Patrimônio histórico-cultural em revisão: Revitalização do centro antigo de Manaus



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Transcrição:

1 Patrimônio histórico-cultural em revisão: Revitalização do centro antigo de Manaus Elizabeth Filippini Universidade do Estado do Amazonas O presente trabalho, ao enfocar o centro histórico de Manaus, sob a ótica de um patrimônio histórico-cultural de relevante significado para a memória e vida dos manauaras, põe em evidência a importância de estudar-se, mais a fundo, a problemática do patrimônio, relacionado à presente revitalização do centro histórico da cidade. Consideramos que os remanescentes materiais da cultura, além de servir ao conhecimento do passado, relevam as experiências vividas e dão aos indivíduos a lembrança e o sentimento de pertencer a um mesmo espaço e partilhar uma mesma cultura. Por isso mesmo, como lembra Marly Rodrigues, preservar o patrimônio cultural sejam os objetos da cultura material ou as imagens, sejam os traçados urbanos ou as edificações, ou sejam ainda as áreas naturais ou as paisagens é dar à sociedade maiores condições de perceber-se a si mesma 1. Em relação ao Brasil, como aponta Kennetti Maxwell, à medida que o país começou a aprofundar-se na democracia e, assim, trazer novas vozes às arenas política e social, os brasileiros puderam entender que, para ir em direção ao futuro, é preciso compreender o passado. Para Maxwell, esse novo interesse e preocupação com a história, entre outros aspectos, revela-se na tendência recente de restauração da arquitetura colonial, da qual, lembra ele, o Brasil possui alguns dos exemplares mais extraordinários das Américas. Na Bahia e em São Luiz do Maranhão esplendidas igrejas e casarões urbanos têm sido restauradas de maneira admirável 2. Aliás, como afirma ainda Marly Rodrigues, órgãos responsáveis pelo patrimônio, como o antigo SPHAN, inicialmente, deu mais atenção à proteção de monumentos de valor excepcional, com especial destaque para as obras do Barroco, movimento artístico do século 1 RODRIGUES, Marly. Preservar e consumir: o patrimônio histórico e o turismo. In: FUNARI, P. P.; PINSKY, Jaime (orgs.). Turismo e patrimônio cultural. 3 a. ed. São Paulo: Contexto, 2003, p. 17. 2 MAXWEL, Kenneth. Chocolate, piratas e outros malandros. Ensaios tropicais. São Paulo: Paz e Terra, 1999, p. 423.

2 XVIII visto, então, como a essência da brasilidade e, também, à produção material dos colonizadores, a exemplo dos antigos fortes, engenhos e igrejas 3. Assim, as construções antigas, encaradas como patrimônio histórico, constituíram-se num conjunto de bens que, além de representar a história do país, teve o sentido de também representar o passado da arquitetura brasileira. Contudo, essas construções constituem artefatos da história brasileira mais tradicional. De qualquer forma, no que se refere aos edifícios de período mais recentes, lembrando os numerosos exemplares existentes em Manaus ou ainda no centro da cidade de São Paulo e em outras capitais brasileiras, construídos sob a influência do ecletismo, a partir do final do século XIX, a princípio, foram relegados, sendo considerados alheios à tradição brasileira. Hoje, esse quadro, evidentemente, mudou de figura e os exemplares arquitetônicos dessa época estão sendo valorizados e revistos com novos olhares. Para tanto, vale lembrar ainda que, a partir da segunda metade do século XX, a memória brasileira se viu atropelada pelo progresso cego, nas palavras de Pellegrini, em vista da especulação imobiliária e da expansão ou inchaço das áreas urbanas, além da presença dos órgãos de comunicação social, facilitando o advento de modismos da época. É frente a questões desta natureza que existe, hoje, uma necessidade premente de preservação esclarecida e da apreensão documental de traços culturais, para se poder realizar uma leitura satisfatória e correta do país 4. Trabalhos como o de Maria Evany do Nascimento são de suma importância para a realização desta pesquisa. Em Patrimônio e memória da Cidade: monumentos do Centro Histórico de Manaus, a pesquisadora preocupa-se, em especial, com os monumentos, como objeto de sua pesquisa. No século XIX, Manaus passa por um grande processo de modernização e embelezamento das praças e a lembrança desta época é vivida nos logradouros e prédios construídos neste período: por isso mesmo, são fontes constantes para a revisão da história da cidade. Tratam-se de pontos de referência da memória coletiva e é o que Michael Pollak situa como dispositivos da memória e o que Pierre Nora (1991) vislumbra como lugares de memória 5. Maria Evany, em sua análise, revela entre estas memórias, a importância dos monumentos, construídos como reflexo da modernização e mesmo da necessidade de construir uma memória coletiva, de guardar datas, como também de materializar momentos históricos 3 RODRIGUES, Marly, op. cit., p. 21. 4 PELLEGRINI FILHO, Américo. Ecologia, cultura e turismo. 2 a. ed., Campinas, SP: Papirus, 1997. 5 NASCIMENTO, Maria Ivany do. Patrimônio e memória da cidade: monumento do centro histórico de Manaus. Manaus: UFAM, ICHL, 2003. (Dissertação de mestrado), p. 48.

