Avaliação da fertilidade química dos solos em áreas de amoreirais utilizadas na criação do bicho-da-seda no Estado do Paraná.



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Transcrição:

Avaliação da fertilidade química dos solos em áreas de amoreirais utilizadas na criação do bicho-da-seda no Estado do Paraná. André Dias Lopes 1 Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado do Paraná SEAB andre.lopes@seab.pr.gov.br Pollyanna Sabbag Costacurta 2 Agricultura e Abastecimento do Estado do Paraná SEAB pollyanna.sabbag@gmail.com Resumo O objetivo deste trabalho foi avaliar e interpretar as condições químicas dos solos em áreas de amoreiral utilizados para criação de bicho-da-seda, em propriedades de sericicultura nos territórios de abrangência dos principais depósitos de recebimento de casulos verdes do Paraná. Os dados utilizados neste trabalho foram resultados de 2.073 análises químicas do solo, sendo que os teores mínimos, máximos e médios dos elementos nas respectivas regiões foram agrupados em uma tabela, permitindo a sua interpretação. Para melhoria na fertilidade do solo destaca-se a necessidade de calagem, seguida pela reposição de nutrientes, prioritariamente o Fósforo na maioria das regiões. Palavras-chave: Análise de solo; Bombyx mori L.; amoreira; sericicultura. 1. Introdução A cultura da amoreira é essencial na criação do bicho-da-seda Bombyx mori L., já que o bicho-da-seda alimenta-se exclusivamente das folhas dessa planta. O sucesso da criação dependerá, dentre outros fatores, da qualidade nutricional dessas folhas, o que está relacionado diretamente com o cultivar utilizado, estado sanitário das plantas e a fertilidade do solo. Segundo Falkoski Filho et al. (2010a) intervenções equivocadas no que se refere, principalmente, a correção da fertilidade química do solo por parte do produtor, podem onerar tanto na parte econômica de uma propriedade como na manutenção do sistema produtivo. A análise deve ser o primeiro passo para avaliar a fertilidade química do solo. Baseado nos dados que a análise fornece são definidas as ações para melhorar a fertilidade. Vários autores têm realizado, com diferentes finalidades, a avaliação da fertilidade do solo (GUIMARÃES et al., 1995; CAVALCANTI et al., 1999; CORREA et al., 2001). O presente trabalho foi realizado em propriedades sericículas dos territórios de abrangência dos depósitos de recebimento de casulos verdes situados nos municípios de Congonhinhas, Cornélio Procópio, Guaraniaçu, Guarapuava, Ibaiti, Miraselva, Nova Esperança, Paranavaí, São José da Boa Vista e Wenceslau Braz, atendidas pelo Programa de Apoio a Sericicultura Paranaense, ocorrido entre os anos de 2008 a 2009. O objetivo deste trabalho foi o de avaliar e interpretar as condições químicas dos solos em áreas de amoreiral utilizados para criação de bicho-da-seda, oferecendo subsídios aos profissionais de assistência técnica e extensão rural na formulação e implementação de estratégias de transferência de tecnologias na área de fertilidade e correção dos solos, assim como aos produtores, buscando aumentar a rentabilidade, viabilidade e sustentabilidade das propriedades sericículas.

