2 REFERENCIAL TEÓRICO. 2.1 Tereftalato de Polietileno (PET)

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2 Conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias do PET (2013), nos últimos anos, a produção de garrafas desse material vem aumentando progressivamente e, com isso, o descarte aumenta na mesma proporção. Apesar dos benefícios logísticos e econômicos que o PET apresenta, o problema ambiental ainda se torna bastante relevante. A reciclagem apresenta-se como uma forma de reduzir a poluição e diminuir o custo da produção, porém, nem todos os resíduos são descartados corretamente no meio ambiente. Aliado a isso, o desenvolvimento de polímeros sustentáveis que podem substituir o tradicional polímero sintético pode trazer grandes benefícios quando se trata de fatores ambientais. O artigo idealiza a busca por materiais e/ou processos que possam ser aplicados na indústria de embalagens plásticas, auxiliando essas empresas na redução de seus custos produtivos e beneficiando a sociedade, trazendo-lhes uma vida mais saudável e sem danos ao meio ambiente. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Tereftalato de Polietileno (PET) Atualmente, as indústrias produtoras de bebidas utilizam em suas embalagens, na grande maioria, polímeros termoplásticos para envasar refrigerantes, sucos, águas, chás, dentre outras bebidas. O Tereftalato de Polietileno (PET) polímero da família dos poliésteres é o principal polímero envolvido nesse processo, pois apresenta grande resistência tanto mecânica quanto térmica e química. Além disso, a característica marcante deste material é a cristalinidade de até 40%, e densidade de 1,33 a 1,45g/cm³ tornando-o ideal para o segmento de garrafas de bebidas. (LIMA, 2006, p.160). O sucesso da resina PET e a sua larga utilização, tanto na indústria de bebidas como em diversas outras, se dá por uma série de características favoráveis a ela. Além do barateamento dos custos de produção em relação à antiga forma de envasar o vidro utilizado com bastante expressão até meados da década de 1990, o PET também é vantajoso quando se leva em conta o aspecto de resistência e leveza (ABIPET, 2013). Por possuir baixo peso molecular e alto índice de resistência mecânica, aliado ao brilho e à transparência, aos olhos das indústrias produtoras de bebidas é o material perfeito para embalar seus produtos. Em bebidas gaseificadas, é capaz de conservar o gás quase que 100% desde a fabricação até o consumo, conforme a Associação Brasileira da Indústria do PET (ABIPET, 2013).

3 Para a fabricação das garrafas de bebidas, utiliza-se o processo de injeção termoplástica de sopro. Segundo Lima (2006, p. 201) o processo consiste respectivamente em duas estações onde uma pré-forma, no formato de ampola é aquecida e então soprada dentro de um molde metálico, assumindo as formas das paredes deste. Após o resfriamento, o plástico se solidifica e, com isso, herda definitivamente o formato desejado. O mercado de PET no Brasil ainda é bastante recente. Tendo apenas cerca de 20 anos de idade, demonstra crescimento dos números de consumo ao longo do tempo: Tabela 1 - Consumo de Garrafas PET no Brasil Ano Consumo de PET no Brasil (ktons) 2003 330 2004 360 2005 394 2006 406 2007 471 2008 386 2009 522 2010 561 2011 572 Fonte: Associação Brasileira da Indústria do PET 2.1.1 A Reciclagem do PET A Associação Brasileira da Indústria do PET realizou um censo no ano de 2011, através do qual concluiu que foram recicladas 297 toneladas do material PET. Segundo o censo, isso representa 50% do total consumido. Dessa quantidade, 39,3% do total é destinada à indústria têxtil, 18,7% para a fabricação de resinas insaturadas e 18% para a fabricação de diversos novos tipos de embalagens. No Brasil, a maioria das embalagens PET produzida é reciclada graças aos sistemas de coleta seletiva alternativos. Essa coleta, segundo a Abipet (2013), é realizada por empresas específicas a essa tarefa, similar ao que acontece com os catadores e suas cooperativas. A reciclagem do PET acontece em três etapas básicas. São elas: a) A Recuperação, que se inicia no exato momento do descarte do material e é finalizada com a confecção do fardo, o qual se torna sucata;

