Perspectiva da Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE Abril a Setembro de 2010

Documentos relacionados
Perspectiva de Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE Julho a Dezembro Destaques

Perspectiva de Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE. Julho a Dezembro de Destaques. Calendário sazonal e de eventos críticos

Actualização da Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE Setembro de 2009

Sistemas de Aviso Prévio Contra a Fome. 24 de Julho de Destaques

Actualização da Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE Novembro de 2008

Perspectiva da Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE. Outubro de 2011 até Março de Calendário sazonal e eventos críticos.

MOÇAMBIQUE Perspectiva de Segurança Alimentar Outubro de 2014 a Março de Condições mínimas de insegurança alimentar esperadas até Março

Espera-se um período de escassez alimentar mais prolongado no sul de Moçambique

Actualização da Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE Outubro de 2009

MOÇAMBIQUE Perspectiva de Segurança Alimentar Julho a Dezembro de Seca e condições de seca contínua contribuem para condições de estress no sul

Actualização da Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE Maio de 2009

Condições de stress de insegurança alimentar continuam em partes das zonas semi-áridas

MOÇAMBIQUE Perspectiva de Segurança Alimentar Outubro 2015 a Março 2016

Áreas Afectadas Moçambique Classificação INSA aguda IPC Julho/16 a Fev/17

Actualização da Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE Janeiro 2008

de DESTAQUES NACIONAL PERSPECTIVA Situação actual alimentar, Julho deverão graças aos expandirão em zonas localizadas afectadas por produção.

Atualização da Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE Junho 2009

Atualização da Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE Fevereiro 2009

MOÇAMBIQUE ACTUALIZAÇÃO DA SEGURANÇA ALIMENTAR JANEIRO 2006

MOZAMBIQUE Boletim de Preços mvam #1: Julho 2016

Quarta Avaliação Nacional da Pobreza e Bem-Estar em Moçambique,

Market Research Moçambique. Mário Mungoi

Resultados do Exercício. cio de Priority Setting

MINAG. Os Conteúdos da Apresentação

Mudanças no padrão de cultivo e uso de insumos no centro e norte de Moçambique

MOÇAMBIQUE Perspectiva da Segurança Alimentar Junho 2016 a Janeiro 2017

Mudanças no padrão de cultivo e uso de insumos no centro e norte de Moçambique

Situação de Crise poderá persistir até às próximas colheitas em Março de 2019

Colheitas acima da média poderão em grande medida Minimizar a insegurança alimentar

Dados do TIA: Vozes das Famílias Rurais

MINAG/DE DINÂMICAS DE PARTICIPAÇÃO E DESEMPENHO NOS MERCADOS AGRÍCOLAS DO CENTRO E NORTE DE MOÇAMBIQUE NUM AMBIENTE DE ALTOS PREÇOS:

Famine Early Warning Systems NetWork. 17 Janeiro Destaques

Rede de Sistemas de Aviso Prévio Sobre a Fome 15 de Dezembro 2003

Monitoria da época chuvosa e actualização da Previsão Climática Sazonal para o período de Dezembro 2017 à Fevereiro 2018

Determinantes do Rendimento, Pobreza, e Percepção do Progresso Económico dos Agregados Familiares nas Zonas Rurais de Moçambique em

Necessidades de emergência poderão aumentar durante o pico da época de escassez

Sistemas de Aviso Prévio Contra a Fome. 28 de Abril de Destaques

DIAGNÓSTICO MULTISSECTORIAL PARA GUIAR DEFINIÇÃO DE PRIORIDADES NO PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (PRONAE)

Actualização de Uso de Insumos Agrícolas em Moçambique

2014: ANO INTERNACIONAL DA. AGRICULTURA FAMILIAR Reassentamentos e produção alimentar: o caso de Cateme, Moatize

Competitividade das Culturas de Rendimento em Moçambique: O caso da Castanha de Caju

Investimento público na agricultura: o caso dos regadios de Búzi, Nhamatanda, Sussundenga e Vanduzi

MOÇAMBIQUE Projecção de Segurança Alimentar Outubro 2013 a Março de 2014

A resposta do produtor Moçambicano ao ambiente de preços altos

Anexo Tabelas: Resultados do TIA Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural Michigan State University