2. Material e Métodos Os dados utilizados neste trabalho foram os resultados de 2.073 análises químicas de solo, realizadas no início de 2009 em áreas de amoreiral utilizados na sericicultura, sendo que as amostras foram coletadas sob orientação técnica dos profissionais da EMATER e das Instituições de fiação de Seda. As regiões foram determinadas de acordo com a área de abrangência de captação de casulos verdes dos depósitos das Industrias de Fiação de Seda, sendo considerado o município do depósito como referência da região agregando os produtores dos municípios vizinhos. Os laudos fornecidos em planilha eletrônica por laboratório contratado para realização dessas análises, não abrange todas as regiões produtoras de bicho-da- seda do Estado, mas contempla áreas de boa representatividade pela grande concentração de produtores ali presentes. Para avaliação e interpretação dos resultados, os dados foram tabulados em planilha Excel 2000, sendo que as informações disponíveis foram padronizadas, considerando os teores de nutrientes e relações, assim como determinado o valor médio por região, sendo posteriormente eliminados os valores destoantes da variação do desvio padrão e estabelecida novo valor médio, assim como valor mínimo e máximo aceitos. Os dados médios das respectivas regiões foram agrupados em uma tabela, permitindo a interpretação dos resultados analíticos e sua classificação, conforme (ALVAREZ V. et al.,1999) Para determinação da necessidade de calcário (NC) média por região, utilizou-se a fórmula baseada na saturação de bases: NC (t.ha -1 ) = (V 2 - V 1). T. f / 100 (1) Em que: V 1 = valor da saturação das bases trocáveis do solo, em porcentagem, antes da correção. (V 1 = 100 S/T) sendo: S = Ca +2 + Mg +2 + K+ (cmolc.dm -3 ); V 2 = Valor da saturação de bases trocáveis que se deseja (70%, segundo Pavan, 2004); T = capacidade de troca de cátions, T = S + (H+Al +2 )(cmolc.dm -3 ); f = fator de correção do PRNT do calcário f = 100/PRNT; PRNT = 80 (O calcário repassado aos produtores pelo Programa tem PRNT mínimo de 80%). 3. Resultados e Discussão Ao comparar os resultados da Tabela 2 que indicam os teores médios dos nutrientes no solo, com os valores de interpretação apresentados na Tabela 1, possibilita uma análise geral da situação química dos nutrientes no solo das regiões em estudo. Tabela 01 - Classes de interpretação de fertilidade do solo para a matéria orgânica e para o complexo de troca catiônica.

Tabela 2 - Teores médios, mínimos, máximos e relações entre elementos das análises realizadas, e necessidade de calcário, nos solos de cultivo de amoreiral, por regiões produtoras de bicho-da-seda. Nos laudos provenientes dos depósitos de Congonhinhas, Cornélio Procópio, Guaraniaçu e Guarapuava evidenciaram-se as maiores deficiências quanto ao teor de fósforo (P), sendo classificados como baixo a muito baixo, enquanto São José da Boa Vista e Wenceslau Braz apresentaram teor médio. Falkoski Filho et al. (2010a) também verificaram deficiência desse elemento em trabalho realizado no território Cantuquiriguaçu. Em relação ao ph observou-se que todas as regiões abrangidas neste trabalho apresentaram teores de médio a baixo, ou seja, indicaram acidez no solo e necessidade de

correção, fato confirmado também pelos baixos valores médios de saturação por bases (V%), se comparado com o trabalho apresentado por Pavan (2004), que indicou o V% = 70, como ideal para a cultura de amoreira. Outra observação são os baixos teores de alumínio, representando baixa efetividade de problemas por toxicidade por este elemento, fato também destacado por Falkoski Filho et al. (2010b) em seu trabalho de Avaliação da Fertilidade Química dos Solos em Sistemas de Produção no Território Norte Pioneiro, Paraná. Em relação ao teor de Potássio (K), as maiores deficiências foram constatadas nas regiões de Miraselva, Nova Esperança e Paranavaí (baixo), seguidas por São José da Boa Vista e Wenceslau Braz (médio). Pavan (2004), destacou que a deficiência dos nutrientes Fósforo e Potássio pode reduzir significativamente a produção e a qualidade dos amoreirais por estarem intimamente ligados a resistência e ao vigor das folhas e ramos. Os teores de Cálcio e Magnésio situaram-se entre bom a muito bom, na maioria dos casos, exceto nas regiões de Miraselva e Nova Esperança (médio) e Paranavaí (baixo). Ao analisar a relação Ca:Mg das médias regionais, com a considerada ideal na literatura que a maioria das culturas varia de 3 a 5:1 (Braga, 2010), observa-se que, excetuando-se a região de Nova Esperança (relação Ca:Mg = 3.49:1), as demais apresentaram uma relação mais estreita, em média inferior a 3:1. A relação Ca:Mg é fundamental na escolha do corretivo para neutralizar a acidez do solo, evitando o desbalanço destes nutrientes no solo. Neste caso, ao se considerar a relação Ca:Mg da maioria das regiões apresentadas na Tabela 2, deveria priorizar o uso do calcário calcítico, preferencialmente, ao magnesiano e dolomítico, objetivando corrigir a acidez, elevar a saturação por bases e simultaneamente aumentar a relação Ca:Mg. As necessidades de calcário apresentadas nas médias regionais variaram de 1,83 ton/ha (Nova Esperança) até 5,71 ton/ha (Cornélio Procópio), destacando a grande variação entre laudos de propriedades da mesma região, como aconteceu em Guarapuava onde ocorreram necessidades de calcário variando de nula até 19,80 ton/ha, o que demonstra as particularidades de cada local de amostragem e a necessidade de análises específicas por propriedade. A evidente necessidade de calagem na maioria das áreas mencionadas neste trabalho, vai de encontro as premissas do Programa de Apoio a Sericicultura Paranaense coordenado pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento que garantiu análises de solo, orientação técnica e distribuição de calcário a todos os sericicultores em atividade. 4. Conclusão A necessidade de calagem, fica evidente em todas as regiões, devendo anteceder a correção da fertilidade do solo com adubação. O nutriente que demanda maior atenção pelos baixos valores encontrados na maioria das regiões abordadas é o fósforo, tendo que suprir as deficiências para otimizar a produtividade dos amoreirais. Os teores de cálcio, magnésio e potássio devem ser monitorados frequentemente para garantir níveis adequados e se necessário realizar manutenção. É preciso dar continuidade às pesquisas voltadas a essa área, pelo fato de haver pouco material disponível na literatura para consultas.

