Relato de caso. Fisioterapia Brasil - Volume 13 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2012

Documentos relacionados
A UTILIZAÇÃO DA DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL NO TRATAMENTO DO FIBRO EDEMA GELÓIDE 1 RESUMO

CELULITE: DIFERENTES NOMES PARA UM SÓ PROBLEMA

ULTRACAVITAÇÃO NO TRATAMENTO DO FIBRO EDEMA GELÓIDE AVALIADO POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

RELATORIO DE PROJETO PROJECT REPORT

Avaliação do Interesse da Comunidade Científica em Publicações em Fibro Edema Gelóide (celulite) e Eletroporação.

TRATAMENTO IONTOFORÉTICO COM DICLOFENACO SÓDICO RESUMO

A fisioterapia dermatofuncional no tratamento do fibroedema gelóide

EFEITOS DA CORRENTE RUSSA NO TRATAMENTO DE FIBRO EDEMA GELÓIDE NA REGIÃO GLÚTEA

ELETROLIPÓLISE POR MEIO DA ESTIMULAÇÃO NERVOSA ELÉTRICA TRANSCUTÂNEA EM LIPODISTROFIA ABDOMINAL

OS EFEITOS DA ELETROPOLÍSE NO TRATAMENTO DA GORDURA LOCALIZADA. Palavras-chave: Gordura Abdominal. Eletrolipólise. Tratamento.

ELETROLIPÓLISE NA REDUÇÃO DE ADIPOSIDADES: UMA REVISÃO

RELATORIO DE PROJETO PROJECT REPORT

MODELO FORMATIVO. DATA DE INíCIO / FIM / Manhã - 09h30-13h30 Tarde - 14h30-19h30 INVESTIMENTO

Palavras-chave: Dermato funcional, fisioterapia, tratamentos.

TRATAMENTO COM ELETROLIPOFORESE PARA FIBRO EDEMA GELÓIDE EM REGIÃO GLÚTEA

ULTRASSOM NO TRATAMENTO DE FIBROEDEMA GELÓIDE

EFICÁCIA DA MASSAGEM MODELADORA NO TRATAMENTO DO FIBRO EDEMA GELÓIDE

FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL COM PATRICIA FROES (NOV 2017) - LISBOA

Lipodistrofia. Celulite. Fisioterapia. Ciências Biológicas e de Saúde Unit Aracaju v. 4 n. 1 p Março 2017 periodicos.set.edu.

A AÇÃO DA VACUOTERAPIA NO FIBROEDEMA GELÓIDE (FEG)

Profª. Stephani de Almeida Graduada em Fisioterapia pela Universidade São Francisco (USF) Analista de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação - IBRAMED

INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA ATRAVÉS DA ELETROESTIMULAÇÃO MUSCULAR NA DIÁSTASE ABDOMINAL PÓS GESTAÇÃO

ELETROLIPÓLISE NA REDUÇÃO DE MEDIDAS ABDOMINAIS: UM ESTUDO DE CASO

FACULDADE FASERRA. Pós-Graduação em Fisioterapia Dermato Funcional. Eficácia Da Acupuntura Estética no Tratamento de Fibro Edema Gelóide

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ESTÉTICA E COSMÉTICA Autorizado pela Portaria MEC nº 433 de , DOU de

CONGRESSO BRASILEIRO DE FISIOTERAPIA DERMATO FUNCIONAL 08 a 10 DE NOVEMBRO 2012 RECIFE PE MODALIDADE TEMA LIVRE 1

movimento & saúde REVISTAINSPIRAR

CRIOTERAPIA. Prof. Msc. Carolina Vicentini

Método Europeu : CRIO STIM 2.0

Intervenção Fisioterapeutica em Queimados. Aluna: Giselle Sousa Pereira

Biomassa de Banana Verde Polpa - BBVP

Palavras-chave: tratamento, rosácea e drenagem linfática manual. Abstract:

TÍTULO: AVALIAÇÃO NUTRICIONAL E METABOLISMO RENAL DE PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA USUÁRIOS DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES DESTINADOS À ATLETAS.