AGRICULTURA E NUTRIÇÃO: TENDÊNCIAS NA PRODUÇÃO E RETENÇÃO

O Sector Agrário em Moçambique: Análise situacional, constrangimentos e oportunidades para o crescimento agrário

Roadshow a Portugal: Oportunidades de Negócio e Investimento em Moçambique Lisboa 5 Junho 2018

Informação Semanal de Mercados Agrícolas no País, Região e Mundo

Situação de Crise esperada até pelo menos Março devido a efeitos das secas, cheias e ciclone

Reunião Anual do Caju

Actualização da Segurança Alimentar em Moçambique: 20 Junho Destaques

Estratégias para Desenvolver o Sector Agrário rio em Moçambique. Introdução

Análise do Crescimento do Rendimento dos Agregados Familiares Rurais em Moçambique :

A Produção e a Gestão de Resíduos em Moçambique: Considerações prévias. Maputo Fevereiro 2018

PROJECTO ACES Diagramas casuais: perceber a relação entre serviços de ecossistemas e bem-estar rural. 5 de Agosto de 2015 Lichinga

A1. ID QUESTIONARIO...

WISDOM Moçambique. Mapeamento geral integrando oferta/demanda de combustível lenhosos

Estágio Actual da Ocupação da Terra em Moçambique

PROGRAMA NACIONAL DE MECANIZAÇÃO AGRÁRIA (PNMA) Brazil, Minas Gerais,Uberaba, 14 de Fevereiro de 2017

Prognostico da Estação Chuvosa e sua Interpretação para Agricultura

USO DE AGRICULTURA DE CONSERVAÇÃO PELOS PEQUENOS PRODUTORES EM MOÇAMBIQUE

Produção e segurança alimentar: uma prioridade necessária

Informação Semanal de Mercados Agrícolas no País, Região e Mundo. Preço de Amendoim Pequeno Sobe em Alguns Mercados

Procura de Feijão Manteiga em Alta em Angónia

Informação Semanal de Mercados Agrícolas no País, Região e Mundo. Preço de Cereais e Leguminosas Continua Estável nos Mercados

Mortalidade de Adultos na zona rural, definição de prioridades e programas de investigação

Preços de bens alimentares. BOLETIM Nº 4 Mercados das Cidades de Maputo, Beira e Nampula Abril de Yara Nova 1

Agronegócio em Moçambique:

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA TERRA, AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO RURAL DIRECÇÃO NACIONAL DO AMBIENTE DEPARTAMENTO DE GESTÃO AMBIENTAL

Reflorestamento em Moçambique

MÉDIOS PRODUTORES COMERCIAIS NO CORREDOR DA BEIRA - Dimensão do fenómeno e caracterização social. João Feijó e Yasser Dada

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA SAÚDE DIRECÇÃO NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA. Situação da epidemia de Cólera em Moçambique em 2009

A SITUAÇÃO DA PROTECÇÃO SOCIAL EM MOÇAMBIQUE

António Júnior, Yasser Arafat Dadá e João Mosca

Boletim Mensal do Sistema de Informação de Mercados Agrícolas (SIMA)

Preparado por: Meneses ROBERTO Cell: Dulce Mavone Novela Cell:

MOÇAMBIQUE AERLIS - Oeiras

Cód. FUNDO DE DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO OPORTUNIDADES NO AGRO-NEGÓCIO E PROJECTOS AGRÁRIOS

Determinantes da Prevalência de HIV em Moçambique. Por: Isa Fidélia Francisco Chiconela UNU - WIDER

Informação Semanal de Mercados Agrícolas no País, Região e Mundo

DESTAQUE RURAL Nº3 - Março de 2014 PRODUÇÃO ALIMENTAR: UM PROBLEMA CENTRAL POR RESOLVER João Mosca

Desagregando Agregados Macroeconómicos: Economia de Moçambique vista por outro prisma

Boletim de preço de MOÇAMBIQUE Setembro 2015

MODELO DO PEQUENO AGRICULTOR COMERCIAL COMO MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO RURAL

Maio de 2014 INDICE DE PREÇOS NO CONSUMIDOR (IPC) MOÇAMBIQUE, (Base Dez.2010 = 100)

Informação Nº 16/IS/CM/2010. Dar a conhecer as ocorrências relacionadas com calamidades e acções de resposta realizadas e em curso

