EXMO(A). DR(A). JUIZ(A) DA VARA CÍVEL DE FLORIANÓPOLIS/SC

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Transcrição:

fls. 1 EXMO(A). DR(A). JUIZ(A) DA VARA CÍVEL DE FLORIANÓPOLIS/SC TUTELA DE URGÊNCIA ANTÔNIO CARLOS DE OLIVEIRA SIMÕES, brasileiro, casado, inscrito no CPF sob nº 582.228.719-00, portador do RG nº 1827940 SSP/SC, residente e domiciliado à Servidão Caminho do Arvoredo, FNS, nº 44, Rio Vermelho, Florianópolis/SC, CEP 88060-258, por seu advogado infra-assinado, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, propor AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS COM PEDIDO LIMINAR, em face de MAGAZINE LUIZA S/A., pessoa jurídica de direito privado, inscrito sob o CNPJ nº 47.960.950/0413-16, empresa com sede à rua Felipe Schmidt, nº 162, Centro - Florianópolis/SC - Cep. 88010-000, com pedido de concessão do benefício da GRATUIDADE JUDICIÁRIA. DOS FATOS No final do mês passado, agosto de 2016, o requerente foi até uma loja das redes Pernambucanas para efetuar uma compra, porém no momento em que precisou efetuar um crediário para parcelamento foi informado pelo atendente que, por meio de uma consulta no SERASA, serviço de proteção ao crédito, constatou que o nome do autor constava no cadastro de inadimplentes, inviabilizando a aquisição almejada. Surpreso com a notícia e convicto de não possuir qualquer dívida que justificasse tal restrição de crédito, o requerente dirigiu-se até o CDL para retirar um extrato que indicasse seu nome no cadastro, pois estava certo de que não possuía dívida alguma. No entanto, para seu espanto, ao retirar o referido extrato, verificou que se tratava de negativação por não pagamento de dívida renegociada, cujo parcelamento de 18 (dezoito) prestações, como acordado com a requerida, já havia sido pago até o terceiro mês, todas em dia. Ressalta-se que o requerente possuía dívida com a requerida e a mesma foi renegociada para 18 parcelas de R$ 94,00 junto ao Gerente da loja, entretanto não recebeu nenhum contrato escrito da renegociação. Carlos Augusto Ramos OAB/SC n 41.086 E-mail: carlosramos.adv@hotmail.com Fone: (48) 8877-4418 / (48) 9848-7653 Rua Cândido Pereira dos Anjos, n 1302 Rio Vermelho Florianópolis/SC CEP 88.060-300 1

fls. 2 Após inúmeras tentativas de contato com a empresa, encontrou resistência por parte de seus funcionários no tocante a resolução do mal entendido, haja vista o efetivo pagamento das parcelas renegociadas de sua dívida. O extrato atualizado demonstra que o nome do requerente permanece negativado, mesmo semanas após o contato com a empresa e o pedido para resolução do problema. E por se tratar de uma relação de consumo, o requerente vem à presença de Vossa Excelência requerer a aplicação de danos morais e requerer que a reclamada retire o nome do requerente dos Serviços de Proteção ao Crédito SPC, SERASA e congêneres, visto que o suposto débito encontra-se devidamente quitado. DA JUSTIÇA GRATUITA Esclarece a requerente, que é pessoa pobre na acepção jurídica do termo, não estando em condições de demandar, sem sacrifício do sustento próprio e de seus familiares, motivo pelo qual, pede que este r. juízo lhe conceda os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, nos termos do art. 98 do CPC/15. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA No mercado de consumo, o consumidor é considerado hipossuficiente/vulnerável frente à expertise, aos meios de defesa, às condições financeiras, dentre outros pontos de que não dispõe, ficando em desvantagem em relação ao fornecedor do produto ou serviço. Devido a esta hipossuficiência, o CDC criou meios de equiparação do consumidor ao fornecedor, a fim de garantir a paridade de defesa entre eles, inclusive judicialmente. Vejamos: Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo; (grifei) Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 2

fls. 3 VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; (grifei) No caso em discussão, não é diferente. A Requerida é uma das maiores, senão a maior, redes de mercado do Estado de Santa Catarina, enquanto a Requerente é pessoa vulnerável, sendo mera pessoa física. Podendo-se verificar, assim, clara disparidade entre os figurantes do polo ativo e passivo da presente lide. Aliás, é entendimento deste E. Tribunal de Justiça a inversão do ônus da prova em relações consumeristas quando comprovada a hipossuficiência e vulnerabilidade do consumidor. Destaca-se: CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. RELAÇÃO DE CONSUMO COMPROVADA. HIPOSSUFICIÊNCIA TÉCNICA DO CONSUMIDOR. APLICABILIDADE DA REGRA DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. Uma vez reconhecida a relação de consumo existente entre os litigantes, o juízo pode inverter o ônus da prova atento à prerrogativa do artigo 6º, inciso VIII do CDC, ao determinar a existência de um dos requisitos para a concessão do benefício, quais sejam: a hipossuficiência do consumidor e a verossimilhança de suas alegações. Ademais, o fornecedor detém os meios e técnicas de produção, o que lhe atribui melhor condição de apresentar a prova do fato ligada diretamente ao serviço contratado. Caracterizada a hipossuficiência técnica do consumidor frente ao caso em litígio, deve ter a seu favor, a inversão do ônus probandi, com o intuito da facilitação de sua defesa. DECISÃO MODIFICADA. RECURSO PROVIDO. (TJ-SC - AG: 20130382160 SC 2013.038216-0 (Acórdão), Relator: Gilberto Gomes de Oliveira, Data de Julgamento: 19/03/2014, Segunda Câmara de Direito Civil Julgado) (grifei) Portanto, a Requerente requer, desde já, a inversão do ônus da prova para que a Requerida apresente em juízo os documentos necessários a escusar-se dos fatos e fundamentos exarados nesta exordial, pela responsabilidade civil objetiva, inclusive apresente os dados do cartão em comento, pois a autora não mais o possui, haja vista seu bloqueio ter se dado há alguns anos, sob pena de confissão. 3

