UTILIZAÇÃO DO ÍNDICE THREAT SCORE PARA COMPARAR A PREVISÃO DO CAMPO DE PRECIPITAÇÃO DE DUAS VERSÕES DO MODELO GLOBAL DO CPTEC

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Transcrição:

UTILIZAÇÃO DO ÍNDICE THREAT SCORE PARA COMPARAR A PREVISÃO DO CAMPO DE PRECIPITAÇÃO DE DUAS VERSÕES DO MODELO GLOBAL DO CPTEC Antônio Marcos Mendonça (mendonca@cptec.inpe.br), José Paulo Bonatti (bonatti@cptec.inpe.br) Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos INPE Rodovia Presidente Dutra, Km 40 Cachoeira Paulista - SP ABSTRACT The precipitation forecast of CPTEC Global Model with Kuo deep convection is compared with a new version of this model with Relaxes Arakawa-Schubert (RAS) deep convection, using the Threat Score Statistical Index (TS). The TS was calculated to three cases of SACZ that happened in January/96, February/96 and March/97. The results show that version with Relaxes Arakawa-Schubert presents better performance.. INTRODUÇÃO A precipitação de um modelo está relacionada ao tipo de parametrização da convecção profunda utilizada. A versão do Modelo Global implementada pelo CPTEC e colocada em operação em 994, utiliza o esquema de convecção profunda tipo Kuo (965), com as modificações descritas por Sela (980). A partir de 998 o CPTEC passou a rodar experimentalmente uma versão do Modelo Global que possui como opção de parametrização da convecção profunda o esquema de Arakawa-Schubert Relaxada, descrito por Moorthi e Suarez (992). O objetivo deste trabalho é utilizar o índice Threat Score para avaliar a performance destas duas versões do Modelo Global para a previsão do campo de precipitação sobre a Região da América do Sul. Este trabalho é parte da dissertação de mestrado de Mendonça (999). 2. METODOLOGIA Três episódios de ZCAS foram selecionados a fim de avaliar o desempenho do Modelo Global, os casos selecionados ocorreram em janeiro de 996 (6 a 2), fevereiro de 996 (2 a 25) e março de 997 (7 a 23). Para a realização deste trabalho os modelos foram executados por um prazo de 8 dias, utilizando-se análises confeccionadas no National Centers for Environmental Prediction (NCEP), para o horário 2Z. Tomou-se os campos de precipitação acumulada em 24 horas previstas pelos modelos para o horário 2Z e os registros de precipitação acumulada em 24 horas (também para o horário 2Z) de synop para fins de comparação. A parte estatística do trabalho consistiu em calcular o índice Threat Score (Anthes, 993), que mede a habilidade do modelo em prever eventos classificados em categorias e pode ser escrito como: TS = NC NP + NO NC () onde NP é o número de pontos previstos pelo modelo para receber uma quantidade de precipitação acima de um limiar especificado, NO é o número de pontos em que foi observado precipitação acima deste limar e NC é o número de pontos previstos corretamente para receber a quantidade de precipitação acima do limiar estabelecido. Os limiares de precipitação a que correspondem estas categorias estão indicados na Tabela. TABELA - CLASSIFICAÇÃO DAS CHUVAS E LIMIARES CLASSIFICAÇÃO DA INTENSIDADE LIMIARES DE PRECIPITAÇÃO (mm) DAS CHUVAS Chuva-não chuva () = 0,3 Fraca (2) = 2,5; (3) = 6,3 Moderada (4) = 2,7; (5) = 9,0 Forte (6) = 25,4; (7) = 38,; (8) = 50,8 Fonte: Chou e Silva (draft-999). 3628