Rui Benfica e David Tschirley

Programa Nacional de Irrigação

Custo de Transporte. Fluxo de Milho

Apoio Internacional ao Plano Nacional de Investimento do Sector Agrário (PNISA) e Nutrição. Junho de Matthew Brooke, Delegação da UE, Moçambique

Dinâmicas de Investimento Privado em Moçambique: tendências e questões preliminaries para análise

DESTAQUE RURAL Nº de Maio de 2019 AGRICULTURA: PRODUZ-SE O QUE NÃO SE CONSOME E IMPORTA-SE O QUE SE CONSOME

O SECTOR AGROPECUÁRIO EM CABO VERDE Caracterização da população agrícola cabo-verdiana Caracterização Da Pecuária Em Cabo Verde...

Políticas Pública de Redução da Pobreza

Resultados das Investigações do SIMA-Dest e Departamento de Análise de Políticas MADER-Direcção de Economia

PRODUÇÃO & USO DA SEMENTE POLICLONAL EM MOÇAMBIQUE

Resultados das Investigações do SIMA-DEst e Departamento de Análise de Políticas MADER-Direcção de Economia

Cultivo do Milho

Boletim de preço de MOÇAMBIQUE setembro 2016

Transcrição:

Perspectiva da Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE Abril a Setembro de 2010 Os alimentos estão disponíveis na maior parte dos mercados, incluindo alimentos verdes provenientes das colheitas no norte. Apesar de os preços estarem acima da média, ainda estão ao alcance da maioria dos agregados familiares pobres. Contudo, bolsas de insegurança alimentar moderada existem em algumas partes do centro e sul de Moçambique. Figura 1. Estimativa das condições de segurança alimentar, Abril de 2010 De Abril a Junho de 2010, níveis moderados de insegurança alimentar continuarão no centro e sul; contudo vão ocorrer pequenas melhorias devido as colheitas em curso, mesmo que a produção seja fraca. Com uma época fraca, os maiores impactos far se ão sentir nas zonas semi áridas depois de Junho, quando as reservas alimentares dos agregados familiares diminuírem e esgotarem. De Julho a Setembro de 2010, apesar da continuidade de níveis de insegurança alimentar moderada, não se espera que as condições de insegurança alimentar venham a deteriorar devido à contribuição da produção da segunda época no sul e centro. Durante este período, será necessária ajuda alimentar para 460,000 pessoas em situação de insegurança alimentar identificadas em Fevereiro de 2010 pelo Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutrição/Grupo de Avaliação de Vulnerabilidade (SETSAN/GAV) até Abril de 2011, quando ocorrer a próxima colheita principal. O SETSAN/GAV actualizará estes dados em Junho. Reduções na produção de culturas nas zonas produtivas poderá causar a subida de até 50% acima da média dos preços de alimentos Para mais informação sobre a Escala de Severidade de Insegurança Alimentar da FEWS NET, favor consultar: www.fews.net/foodinsecurityscale Fonte: FEWS NET basicos, especialmente nas zonas semi áridas. Estes declíneos na produção vão também afectar a venda de culturas, a fonte primária de rendimento para os agregados familiares. Calendário Sazonal e eventos críticos FEWS NET MOZAMBIQUE Av. FPLM, 2698, Maputo Tel: 258 21 460588; Mobile: 258 82 3050574 Fax: 258 21 462657 mind@fews.net FEWS NET Washington 1717 H St NW Washington DC 20006 info@fews.net FEWS NET is a USAID-funded activity. The authors views expressed in this publication do not necessarily reflect the view of the United States Agency for International Development or the United States Government. www.fews.net/mozambique