4 b) A Revalorização, que vai da compra do fardo de sucata (como visto no item 1) até a produção de matéria-prima reciclada; c) A Transformação, que é final do processo de reciclagem, resumindo-se na utilização da matéria prima oriunda das garrafas PET. Depois desse processo, segundo também a Abipet (2013), o PET reciclado tem inúmeras aplicações nos mais diversos segmentos da indústria; desde aplicações em camisetas, cordas e vassouras, até plásticos de engenharia, tubos e conexões. Além disso, a reciclagem de PET economiza uma grande quantidade de petróleo fonte não renovável. No entanto, apesar dessa reciclagem efetiva, grande parte das embalagens depois de utilizadas acaba sendo destinadas a rios, mares e depósitos de lixos. Segundo o IBAMA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (2013), o tempo de decomposição das garrafas PET é de 200 a 600 anos. Jogadas nas ruas ou em terrenos baldios, acabam por entupir bueiros e galerias; por decorrência, provocam enchentes e alagamentos. 2.2 Utilização de garrafas de vidro Há alguns anos, os refrigerantes eram produzidos e envasados em garrafas de vidro retornável. É notável que nos dias atuais, a volta deste processo já esteja sendo pensada e executada, tendo como alvo principal a população de baixa renda. Empresas investem nas embalagens retornáveis pelo propósito de fidelizar os consumidores e alavancar os resultados das vendas. É o que afirma matéria da revista Vidro Impresso (2011). Com o uso dessas garrafas, o preço do refrigerante caiu em 41% em relação à embalagem de PET. A matéria explica que a AmBev (Companhia de bebidas das Américas) colocou à venda a embalagem de um litro retornável do Guaraná Antarctica, com o preço de R$ 2,00, baixando para R$ 1,00 a partir da segunda compra. O gerente de inovação da AmBev comenta na matéria que durante cinco anos foram realizados estudos sobre a volta dessa embalagem. A garrafa de vidro gera vínculo emocional com o consumidor e isso é parte da estratégia da empresa para aumentar as vendas. Principalmente destinada a estabelecimentos comerciais como padarias, mercearias, pequenos mercados e supermercados, a embalagem de vidro poderá retornar até 30 vezes, sem que perca as suas qualidades físicas ou transmita ao conteúdo substâncias danosas à saúde. Além disso, a facilidade de encontrar a matéria prima areia, calcário e barrilha em relação

5 ao petróleo do PET aponta uma vantagem econômica do vidro em relação ao PET. (REVISTA VIDRO IMPRESSO, 2011). 2.3 Aplicação de polímeros sustentáveis em embalagens de bebidas Avanços tecnológicos na área de eco sustentabilidade e engenharia de materiais permitiram explorar materiais poliméricos, de fontes e processos alternativos, que tenham menos impacto ao meio ambiente. Esses avanços permitiram que se chegasse ao estudo e desenvolvimento de polímeros biodegradáveis e de polímeros verdes que embora tenham nomes parecidos apresentam algumas diferenças entre si. 2.3.1 Polímeros Biodegradáveis Os polímeros biodegradáveis podem ter como fonte de obtenção assim como os polímeros convencionais o petróleo ou misturas de petróleo e biomassa, e também fontes naturais renováveis como milho, batata, cana-de-açúcar, etc. Suas vantagens estão na hora do descarte: a degradação ocorre de forma natural por microrganismos presentes na natureza como bactérias, algas ou fungos, sendo muito mais acelerada do que quando comparada aos polímeros convencionais. Ao final da degradação, o meio ambiente acaba por reabsorver os polímeros, caracterizando um impacto quase que nulo ao ecossistema (BRITO; AGRAWAL; ARAÚJO; MELO, 2011). Recentemente, a Avantium, empresa holandesa de pesquisa, divulgou uma alternativa ao PET convencional para produção de garrafas de bebida. O chamado Bio-PET consiste em polietileno furanoato (PEF) que pode ser obtido de matéria-prima natural de biomassa, desde que essa contenha carboidratos. O PEF é 100% biológico e, quando for comercializado, será totalmente reciclável. Acreditamos que atenda a todos os critérios essenciais para se tornar o bioplástico da próxima geração para alimentos, bebidas e outras aplicações afirma o diretor da Avantium. (CELULOSE ONLINE, 2011). 2.3.2 Polímeros Verdes Não são provenientes de fontes fósseis não renováveis (petróleo), mas sim de fontes naturais renováveis, por isso esses polímeros recebem o adjetivo de verde. O diminuto impacto ambiental ocasionado desde a síntese até a degradação, passando também pelo

