Compostos orgânicos como substrato na produção de mudas de alface das cultivares Repolhuda e Babá de verão manteiga Alex Justino Zacarias 1, Rebyson Bissaco Guidinelle 1, Israel Martins Pereira 1, Julio Cesar Gradice Saluci 1, Mário Euclides Pechara da Costa Jaeggi 2, Anarelly Costa Alvarenga 3, Wallace Luís de Lima 4. 1 Graduandos em Tecnologia em Cafeicultura do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) - Campus de Alegre, ES, Brasil, alexjustino12@gmail.com; rebysonguidinelle@gmail.com; israelmartins80@gmail.com; juliosaluci@gmail.com 2 Mestrando em Produção Vegetal, UENF, Campos dos Goytacazes, RJ, Brasil, mariopechara@hotmail.com; 3 Doutoranda em Produção Vegetal - Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil, engagronoma@hotmail.com 4 Professor do Ifes - Campus de Alegre, ES, Brasil. wallace@ifes.edu.br Resumo- A produção de mudas em substratos orgânicos é de fundamental importância para o cultivo de alface. No entanto estes devem apresentar boa qualidade (estrutura física e química). O objetivo do trabalho é avaliar o efeito de substratos orgânicos na produção de mudas de alface. O experimento foi desenvolvido em casa de vegetação no Setor de Agroecologia do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) Campus de Alegre, O delineamento utilizado foi em um esquema fatorial 3x2, sendo as parcelas constituídas por três substratos; S1) Substrato Comercial, S2) Vermicomposto e S3) Serapilheira, utilizando a concentração de 100% para todos os substratos e duas variedades de alface; 1) Repolhuda e 2) Babá de verão manteiga. As características avaliadas foram; altura total da planta (APT), altura da parte aérea (APA), comprimento da maior raiz (CMR), sendo avaliadas no 25 dia. Os substratos orgânicos de Vermicomposto e Serrapilheira proporcionaram melhor desenvolvimento vegetativo das plantas, em relação ao substrato comercial, quanto aos parâmetros morfoagronômicos avaliados de APA, CMR e ATP. Palavras chave: cultivo, produção, substratos e desenvolvimento.
Introdução A alface (Lactuca sativa L.) é a mais popular das hortaliças folhosas, sendo cultivada em quase todas as regiões do globo terrestre (FERNANDES et al., 2002). As cultivares de alface atualmente disponíveis no mercado brasileiro de sementes podem ser agrupadas em cinco tipos morfológicos principais, com base na formação de cabeça e tipo de folhas: grupo Repolhuda Lisa; Crespa Repolhuda ou Americana; Tipo Romana; Crespa Solta; e Solta Lisa. Para uma boa produção de alface é necessário de fatores que contribuem para a produção de mudas de qualidade, além dos fatores ambientais passíveis de serem modificados. O substrato deve apresentar características físicas, químicas e biológicas apropriadas para que possa permitir pleno crescimento das mudas (SETUBAL & AFONSO NETO, 2000). Substratos para a produção de mudas olerícolas vêm sendo estudados intensivamente, de forma a proporcionar melhores condições de desenvolvimento e formação de mudas de qualidade (SILVA JR., 1991). Segundo Smiderle (2000), um bom substrato é aquele que proporciona retenção de água suficiente para a germinação, além de permitir a emergência das plântulas. Menezes Júnior (1998) relata que, geralmente, os substratos alternativos utilizados na olericultura são formados por diversos materiais. O estudo de misturas de diferentes componentes para a composição de um substrato uniforme e adequado para a obtenção de mudas de boa qualidade, em menor período de tempo, é de importância fundamental, visando, principalmente, minimizar os custos de produção e reaproveitar materiais da própria propriedade. O objetivo deste trabalho foi avaliar a viabilidade de utilização de substratos orgânicos na produção de mudas de alface. Metodologia O experimento foi desenvolvido em casa de vegetação no Setor de Agroecologia do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) Campus de Alegre, localizado no município de Alegre - ES, latitude 20º45 44 Sul, longitude 41º27 43 Oeste e altitude de aproximadamente 134 m. O sistema de irrigação utilizado foi o de micro aspersão, no qual era ligado duas vezes ao dia, de modo a satisfazer as necessidades hídricas das mudas, evitando assim o déficit hídrico. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC) disposto em esquema fatorial 3x2, sendo constituídas por três substratos: S1 - Comercial, mais utilizado na região; S2 - Vermicomposto, composto orgânico que após compostagem foi inserido minhocas Eisenia foetida; e S3 - Serrapilheira, matéria seca em decomposição recolhida sob o solo de uma mata secundária localizada no polo ambiental do Ifes - Campus de Alegre, onde logo após foi passado por uma peneira de malha fina, retirando detritos de granulação indesejados. Foram estudadas duas cultivares de alface: 1) Repolhuda, cabeça compacta e pesada, coloração verde médio e apresenta uniformidade no cultivo; 2) Babá de verão manteiga, folhas lisas, verde-amareladas, forma cabeça compacta. As mudas foram produzidas em badejas de isopor de 200 células, sendo utilizadas 25 células em cada parcela totalizando 18 parcelas dispostas em três bandejas, sendo uma bandeja para cada substrato. Os parâmetros morfoagronômicos avaliados foram o comprimento das mudas, sendo: altura parte aérea (APA), comprimento da maior raiz (CMR) e altura total das