3 importantes para a cidade. Lembrando Pierre Nora, as memórias não são espontâneas e é preciso manterem-se os lugares de memória. Cada momento analisado pela autora, cada espaço da cidade guarda diferentes memórias e histórias, pois que não há um passado uníssono, assim como não existem lugares sem conflito. Por isso mesmo, surgem as memórias em disputa. A cidade de Manaus, neste sentido, traz a imersão, em alguns pontos, de elementos, pondo à tona a memória subterrânea. Os artefatos indígenas que hoje, estão sendo descobertos, expõem uma cidade subterrânea, com uma história e memória bem diferente da cidade construída. A cidade de Manaus, erguida no período da borracha, buscava incluir-se no mundo moderno e, cobrindo-se com um véu de modernidade, enterrou e escondeu os resquícios da cultura indígena e de outros grupos sociais excluídos. Hoje, a revisão da História surge com alguns trabalhos acadêmicos, ao colocarem-se em disputa essa memória da cidade moderna, com a memória subterrânea, vivenciada por esses grupos sociais esquecidos. Este trabalho, enfim, não buscou apenas uma revisão histórica do patrimônio cultural, a exemplo das praças públicas e do seu entorno, mas vislumbrou a necessidade de estudar-se ainda a problemática da educação patrimonial. Preocupa-nos e, ao mesmo tempo, surpreendemnos o fato de encontrarmos alunos de graduação, do Curso de Turismo ou mesmo da Escola Normal Superior, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), que nem sequer conhecem o Teatro Amazonas. Se na Universidade percebemos uma situação dessa natureza, o que se poderá dizer, a esse respeito, das escolas do ensino fundamental e médio da cidade? E se um Teatro de tal magnitude mal está sendo visto, quem dirá os resquícios da cultura indígena e de outros grupos sociais esquecidos, submersos e encobertos pela cidade de pedra? Dentre as várias praças do centro antigo da cidade de Manaus, vale uma consideração à parte a D. Pedro II, com base no projeto Patrimônio histórico-cultural em revisão: revitalização do centro antigo de Manaus e, particularmente, nos estudos de Jhonatham Nogueira Martiniano. Tem esta praça peso significativo no cenário histórico e cultural da cidade e é o testemunho físico dos períodos pelos quais a cidade viveu: pré-colonial, colonial, provincial, republicano e contemporâneo, a partir da instalação da Zona Franca de Manaus 6. Vale dizer que o período colonial retrata a importância que o Forte de São José do Rio Negro teve para a origem da cidade de Manaus e, em decorrência, para a posterior criação da própria praça em questão, aliás assentada sobre um antigo cemitério indígena, ainda da época 6 MARTINIANO, Jhonatham Nogueira. Praça D. Pedro II: memórias de um patrimônio, Manaus: UEA (Universidade do Estado do Amazonas) / PAIC (Programa de Apoio à Iniciação Científica) 2006, sob a orientação da Profa. Dra. Elizabeth Filippini, com o Projeto acima referido.