BELEZA E SAÚDE: ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO AMBULATÓRIO EM FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL NA SAÚDE DA MULHER

ANA AMÉLIA GUGLIELMI PAVEI BERTAN EFEITOS OBTIDOS COM A APLICAÇÃO DA ENDERMOLOGIA NO TRATAMENTO DO FIBRO EDEMA GELÓIDE CELULITE

ANÁLISE DA EFICACIA DO USO DA CINESIOTERAPIA NO TRATAMENTO PÓS OPERATÓRIO DE LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR ESTUDO DE CASO

RELAÇÃO ENTRE CIRCUNFÊRENCIA DE PESCOÇO E OUTRAS MEDIDAS INDICADORAS DE ADIPOSIDADE CORPORAL EM MULHERES COM SOBREPESO E OBESIDADE.

Laserterapia em feridas Dra. Luciana Almeida-Lopes

ENDERMOLOGIA NO FIBRO EDEMA GELÓIDE

RESUMO. Palavras-chave: Crioterapia. Bandagem. Adiposidade abdominal. INTRODUÇÃO

Uso da eletrolipoforese associada à drenagem linfática manual na redução de medida corporal na região abdominal

INFLUÊNCIA DA GAMETERAPIA NA REABILITAÇÃO DE PACIENTE PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

Artigo original. Simone Burin Chu*, Andréia Calegari, Ft.**

Cursos de Extensão. Técnicas Miofasciais (Tratamento da Disfunção dos Tecidos Moles)

FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL COM PATRICIA FROES (NOV 2016) - PORTO

TÍTULO: EFEITO DO PROTOCOLO UTILIZADO NA ATENÇÃO SECUNDÁRIA EM FISIOTERAPIA AQUÁTICA NA QUALIDADE DO SONO DE PACIENTES COM FIBROMIALGIA

II Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão da UniEVANGÉLICA Anais do IX Seminário de PBIC Volume Anápolis-Go

CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: FARMÁCIA INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO

DOR VS. TEMPO DE APLICAÇÃO DE FORÇA ESTUDO PRELIMINAR

TERAPIA VIBRO-OSCILATÓRIA.

PALAVRAS-CHAVE: Tecido adiposo. Lipodistrofia localizada. Criolipólise.

ATUAÇÃO DA ENDERMOTERAPIA/VACUOTERAPIA NO TRATAMENTO DO FIBRO EDEMA GELÓIDE REVISÃO DE LITERATURA GOUVEIA,L.1.,NUNES,G.1, PEREIRA,L.2.ASSIS, I.2.

SILVA, Gabriela Cintra 1.

O MELHOR MUNDO DE 2 TECNOLOGIAS AGORA COMBINADAS PARA O TRATAMENTO DA CELULITE. RESULTADOS INCOMPARÁVEIS EM APENAS 8 SESSÕES DE TRATAMENTO.

VACUOTERAPIA EM FIBRO EDEMA GELÓIDE

INCI Name: Citrus Aurantium Amara Fruit Extract, Caffeine, Lecithin, Alcohol, Pentylene Glycol, Aqua/Water

Tratamento Fisioterapêutico para o Fibro Edema Gelóide

Eletrolifting (S ( tri r at)

A EFICÁCIA DA RADIOFREQUÊNCIA NA GORDURA LOCALIZADA E FLACIDEZ DE PELE NA REGIÃO ABDOMINAL: ESTUDO DE CASO

Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 7 (2):45-58, jul.-dez., Ciências da Saúde

~ 5 ~ A EFETIVIDADE DAS TÉCNICAS DE ISOSTRETCHING E ALOGAMENTO ESTÁTICO NA LOMBALGIA

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ESTÉTICA E COSMÉTICA Autorizado pela Portaria MEC nº 433 de , DOU de

ALTERAÇÕES DE EQUILÍBRIO EM PACIENTES PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO E SUA INFLUÊNCIA NA QUALIDADE DE VIDA

DÚVIDAS SOBRE DISFUNÇÕES ESTÉTICAS: Desmistificação dos Mitos Sobre Lipodistrofia Localizada (Gordura Localizada) e Fibroedema Gelóide (Celulite)

CONGRESSO BRASILEIRO DE FISIOTERAPIA DERMATO FUNCIONAL 08 a 10 DE NOVEMBRO 2012 RECIFE PE MODALIDADE PÔSTER

AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA AERÓBICA EM JUDOCAS ENTRE 7 E 14 ANOS DA CIDADE DE SANTA MARIA -RS

21/10/2014. Referências Bibliográficas. Produção de ATP. Substratos Energéticos. Lipídeos Características. Lipídeos Papel no Corpo