Perspectiva da Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE Abril a Setembro 2010 Fonte: FEWS NET Condição actuais de Segurança Alimentar As zonas de insegurança alimentar moderada encontram se nas partes do país que foram afectadas pela seca e pelas recentes cheias. De acordo com a avaliação do SETSAN/GAV de Fevereiro, quase 460,000 pessoas são mais vulneráveis à insegurança alimentar e necessitarão de assistência alimentar de emergência para satisfazerem os requisitos dietéticos básicos, principalmente entre Julho de 2009 e Abril de 2011 (Figura 2). A população com insegurança alimentar inclui maioritariamente os agregados familiares mais pobres, primariamente agricultores com pequenas parcelas cultivadas e poucos ou nenhuns animais, com uma ou nenhuma fonte de rendimento, reservas alimentares limitadas ou nenhumas, e poucos ou nenhuns bens. A maior parte desta população já enfrentou choques recorrentes que desgastaram as suas capacidades de sobrevivência. As estratégias de sobrevivência actualmente utilizadas incluem a venda de bens produtivos e produtos naturais tais como capim, estacas, lenha, carvão, e animais domésticos, mão de obra informal, e caça. A ruptura dos stocks de ajuda alimentar em Abril constitui uma grande preocupação. Os actuais níveis de assistência alimentar cobrem apenas 175,000 pessoas (38 porcento) do número total identificado pelo SETSAN/GAV. As zonas de preocupação incluem o interior das províncias de Gaza e de Inhambane, partes da província de Maputo, e partes da Bacia do Zambeze. Na bacia do Zambeze, as recentes cheias nos finais de Fevereiro e princípios de Março forçaram o Governo a evacuar quase 7,000 pessoas para os centros de reassentamento previamente estabelecidos. Figura 2. Pessoas em situação de insegurança alimentar como percentagem da população por distrito, Fevereiro de 2010 Com as perspectivas de fracas colheitas nas províncias do centro e do Fonte: SETSAN/GAV sul devido a seca e as cheias, em Março de 2010 o Governo de Moçambique solicitou uma Missão de Avaliação das Culturas e Disponibilidade de Alimentos (CFSAM) da FAO/WFP, que se espera que inicie trabalho de campo nos princípios de Maio. A CFSAM vai avaliar a produção alimentar na época agrícola 2009/10, avaliar a situação geral de abastecimento de produtos alimentares, prever necessidades de importação de cereais e possíveis exportações no ano comercial 2010/11 (Abril/Março), e determinar que respostas seriam mais apropriadas e viáveis para garantir ambas a disponibilidade adequada e o acesso durante o ano de consumo/comercial. Enquanto o mês de Março normalmente marca o fim das chuvas no sul, nesta época, as chuvas prolongaram se muito além desse período. Durante os primeiros dez dias de Abril, as quantidades de precipitação no sul do país e na parte sul da zona central ultrapassaram os 200 porcento do normal. Fortes chuvas se registaram em Maputo, Gaza e Inhambane e partes do sul das províncias de Manica e Sofala. Enquanto as chuvas prolongadas podem ser benéficas para a segunda época agrícola, elas podem também ter impactos adversos sobre culturas na fase de maturação e já maduras. Também, o conteúdo excessivo de humidade no solo pode tornar o cultivo difícil. Neste momento as culturas encontram se em diferentes fases de crescimento, e em certas zonas ainda decorem sementeiras. A combinação da seca e de cheias localizadas resultou em perdas de culturas, principalmente as semeadas mais cedo nas zonas sul e centro do país, e das culturas semeadas em zonas propensas a inundações. Para mitigar os efeitos das condições adversas nestas áreas, o Ministério da Agricultura desenvolveu um plano de acção que inclui fornecimento massivo de sementes de ciclo curto e outros insumos agrícolas para a segunda época agrícola. O objectivo principal do plano de acção é de potenciar a produção da segunda época das principais culturas tais como milho, feijão, mapira e trigo através do uso de sementes de ciclo curto. O plano inclui a intensificação da produção da mandioca, batata doce e batata reno através da maximização dos sistemas de irrigação existentes. A segunda época agrícola inicia imediatamente apôs a principal colheita e é caracterizada por pouca ou nenhuma precipitação, razão pela qual as sementeiras normalmente têm lugar em zonas onde existe humidade residual da época principal. A colheita da segunda época é normalmente esperada em Rede dos Sistemas de Aviso Prévio Contra 2