4 pré-colonial. Como lembra Maria Evany do Nascimento,... a construção do forte marca também a chegada da civilização, de uma cultura que, supondo-se superior, buscará se impor a uma barbárie regional 7. Aliás, foi à sombra deste forte que a aldeia se tornou Arraial do Rio Negro, Lugar da Barra, Vila, Cidade da Barra do Rio Negro e, por fim, Manaus. Não há dados precisos a respeito da criação do Largo do Pelourinho, do qual se originou a Praça D. Pedro II, mas há registros, segundo a mesma autora, de sua existência antes dos anos de 1800 8. Mesmo assim, o largo ainda apareceu na primeira planta da cidade de Manaus, datada de 1852, e localizava-se entre a cadeia Velha, o Palácio e o antigo quartel, nas proximidades do forte. Tal denominação deve-se à instalação do Pelourinho no local. Como instrumento de justiça, consistia numa armação de madeira levantada em um lugar público. Junto dela, expunham-se e castigavam os criminosos de penas leves, com açoites e outros castigos comuns à época 9. É possível que o Largo do Pelourinho tenha testemunhado a atuação dos cabanos que, na tarde de 6 de março de 1836, controlaram a vila da Barra até o dia 31 de agosto do mesmo ano 10. Uma conclusão desta natureza liga-se ao fato de que o largo, assim como suas imediações, ainda representarem o centro político administrativo da região, como reflexo dos tempos coloniais. O pelourinho, como símbolo de justiça, só desapareceria de Manaus em 1855, segundo a ata da Câmara Municipal, de 6 de fevereiro desse mesmo ano, quando o presidente da província solicita a sua demolição, por não ser mais útil e valorizado pelos habitantes e pelas autoridades locais 11. Pelo fato de ser um espaço público bem antigo da cidade de Manaus, a Praça D. Pedro II recebeu várias denominações, cada uma delas relacionadas às necessidades ou acontecimentos relevantes de uma determinada época. A partir da obra de Mário Ypiranga Monteiro, pode-se ter um levantamento dos primeiros nomes que a Praça D. Pedro II conheceu, desde a criação do forte, até os anos que antecederam a Proclamação da República 12. 7 NASCIMENTO, Maria Evany do. op. cit. p.15. 8 NASCIMENTO, Maria Evany. Op.cit., p.71. Ver ainda MONTEIRO, Mário Ipiranga. Fundação de Manaus. 3ª ed. Ampl. Rio de Janeiro: Conquista, 1971, p. 108-9. 9 O pelourinho, como símbolo de justiça, desapareceu de Manaus em 1855, de acordo com a ata da sessão da Câmara Municipal, de 6 de fevereiro do mesmo ano. 10 MARTINIANO, J. N., op.cit., p.12. 11 Idem, op.cit., p.13. 12 MONTEIRO, Mário Ypiranga. Roteiro histórico de Manaus. Manaus: Universidade do Amazonas,1998.

5 A designação Largo da Casa Forte perdeu popularidade em razão da perda de prestígio atribuído ao Forte, quando já estava em ruínas. Na época em que ainda existia a Casa Forte, o Largo abrangia uma área muito grande, dele fazendo parte as atuais Praça D. Pedro II e Nove de Novembro. Largo de Pedro II é o nome encontrado na ata da sessão da Câmara de Manaus, de 5 de outubro de 1846. Já, o nome Largo da Aclamação é uma homenagem à cidade que passou a chamar-se Manaus 13. De acordo com Mário Ypiranga Monteiro, as atas da Câmara Municipal dessa época atestam que os moradores no Lugar da Barra se reuniram na Praça D. Pedro II, também chamada de Largo da Trincheira e Largo da Fortaleza, para os festejos referentes à adesão do Amazonas à Independência do Brasil. Do Largo da Aclamação ou ainda Largo da Câmara, restaria só a Praça Nove de Novembro, que chegara a integrar o antigo Largo Pelourinho 14. Largo do Quartel é uma referência encontrada no ano de 1855, quando o quartel general e o hospital localizavam-se ao lado norte do largo 15. Certamente, a cidade existente por volta de 1870, já não era mais a mesma Manaus de meados século XIX, uma vez que a inevitável urbanização elevaria os seus padrões culturais 16. Neste contexto, a Praça D. Pedro II testemunharia as primeiras transformações ocorridas na cidade. Não é sem razão que o viajante Robert Avé-Lallemant, ao visitá-la, provavelmente no ano de 1859, observaria a existência de sólidos edifícios europeus ao lado de primitivos casebres de barros 17. Enquanto a borracha, já no início do último quartel no século