TÍTULO: TRATAMENTO DE ÚLCERA VENOSA: A APLICAÇÃO DA DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL COMO TERAPIA COMPLEMENTAR

AUTOR(ES): NATÁLIA MAIRA DA SILVA PEREIRA, ÉVELYN DAIANE DA SILVA MELO, SILVANA DOMINGOS ROSSI CERAZE, THAIS FERNANDES LEMES

Clínica Dr. Alfredo Toledo e Souza. Avenida Condessa de Vimieiros, 395 Centro, Itanhaém, SP. Fone (13) e (13)

PLANO DE AULA. Guirro, R.; Guirro, E. Fisioterapia Dermato-Funcional - fundamentos, recursos e patologias. SP, Ed. Manole, 3ª edição, 2004, 560 p.

PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE INDIVÍDUOS NA FASE INICIAL E INTERMEDIÁRIA DA DOENÇA DE PARKINSON ATRAVÉS DO PDQ-39

RESUMO. Ilka Cavalcante França Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) Eliane Worona Akatsuka Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU)

APLICAÇÕES DO ULTRASSOM NA ÁREA ESTÉTICA: UMA REVISÃO

A INFLUÊNCIA DE UM PROGRAMA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS NA GORDURA CORPORAL DOS PARTICIPANTES DO PIBEX INTERVALO ATIVO 1

CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO LUCAS PRISCILA BOF PANCIERI

ELETROANALGESIA (BAIXA FREQUÊNCIA T.E.N.S.) Prof. Thiago Yukio Fukuda

EFEITOS DE DOIS PROTOCOLOS DE TREINAMENTO FÍSICO SOBRE O PESO CORPORAL E A COMPOSIÇÃO CORPORAL DE MULHERES OBESAS

CORREÇÃO DAS MEDIDAS DE QUADRIL: ESTUDO DE

TÍTULO: ELETROLIPÓLISE NO TRATAMENTO DE GORDURA LOCALIZADA ABDOMINAL

CRIOFREQUÊNCIA: A Sinergia entre a Radiofrequência 1050w e frio -10graus. Dra. Priscila Ferrari

NOVO BHS 156 CRIOFREQUÊNCIA Full 2017

BIOLOGIA - 2 o ANO MÓDULO 11 SISTEMA ENDÓCRINO

SISTEMA AUTOMÁTICO PARA AVALIAÇÃO POSTURAL BASEADO EM DESCRITORES DE IMAGENS

RECURSOS FISIOTERAPÊUTICOS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DE ESTRIAS NAS CLÍNICAS DE FISIOTERAPIA DERMATO-FUNCIONAL DE CAMPINA GRANDE- PB

Condição patológica em que o excesso de gordura corpórea altera o estado de saúde do indivíduo. IMC Circunferência abdominal DCNT: obesidade

Neurofisiologia. Profa. Dra. Eliane Comoli Depto de Fisiologia da FMRP

EFEITO DO MÉTODO PILATES EM PORTADORES DE LINFEDEMA DE MEMBRO INFERIOR

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A GALVANOPUNTURA E A ESCARIFICAÇÃO NO TRATAMENTO DAS ESTRIAS ATRÓFICAS BRANCAS EM MULHERES ENTRE 20 E 25 ANOS

Protocolo Corporal Adeus Culote.

Introdução. Nutricionista FACISA/UNIVIÇOSA. 2

Por se tratar de um curso técnico, o CTN poderá ser entregue no formato: Tratamento ou Estudo.

ANÁLISE DOS EFEITOS DA ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA ADIPOSIDADE LOCALIZADA EM REGIÃO ABDOMINAL

5 Estudo de Caso e Resultados

DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA EM CIRURGIA PLÁSTICA E ESTÉTICA

A ELETROLIPÓLISE PERCUTÂNEA COMO POSSIBILIDADE DE DIMINUIÇÃO DA ADIPOSIDADE EM ABDOMEN E FLANCOS

Curso: Nutrição. Disciplina: Avaliação Nutricional Professora: Esp. Keilla Cardoso Outubro/2016

Avaliação clínica da utilização do Ultra Cavity como tratamento não invasivo para redução de perimetria e modelagem corporal.

