ATOS REGULATÓRIOS E A MANIPULAÇÃO FARMACÊUTICA. Luiz Fernando Secioso Chiavegatto

Documentos relacionados
Vigilância Sanitária ANVISA (Lei 9782, 1999)

PROPOSTA DE RESOLUÇÃO

LQFEx: arte e resgate histórico em publicação requintada

PROPOSTA DE RESOLUÇÃO

Consulta Pública nº 03/2017

RESOLUÇÃO Nº... DE... DE O Conselho Federal de Farmácia (CFF), no uso de suas atribuições legais e regimentais e,

FICHA DE VERIFICAÇÃO DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL EM FARMÁCIA DE MANIPULAÇÃO ALOPÁTICA OU HOMEOPÁTICA Lei 3.820/60 Artigo 10 Item C

Profissional Farmacêutico

RESOLUÇÃO Nº 635, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2016

HISTÓRIA DA FARMACOTÉCNICA grego phárn, que tanto pode significar veneno/remédio.. substância química conhecida e de estrutura química definida dotada

IDENTIFICAÇÃO DE INCONFORMIDADES NAS PRESCRIÇÕES MÉDICAS DA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DE GUIRICEMA, MG

AULA 4 POLÍTICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Conselho Federal de Farmácia

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL DECISÃO

Farmácia de Manipulação

Resolução CFF nº 406, de : Regula as atividades do farmacêutico na Indústria Cosmética, respeitadas as atividades afins com outras profissões.

Conselho Federal de Farmácia

RESOLUÇÃO-RDC No- 59, DE 24 DE NOVEMBRO DE 2009

a. que estiver escrita a tinta, em vernáculo, por extenso e de modo legível, observados a nomenclatura e o

FARMACOTÉCNICA. Glauce Desmarais

Conselho Federal de Farmácia

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL SENTENÇA

LEGISLAÇÃO SOBRE MANIPULAÇÃO DE PRODUTOS ESTÉREIS. CLAUDETE JACYCZEN. Dezembro de 2018

I Simpósio de Farmácia Clínica Homeopática, CRF-RJ 10/03/17. Prescrição Farmacêutica em Homeopatia

Boas Práticas de Fabricação (BPFs) PARA INSUMOS FARMACÊUTICOS

Portaria n.º 43/2008

Orientação Farmacêutica Manual de Boas Práticas e POPs Farmácias e Drogarias

ASPECTOS JURÍDICOS DA FARMÁCIA CLÍNICA E DA PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA S Ã O P A U L O, 2 8 D E J U L H O D E

RESOLUÇÃO Nº 499, DE 17 DE DEZEMBRO DE O Conselho Federal de Farmácia, no uso de suas atribuições legais e regimentais;

Inserir logo da VISA Estadual ou Municipal

Boas Práticas de Fabricação de Produtos para a Saúde. Coordenação de Inspeção de Produtos CPROD Alba Pismel

CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA RESOLUÇÃO Nº 661, DE 25 DE OUTUBRO DE 2018

FICHA DE VERIFICAÇÃO DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL EM FARMÁCIAS. Lei 3.820/60 Artigo 10 Item-C - Resolução 357/2001 do CFF. T. I. n º: / 20 Profissional:

Análise crítica da RDC 45 Discutindo o sistema fechado. Catalina Kiss Farmacêutica

Farmácia Clínica Farmácia Clínica

Formulário para envio de contribuições para Consulta Pública*

Resolução RDC nº 20 de 5 de maio de Dispõe sobre o controle de antimicrobianos

PARECER CREMEC N.º 08/ /03/2014

ÉTICA E FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL NOVA FICHA DE FISCALIZAÇÃO DO EXERCÍCIO E DAS ATIVIDADES FARMACÊUTICAS

Dispõe sobre os serviços e procedimentos farmacêuticos permitidos às farmácias no âmbito do Estado de São Paulo e dá outras providências.