Perspectiva da Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE Abril a Setembro 2010 Agosto/Setembro, apesar de que ao longo da época são produzidas hortícolas tais como alface, couve, cebola, tomate e outras. Figura 3. Estimativas de precipitação como percentagem do normal, 1 de Março a 10 de Abril, 2010 Março 1 10, 2010 Março 11-20, 2010 Março 21-31, 2010 Abril 1-10, 2010 Percentagem do Normal (%): Perspectivas sobre as colheitas Os resultados da avaliação recente realizada pelo Ministério da Agricultura no último més de Março de 2010 indicam que a produção em geral no norte do pais é favorável. A precipitação comportou se bem em termos da quantidade e distribuição, o que favoreceu todas as culturas na principal época agrícola. A zona nortenha espera portanto produção acima da média, com excedentes que irão fluír dentro da zona e uma parte para os países vizinhos e para a zona central. Algumas culturas tais como amendoim e feijão fluirão mais a sul até a província de Maputo. 0-40 41-50 51-60 61-70 71-80 81-90 91-110 111-160 161-200 >200 Fonte: USGS/FEWS NET Quadro 1. Área plantada e perdida no sul e centro de Moçambique Março 2010 Província Área Plantada (ha) Área perdida (ha) Percentagem da área perdida (%) Maputo 134,245 54,806 41 Gaza 420,783 99,518 24 Inhambane 506,154 131,658 26 Manica 729,106 161,794 22 Sofala 437,080 139,913 32 Tete 441,559 46,000 10 A situação na zona central é mista. Na parte norte de Tete e nas zonas altas da província de Zambézia, as expectativas são Zambézia 1,253,586 127,039 10 Região (Sul e favoráveis para uma boa produção de cereais, especialmente Centro) 3,922,513 760,728 19 o milho. O arroz plantado em Fevereiro na Zambézia e Sofala está numa fase vegetativa e em boas condições. Nas zonas Fonte: Ministério da Agricultura semi áridas da zona central, os agricultores passaram por sementeiras múltiplas com perspectivas de produção baixas devido à seca e as cheias. No sul, as culturas previamente plantadas, especialmente a partir de Novembro, foram severamente afectadas pela estiagem combinada a altas temperaturas em Dezembro e Janeiro. Contudo, as culturas semeadas tardiamente, principalmente de Fevereiro em diante, ainda se apresentam em boas condições e com possibilidade de recuperação. Apesar de a produção da segunda época contribuir apenas em cerca de15 porcento da produção anual, ela constitui a maior esperança para maior parte dos agregados familiares. Cenário de segurança alimentar mais provável, Abril Setembro de 2010 O cenário mais provável entre Abril e Setembro é baseado nos seguintes pressupostos: Continuação da precipitação em Abril Maio de 2010 como fonte de humidade para a segunda época produção favorável vai mitigar a insegurança alimentar no sul de Moçambique em particular; Provisão atempada de insumos para a segunda época; Altos preços de alimentos na maioria das zonas do sul e centro afectarão o acesso aos alimentos dos mercados a partir de Julho a Setembro; Governo e parceiros disponibilizarão os recursos disponíveis para recuperar os stocks da ajuda alimentar; Rede dos Sistemas de Aviso Prévio Contra 3