Quanto mais próximo TS estiver de,0 melhor terá sido a previsão de precipitação. Os resultados das previsões do Modelo Global são disponibilizados em pontos de grade, sendo que cada ponto de grade representa uma área que corresponde a,875 o de latitude por,875 o de longitude. Portanto, a previsão de 5 mm de precipitação para um determinado ponto de grade, indica que na área correspondente a este ponto de grade deverá chover em média 5 mm. Devido a grande variabilidade espacial da precipitação, os dados reportados das estações de superfície, representam uma área muito reduzida quando comparada a área do ponto de grade do modelo, desta forma, a interpolação da precipitação observada para uma grade correspondente a resolução do modelo poderia gerar informações duvidosas, ou até mesmo irreais. A maneira encontrada para minimizar este efeito foi interpolar a precipitação prevista pelo modelo até o ponto de observação, e em seguida fazer a comparação entre o valor da precipitação observada e a prevista pelo modelo, interpolada até o ponto de observação. O método de interpolação da precipitação prevista pelo modelo consistiu basicamente em: a) Identificar qual ponto de grade encontra-se mais próximo da observação; b) Tomar os quatro pontos de grade que envolvem a observação e interpolar linearmente os valores da precipitação destes pontos até o ponto da observação. A Figura ilustra quatro pontos de grade do modelo que envolvem uma observação. Neste caso, a posição da observação é dada pelas coordenadas (λ o,ϕ o ) que correspondem respectivamente a longitude e latitude da estação; a precipitação prevista pelo modelo para este ponto é representada por P (Io,Jo). A observação encontra-se na área representada pelo ponto de grade do modelo que corresponde a longitude e latitude (λ I,ϕ J ) com precipitação P (I,J). Os demais pontos de grade que envolvem a observação são (λ I+,ϕ J ), (λ I,ϕ J+ ) e (λ I+,ϕ J+ ) com precipitações P (I+,J), P (I,J+) e P (I+,J+), respectivamente. Figura - Representação da observação e dos pontos de grade do modelo que a envolvem. Tomando-se a menor distância entre os pontos de grade do modelo e o ponto de observação, obtêm-se o ponto (λ I,ϕ J ) do modelo a que pertence a observação. A distância entre os pontos de grade do modelo e a observação são calculados pela equação: ( λ λ ) ( ϕ ϕ ) 2 2 d = o m + o m (2) onde, λ m e ϕ m são a latitude e a longitude dos pontos de grade do modelo. A interpolação da precipitação dos quatro pontos de grade do modelo que envolvem a observação até o ponto da observação é obtida resolvendo-se o sistema de equações a seguir: 3629

J o o ) J I ) P P P P = λ λ λ λ (, ) (, ) (, ) (, ) J+ ) o + ) o ) J+ ) I J+ ) ) I ) P P P P = λ λ λ λ (, (, (, (, ( I J+ ) ( J+ o ) ( I J+ ) ( J+ J ) P P P P = ϕ ϕ ϕ ϕ ( o, ( o, o ) ( o, ( o, ) Das equações 2, 3 e 4 obtêm-se: P ( Io, J) = ( P, J) P( I, J) ) ( λ λ ) ( λ I+ λ I ) + P I+ o, J) (3) (4) (5) (6) P P ( Io, J+ ) ( Io, Jo ) = = ( P, J+ ) P( I, J+ ) ) ( ) ( λ I+ λ I ) ( P( I P ) o, J+ ) ( Io, J) ( ) ( ϕ J+ ϕ J ) λ λ + P (7) I+ o, J+ ) ϕ ϕ + P (8) J+ o ( Io, J+ ) onde P (Io,Jo), é a precipitação prevista pelo modelo para o ponto (λ o,ϕ o ). 2. DESCRIÇÃO DOS ESQUEMAS DE CONVECÇÃO PROFUNDA a) ESQUEMA KUO O aquecimento e umedecimento devido a nuvens convectivas profundas são representados na versão operacional do Modelo Global do CPTEC usando o esquema de Kuo (965), modificado por Anthes (977). A convecção profunda no esquema Kuo atua na presença de uma coluna de ar condicionalmente instável e uma fonte de umidade positiva devido à soma da convergência de umidade e evaporação dentro da coluna. A soma da convergência de umidade e evaporação dentro da coluna é conhecida como "ascensão de umidade". Nas colunas para a qual a convecção profunda é diagnosticada, a ascensão de umidade é particionada numa porção que produz calor (produzindo chuva) e uma porção úmida baseada na umidade relativa integrada na coluna. A distribuição vertical de aquecimento e umedecimento do ambiente é baseada na distribuição vertical de diferenças de temperatura e umidade específica entre a nuvem e o ambiente. A temperatura e a umidade específica da nuvem são determinadas pelo levantamento de uma parcela de ar da camada mais baixa do modelo, pela adiabática seca até o nível de condensação por levantamento (base da nuvem), e então subindo pela adiabática úmida até o nível onde a temperatura da nuvem é igual à temperatura do ambiente (topo da nuvem). Se o nível de condensação por levantamento para o ar próximo à superfície não está em torno de 0,65 vezes a pressão da superfície, então não é permitido ocorrer convecção profunda. A ascensão de umidade é determinada calculando-se a variação da umidade específica no passo de tempo (centrado) para todos os níveis. A presença da convecção profunda é restrita aos seguintes critérios: 3630