XIX, tornava-se o maior gênero de exportação Manaus vivia a transformação de suas malocas em edificações singelas, como resultado da influência lusitana na busca de direcionar a cidade rumo ao progresso, fato este que se tornaria evidente, sem dúvida, nos vindouros anos republicanos 18. Foi no início do período republicano, aliás, que a produção da borracha tornou possível uma série de transformações e reformas no caráter urbanístico de Manaus, interferindo 13 A Praça Nove de Novembro é um nome referente ao dia em que o Lugar da Barra teve conhecimento da proclamação da Independência, notícia esta recebida com esperança pelos moradores da Barra que, de imediato, declaram a adesão da localidade ao Império. MARTINIANO, op.cit., p. 14. 14 Manaus assim passou-se a chamar em razão da lei nº 147, de 24 de outubro de 1848. 15 Ata da sessão da Câmara Municipal, de 6 de fevereiro de 1855. 16 Vale lembrar que, em 1850, Manaus já expandira as suas delimitações além das adjacências da Praça D. Pedro II, algo imprescindível para uma cidade que crescia lentamente. Ainda por volta de 1860, as ruas não eram totalmente niveladas e não tinham pavimentação. Vale dizer que, mesmo a cidade vivendo ainda um processo incipiente de crescimento, a borracha já figurava na exportação regional, desde1827. MARTINIANO, J. N. op.cit., p16. 17 AVÉ- LALLEMANT, Robert. No Rio Amazonas. Belo Horizonte/ São Paulo: Itatiaia/ EDUSP, 1980, p. 150. 18 MARTINIANO, J, N., op.cit., p.14.

6 incisivamente nos costumes da cidade, ao varrer as influências indígenas e caboclas da população local 19. Assim, novos valores foram agregados e novos costumes, incorporados aos seus habitantes. Também novos prédios e logradouros surgiram no cenário da cidade, além da praça, com a função especial de socializar os seus moradores e adequá-los aos padrões e normas de civilidade. Estruturar os espaços públicos teve, dessa forma, um significado especial para esta época: principalmente, o de atender às exigências de uma nova elite, acostumada aos padrões europeus. A notícia da Proclamação da República só chegaria a Manaus seis dias depois, em 21 de novembro de 1889. A Praça Dom Pedro II presenciou este fato, quando a população, ao lado do Clube Republicano da cidade, lá se reuniu, em frente ao Quartel General, propondo um novo governo provisório, a ser escolhido, à noite, no Éden Teatro 20. Outra memória que a Praça D. Pedro II guarda relaciona-se à Revolta de Canudos, na Bahia, quando o Amazonas, com a sua participação na 4ª e última expedição, entre junho a outubro de 1897, contribuiu para integrar os dez mil soldados, enviados à campanha. Quanto a este fato, recorda Agnello Bittencourt: Da atual Praça D. Pedro II, antigo Largo do Quartel, já remodelada pelo Pensador, assisti em 1897, a partida das tropas amazonenses para Canudos... 21. Ao que tudo indica, já se tornava tradição, os eventos importantes da cidade ocorrerem na Praça D. Pedro II. Como mostra Agnello Bittencourt, a localidade, já se encontrava remodelada em fins do século XIX. De fato, a Praça D. Pedro II tinha passado por várias intervenções públicas, no sentido de oferecer conforto aos seus freqüentadores, ao melhorar os seus aspectos paisagísticos, numa época de grande influência européia nos costumes e na concepção urbanística da cidade de Manaus. 19 FREIRE, José Ribamar Bessa. Barés, Manáos e Tarumãs IN: Amazônia em Cadernos, História em novos cenários, n.23, v.2, Manaus: Universidade do Amazonas/ Museu Amazônico, 1993/1994, p. 159. 20 O Clube Republicano com o apoio popular, após uma reunião cívica no Éden Teatro, dirigiu-se ao Palácio dos Governadores, depondo o último presidente da Província, Manuel Francisco Machado, o Barão de Solimões. O Governo Provisório ficou constituído por Domingos Teófilo de Carvalho Leal, pelo Capitão da Fragata Manuel Lopes da Cruz e pelo Coronel do Exército Antonio Florêncio Pereira Lago. Ver GARCIA, Etelvina. O poder jurídico na História do Amazonas. Manaus: Secretaria do Estado do Governo / Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas, 2002. 21 BITTENCOURT, Agnello. Fundação de Manaus: pródomos e seqüências. 2ª ed. rev. Manaus: Universidade do Amazonas, 1999, p. 39.

