acima da reta horizontal a 1 =A th (corresponde à indisponibilidade por ruído térmico), a segunda parcela correspondente à região acima da reta (a 1 a 2 = A 0 ), porém abaixo do valor a 1 = A th. Esta última parcela é facilmente obtida calculando-se a atenuação diferencial, agora com o valor de atenuação máxima de (a 1 ) alterado para (a 1 ) Max = A th.

66 Observamos que no caso de A th ser muito maior que Ao ( pelo menos 10 db), é desprezível a contribuição da região (R 2 ). Isto é motivado pelo formato da função F(a 1,a 2 ) distribuição cumulativa das atenuações (a 1,a 2 ) ser decrescente conforme nos afastamos da origem (e geralmente fortemente decrescente). 6.4. Múltiplos enlaces convergentes sujeitos a atenuação devida à chuva Para o quarto caso consideramos, além dos dois enlaces convergentes, a existência de outros enlaces convergentes, também sujeitos à atenuação por chuva. Mostramos um cálculo de indisponibilidade pessimista (resultado maior que o real). O cálculo exato é indicado e sugerido para ser desenvolvido em próximos trabalhos. Trataremos do caso particular de três enlaces convergentes, a generalização é óbvia. Consideremos o enlace desejado L 1, interferido pelos enlaces convergentes interferentes L 2 e L 3. Um cálculo de indisponibilidade pessimista (valor maior que a real), é simplesmente somar as indisponibilidades geradas por cada par de enlaces (notaremos indisponibilidade como indisp ) : Indisp total (1-2,3) = indisp (1-2) + indisp (1-3); Onde indisp (1-2) = atenuação diferencial (a1-a2>ao 2 ) indisp (1-3) = atenuação diferencial (a1-a2>ao 3 ) Ocorre que ao somarmos as duas indisponibilidades, estamos contabilizando duplamente um tipo de evento que afeta ambos pares de enlaces. Para um cálculo exato de indisponibilidade, é necessário subtrair esta probabilidade de ocorrência comum. Ao considerarmos o lugar geométrico de Misme e Fimbel de cada enlace, esta parcela subtrativa corresponde à área comum aos três enlaces (e de modo geral, a n enlaces). Fica como sugestão para próximos desenvolvimentos, para o cálculo da indisponibilidade exata. Observamos que o método de simplesmente somar as indisponibilidades dos vários pares de enlaces, embora aproximado e pessimista (o que é bom para o projetista), é mais exato que o cálculo geralmente utilizado atualmente (super

67 pessimista), que simplesmente despreza a atenuação de chuva dos enlaces interferentes. A indisponibilidade total do enlace desejado (valor pessimista, superdimensionado), considerando as três interferências nos ângulos acima, pode ser simplesmente obtida, somando-se as três indisponibilidades, correspondentes ao cruzamento a reta horizontal (C/I)=20 db. Veja exemplo em 6.2.1. 6.4.1. Um exemplo de cálculo de indisponibilidade para três enlaces interferentes, convergentes com o enlace desejado, formando ângulos de 12º, 20 e 50 (considera os dados do item 6.2) No primeiro caso consideramos o conjunto de curvas à direita (somente o enlace desejado é atenuado pela chuva). As interferências são consideradas constantes. Fixada a maior interferência como referência (C/I=40 db, ângulo de 12 ), as outras interferências (C/I=45 db e C/I=50 db) estarão 5 db e 10 db abaixo da referência. Elas se somarão à interferência de referência, provocando uma degradação na margem de desvanecimento, que é calculado pela fórmula abaixo (para interferências situadas (A, B, C...) db, abaixo da referência): Degradação (db) = 10log (1 + 10 -A/10 + 10 -B/10 + 10 -C/10 +..). No caso temos Degradação (db) = 10log (1 + + 10-5/10 + 10-10/10 ) = 10log(1.60) = 2.04 db. Considerando uma degradação de margem de desvanecimento de 2dB, temos uma nova curva (C/I)total = (C/I) 38 db correspondente à curva (C/I) 40 db, deslocada 2 db para baixo. Ora isto equivale em elevar o limiar em 2 db, ou seja elevar o critério de indisponibilidade de 20 db para 22 db. Este novo critério de indisponibilidade (22dB) aplicado à curva de referência ((C/I) 40 db, ângulo de 12 ), finalmente, leva à indisponibilidade total = 0,0335%. No segundo caso consideramos o conjunto de curvas à esquerda (todos os enlaces são atenuados pela chuva, considerando a atenuação diferencial). Utilizaremos um cálculo de indisponibilidade total pessimista (superdimensionado), que soma as indisponibilidades referentes aos três pares de enlaces (a rigor seria necessário diminuir a ocorrência de eventos comuns). A

68 partir do gráfico obtemos os seguintes valores de indisponibilidade (%), para os ângulos acima: 10-3.284, 10-3.187, 10-2.781. Ocorre que, como veremos no capítulo 6, os valores medidos são maiores que os valores calculados. As curvas referentes aos valores medidos estão no máximo 10 db acima (não incluindo o enlace de 43 km), quanto à atenuação diferencial. As curvas referentes aos valores medidos estão no máximo meia década à direita, quanto à probabilidade (ou seja, meia década maior), considerando a região com probabilidade menor que 10-2 %. Então considerando um cálculo de indisponibilidade super-dimensionado ( o que é bom para o projetista), aumentaremos em meia década cada um dos três valores acima. Os valores (em %) 10-3.284, 10-3.187, 10-2.781, majorados de meia década (somar 0.5 a expoente) passam a ser 10-2.784, 10-2.687, 10-2.281, que somados fornecem o valor da indisponibilidade total = 0.0122% (valor bem menor que o valor encontrado no primeiro caso 0.0335%). Verificamos então, neste exemplo, que o método de somar as indisponibilidades, calculadas considerando-se a distribuição de atenuação diferencial entre os enlaces, mesmo majorada de meia década de probabilidade, leva a um valor de indisponibilidade total menor (melhor) que o calculado pelo método que só considera atenuação de chuva no enlace desejado (geralmente utilizado atualmente). Observamos que no caso de majorarmos uma determinada parcela de indisponibilidade, esta superar a indisponibilidade do caso anterior (a chuva só ocorre no enlace desejado), esta última é que deve ser considerada. Refizemos os cálculos considerando um caso mais pessimista, a majoração de uma década, e chegamos a um valor de indisponibilidade total (%) = 10-2.284 + 10-2.187 + 10-2.251 = 0,0173 (na terceira parcela utilizamos o critério apontado na frase anterior, correspondente á indisponibilidade da curva referente ao ângulo de 50 ).