plântulas (ATP) que é o somatório da APA e CMR. As bandejas foram trocadas de lugar semanalmente para evitar o efeito das variáveis ambientais no desenvolvimento das mudas. A mensuração foi realizada 25 dias após o semeio (DAS), no qual foram avaliadas as 5 plântulas centrais por parcela, eliminando as bordaduras e evitando a possibilidade de qualquer interferência externa, totalizando 15 mudas por cultivar. A mensuração foi realizada no laboratório de Química do Ifes - Campus de Alegre, utilizando um paquímetro digital para a realização das medições. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade pelo software Sisvar (FERREIRA, 2011). Resultados e discussão Foram observadas diferenças significativas (p 0,05) entre os diferentes substratos estudados na produção de mudas das cultivares de alface Repolhuda e Babá de Verão (Tabela 1). O substrato Vermicomposto (S2) proporcionou a maior altura da parte aérea das plântulas para a cultivar Repolhuda, com 37,74 mm, quando comparados ao desenvolvimento nos demais substratos. Os menores crescimentos foram proporcionados pelo substrato comercial (S1), com 17,99mm. Para a cultivar Babá de Verão os substratos S2 e S3 proporcionaram os maiores desenvolvimentos, com 36,32 e 31,77mm, respectivamente. Estes resultados corroboram com os obtidos por Barros Júnior (2001) que utilizou 3 tipos de substrato: areia lavada, composto orgânico misto e substrato comercial e constatou que os compostos orgânicos resultaram em maior comprimento da parte aérea em comparação ao substrato comercial. Para o comprimento da parte aérea e para todas as características avaliadas os compostos orgânicos proporcionaram melhores mudas de alface. Tabela 1. Médias morfoagronômicas da altura total da planta (ATP), altura da parte aérea (APA), comprimento da maior raiz (CMR), das cultivares de alface Repolhuda (C1) e Babá de Verão Manteiga (C2), desenvolvidas nos diferentes substratos: Substrato Comercial (SI), Vermicomposto (S2) e Serrapilheira (S3) aos 25 dias após a semeadura. n = 15. Substratos APA CMR ATP C1 C2 C1 C2 C1 C2 S1 17,99 c 19,58 b 52,72 b 49,19 b 70,71 b 68,78 b S2 37,74 a 36,32 a 65,41 a 65,94 a 103,15 a 102,26 a S3 32,97 b 31,77 a 70,84 a 70,18 a 103,82 a 101,96 a CV% 10,03 6,55 4,89 Médias seguidas pelas mesmas letras na coluna não diferem entre si (Tukey, p 0,05). Na avaliação do CMR, foi observado que os substratos de Serrapilheira proporcionou os melhores desenvolvimentos para ambas as cultivares de alface Repolhuda e Babá de Verão
(Tabela 1). O substrato Serrapilheira (S3) proporcionou a maior comprimento da maior raiz das plântulas para a cultivar Repolhuda, com 70,84 mm, quando comparados ao desenvolvimento nos demais substratos. Os menores crescimentos foram proporcionados pelo substrato comercial (S1), com 52,72 mm. Para a cultivar Babá de Verão os substratos S2 e S3 proporcionaram os maiores desenvolvimentos, com 65,94 e 70,18 mm, respectivamente. Os substratos Vermicomposto (S2) e Serrapilheira (S3) proporcionaram os melhores desenvolvimentos da ATP das plantas, quando comparados com o Comercial (Tabela 1). O substrato Serrapilheira (S3) proporcionou a maior altura total da planta das plântulas para a cultivar Repolhuda, com 103,82 mm, quando comparados ao desenvolvimento nos demais substratos. Os menores crescimentos foram proporcionados pelo substrato comercial (S1), com 70,71mm. Para a cultivar Babá de Verão os substratos S2 e S3 proporcionaram os maiores desenvolvimentos, com 102,26 e 101,69 mm, respectivamente. As diferenças no desenvolvimento das mudas, levando em consideração os três substratos, demostram a importância deste estudo, pois viabiliza a utilização de outros substratos por parte dos produtores, para a produção de mudas de alface do cultivar Repolhuda e Babá de verão manteiga, podendo substituir o substrato comercial, por substratos orgânicos. Observou-se efeito significativo para ATP, APA e CMR quanto aos substratos orgânicos: Vermicomposto e Serapilheira nos cultivares; cultivar Repolhuda e Babá de verão manteiga. Porém o substrato S2 apresentou melhor desenvolvimento de APA na cultivares C1. Os substratos orgânicos proporcionaram melhores condições de desenvolvimento na ATP, APA e CR, para produção das mudas. Conclusão Os substratos orgânicos de Vermicomposto e Serrapilheira proporcionaram melhor desenvolvimento vegetativo das plantas, em relação ao substrato comercial, quanto aos parâmetros morfoagronômicos avaliados de APA, CMR e ATP. Referencias FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia (UFLA), v. 35, n.6, p. 1039-1042, 2011. FERNANDES, A.A.; MARTINEZ, H.E.P.; PEREIRA, P.R.G.; FONSECA, M.C.M. Produtividade, acúmulo de nitrato e estado nutricional de cultivares de alface, em hidroponia, em função de fontes de nutrientes. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, n. 2, p. 195-200, junho 2002. FILGUEIRA, F. A. R. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. 2ª ed., UFV, 2003.
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