7 Foi em janeiro de 1894 que o Governador Eduardo Ribeiro, o Pensador, inauguraria o jardim da Praça D. Pedro II, à época, Praça da República, passando a oferecer ao público grande número de plantas e flores raras, além de uma suntuosa fonte de bronze, disposta na parte central, além de outros ornamentos 22. Na verdade, o jardim dessa praça, conhecido também como Jardim do Palácio e Jardim Passeio Público, de acordo com Mário Ypiranga Monteiro, fora projetado em 1887, dois anos antes da Proclamação da República. Também o coreto da Praça D. Pedro II, conhecido como chalet de ferro, fora instalado em maio desse mesmo ano, com suas obras concluídas, só em fevereiro do ano seguinte, segundo lembra Otoni de Mesquita 23. Vale lembrar que o coreto de ferro, erguido sobre uma base octogonal, é de origem inglesa e foi produzido pela firma Francis Morton & Cª Limited Engineers, de Liverpool. Segundo mostra Mário Ypiranga Monteiro, a fonte ornamental da Praça D, Pedro II, também de origem inglesa, foi encomendada a John Birch & Cia (Bohen & Birch), de Londres, sendo instalada em junho de 1893. Nesse mesmo ano, a praça passaria a ter 48 bancos de madeira, em armação de ferro, fornecidos por S. M. Santos 24. Até o início do século XX, a Praça D. Pedro II era a praça que mais se destacava na cidade de Manaus, como mostra Otoni de Mesquita. O Álbum do Amazonas, editado em 1902, atesta a preocupação do Governo em oferecer, nesta época, opções de lazer à população, através de recitais das bandas do Regimento Militar do Estado no jardim da Praça 25. Manaus, de fato, rendeu-se à influência da Belle Époque. No âmbito da cidade, o plano de reforma urbana executado no governo do Eduardo Ribeiro e de seus sucessores nivelou ruas, projetou novas avenidas e boulevards, alinhou e calçou as principais vias, construiu praças e jardins, instalando neles coretos, estátuas, fontes e chafarizes importados da Europa. Aterrou igarapés, como o do Espírito Santo e do Aterro, e os transformou em principais avenidas. Em relação aos igarapés maiores, foram edificadas pontes de pedras e ferro, para que a cidade crescesse além deles. Foi assim que Manaus deu costas para o rio e se expandiu em direção ao norte e à leste, segundo afirma José Ribamar Freire 26. 22 Mensagem do Governador Eduardo Gonçalves Ribeiro, em 10 de julho de 1894, p. 28. 23 Ver: MONTEIRO, Mário Ypiranga. Roteiro Histórico de Manaus. Manaus: Universidade do Amazonas, 1998, p. 522 e MESQUITA, Otoni Moreira de. Manaus: história e arquitetura 1852-1910. Manaus: Universidade do Amazonas, 1997, p. 355. 24 MONTEIRO, op. cit., p. 523. 25 MESQUITA, op. cit., p. 350-4. Os recitais das bandas do Regimento Militar do Estado eram realizados todos os domingos, quintas-feiras e feriados, das seis às nove horas da noite. 26 FREIRE, José Ribamar Bessa, op. cit., p.174.