6 processamento, leva-nos a perspectivas ambientais muito animadoras (BRITO; AGRAWAL; ARAÚJO; MELO, 2011). As vantagens do uso de polímeros verdes vão desde a redução da emissão de gases causadores do efeito estufa na síntese, até a significativa redução dos danos a florestas e oceanos no processamento e degradação. Segundo a Braskem (2013), empresa produtora de resinas termoplásticas e biopolímeros, uma tonelada de PE verde (polietileno verde) produzido é capaz de capturar e fixar cerca de 2,5 toneladas de gás carbônico na atmosfera. Além disso, o cultivo da cana-de-açúcar (principal matéria-prima do polietileno verde) não representa impacto considerável sobre a agricultura, nem mesmo sobre a floresta amazônica. Também de acordo com a Braskem (2013), por possuírem propriedades mecânicas e de processamento muito similares aos polímeros sintéticos existentes hoje no mercado, não é necessário que as empresas processadoras de polímeros realizem novos investimentos em equipamentos e maquinários ao optarem pela utilização de polímeros verdes. A utilização destes polímeros pode ser considerada vantajosa, pois além de ecológica e econômica é, ao mesmo tempo, mercadológica, pois seu custo é levemente superior aos polímeros normalmente utilizados. 2.3.3 Polietileno verde O Polietileno Verde, segundo a Braskem (2013), é obtido através do processamento do etanol, produto da cana-de-açúcar. Como subproduto desse processamento tem-se praticamente água e resíduos orgânicos, que podem ser reutilizados em processos agrícolas ou industriais. A resina verde passa por um processo de polimerização e estará pronta para ser utilizada nos mais diversos fins dentro da indústria. Além disso, o bagaço da cana-de-açúcar, que sobra no processo, possui alto potencial energético e é utilizado para a produção de bioeletricidade. Também de acordo com a Braskem (2013), pelas propriedades que possui, sendo muito similar ao polietileno convencional, sua utilização como matéria prima para a produção de garrafas de bebidas é completamente possível. Além de ser flexível, é altamente moldável ao processo de injeção por sopro atualmente utilizado para a produção dessas garrafas.

7 Figura 1: Esquema de obtenção e produção do polietileno verde Fonte: Braskem (disponível em http://www.braskem.com.br/site.aspx/produtos-verdes) Grandes empresas produtoras não somente de bebidas, mas também de outros produtos com embalagens a base de polímeros, já se mostraram interessadas na inovação. Como exemplo de um case de sucesso, a multinacional Coca-Cola Company lançou a Planttbottle para envasar seus sucos Odwalla. É uma tendência natural substituir as tradicionais garrafas plásticas, fazendo com que todas as embalagens de bebidas sejam produzidas utilizando o plástico verde. (WILLIAM, 2011) 3 METODOLOGIA A metodologia empregada para a realização deste artigo consiste em uma pesquisa de caráter exploratório. Para isso, foram analisados os problemas identificados através de levantamentos bibliográficos, bem como dados colhidos em pesquisas realizadas por órgãos e associações relacionados ao PET e ao meio ambiente. Com isso, visa-se buscar soluções a fim de minimizar os impactos ambientais relativos às atuais formas de envasamento de bebidas. A coleta de dados foi realizada consultando referências bibliográficas com o intuito de adquirir conceitos e definições. Além disso, portais, assessorias de imprensa de órgãos, associações competentes relacionados ao segmento de embalagens de bebidas e institutos relativos a questões do meio ambiente e da sustentabilidade foram consultados para que se obtivessem dados atuais e reais a respeito dos temas abordados. Esse processo consistiu na primeira etapa da pesquisa. Tendo em mãos esses dados, os mesmos foram analisados para que fosse possível fazer apontamentos de quais opções seriam melhores na busca de soluções, indo de encontro