a convecção profunda ocorre apenas para colunas na qual a espessura da nuvem é superior a 30 porcento da pressão à superfície. Para uma pressão à superfície de 000 hpa, estas convecções profundas estariam restritas àquelas colunas que tem nuvens convectivas de no mínimo 300 hpa de espessura; a ascensão de umidade nas camadas abaixo de σ = 0,46 deve exceder 2 mm dia - em algum passo de tempo particular para que a convecção profunda ocorra. b) ESQUEMA ARAKAWA-SCHUBERT RELAXADO (RAS) O esquema de convecção relaxed Arakawa-Schubert (RAS) foi descrito por Moorthi e Suarez (992). Este esquema difere da implementação comum de Arakawa-Schubert em dois aspectos. Primeiro, o fluxo de massa normalizado que é uma função exponencial da altura na formulação original é substituída por uma função linear da altura. Segundo, a parametrização "relaxa" a atmosfera de grande escala em direção ao quase-equilíbrio, ao invés de exigir o quaseequilíbrio cada vez que a subrotina da convecção cumulus é chamada. O quase-equilíbrio assume que o conjunto de nuvens cumulus responde suficientemente rápido aos efeitos desestabilizantes do escoamento de grande escala, mantendo o equilíbrio. A implementação do RAS na versão de pesquisa do Modelo Global do CPTEC assume que a camada sub-nuvem é composta pela média ponderada da massa dos dois níveis mais baixos do modelo. Cada vez que a convecção cumulus é chamada, todos os níveis acima da camada sub-nuvem são checados para obter a possibilidade de convecção. Nuvens com a mesma base, mas diferentes níveis de detranhamento (topo das nuvens), são classificadas como diferentes tipos de nuvens. No esquema RAS, a convecção cumulus ocorre para aqueles tipos de nuvens para os quais a função trabalho da nuvem excede um valor crítico, determinado empiricamente. A função trabalho da nuvem é uma medida integrada da diferença entre a energia estática úmida na nuvem e aquela do ambiente. Para aqueles tipos de nuvem em que a função trabalho da nuvem excede a função trabalho crítica, é determinado o fluxo na base da nuvem necessário para restaurar a função trabalho da nuvem para seu valor crítico. Este fluxo de massa é usado para resolver as equações em escala de grade, incluindo os efeitos da convecção na temperatura e na umidade específica. Na implementação do RAS nesta versão de pesquisa do modelo, a precipitação convectiva torna a reevaporar dentro do ambiente, segundo uma versão modificada de Sud e Molod (988). 3. RESULTADOS Para fins de comparação das duas versões do Modelo Global, chamaremos a versão com parametrização tipo Kuo de modelo NMC e a versão com Arakawa-Schubert Relaxada de modelo RAS. Os gráficos da figura 2 indicam a média do número de pontos previstos pelos modelos NMC e RAS, o número de pontos observados e o número de pontos previstos corretamente para cada limiar. Uma característica importante que pode ser observada é a de que ambos os modelos tendem a superestimar o número de pontos observados para os limiares, 2, 3, 4 e 5, que indicam chuvas fracas e moderadas. A partir do limiar 6 os modelos tendem a subestimar a quantidade de pontos com chuva acima destes limiares. Para a previsão de 24 horas o modelo RAS superestimou a quantidade de pontos observados para todos os limiares, o que indica que este modelo apresenta uma instabilidade associada a nova parametrização da convecção, que faz com que o modelo produza muita precipitação nas primeiras 24 horas de integração. A partir de 48 horas, verifica-se que o modelo RAS tende a superestimar menos o número de pontos para os primeiros intervalos do que o modelo NMC. A figura 3 apresenta os valores médios do Threat Score para os três casos analisados, para os modelos NMC e RAS. A análise destes gráficos indica que em 24 horas, o modelo RAS tende a prever melhor precipitações acima do limiar 4. Para 48 e 72 horas, o modelo RAS apresenta índices maiores para todos os limiares. Para as previsões de 96, 20 e 44 horas, ambos os modelos apresentaram desempenho semelhante. Em 68 e 92 horas, o modelo RAS apresentou pequena melhora a partir do limiar 4. 363

