Relatório de vivência no sertão do Pajeú Do dia 08 a 21 de janeiro de 2015, houve o primeiro estágio de vivência do ano o qual tive o privilegio de participar. Este estágio ocorreu no sertão do Pajeú na cidade de serra talhada. O deslocamento ate lá foi custeado por cada vivente mas, após a chegada tudo custeado pelo projeto. Chegando na rodoviária de serra talhada, os facilitadores( pessoas destinadas a nos orientar e responsáveis pela organização) já nos esperavam com nosso transporte, onde nos deslocamos para a XI GERES( Gerência regional de saúde), onde lá foi apresentada a os coordenadores que a compõem, também me apresentando assim como todos dizendo o nome e curso, onde ai já pode ver a variedade de cursos e a socialização entre eles. Cada coordenador em sua área mostrou a realidade em saúde de serra e das cidades vizinhas, também relataram os lugares que iriamos conhecer e como funcionavam. Após esta reunião fomos para o assentamento Virgulino Ferreira do MST (movimento sem terra) assim que chegamos fui recepcionada com uma calorosa ciranda, quebrando aquele clima de tensão. Fui direcionada as salas da escola onde fui alojada.
Ao amanhecer fui acordada com a alvorada ( lá no versus quer dizer, grupo de pessoas que acordam as outras de forma suave, mas impactante para que não voltem a dormi). Houve uma dinâmica de socialização onde pode conhecer um pouco da historia de cada vivente, facilitador e participantes o MST que ia nos acompanhar. Foi conversado as regras de convivência e nos dividiram em NBs ( Núcleos de Base), que eram os grupos que realizavam as atividades : lavar banheiros, lavar as panelas, alvorada, mística ( expressado em objetos num pano vermelho representa sentimentos), plenária( ambiente em que interagimos), relatoria, limpeza dos alojamento e debates. Meu NB foi o terceiro denominado por senso comum flor de mandacaru, fizemos ate grito de guerra : Esperança pra lutar; Esperança pra lutar; Com força e resistência sociedade transformar 3X Sertão forte, sertão ardente, sertão de luta, sertão de gente FLOR DE MANDACARU!
Mais tarde também nos dividimos em GV (grupos de vivencia) no qual fiz parte do terceiro, não colocamos nome, éramos apenas GV3. Um morador do assentamento nos deu a honra de contar um pouco sobre o seu dia a dia, como fazia pra sobreviver, o que era o movimento, a historia do movimento e sua historia. Convidamos os moradores para ficarem a vontade, se quisessem ir para olhar ou ate acrescentar, pois depois de um debate ao redor de uma fogueira íamos ter uma festinha de socialização dos viventes com os moradores. Nosso primeiro debate foi sobre as Impressões que tínhamos sobre o SUS (sistema único de saúde) com intuito não só de desabafo, mas sim de aprendizado sobre nossos direitos e deveres. Com o intuito maior de quebra dos preconceitos criados pela sociedade, tudo trabalhado em forma de debate e dinâmica. Entender o SUS e seu funcionamento não é possível sem entendemos à sociedade em que estamos inseridos, sendo a assim sociedade nosso próximo debate. O debate sobre sociedade foi de forma comparativa com o texto se os tubarões fossem homes de Bertold Brecht. Onde podemos ver claramente quem são os tubarões da nossa sociedade e fizemos uma dinâmica aprendendo a fazer um peixe de origami e colarmos em direção da boca no tubarão assim como é ensinado por eles. Podemos também debater sobre o Estado, politicas publicas e lutas sociais. Aonde vimos o dever do governo, estado e município
relacionando com a saúde e de forma bem dinâmica para não nos cansarmos. Nossa primeira visita externa foi num terreiro de candomblé, onde pode culturalmente conhece-los e ver como anda a saúde deles como eles se tratam etc... Após esse dia comecei a olha SUS não só com o olhar hospitalocêntrico e sim geral, ou seja, cultural. Por exemplo; se eu tenho um paciente que esta com um câncer no pulmão, mas ele não fuma, mesmo assim apresenta todas as características de um fumante. Antes do versus poderia não ter explicação, mas agora tem e é fácil, pessoas que fazem parte do candomblé recebem muita fumaça de fumo podendo então o considerar um fumante passivo. Isso levarei pra minha vida e para as dos profissionais que conheço, pois uma religião, uma cultura pode mudar ou determinar o quadro clinico do paciente levando ao surgimentos de algumas doenças. Espero que fique comum numa consulta perguntar a religião a que o paciente pertence. Mesmo pra mim sendo um choque muito grande de cultura, pois fui criada no evangelho, mas no fim pode entende que cada um tem a sua cultura e que nisso não pode haver superioridade, somos todos iguais. Aprendi muito e continuei aprendendo só que com um novo tema, o do dia, as Opressões que se manifestam de varias formas sendo algumas delas racismo, religiosa, machismo e LGBT fobia. A mística desse dia foi tudo de bom, podemos gritar o que nos oprimia isso emocionou muito. O preconceito a religião, o racismo é desumano e mata o coração de muita gente. Não sei, nem expressar tanta revolta os LGBTs são humanos, ignorantes os desconsideram, mas eles são iguais a nós heterossexuais e as vezes somos menos felizes que eles. Desde sempre levantei estas bandeira e hoje as coloco no céu, pois o que o mundo grita é por amor e igualdade.