8 ao objetivo minimizar danos ambientais causados pelas garrafas PET. Para isso, foram explorados processos de reciclagem para reutilização de materiais usados, assim como centros de desenvolvimento e pesquisa de grandes empresas produtoras de resinas plásticas, a fim de encontrar alternativas e de substituir os materiais poliméricos utilizados hoje por novas opções que mantivessem as características dos atuais, mas que fossem sustentáveis e não danosas ao meio ambiente. 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Baseando-se nos dados coletados, é possível então que se faça uma análise, levando em conta diversos fatores, a fim de que se estabeleça uma relação entre benefícios e desvantagens na utilização de cada um dos métodos sustentáveis. Para isso, define-se como relevantes fatores econômicos, ecológicos, mercadológicos e produtivos. 4.1 Análise quanto aos fatores econômicos e mercadológicos A principal vantagem do PET, utilizado em larga escala, é o barateamento do custo de produção, pois ele se torna muito barato em relação aos outros materiais de embalagem. No entanto, quando se compara às garrafas de vidro, a vantagem econômica deixa de ser vigente a partir da segunda compra. Segundos dados coletados, com o uso dessas garrafas o preço do refrigerante caiu em 41% em relação à embalagem de PET. Quanto à reciclagem do PET, é apontado uma vantagem econômica, pois, segundo a Abipet (2013), metade das garrafas consumidas são recicladas no Brasil. Isso implica na não necessidade da produção de nova matéria-prima PET para a fabricação de novas embalagens. Dessa forma, as garrafas de PET reciclado têm seu custo reduzido quando comparadas às garrafas de PET virgem. Além disso, a reciclagem acaba gerando um grande número de pessoas envolvidas e devidamente empregadas nesse processo desde a coleta até a venda da matéria-prima reciclada. Por fim, a utilização de polímeros alternativos sustentáveis também implica vantagens econômicas. Com relação aos polímeros verdes, que têm como matéria prima para sua produção a cana-de-açúcar abundantemente encontrada no território brasileiro, os custos de obtenção quando comparados ao PET, de origem fóssil, tornam-se menores. Além disso, não é necessário que se faça investimentos em novos maquinários para o processamento daquele material em empresas especializadas.

9 4.2 Análise quanto aos fatores ecológicos e produtivos Como citado anteriormente, segundo a Abipet (2013), a produção média no Brasil de garrafas PET é de nove milhões por ano, das quais 53% não são reaproveitas e acabam sendo descartadas, ou seja, são 4,7 milhões de unidades jogadas na natureza. Alternativas sustentáveis são capazes de atingir o problema ecológico, tanto na obtenção quanto no descarte das garrafas PET. A reciclagem se torna vantajosa, pois as embalagens que seriam jogadas na natureza voltam ao início do processo para percorrem novamente o ciclo produtivo do PET. Isso diminui a quantidade descartada de resíduos danosos ao meio ambiente, assim como a exploração de matéria-prima não renovável petróleo para produção de novas embalagens. Com relação às embalagens de vidro, a vantagem vai desde a facilidade na obtenção da matéria-prima para a sua produção, até a possibilidade de diversas reutilizações dessas garrafas depois de consumido o seu conteúdo. A durabilidade das garrafas de vidro em relação às de PET é largamente maior. Enquanto uma garrafa de PET só consegue envasar a bebida uma vez antes da sua reciclagem e/ou descarte, a garrafa de vidro pode ser lavada e reutilizada logo em seguida sem que ofereça risco à saúde do consumidor. Quando se leva em conta a utilização de polímeros sustentáveis, as vantagens ecológicas atingem níveis elevados. Desde a obtenção até o descarte, essa matéria prima alternativa se torna muito mais viável. Ao começar pela obtenção, o cultivo da cana-de-açúcar (principal produto do polietileno verde) não apresenta impacto sobre as florestas brasileiras, nem mesmo sobre o meio-ambiente em geral, enquanto que a exploração do petróleo por ser fonte não renovável apresenta. Além disso, deve-se considerar a quantidade de CO2 capturada e fixada na atmosfera durante o processo. No descarte, as garrafas que têm como matéria-prima polímeros sustentáveis acabam por serem reabsorvidas sem que haja dano ao meio ambiente. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS No presente estudo, foi possível compreender a relação entre o aumento do número de garrafas PET, como consequência do aumento do consumo de refrigerante, e o problema que isso pode acarretar ao meio ambiente.