XII ENCONTRO DE EXTENSÃO, DOCÊNCIA E INICIAÇÃO CIENTÍFICA (EEDIC)

Sistema de Ondas Moduladas

Transcrição:

54 Relato de caso Análise dos efeitos da eletrolipólise no tratamento do fibro edema gelóide por meio da biofotogrametria computadorizada Analysis of the effects of electrolipolysis in the treatment of fiber edema geloid by means of computer-aided biophotogrammetry Maria das Graças Cândido Valls, Ft. *, Elaine Soffiatti Queiroz, Ft. **, Cristiane Helita Zorel Meneghetti, Ft. M.Sc. ***, Helena Hanna Khalil Dib Giusti, Ft. M.Sc. **** *Especialização em Fisioterapia Dermatofuncional e Estética - Uniararas, **Uniararas, ***, Docente do Curso de Fisioterapia Uniararas, **** Docente do curso de Fisioterapia e do Curso de Tecnologia em Estética Uniararas e Uniara, Coordenadora dos cursos de Especialização em Fisioterapia Dermatofuncional e Estética Corporal e Facial Resumo O Fibro Edema Gelóide (FEG) é uma infiltração edematosa do tecido conjuntivo subcutâneo e considerada uma patologia multifatorial, classificando-se em quatro graus: Grau I; Grau II, Grau III e Grau IV. Dentre as inúmeras técnicas terapêuticas a eletrolipólise apresenta-se como um método novo e promissor, pois o estímulo circulatório produzido pela corrente elétrica tem grande importância na drenagem da área tratada. Esse efeito, particularmente, é um dos que justifica o uso da eletrolipólise no tratamento do FEG. Como forma de avaliação quantitativa para verificar a evolução do tratamento, foi utilizada a Biofotogrametria Computadorizada, através da qual foi realizada a avaliação da área e do perímetro das lesões no pré e no pós-tratamento. Assim, este estudo teve como objetivo analisar os efeitos da eletrolipólise no tratamento do FEG grau III por meio da biofotogrametria computadorizada. Realizou-se 10 sessões com a eletrolipólise na região glútea. A variável área apresentou maior redução percentual média, se comparada à variável perímetro, tanto para as condições de com contração (CC) como sem contração (SC). Após a análise dos resultados, concluiu-se que a eletrolipólise pode ser utilizada com eficácia em pacientes que apresentem FEG grau III, tendo em vista o biotipo tratado. Palavras-chave: fibro edema gelóide, eletrolipólise, biofotogrametria computadorizada. Abstract The Fiber Edema Geloid (FEG) is an infiltration of the edematous subcutaneous tissue and is considered a multifactorial disease, classified into four grades: Grade I, Grade II, Grade III and Grade IV. Among the many therapeutic techniques, electrolipolysis appears to be a new and promising method, since the circulatory stimulation generated by electrical current is of great importance in the drainage of the treated area. This effect, in particular, is one that justifies the use of eletrolipolysis in the treatment of FEG. In order to check treatment progress as a quantitative assessment, we used a computerized biophotogrammetry. The lesion perimeter and surface area in the pre and post-treatment were evaluated. This study aimed at analyzing the effects of electrolipolysis in the treatment of FEG grade III by means of computerized photogrammetry. We conducted 10 sessions with electrolipolysis in the gluteal region. The variable area showed greater mean percent reduction when compared to the perimeter variable for both conditions with contraction and without contraction. After analyzing the results, we concluded that the electrolipolysis can be used successfully in patients with grade III FEG, in view of the biotype treated. Key-words: fiber edema geloid, electrolipolysis, computerized biophotogrammetry. Recebido em 30 de maio de 2011; aceito em 13 de outubro de 2011. Endereço para correspondência: Maria das Graças Cândido Valls, Rua Nercio Nardi, 115 Condomínio Portal do Parque 13600-000 Araras SP, Tel: (19) 3544-5842, E-mail: gracavalls@hotmail.com