fls. 4 DO DIREITO A Constituição Federal de 1988 estabelece em seu art. 5º, no qual trata das garantias fundamentais, que a pessoa agravada faz jus à indenização proporcional ao agravo, seja ele moral, material ou estético. Vejamos: Art. 5. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; (grifei) Ademais, o Código Civil Brasileiro de 2002 prevê o direito à indenização por dano ocorrido por ato ilícito, omissivo ou comissivo. Ipsis Litteris: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Ainda, por trata-se a presente demanda de responsabilização civil advinda de falha na prestação de serviço, aplicável é o Código de Defesa do Consumidor, que também estabelece o dever de indenizar. Veja-se: Art. 6º. São direitos básicos do consumidor: 4

fls. 5 VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. (grifei) A conduta da suplicada em inscrever e manter o nome da requerente em órgãos de proteção ao crédito é conduta abusiva, que ofende direitos basilares do consumidor e de natureza contratual, especialmente o da boa-fé, da eficiência, da informação. Esperava a requerente que com o bloqueio do cartão, após o próprio Angeloni ter-lhe informado da inexistência de débitos (senão nem o teria bloqueado) não teria mais com o que se preocupar, principalmente com seu nome sendo inscrito nos órgãos de proteção ao crédito. Excelência, o dano moral produzido pela suplicada é presumível pelo próprio fato, não necessitando a requerente provar maiores dissabores além dos já existentes, nesse sentido, o STJ em diversos julgamentos já se posicionou no sentido de que a inscrição indevida em cadastro de inadimplente produz dano moral in re ipsa, pois o próprio fato já gera dano. A conduta, pois, constituiu-se em verdadeiro abuso de direito, violador da boa-fé contratual, pois foi além do limite permitido em lei e ofendeu direitos personalíssimos do autor. E, nesta toada, a indenização deve obedecer às peculiaridades do caso concreto, a exemplo, da capacidade econômica da ofensora e da ofendida, a extensão do dano, e o caráter pedagógico da indenização. DO VALOR DA INDENIZAÇÃO Considerando que o dano moral é in re ipsa para os casos de negativação indevida, e a extensão do dano ao consumidor, o STJ já definiu, com precedentes, que o valor de indenização deve ser de 50 (cinquenta) salários mínimos. In verbis: DANOS MORAIS. INCLUSÃO INDEVIDA. CADASTRO RESTRITIVO. CRÉDITO. Trata-se, na origem, de ação indenizatória ajuizada pelo ora recorrido em desfavor do banco, ora recorrente, por inclusão indevida de seu nome em cadastro restritivo de crédito, o que 5

fls. 6 perdurou por quatro anos. A sentença julgou procedente o pedido e condenou a instituição financeira ao pagamento de 300 salários mínimos a título de danos morais. Em grau de apelação, o tribunal a quo manteve a decisão e, ainda, condenou o recorrente ao pagamento de 200 salários mínimos por litigância de má-fé. Nesta instância especial, entendeu-se, entre outras questões, que não houve, na espécie, interposição de recurso manifestamente protelatório ou infundado. O réu, nas razões da apelação, manifestou de forma clara o intento de reforma da sentença, apresentou arrazoado formalmente adequado e dotado de fundamentação razoável, bem como formulou pretensão com apoio na lei e na jurisprudência pertinentes. Assim, afastou-se a litigância de má-fé. No que se refere ao quantum indenizatório, assentou-se que, embora excessivo o valor fixado na origem, as particularidades do caso em questão recomendam arbitramento em quantia superior àquela normalmente estipulada por este Superior Tribunal. Observou-se que o recorrido em nada contribuiu para a "negativação" de seu nome, pois sequer firmou o contrato que deu origem à inscrição, tendo sido vítima de furto de seus documentos pessoais. Outrossim, a inscrição indevida perdurou por quatro anos, período que ultrapassa sobremaneira os limites da razoabilidade. Ademais, o recorrido alegou que, em decorrência da distribuição da ação de busca e apreensão, não pôde tomar posse em cargo para o qual foi nomeado após aprovação em concurso público, fazendo prova da nomeação e da exigência, para a posse, de certidão negativa dos distribuidores cíveis. Não houve, todavia, consoante o acórdão recorrido, prova inequívoca do liame entre a inscrição indevida e a vedação à posse. Ainda assim, não há como excluir a possibilidade de que a posse tenha sido negada ao recorrido em face da ausência de certidão negativa. Dessarte, a questão relativa ao concurso público deve ser levada em conta na fixação do quantum indenizatório, ainda que seus reflexos não sejam tão drásticos quanto seriam na hipótese de efetiva comprovação dos fatos alegados. Nesse contexto, fixou-se a indenização em 50 salários mínimos. Precedentes citados: AgRg no Ag 1.265.516-RS, DJe 30/6/2010; REsp 856.085-RJ, DJe 8/10/2009, e REsp 678.224-RS, DJ 17/10/2005. REsp 983.597-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 7/12/2010. 6