(a) (b) (c) (d) Figura 2 - Média do número de pontos observados (NO), previstos (NP) e previstos corretamente (acertos-nc) pelos modelos NMC e RAS, para os três casos analisados. 3632

(e) (f) (g) (h) Figura 2 - Continuação 3633

(a) (b) (c) (d) (e) (f) (g) (h) Figura 3 - Média do Threat Score para os três casos de ZCAS analisados. 3634

4. CONCLUSÕES A avaliação da previsão de precipitação para os modelos RAS e NMC, mostrou que os índices são melhores para o limiar (), que indica chuva-não chuva, e gradativa diminuição do TS para os demais limiares. Observa-se que o modelo tende a superestimar o número de pontos observados para os limares correspondentes a chuva-não chuva, chuvas fracas e moderadas, e subestimar para os limiares referentes à chuvas fortes. Isto mostra que os modelos tendem a espalhar as chuvas, indicando a ocorrência de precipitação, entretanto não posicionam corretamente os núcleos de máxima precipitação, o que é verificado pelos baixos valores de TS para os limiares (5), (6) e (7). Para o limiar (8), o número de pontos previstos em média é nulo, indicando a deficiência dos modelos em prever chuvas acima deste limiar. Os modelos apresentaram comportamentos diferentes com relação ao número de pontos previstos. Em 24 horas, observou-se que o modelo RAS prevê mais pontos para os limiares entre (2) e (7), o que reflete a característica deste modelo em prever muita chuva nas primeiras 24 horas. Nas demais previsões o modelo RAS prevê menos pontos do que o modelo NMC para os limiares (), (2) e (3), para os outros limiares, o número de pontos previstos pelos dois modelos se aproximam. Para as previsões de 24, 48 e 72 horas, o modelo RAS apresentou maior TS para todos os limiares; para 96, 20 e 44 horas, os modelos apresentaram desempenho semelhante, em 68 e 92 horas o modelo RAS foi melhor para os limiares de chuva moderadas e fortes. Estes resultados indicam que a previsão de precipitação do modelo global com o esquema de convecção profunda tipo Arakawa-Schubert apresenta sensível melhora com relação a versão do modelo com o esquema de Kuo, em particular para os limiares de chuva mais intensa. 5. REFERÊNCIAS Anthes, R.A. A Cumulus Parameterization Scheme Utilizing a One-Dimensional Cloud Model. Monthly Weather Review, v.05, p.270-286, 977. Anthes, R.A. Regional Models of the Atmosphere in Middle Latitudes. Monthly Weather Review, v., n.6, p.306-335, 983. Chou, S.C. ; Silva, M.G.A. Objective Evaluation of ETA Model Precipitation Forecasts over South America: Draft. 999. Kuo, H.L. On the Formation and Intensification of Tropical Ciclones Through Latent Heat Release by Cumulus Convection. Journal Atmospheric Science, v.22, n., p.40-63, 965. Mendonça, A.M. Desempenho do Modelo Global CPTEC/COLA Durante Episódios de ZCAS, Utilizando os Esquemas de Convecção Profunda Tipo Kuo e Arakawa-Schubert Relaxada. São José dos Campos. 50p. Dissertação (Mestrado em Meteorologia) - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 999. Moorthi, S. ; Suarez, M.J. Relaxed Arakawa-Schubert: A Parameterization of Moist Convection for General Circulation Models. Monthly Weather Review, v.20, p.978-002, 992. Sela, J.G. Spectral Modeling at the National Meteorological Center. Monthly Weather Review, v.08, p.279-292, 980. Sud, Y. ; Molod, A. The Roles of Dry Convection, Cloud Radiation Feedback Processes, and the Influence of Recent Improvements in the Parameterization of Convection in the GLA GCM. Monthly Weather Review, v.6, p.2366-2387, 988. 3635