55 Introdução Durante a evolução da humanidade, o padrão de beleza passou por diversas mudanças e, devido à grande massificação das comunicações, surgiu uma tendência de padrão estético, no qual a adiposidade e as irregularidades da pele, como a celulite, são pouco aceitas pela sociedade [1]. O Fibro Edema Gelóide (FEG) também conhecido como celulite pode ser definido como uma infiltração edematosa do tecido conjuntivo subcutâneo, não inflamatória, com alterações vasculares, seguida de polimerização da substância fundamental que se infiltra nas tramas e produz uma reação fibrótica consecutiva [2]. Clinicamente, o FEG se apresenta em forma de nódulos ou placas de localização e extensão variadas e um espessamento não inflamatório das camadas subepidérmicas, às vezes doloroso [3]. Segundo Ulrich [4] o FEG pode ser classificado quanto à sua evolução em quatro graus: Grau I: não é visível à inspeção, só com a compressão do tecido entre os dedos ou a contração muscular voluntária, tem ausência de fibrose. Grau II: visível à inspeção, mesmo sem a compressão do tecido ou a contração muscular voluntária, presença de fibrose e alteração da sensibilidade. Grau III: predominância de fibrose e macronódulos, sensibilidade dolorosa aumentada, podendo apresentar déficit funcional. Grau IV: tem as mesmas características do grau III com nódulos mais palpáveis, visíveis e dolorosos, aderência nos níveis profundos e aparecimento de um ondulado óbvio na superfície da pele. Pesquisas demonstram uma maior incidência do FEG em mulheres. Para Campos [5] as mulheres são mais atingidas devido ao fato de terem duas vezes mais células adiposas que o homem. O surgimento pode acontecer após a puberdade, em função das alterações hormonais ocorridas nesse período. A falta de exercício físico diminui a capacidade circulatória, diminuindo a drenagem e a oxidação de toxinas. O FEG apresenta problemas patogênicos complexos e dúvidas quanto à sua etiologia. Não se fala em uma causa específica, visto que diversos fatores associados contribuem para o aparecimento da disfunção, não sendo possível isolar cada um dos fatores [6]. A fisioterapia vem ampliando cada vez mais sua área de atuação, buscando sempre o equilíbrio entre saúde física e qualidade de vida. A Fisioterapia Dermatofuncional é uma área da fisioterapia que vem acabando com o empirismo dos tratamentos estéticos, atuando assim na comprovação científica dos métodos e técnicas abordados para o tratamento de diversas patologias, como, por exemplo, o FEG, uma vez que esse conhecimento proporciona uma abordagem direcionada à forma mais eficaz de tratamento para cada paciente, potencializando e assegurando resultados efetivos, sem causar riscos à saúde [6]. Nesse contexto, tem-se a eletrolipólise como um método novo e promissor no tratamento do FEG. A técnica é destinada ao tratamento das adiposidades e acúmulo de ácidos graxos localizados que, através da aplicação de pares de agulhas de acupuntura no tecido subcutâneo, ligadas a corrente de baixa frequência, atua diretamente no nível dos adipócitos e dos lipídios acumulados, produzindo sua destruição e favorecendo sua posterior eliminação [2]. O estímulo circulatório produz o ligeiro aumento de temperatura que se instala no local (efeito Joule) que contribui, em parte, para a instalação de uma vasodilatação, pois a corrente atua com estímulo direto nas inervações, promovendo uma ativação da microcirculação. Para Silva [7] o estímulo circulatório produzido pela corrente elétrica tem grande importância na drenagem da área. Esse efeito, particularmente, é um dos que justifica o uso da eletrolipólise no tratamento do FEG. A frequência de aplicação oscila entre 5 Hz e 50 Hz, sendo que a frequência de 25 Hz é mais eficaz para tratar alterações circulatórias e congestivas [8,9]. A ação hidro-lipolítica da corrente se inicia com a estimulação do sistema nervoso-simpático, provocando a liberação dos hormônios epinefrina e noraepinefrina pela supra-renal. Ambos se ligam aos receptores beta-adrenérgicos presentes na membrana celular dos adipócitos, provocando reações bioquímicas que vão culminar com a ativação da enzima triglicerídeo lipase sensível a hormônio, a qual hidrolisa os triacilgliceróis [10]. No entanto, não basta apenas a execução precisa de uma técnica no tratamento do FEG, mas também uma avaliação minuciosa é imprescindível. Atualmente há uma carência de instrumentos eficazes de avaliação que auxiliem no diagnóstico e na validação dos resultados obtidos [1]. A Biofotogrametria Computadoriza expressa a aplicação da fotografia à métrica. Sua utilização consiste da possibilidade de efetuar medidas de um objeto, relativas à sua forma e situação espacial, a partir de perspectivas registradas fotograficamente [11]. A Biofotogrametria Computadorizada é uma modalidade de Fotogrametria transportada na adaptação da técnica ao estudo dos seres humanos, sendo que esta técnica desenvolveu-se pela aplicação dos princípios fotogramétricos às imagens corporais, nas quais foram aplicadas bases apropriadas da fotointerpretação computadorizada, com possibilidade de realização de transformações algébricas das coordenadas dos pontos e dos eixos [11]. Desta forma, o objetivo do estudo foi analisar os efeitos da eletrolipólise no tratamento do FEG grau III por meio da biofotogrametria computadorizada. Material e métodos Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa e Mérito Científico do Centro Universitário Hermínio Ometto UNIARARAS, conforme parecer nº 177/2010.