8 Assim, no intuito de torna-se uma cidade apropriada ao estilo de vida europeu, Edinea Mascarenhas Dias mostra que, entre os anos de 1890 a 1920, Manaus deveria apresentar-se moderna e atraente para a imigração, o capital e o consumo 27. Por isso mesmo, a intenção dos governantes desta época foi modernizar e embelezar a cidade e encobrir tudo o que pudesse evocar os povos indígenas. Contudo, o ano de 1913 demarca o declínio da economia do látex e 1920, a falência da borracha na região amazônica. A crise econômica dessa época suprimiu os grandes investimentos em Manaus. O centro antigo da cidade, a partir deste momento, viveria tempos difíceis, ao perder sua importância no cenário da cidade, principalmente anos mais tarde, com a instalação da Zona Franca de Manaus 28. Foi dentro desse quadro que a Praça D. Pedro II e adjacências acabaram por tornar-se uma área de prostituição, no mesmo lugar onde guarda, em seu subterrâneo, a memória dos povos indígenas. Cabe lembrar que, no entorno da Praça D. Pedro II, encontram-se o Paço da liberdade, o mais antigo palácio governamental de Manaus; o Hotel Cassina, transformado no chamado Cabaré Chinelo, após a crise da borracha, nas décadas de 20 e 30 do século XX; o Palácio Rio Branco edificado no terreno onde existiu a antiga cadeia pública da cidade; ainda o edifício do I. A. P. T. C. (Instituto de Aposentadoria e Pensões de Empregados e Transportes e Cargas), construído no terreno, onde antes havia o Éden Teatro. Para promover a regeneração de toda a área onde se iniciou o processo de ocupação urbana da cidade, em 1994, a Prefeitura de Manaus, em parceria com o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), realizou um concurso público, com o intuito de revitalizar o entorno do Paço da liberdade, na Praça D. Pedro II 29. Foi só no ano de 2001 que a Prefeitura de Manaus, deu início às obras da primeira etapa do projeto, que consistiria na revitalização da Rua Bernardo Ramos, além da restauração da Praça D. Pedro II e do Paço da liberdade. Contudo, em razão do compromisso do governo municipal com a revitalização e preservação do patrimônio histórico cultural, em dezembro de 2002, Manaus passaria a receber 27 DIAS, Edinea Mascarenhas. A ilusão do fausto: Manaus 1892-1920. Manaus: Valer, 1999, p. 19. Quanto ao embelezamento, modernização e urbanização de Manaus, ver MESQUITA, Otoni de, op. cit., p. 241-3 e PÁSCOA, Márcio. A vida musical em Manaus na época da borracha. Manaus: Funarte, p. 16. 28 Convém lembrar que há uma grande lacuna em termos de estudo e pesquisa sobre a cidade de Manaus, no período de 1920 a 1969 (anos da instalação da Zona Franca de Manaus). Por isso mesmo, a literatura é escassa, especialmente em relação ao universo cultural da cidade. 29 Almir de Oliveira, Ana Lúcia Abrahim, Mércia Parente e Roberto Moita formavam a equipe de arquitetos que ganhou o referido concurso.

9 o financiamento do Programa Monumenta 30. No que tange ao centro antigo de Manaus, esse programa busca transformar o Paço da Liberdade em Museu Histórico de Manaus MUHMA, além de submeter a Praça D. Pedro II a uma intervenção, para a restauração do coreto, do chafariz, dos pisos, da iluminação e da vegetação. Ainda em meados de 2003 e início de 2004, a Prefeitura de Manaus realizou outra intervenção na Praça D. Pedro II, resultando na identificação de 256 vestígios arqueológicos e no salvamento de 4 urnas funerárias da fase paredão 31. Foi assim que as instituições públicas passaram a perceber a relevância que a história de Manaus tem para a reafirmação da identidade regional. As memórias não podem continuar esquecidas dentro das bibliotecas, inseridas em registros antigos e nem sendo deterioradas sob o asfalto, apagadas pelo fluxo constante dos veículos, como lembra Jhonathan Nogueira Martiniano 32. A Praça D. Pedro II, enfim, como