Perfil e Desafios do Varejo Farmacêutico Brasileiro. A Visão da Abrafarma Dez/10

Lei 6.433/77, Artigo 10, Inciso XIX. Lei 6.433/77, TÍTULO I - DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES - Art São infrações sanitárias, Inciso IV.

RDC N 98, DE 1 DE AGOSTO DE 2016

Área Física e infraestrutura; Estrutura Organizacional; Farmácia Satélite; Padronização de Medicamentos:

ATIVIDADE DE REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA - CNAE /07

MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS VETERINÁRIOS DE USO ORAL

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE MATO GROSSO

A Farmácia Magistral no contexto da saúde

Boas Práticas de Distribuição e Transporte Susie Gonçalves

RDC67/07 C.G

PROJETO DE LEI Nº DE DE DE 2018.

RESOLUÇÃO Nº 508 DE 29 DE JULHO DE 2009

Art. 2º Esta Resolução incorpora ao ordenamento jurídico nacional a Resolução GMC MERCOSUL n. 46/15.

Altera os Decretos n s , de l0/6/1974 e de 5/1/ Decreto 793 de 05/4/1993

Dr. Pedro Eduardo Menegasso Presidente do CRF-SP

Qual é a importância da farmácia: A fundamental importância da farmácia de manipulação é o fracionamento das substâncias para cada caso clínico.

MANIPULAÇÃO MAGISTRAL ALOPÁTICA

RESOLUÇÃO Nº 626 DE 18 DE AGOSTO DE 2016

Droga Medicamento Insumo Farmacêutico

DELIBERAÇÃO N 854/2015

DELIBERAÇÃO nº 880/2016

Promover padronização das prescrições médicas, referentes aos medicamentos/materiais; Estabelecer fluxo seguro de dispensação medicamentos/materiais.

Proposta de Resolução

PORTARIA Nº 4.283, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2010

METAS DE SEGURANÇA DO PACIENTE: USO SEGURO DE MEDICAMENTOS NA FARMÁCIA DE UMA INSTITUIÇÃO HOSPITALAR 1

Publicada no DOU em 31/12/2010 PORTARIA Nº 4.283, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2010

IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREABILIDADE DE MEDICAMENTOS NO BRASIL

Resolução nº 55 de 17/03/2005 / ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária (D.O.U. 21/03/2005)

BACHARELADO EM FARMÁCIA

RESOLUÇÃO Nº (XXX) DE (XX) DE (XXXXXXX) DE 2018 PREÂMBULO

Prof. Claudia Witzel. Farmacovigilancia

RESOLUÇÃO Nº 617 DE 27 DE NOVEMBRO DE 2015

EDITAL DE ABERTURA DE PROCESSO SELETIVO Nº 006/2014 TÉCNICO DE FARMÁCIA

International Workshop "Vaccine Quality Management Systems: Approaches to Risk Assessment.

Ministério da Saúde - MS Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA

RESOLUÇÃO - RDC N 98, DE 1 DE AGOSTO DE 2016

[Este texto não substitui o publicado no DOU] MINISTÉRIO DA SAÚDE AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA DIRETORIA COLEGIADA

Conselho Regional de Farmácia do Estado do Paraná Serviço Público Federal Rua Itupava, 1235 Juvevê CEP Curitiba PR

PLANO DE ENSINO. CURSO Farmácia - Formação Generalista DISCIPLINA QUÍMICA ORGÂNICA I PERÍODO 2º PERÍODO ANO/SEMESTRE CARGA HORÁRIA 60h

Resolução nº 582, de 29 de agosto de O Conselho Federal de Farmácia (CFF), no uso de suas atribuições legais e regimentais, e,

PATROCINADOR PLATINA

International Workshop "Vaccine Quality Management Systems: Approaches to Risk Assessment.