56 A presente pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso e teve início com a escolha da amostra de forma eletiva. Para tanto, foram utilizados os seguintes critérios de inclusão: ser do gênero feminino; apresentar clinicamente FEG grau III em região glútea; ter idade entre 25 a 35 anos; sedentária. Critérios de exclusão adotados: praticar atividade física; dieta alimentar hipocalórica; tabagismo; utilizar fármacos que pudessem alterar o resultado do tratamento proposto para este estudo; associar outras terapias para a redução do FEG durante o período do tratamento. A voluntária foi esclarecida sobre os objetivos e procedimentos do estudo, assinando em seguida o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Compôs a amostra uma voluntária do gênero feminino, de cor branca, com 35 anos de idade, casada, sedentária, 1,63 m de altura, 58,5 kg, com diagnóstico de FEG grau III, do tipo dura e edematosa na região glútea, de causa dérmica, não dolorosa. Uma ficha de avaliação detalhada foi preenchida, e a voluntária foi orientada a manter a dieta habitual e ingerir 2 litros de água por dia. Todos os procedimentos foram realizados na Clínica Escola de Fisioterapia do Centro Universitário Hermínio Ometto, Uniararas. Somente uma pesquisadora realizou os procedimentos durante a avaliação e a aplicação da técnica. Utilizou-se a Biofotogrametria Computadorizada como forma de avaliação quantitativa no pré e no pós-tratamento para análise da área (cm²) e do perímetro (cm) das lesões. Foram colocados marcadores adesivos esféricos de 19 mm nas Espinhas Ilíacas Póstero Superior (EIPS) e Trocânteres Maior e uma régua de 5 cm foi afixada na região lombar. A voluntária permaneceu em ortostatismo e realizou contração glútea, sendo delimitados os nódulos com lápis dermatográfico, e as fotos foram tomadas em vista posterior, com e sem contração glútea antes da primeira sessão e 48 horas após a décima sessão. Para tal, foi utilizada uma câmera digital DSC H9 8.1 megapixels, marca Sony, sem zoom, posicionada sobre um tripé em nível e prumo a uma distância de 82 centímetros e altura de 93 centímetros. A área avaliada foi delimitada com linhas imaginárias passando superiormente pelas EIPS, inferiormente pela prega glútea, de uma lateral a outra pelos trocânteres maior e medialmente pelo sulco interglúteo. Por meio dessas linhas, a região ficou assim dividida: glúteo superior direito, glúteo superior esquerdo, glúteo inferior direito e glúteo inferior esquerdo. Foram realizadas 10 sessões de tratamento, 2 vezes semanais com duração de 50 minutos cada. Para realizar a técnica, a área a tratar ficou desnuda e foi realizada assepsia e antissepsia. Utilizou-se a técnica de posicionamento horizontal das agulhas de acupuntura com diâmetro de 25 x 30 mm e comprimento de 12 centímetros de aço inoxidável, descartáveis, com 5 cm de distância entre as mesmas. Foram conectados os eletrodos tipo jacaré nos pares de agulhas correspondentes, sendo: três em cada glúteo (esquerdo e direito), um em cada região posterior superior de coxa (direita e esquerda). Utilizou-se frequência de 25 Hz e a intensidade foi aumentada gradativamente da seguinte forma: primeiros 10 minutos 5 ma, 15 minutos seguintes 6 ma, últimos 25 minutos 7 ma. O aparelho utilizado foi o Physiotonus Slim, da marca Bioset. Após o tratamento as imagens foram analisadas pelo software Fisiometer-Posturograma 2.9. Resultados e discussão Foi realizada inicialmente uma estatística descritiva para análise do tratamento aqui estudado. As variáveis foram expressas em valores médios ± desvio padrão (X ± DP). O Teste t de Student foi aplicado a fim de testar a hipótese de igualdade entre as variáveis. O índice de significância adotado foi 5% para os dados sem contração (SC) e com contração (CC). Para comparação e análise dos dados, em todos os parâmetros analisados, obteve-se p < 0,05 (vide valores de p na Tabela I), o que leva a rejeitar a hipótese de não significância e concluir que houve variação significativa. Para tanto, verificou-se, por meio dos dados estatísticos que houve redução significativa nos valores de área e perímetro, depois de finalizado o tratamento, ou seja, o que comprova estatisticamente a eficácia do tratamento apresentado. Os valores X ± DP das variáveis estão expressos na tabela I. Tabela I - Dados analisados (valores médios e desvios-padrões) pela área (cm 2 ) e perímetro (cm) sem contração (SC) e com contração (CC) no pré e pós-tratamento. Área (cm 2 ) Perímetro (cm) SC CC SC CC P pré 0,47±0,36 0,46±0,26 3,15±0,93 3,21±0,93 P pós p-valor 0,28±0,15 0,02 0,29±0,20 0,05 2,28±0,71 0,01 2,34±0,85 0,01 De acordo com a Tabela I, a área média SC no pré- -tratamento foi de 0,47 cm 2 e no pós-tratamento foi de 0,28 cm 2. Já em CC, o valor médio de área no pré-tratamento foi de 0,46 cm 2 e no pós-tratamento foi de 0,29 cm 2. O perímetro médio SC no pré-tratamento foi de 3,15 cm e no pós-tratamento foi de 2,28 cm. Já em CC, o valor médio de perímetro no pré-tratamento foi de 3,21 cm e no pós-tratamento foi de 2,34 cm. O Gráfico 1 sugere que houve uma redução tanto para a variável perímetro quanto para área. Porém, a variável área apresentou maior redução percentual média, se comparada à variável perímetro, tanto para as condições de CC como SC. De maneira geral, verificou-se, no pós-tratamento, uma redução percentual média da área de 41,43% SC e uma redução percentual média da área CC de 37,02%, sendo que a redução percentual média do perímetro CC foi de 27,82% e SC foi de 27,24%. Foi evidenciada neste estudo uma regressão do grau das lesões, sendo que algumas delas regrediram para grau II, grau I e outras desapareceram.