10 Tendo mais da metade das garrafas, após o uso, sendo descartadas na natureza, é crucial que medidas sejam tomadas a fim de que se dizimem os resultados danosos que isso venha a causar para o planeta. Para isso, o artigo levantou uma série de possibilidades capazes de conter essas agressões. A reciclagem, bastante expressiva, só tende a evoluir. Através de centros de coletas de resíduo seletivo e da correta instrução da população de como separar o lixo, não só as embalagens de plástico mas também as diversas outras que nós consumidores temos em casa poderão ser recicladas e realocadas em diversos outros tipos de produtos para uma futura reutilização, além disso, proporcionará emprego e sustento para a população. O desenvolvimento de novos materiais, como exemplo do PE Verde, também pode apresentar uma solução viável para esse problema. Isso porque que a sua produção não representa agressão ao meio ambiente, e sua degradação ocorre de forma natural e sem impactos para a fauna e para a flora. Por fim, pode-se concluir que as alternativas existem, porém o próximo passo seria adotar algum desses métodos para que o quanto antes tivesse início a redução desses problemas e para que as próximas gerações possam aproveitar ao máximo a essência do planeta em que vivemos. 6 REFERÊNCIAS Associação Brasileira das Indústrias do PET (Abipet). Disponível em: < http://www.abipet.org.br/index.html >. Acesso em 12 de maio de 2013. Braskem Produtos Verdes. Disponível em: <http://www.braskem.com.br/site.aspx/produtos-verdes>. Acesso em 1 de maio de 2013. Celulose Online, Coca-Cola vai apoiar produção de garrafas biopet, 26 de dezembro de 2011. Disponível em <http://www.celuloseonline.com.br/noticias/cocacola+vai+apoiar+produo+de+garrafas+biop ET >. Acesso em 03 de maio de 2013. G. F. Brito; P. Agrawal; E. M. Araújo; T. J. A. Mélo. Biopolímeros, Polímeros Biodegradáveis e Polímeros Verdes. Revista Eletrônica de Materiais e Processos, v.6.2, p.127-139, 2011. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Disponível em <http://www.ibama.gov.br>. Acesso em 14 de maio de 2013.

11 LIMA, Marco Antonio Magalhães. Introdução aos Materiais e Processos para Designers Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda., 2006. Revista Vidro Impresso, Fabricante de bebida aposta em garrafas retornáveis de vidro, 11 de maio de 2011. Disponível em <http://www.vidroimpresso.com.br/318/noticia-do- Vidro/Fabricante%20de%20bebida%20aposta%20em%20garrafas%20retornaveis%20de%20 vidro.aspx >. Acesso em acesso em 14 de maio de 2013. WILLIAM, César. O Marketizador, 7 de abril de 2011. Disponível em <http://www.omarketizador.com/2011/04/marketing-ecologico-coca-colatorna.html>. Acesso em 2 de maio de 2013.