fls. 7 DESNECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO Com base no art. 319, VII, do CPC, a parte autora declara não haver interesse na realização de audiência de conciliação ou mediação. DA TUTELA DE URGÊNCIA O Código de Processo Civil de 2015 trouxe o instituto da tutela de urgência para os casos em que a parte demonstre haver probabilidade de seu direito e o risco de dano, bem como a irreversibilidade da medida. In verbis: Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia. 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. Como se pode infirmar do caso, o autor possui comprovantes de 3 (três) pagamentos seguidos no valor de R$ 94,00 cada um, nas datas de 13/06/2016, 11/07/2016 e 11/07/2016. Todavia, a loja requerida passou a negar o recebimento das mensalidades de R$ 94,00 a partir do mês de setembro de 2016. Ademais, não há razoabilidade na crença de que o autor teria pagado 3 (três) parcelas de iguais valores, antes do dia acordado, sem que houvesse qualquer acordo. Sendo assim, Excelência, o autor requer o deferimento da tutela de urgência para determinar que (a) a ré se abstenha de negar o recebimento dos pagamentos de R$ 94,00 (noventa e quatro reais) mês a mês, e receba a parcela de setembro/2016 sem juros e multa, até que se findem o pagamento das 18 mensalidades, considerando que 3 já foram quitadas; ou (b) este juízo designe conta bancária judicial para que o autor assim 7

fls. 8 deposite as mensalidades de R$ 94,00 até o atingimento das 15 parcelas faltantes ou a decisão transitada em julgado; (c) bem como seja determinada a retirada do nome do autor do Órgão de Proteção ao Crédito, tendo em vista a reversibilidade da medida, sob pena de multa diária a ser atribuída pelo juízo. DOS PEDIDOS: Ante todo o exposto, requer: 1. Que sejam concedidos os benefícios da justiça gratuita, nos termos do art. 98 do CPC/15; 2. Seja concedida a inversão do ônus da prova para que a Requerida apresente em juízo os documentos necessários a escusar-se dos fatos e fundamentos exarados nesta exordial, pela responsabilidade civil objetiva, inclusive apresente os dados do cartão em comento, pois a autora não mais o possui, haja vista seu bloqueio ter se dado há alguns anos, sob pena de confissão; 3. O deferimento da tutela de urgência para determinar que (a) a ré se abstenha de negar o recebimento dos pagamentos de R$ 94,00 (noventa e quatro reais) mês a mês, e receba a parcela de setembro/2016 sem juros e multa, até que se findem o pagamento das 18 mensalidades, considerando que 3 já foram quitadas; ou (b) este juízo designe conta bancária judicial para que o autor assim deposite as mensalidades de R$ 94,00 até o atingimento das 15 parcelas faltantes ou a decisão transitada em julgado; (c) bem como seja determinada a retirada do nome do autor do Órgão de Proteção ao Crédito, tendo em vista a reversibilidade da medida, sob pena de multa diária a ser atribuída pelo juízo 4. Seja dispensada a realização da audiência de conciliação, por não haver interesse da parte autora, com base no art. 319, VII, do CPC; 5. Que seja citada a requerida, para, querendo, apresentar defesa, no prazo legal, sob pena de aplicação dos efeitos da revelia; 6. Que sejam julgados procedentes os pedidos desta exordial, e seja condenada a requerida ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 44.000,00 (quarenta e quatro mil reais), equivalente a 50 salários mínimos do ano de 2016 (ano do evento danoso), a fim de reparar o dano gerado ao requerente, bem como a aplicar o efeito pedagógico-punitivo à requerida, para que não torne à prática ilícita no mercado; 7. Protesta provar por todos os meios de provas admitidos em direito, especialmente por prova documental; 8

fls. 9 A condenação da requerida ao pagamento de custas e honorários sucumbenciais, no valor de 20% (vinte por cento) sobre a condenação, nos termos do art. 85, 2º do CPC/15. Atribui-se à causa o valor R$ 44.000,00 (quarenta e quatro mil reais). Pede deferimento. Florianópolis/SC, 27 de setembro de 2016. Carlos Augusto Ramos OAB/SC n 41.086 9