57 Gráfico 1 - Comparativo entre valores percentuais de redução das variáveis Área e Perímetro no pré e pós-tratamento. Percentual de Redução 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 27,82% 27,24% 41,43% 37,02% Perímetro Área Variáveis Sem contração Com contração Figura 1: A Imagem obtida no pré-tratamento sem contração glútea (SC). B - Imagem obtida no pré-tratamento com contração glútea (CC). C Imagem obtida no pós-tratamento sem contração glútea (SC). D - Imagem obtida no pós-tratamento com contração glútea (CC). A vantagem da eletrolipólise sobre a DLM é o ligeiro aumento da temperatura local (efeito Joule), que contribui, em parte, para a instauração de uma vasodilatação, pois a corrente atua com estímulo direto nas inervações, promovendo uma ativação da microcirculação [13,9]. O instrumento de avaliação utilizado neste estudo foi a Biofotogrametria Computadorizada que se mostrou eficaz na avaliação do FEG, uma vez que foi possível avaliar de forma quantitativa permitindo estabelecer dados numéricos para quantificar os resultados. A análise quantitativa é mais objetiva, fiel e exata na descrição dos mesmos [14]. Baraúna et al. [15,16] relatam as vantagens e a efetividade da aplicação clínica da avaliação por meio desta técnica, ou seja, baixo custo no sistema de imagens, fotointerpretação, precisão e reprodutibilidade dos resultados. Através de estudo realizado por Volpi et al. [17], utilizando a biofotogrametria como instrumento de avaliação no tratamento do FEG, foi possível verificar sua eficácia quanto aos resultados. Além disso, vale ressaltar que no referido estudo utilizou- -se a vacuoterapia com resultados também satisfatórios e significativos. Foram realizadas 15 sessões de tratamento para FEG grau II, 3 vezes na semanas, e teve uma redução da área total afetada em 53,9% SC e 48,99% CC. Desta forma, o presente estudo demonstrou maior eficácia no que se refere a quantidade de sessões semanais e totais, ainda que no tratamento do FEG grau III, levando em conta o biotipo tratado. Contudo, é importante realçar a necessidade de um recrutamento de maior número da amostra e a realização de outros estudos que associem duas ou mais técnicas para o tratamento do FEG, visto que é uma alteração muito comum entre as mulheres e estas técnicas foram analisadas isoladamente, para que, assim, possam ser obtidos resultados ainda mais comprobatórios. Conclusão No decorrer do tratamento, a voluntária relatou ter havido aumento da frequência na excreção de urina, além de perceber mudanças no aspecto da mesma, que apresentava traços de gordura. Observação esta também referida por Borges [9], que verificou ocorrer mudanças nas características da urina, apresentando como se fosse uma mancha oleosa superficial, de aspecto espelhado. Pereira et al. [12] demonstraram, através de estudo com a Drenagem Linfática Manual (DLM), uma eficácia leve na aparência estética do FEG grau III ao término de 40 sessões, uma vez que a técnica promove um incremento do fluxo linfático fisiológico. Neste contexto, o presente estudo obteve resultado satisfatório com apenas 25% do número de sessões realizadas por Pereira et al. [12]. Conclui-se que a utilização da eletrolipólise foi eficaz no tratamento do FEG grau III, tendo em vista o biotipo tratado, bem como a utilização da Biofotogrametria Computadorizada como meio de avaliação quantitativa da evolução do tratamento que se mostrou um instrumento eficaz. Referências 1. Meyer PF, Lisboa FL, Alves MCR, Avelino, MB. Desenvolvimento e aplicação de um protocolo de avaliação fisioterapêutica em pacientes com fibro edema gelóide. Fisioter Mov 2005;1(18):75-83. 2. Borges FS. Dermato-Funcional: modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. São Paulo: Phorte; 2006. 3. Guirro E, Guirro R. Fisioterapia dermato-funcional: fundamentos, recursos, patologias. 3a ed. São Paulo: Manole; 2002. 4. Ulrich W. A celulite é curável. Rio de Janeiro: Tecnoprint; 1982. 5. Campos MSP. Curso de fisioterapia estética corporal. [Apostila]. [s. l.]; 2000.