Perspectiva da Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE Abril a Setembro 2010 Ajuda alimentar permitirá a população em situação de insegurança alimentar satisfazer as suas necessidades de alimentos e prevenir deterioração da insegurança alimentar; e Ajuda alimentar destinada aos agregados familiares vulneráveis à insegurança alimentar continuará no sul e centro até ao mês de Setembro de 2010. De Abril a Junho de 2010, níveis moderados de insegurança alimentar prevalecerão mas vão ocorrer pequenas melhorias, mesmo se a época for fraca em termos de produção agrícola, como se espera para muitas partes do sul e centro (Figura 4). As zonas semi áridas incluindo o interior de Gaza e Inhambane, sul de Tete, e zonas do norte de Maputo serão as mais afectadas, já que as reservas alimentares ao nível dos agregados familiares são limitadas. O sul da Província da Zambézia também merece atenção especial porque a cultura mais cultivada nesta zona é o arroz, que requer mais água. Nestas zonas, espera se que os agregados familiares pobres e mais pobres permanecerão moderadamente em situação de insegurança alimentar a seguir a uma colheita principal abaixo da média que resultará da fraca precipitação durante a época agrícola de 2009/10, perpetuando os efeitos de condições cronicamente vulneráveis naquelas zonas. De Julho a Setembro de 2010, níveis moderados de insegurança alimentar continuarão para as 460,000 pessoas identificadas pelo SETSAN/GAV, apesar de não se esperar que as condições venham a piorar devido às contribuições esperadas da produção da segunda época (Figura 5) em Agosto. A produção da segunda época será crucial, particularmente para aqueles que possuem acesso às terras baixas com humidade suficiente ou facilidades de irrigação. Contudo, na zona centro, a precipitação reduzida e a prévia cessação das principais chuvas da época, particularmente nas zonas semi áridas das províncias de Tete, Manica, e Sofala, poderão limitar a produção da segunda época, já que na sua maioria dependem da humidade residual da principal época das chuvas entre Outubro e Abril. A partir de Julho, existe probabilidade da necessidade de assistência alimentar para além dos programas normais de apoio social. Figure 4. Cenário de segurança alimentar mais provável, Abril-Junho de 2010 Figura 5. Cenário de segurança alimentar mais provável, Julho a Setembro de 2010 Para aqueles que não vão beneficiar da segunda época, o Mercado será a principal fonte de alimentos, mas os altos preços esperados limitarão o acesso aos alimentos. A variação dos preços é tipicamente ditada pela produção da época principal, e com uma época fraca no sul e centro, os preços poderão vir a subir. A partir de Julho, as reduções na produção nas zonas produtivas afectarão os preços de alimentos básicos que geralmente se encontram na zona. Os preços poderão subir até 50 por cento acima da média de cinco anos especialmente nas zonas semi áridas. A redução na produção de culturas vai igualmente afectar a venda de culturas, a principal fonte de rendimento dos agregados familiares, limitando as opções para ganhar rendimentos. Em ambos os períodos, os agregados não produzirão cereais suficiente para as suas necessidades de consumo e não ganharão dinheiro suficiente das culturas de rendimento ou da mão de obra para comprar comida suficiente no mercado. Eles vão encarar défices alimentares, especialmente de Julho de 2010 até Março de 2011. Estima se que o período mais crítico será depois de Setembro de 2010 e provavelmente irá piorar ao longo do período de fome, que inicia tipicamente em Outubro no sul e centro. Os agregados nas zonas Fonte: FEWS NET moderadas de insegurança alimentar acima indicadas tenderão a buscar soluções para alguns dos seus défices empregando estratégias de sobrevivência, mas não necessariamente estratégias extremas de sobrevivência, que poderão ser empregues depois de Junho de 2010 se a segunda época e a assistência humanitária (se necessária) falharem. Estratégias alternativas e de sobrevivência incluem redução na frequência e Rede dos Sistemas de Aviso Prévio Contra 4

Perspectiva da Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE Abril a Setembro 2010 quantidade das refeições, venda de produtos florestais tais como lenha, carvão, bebidas alcoólicas tradicionalmente destiladas, e outros bens e produtos de artesanato. Algumas famílias, especialmente aquelas que vivem próximo da fronteira com a África do Sul, receberão remessas dos familiares trabalhando lá e em outros locais. Os agregados familiares mais pobres começarão a trocar mão de obra casual nas zonas circunvizinhas por comida, apesar de que nestas zonas também se admite a possibilidade de estas estratégias serem limitadas. Apesar de as condição física dos animais ser actualmente boas em todo o país, a deterioração das condições de seca depois de Agosto, quando a água para os humanos for tipicamente escassa, vai afectar a disponibilidade de pastos e de água. Até Agosto/Setembro, os agregados familiares das zonas semi áridas do país viajarão distâncias mais longas em busca de água, alocando menos tempo para outras actividades como a escola e agricultura. Também, a escassez de água vai forçar as pessoas a partilhar água com os animais e a buscá la de fontes menos potáveis, o que poderá resultar em surtos de doenças tais como a cólera e a diarreia. A deterioração das condições de segurança alimentar ao nível de se utilizarem estratégias negativas de sobrevivência podem ser evitadas pelas medidas precaucionais oportunas, incluindo a alocação urgente de sementes de ciclo curto e resistentes à seca, utilização maximizada de terras baixas e melhoria da produção da segunda época. Deve ser actualizado e pronto a ser activado um plano de contingência para possível assistência humanitária. As avaliações de segurança alimentar e de vulnerabilidade são necessárias para avaliar o nível de assistência necessária. Atenção especial e imediata incluindo assistência humanitária é necessária para os agregados familiares mais vulneráveis, especialmente aqueles chefiados por pessoas idosas, crianças e mulheres incapazes de realizar trabalho árduo. A Missão da FAO/WFP para a Avaliação de Culturas e Disponibilidade de Alimentos (CFSAM) vai calcular a produção geral de cereais e informar sobre défice e excedentes incluindo se o país poderá precisar de importar ou exportar cereais e se é recomendável assistência alimentar. As intervenções que respondam ao acesso a alimentos, água, insumos, e serviços de saúde poderiam ser necessários até a próxima principal colheita em Março/Abril de 2011. Quadro 1. Eventos que poderão afectar as previsões da segurança alimentar Zona de enfoque geográfico Zonas Semiáridas das províncias de Tete, Manica, Sofala, Inhambane, Gaza, e Maputo Parte Sul da província de Zambézia Eventos possíveis nos próximos 6 meses que mudariam o cenário mais provável nesta zona Perto da média a preços alimentares reduzidos Boa colheita Assistência humanitária Impactos nas condições de segurança alimentar Aumentaria o acesso aos alimentos através de compras de mercado A maior parte dos agregados vai em termos gerais se tornar segura em termos alimentares inadequada As pessoas com necessidades incapazes de satisfazer as suas necessidades alimentares e/ou necessidade de imsumos, e com tendência a se tornarem altamente inseguros em termos alimentares. Desempenho da precipitação melhorado Melhorará a produção de arroz Probabilidade de ocorrência Não provável Não provável Não provável Não provável Variáveis chaves por monitorar Preço dos alimentos Desenvolvimento das culturas e precipitação Nível de assistência humanitária (número de beneficiários vs número de pessoas necessitadas) Precipitação Centro e Sul Boa produção da segunda época Os agregados familiares com insegurança alimentar tornam-se geralmente Não provável Desempenho da segunda época Rede dos Sistemas de Aviso Prévio Contra 5