Perfil profissional do egresso

PARECER Nº 2611/2017 CRM-PR ASSUNTO: PRESCRIÇÃO MÉDICA - RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL PARECERISTA: CONS.ª NAZAH CHERIF MOHAMAD YOUSSEF

ASSUNTO: ENFERMAGEM EM PROCEDIMENTOS


EDITAL DE ABERTURA DE PROCESSO SELETIVO Nº 001/2017

DELIBERAÇÃO Nº 004/2018

PARECER CONSULTA N 22/2017

Ref: Consulta Pública à Minuta da Resolução Normativa da ANS, a ser publicada em 2010.

farmácias e drogarias

SÍNTESE PROJETO PEDAGÓGICO. Missão

PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA REFERENTE AO USO DA FITOTERAPIA

ORIENTAÇÃO FARMACÊUTICA NA DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS EM UMA DROGARIA DO MUNICÍPIO DE IJUÍ-RS 1

PONTOS CRÍTICOS NAS INSPEÇÕES SANITÁRIAS

Transcrição:

ATOS REGULATÓRIOS E A MANIPULAÇÃO FARMACÊUTICA Luiz Fernando Secioso Chiavegatto

ATOS REGULATÓRIOS E A MANIPULAÇÃO FARMACÊUTICA Década de 40-50 Descontinuidade da manipulação. Grande fomento do Processo Industrial - manipulação cede espaço a remédio feito por máquina. Perda da personalização e desaparecimento paulatino da Atenção Farmacêutica. Farmacêuticos perdem o referencial da assistência humanística.

ATOS REGULATÓRIOS E A MANIPULAÇÃO FARMACÊUTICA Como conseqüência destes acontecimentos: Entre as década de 60 e 80 o currículo de FARMÁCIA nos coloca apenas com uma perspectiva industrial da profissão.

ATOS REGULATÓRIOS E A MANIPULAÇÃO FARMACÊUTICA A reforma Universitária de 1968 ( lei 5540 de 1968 ), é realizada segundo um entendimento de obediência aos preceitos contidos no acordo MEC/USAID. Foi elaborada uma resolução, que estabeleceu o currículo mínimo para os cursos de farmácia.

ATOS REGULATÓRIOS E A MANIPULAÇÃO FARMACÊUTICA A preocupação do relator fixou-se em justificar o desvio completo das atividades da Farmácia, quando conclui que a industria farmacêutica moderna é essencialmente uma industria de transformação (..) e (...) a farmácia é um estabelecimento predominantemente comercial, com artesanato técnico em involução

ATOS REGULATÓRIOS E A MANIPULAÇÃO FARMACÊUTICA A sociedade organizada reage de forma lenta as modificações Esta mesma sociedade foi verificando que as necessidades terapêuticas não eram atendidas pela oferta industrial ao longo destes quase 30 anos de predominância industrial absoluta. Aparece a oportunidade para suprir esta demanda reprimida e fundamentalmente necessária.

ATOS REGULATÓRIOS E A MANIPULAÇÃO FARMACÊUTICA Ressurge a farmácia com manipulação e ocupa um espaço importante na Assistência Farmacêutica. Passaram a ser economicamente viáveis e seu crescimento é bastante acentuado. O trabalho começa empírico com Boas Práticas baseadas no bom senso e responsabilidade profissional.

ATOS REGULATÓRIOS E A MANIPULAÇÃO FARMACÊUTICA Ao longo destes quase vinte anos, o trabalho prossegue de forma empírica, sem qualquer respaldo legal, o que provocou algumas intercorrências. O Faz-se segundo a arte estava dicotomizado dos modernos modelos de qualidade agora vigentes (normas ISO).

ATOS REGULATÓRIOS E A MANIPULAÇÃO FARMACÊUTICA Começa a preocupação com as Boas Práticas tanto por parte do segmento quanto por parte dos órgãos fiscalizadores. Surge a RDC 33/2000 Regulamentação de cunho rigoroso elaborada com a intenção de definir o lugar e os limites que a Farmácia deveria ocupar para produzir com qualidade e segurança.