58 6. Dalsaso JC. Fibro edema gelóide: um estudo comparativo dos efeitos terapêuticos, utilizando ultra-som e endermologia-dermovac, em mulheres não praticantes de exercício físico [TCC]. Santa Catarina: Universidade do Sul de Santa Catarina; 2007. 7. Silva MT. Eletroterapia em estética corporal. São Paulo: Robe; 1997. 8. Zaragoza JR, Rodrigo P. Electroestética. Espanha: Nueva Estética; 1995. 9. Borges FS. Dermato-Funcional: modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. 2ª ed. São Paulo: Phorte; 2010. 10. Guyton A. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Interamericana; 1998. 11. Marchiori FM. Estudo correlacional entre índice de massa corpórea e as alterações posturais [Monografia]. São Paulo: Centro Universitário Hermínio Ometto Uniararas; 2004. 12. Pereira LMBN, Silva ID, Araújo VMS. Drenagem linfática manual no tratamento do fibro edema gelóide. Fisioterapia Ser 2008;3(3):180-83. 13. Assumpção AC, Souza A, Máximo L, Cardoso MC, Borges, FS. Eletrolipólise (eletrolipoforese) In: Borges SF. Modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. São Paulo: Phorte; 2006. p.217-25. 14. Infopédia. Análise quantitativa. Porto: Porto; 2003-2009. 15. Baraúna MA, Canto RST, Schulz E, Silva RAV, Silva CDC, Veras MTS, et al. Avaliação da amplitude de movimento do ombro em mulheres mastectomizadas pela biofotogrametria computadorizada. Revista Brasileira de Cancerologia 2004;1(50):27-31. 16. Baraúna MA, Duarte F, Sanchez HM, Canto RST, Malusá S, Silva CDC et al. Avaliação do equilíbrio estático em indivíduos amputados de membros inferiores através da biofotogrametria computadorizada. Rev Bras Fisioter 2006:1(10):83-90. 17. Volpi AAA, Vasquez ACB, Deloroso FT, Giusti HHKD. Análise da eficácia da vacuoterapia no tratamento do fibro edema gelóide por meio da termografia e da biofotogrametria. Fisioter Bras 2010;11(1):70-7.