Perspectiva da Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE Abril a Setembro 2010 seguras em termos alimentares * Níveis de probabilidade Descrição Improvável Poderão ocorrer no período de tempo se as condições mudarem moderadamente Muito improvável Poderão ocorrer no período de tempo se as condições mudarem significativamente Rede dos Sistemas de Aviso Prévio Contra 6

ANNEXO: Boletim Mensal sobre Preços em Moçambique Abril 2010 Milho, arroz e feijões são os alimentos mais importantes. O milho é o alimento básico para os pobres, com o arroz a desempenhar o papel mais importante como substituto. Os feijões são importantes para todos os grupos sociais. Cada um dos mercados aqui representado actua como indicador para uma região maior. Tete é representativo para a província com o mesmo nome, Nampula é o mercado mais importante no norte e é representativo para a região, e tem ligações com o interior das províncias de Zambézia e Nampula e da zona costeira de Nampula. O mercado de Manica tem ligações com o mercado de Chimoio que por sua vez tem ligações com Gorongosa e mercados do sul. Os mercados de Chókwe e Maputo no sul estão ligados aos mercados de Chimoio, Manica e Gorongosa na zona centro. Chókwe é o mercado de referência para a zona sul, exceptuando a capital Maputo. Preços mensais são fornecidos pelos sistema de informação de mercados em Moçambique. Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome i

ANNEXO: Boletim Mensal sobre Preços em Moçambique Março 2010 Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome ii

ANNEXO: Boletim Mensal sobre Preços em Moçambique Março 2010 Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome iii

ANNEXO: Boletim Mensal sobre Preços em Moçambique Abril 2010 Milho, arroz e feijões são os alimentos mais importantes. O milho é o alimento básico para os pobres, com o arroz a desempenhar o papel mais importante como substituto. Os feijões são importantes para todos os grupos sociais. Cada um dos mercados aqui representado actua como indicador para uma região maior. Tete é representativo para a província com o mesmo nome, Nampula é o mercado mais importante no norte e é representativo para a região, e tem ligações com o interior das províncias de Zambézia e Nampula e da zona costeira de Nampula. O mercado de Manica tem ligações com o mercado de Chimoio que por sua vez tem ligações com Gorongosa e mercados do sul. Os mercados de Chókwe e Maputo no sul estão ligados aos mercados de Chimoio, Manica e Gorongosa na zona centro. Chókwe é o mercado de referência para a zona sul, exceptuando a capital Maputo. Preços mensais são fornecidos pelos sistema de informação de mercados em Moçambique. Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome i

ANNEXO: Boletim Mensal sobre Preços em Moçambique Março 2010 Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome ii

ANNEXO: Boletim Mensal sobre Preços em Moçambique Março 2010 Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome iii