um dos lugares mais antigos da cidade, retrata as observações de Pierre Nora. O espaço da Praça assim como os prédios que a cercam, para continuar existindo, passaram por metamorfoses e adaptações. Já, o próprio Hotel Cassina está de pé, como a imortalizar a morte, não só de seu próprio glamour, mas de uma época de riquezas e extravagâncias, como lembra Maria Evany do Nascimento. Com o seu espaço cercado por edifícios imponentes e importantes, conserva ainda o seu traçado original pouco modificado. Foi uma praça construída de acordo com os padrões urbanísticos antigos que viam a cidade como uma obra de arte 33. A Praça D. Pedro II é referência de memória de lugares, e carrega o peso da história de Manaus. Hoje, vive momentos difíceis. A cidade cresceu, outros espaços surgiram, associados aos novos valores da vida contemporânea e a Praça perdeu a sua importante função: de espaço de convívio. Á espera de cuidados especiais, a revitalização, de fato, ainda não bateu às suas 30 O Monumenta é definido como um Programa de recuperação sustentável do patrimônio histórico urbano brasileiro, sob a tutela do Governo Federal, resultando do contrato de empréstimo entre o Banco Interamericano de Desenvolvimento BID e o Governo Federal. Só em janeiro de 2004, foi assinado o Convênio de Financiamento do Programa Monumenta, pelo Ministro da Cultura, Gilberto Gil, e o então Prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento para o início da execução das obras, que passaram a ser coordenadas pela Manaustur (Fundação Municipal de Turismo), através da Unidade Executora do Projeto UEP Manaus. 31 MARTINIANO, J. N. op. cit., p. 41. Os trabalhos de intervenção na Praça D. Pedro II foram coordenados pelos arqueólogos Eduardo Góes Neves, Carlos Augusto da Silva e Patrícia Bayond Donatti. As urnas funerárias encontradas são da fase paredão. Esta fase caracteriza-se por utensílios de tamanhos e tipos variados, com adornos geométricos e zoomórficos nos ombros, grandes urnas piriformes modeladas no formato da cabeça humana ou de animais, pinturas em vermelho ou preto, em finas linhas. Ver os textos expostos no Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas. 32 Idem, ibidem. 33 NASCIMENTO, Maria Evany do. op. cit., p. 71-2.

10 portas. Enquanto isso, emana de seu subterrâneo, mais uma vez, a memória subterrânea dos povos indígenas. Manaus redescobre os seus valores culturais e sua própria identidade.

11 Referências Bibliográficas AVÉ- LALLEMANT, Robert. No Rio Amazonas. Belo Horizonte/ São Paulo: Itatiaia/ EDUSP, 1980. DIAS, Edinea Mascarenhas. A ilusão do fausto: Manaus 1892-1920. Manaus: Valer, 1999. FREIRE, José Ribamar Bessa. Barés, Manáos e Tarumãs IN: Amazônia em Cadernos, História em novos cenários, n.23, v.2, Manaus: Universidade do Amazonas/ Museu Amazônico, 1993/1994. MARTINIANO, Jhonatham Nogueira. Praça D. Pedro II: memórias de um patrimônio, Manaus: UEA (Universidade do Estado do Amazonas) / PAIC (Programa de Apoio à Iniciação Científica) 2006. MAXWEL, Kenneth. Chocolate, piratas e outros malandros. Ensaios tropicais. São Paulo: Paz e Terra, 1999. MESQUITA, Otoni Moreira de. Manaus: história e arquitetura 1852-1910. Manaus: Universidade do Amazonas, 1997. MONTEIRO, Mário Ipiranga. Fundação de Manaus. 3ª ed. Ampl. Rio de Janeiro: Conquista, 1971. MONTEIRO, Mário Ypiranga. Roteiro histórico de Manaus. Manaus: Universidade do Amazonas,1998. NASCIMENTO, Maria Ivany do. Patrimônio e memória da cidade: monumento do centro histórico de Manaus. Manaus: UFAM, ICHL, 2003. (Dissertação de mestrado). PELLEGRINI FILHO, Américo. Ecologia, cultura e turismo. 2 a. ed., Campinas, SP: Papirus, 1997. RODRIGUES, Marly. Preservar e consumir: o patrimônio histórico e o turismo. In: FUNARI, P. P.; PINSKY, Jaime (orgs.). Turismo e patrimônio cultural. 3 a. ed. São Paulo: Contexto, 2003,