ATOS REGULATÓRIOS E A MANIPULAÇÃO FARMACEUTICA Isto permitiu a percepção de um grande potencial de ajuda na terapêutica e foi bastante incentivado por determinadas especialidades médicas. Fármacos até então negligenciados pela cadeia produtiva passaram a ser utilizados e alguns tiveram o seu retorno na produção industrial.

ATOS REGULATÓRIOS E A MANIPULAÇÃO FARMACEUTICA A farmácia com manipulação com o seu lugar diferenciado garantido, começa a buscar novos espaços. Alguns aspectos técnicos de Boas Práticas ainda não estavam de todo sedimentados e compreendidos e outros verificou-se a necessidade de aperfeiçoar.

ATOS REGULATÓRIOS E A MANIPULAÇÃO FARMACEUTICA A Farmácia começa a avançar no sentido de diversificar seu potencial. Passa a manipular um grande número de fármacos dos mais diversos grupos farmacológicos e formas farmacêuticas seguindo prescrições médicas. Com estes avanços em seu espaço de atuação torna-se necessário se avaliar os novos critérios de Boas Práticas que irão nortear o trabalho de manipulação no sentido de garantir qualidade e menor risco sanitário. ( RDC 354 ).

ATOS REGULATÓRIOS E A MANIPULAÇÃO FARMACEUTICA Pontos críticos ainda são objetos de cuidado tais como: 1. Armazenamento de insumos Infra-estrutura de estoque, laudo de análise, fracionamento de matéria prima etc. 2.Treinamento de pessoal- programa e registro de treinamento. ( Mão de obra capacitada ) 3.Tratamento de água cuidados com o sistemas (pops mais rigorosos)

ATOS REGULATÓRIOS E A MANIPULAÇÃO FARMACEUTICA 4. Garantia da qualidade documentação rastreabilidade. 5. Controle de qualidade área ou local definido, procedimentos e metodologia. 6. Instalações Plantas desatualizadas,adaptadas, área de paramentação, sistemas de exaustão etc..

ATOS REGULATÓRIOS E A MANIPULAÇÃO FARMACEUTICA Esta nova avaliação deve ser feita considerando-se: A realidade do ressurgimento deste segmento e o direito inalienável de atuar (a exemplo do que ocorre em todos os países do mundo). A necessidade de sua atividade como elemento de apoio na Assistência e Atenção Farmacêuticas, permitindo uma melhor interação médico-farmacêutico paciente (personalização do medicamento)

ATOS REGULATÓRIOS E MANIPULAÇÃO FARMACÊUTICA CP 31 São, ao nosso ver, alguns aspectos contraditórios do documento 1. Restrição do exercício profissional- Fere artigo 5 º da Constituição Federal,inciso XIII e art 22,inciso XVI da Carta Magna. Cabe a CFF regulamentar o exercício profissional.

ATOS REGULATÓRIOS E A MANIPULAÇÃO FARMACÊUTICA 2. Proibição de manipulação de medicamentos quando houver especialidade farmacêutica com a mesma forma e dosagem. 3. Exigência de que o prescritor deva justificar a associação de substâncias. 4. Proibição de propaganda, promoção, publicidade, salvo a institucional.

ATOS REGULATÓRIOS E A MANIPULAÇÃO FARMACEUTICA A incapacidade da Atividade Industrial de prover os medicamentos na dose e nas formas farmacêuticas necessárias aos diversos tipos de tratamento e que podem ser plenamente satisfeitas com o exercício magistral. Que a segurança de suas ações advirá de uma adaptação a uma legislação, bem elaborada e técnicamente exeqüível, devendo desta forma determinar as limitações necessárias a sua atividade magistral, não objetivando o cerceamento ou o impedimento de sua autonomia.