5. Agradecimentos Aos técnicos das empresas de fiação de seda (Bratac e Fujimura) e do Instituto Emater que auxiliaram nas coletas de solo e a Câmara Técnica do Complexo da Seda do Paraná pela estruturação do Programa de Apoio a Sericicultura do Paraná. 6. Referências ALVARES V. V.H.; NOVAES; R. F.; BARROS, N. F.; CANTARUTTI, R. B.; LOPES, A.S. Interpretação dos resultados das análises de solos. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARAES, P.T.G.; ALVAREZ V., V.H. (Ed.). Recomendação para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5. Aproximação. Viçosa: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, 1999. p. 25-32. BRAGA, G. M. N; A Relação Ca:Mg do Solo e o Ideal para as Plantas, 2010. Disponível em: http://agronomiacomgismonti.blogspot.com/2010/08/relacao-camg-do-solo-e-o-idealpara- as.html.acesso em: 23 fevereiro de 2011. CAVALCANTI, F.J.A.; MESSIAS, A. S.; SILVA. M.C.L.; MORAES, E.J.F.; LIRA, L. R. B. Avaliação da fertilidade dos solos de Pernambuco: resultados de 1998. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 27., 1999, Brasília. Anais... Brasília: Sociedade brasileira de Ciência do Solo, 1995. CD-ROM. CORRÊA, J. B.; REIS JUNIOR, R. dos A.; CARVALHO, J. G. de; GUIMARÃES, P. T. G. Avaliação da fertilidade do solo e do estado nutricional de cafeeiros do Sul de Minas Gerais. Ciência e Agrotecnologia., 25: 1279-1286, 2001. FALKOSKI FILHO, J.; COSTA, A.; FUENTES LLANILLO, R.; BERNARDO LUGÃO, S, M.; SOARES JUNIOR, D.; GOMES, B. B.; MORO, V. Avaliação da Fertilidade Química dos Solos em Sistema de Produção Leiteira no Território Cantuquiriguaçu, Paraná, Brasil. In: XXIX Reunião Brasileira de Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas, Guarapari, ES, FertBio, 2010. FALKOSKI FILHO, J.; COSTA, A.; FUENTES LLANILLO, R.; SOARES JUNIOR, D.; NAVARRO FONSECA, H.; CAMPOS FEIJÓ, J.; GOMES, B. B. Avaliação da Fertilidade Química dos Solos em Sistemas de Produção no Território Norte Pioneiro, Paraná, Brasil. In: XXIX Reunião Brasileira de Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas, Guarapari, ES, FertBio, 2010. GUIMARÃES, F.V.A.; BENÍCIO, V. A.; COSTA, R. I. Levantamento da fertilidade do solo no Estado do Ceará. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 25.1995, Viçosa. Anais... Viçosa: Sociedade brasileira de Ciência do Solo, 1995. p 612-613. PAVAN, M.A. Solos, calagem e adubação para amoreira (Morus sp). 2004. Disponível em: http://www.dzo.uem.br/disciplinas/solos/adubacaoamoreira.doc. Acesso em: 10 janeiro de 2011. TINOCO, S.T.J. et al. Manual de sericicultura. Campinas, CATI, 2000. 71p.