No dia de Determinantes sociais da saúde fui a comunidade quilombola que foi fundada no ano de 19010, a principio a terra era de um fazendeiro, ele vendeu pra uma mulher cuja o nome não me recordo que facilitou a ida deles para la. De noventa casas apenas três tem banheiro. O saneamento básico passou por longe e ai me bateu uma duvida sobre igualdada. La não tem posto de saúde, cadê o SUS de todos? Espero que os tubarões não pensem q igualdade é todos de régios vizinha se locomover horas pra se consultar no mesmo hospital. vai ser criado o museu quilombola em breve, espera-se que com isso haja um reconhecimento governamental trazendo mais projetos de saúde pro quilombo. No fim do dia teve um debate sobre a comunidade quilombola e indígena, pois o grande grupo se dividiu em dois grupos para visitar e como fiquei no quilombo não fui a tribo.
Atenção básica promoção da saúde e educação popular,foi um dos eixos que nos apresentaram, em forma estrutural de debate, depois nos dividimos em nos GVS e fomos as visitas no NASF(núcleo de apoio a saúde da família e USF( unidade de saúde da família) que foi onde visitei. A estrutura encontrada não estava muito de acordo com a proposta pela lei 8080 mas era composta por treze profissionais e nenhum farmacêutico. Saúde mental integralidade foi o tema da visita do dia meu GV ficou na CAPS (centro de atenção psicossocial) de São José do Belmonte e os outros foram pra outras CAPS e CREAS( centro de referencia especializado em assistência social). Adorei a integralidade do local, a atenção e o cuidado que eles tem com cada paciente. Só não foi de admirar a pergunta que me angustia cade o farmacêutico?. como é que eles liberam medicamentos controlados sem o responsável por eles. Dados mostram e segundo a gerente de lá 38 mil habitantes e só tem 1 farmacêutico no município e talvez tenha um no hospital. Como é que ele pode fazer atenção farmacêutica ou aparecer para a população se o predem a tanta
papelada é impossível 1 dar conta de 38mil ele não existe ele subsiste. Por isso que minha profissão é pouco reconhecida ninguém nos vê só o papel e a caneta. Na volta ainda colocamos os pontos positivo e negativos para o grande grupo assim como eles em nos. Saúde publica x privada. Foi mais um debate e nos dividimos nos GVs para visita no hospital, CEO (centro especializado em odontologia) e cta.meu GV ficou no hospital Agamenon Magalhães, lá aparentemente tinha um senso de organização gigantesco, mas houve algumas controversas. O hospital foi apresentado pela assistente social de lá onde ela disse que tinha farmacêutico 24 h, um rendia o outro e nunca fica sem. Segundo o hospital, mas veja que coincidência logo no dia que eu fui ele não estava, tinha ocorrido algo com os dois e eles não poderão comparecer a seu plantão. Movimentos sociais, produção do assentamento. A esse dia foi maravilhoso, foi um de muita construção de conceito e caráter para muita gente, aprendi sobre os movimentos sociais e principalmente sobre o MST. Olha ai a horta linda e o amor com que eles tratam a terra.
Foi imposto num dos últimos dias uma reflexão sobre o Papel dos graduandos. Trocamos ideias em duplas, sendo essa dupla a pessoa que você pouco tinha falado, e todos os objetivos, sonhos e historias foram expressos, um pelo outro em forma de pintura. Nada acontece se a gente ficar parado. A saúde é nossa, a saúde é do povo e só lutando construímos SUS pra todos.
LEVANTE E LUTE! Visita cultural no museu do cangaço em Serra Talhada. O versus é feito não só para estagiarmos de forma hospitalocêntrica, mas sim e principalmente cultural, levo comigo conhecimentos dali que nenhum outro estagio poderá me oferecer. Conheci o SUS e seus pilares sim, eu conheci, mas fui além conheci o objetivo do SUS, conheci o povo, me alimentei com eles, eles me ofereceram oque eles tinha de melhor e não há relatório no mundo que resuma minha vivência. La tomei banho no rio, sentei na urtiga, lá eu vi a seca, lá eu vi a dor, lá eu vi o quanto o mundo precisa de amor e mesmo eles sem ser amados, sendo abandonados. O amor que eu tanto falo que o mundo precisa, eles me ofereceram e isso está aqui guardado em mim e ninguém tira. Foi em serrinha, no assentamento Virgulino Ferreira que conheci mais uma vez o significado da palavra Amor e sei que vou levar cada um
desses distribuidores de amor no meu coração. Voltar lá com todas aquelas pessoas é impossível, mas em troca vou proporcionar esse ambiente onde eu passar. Retorno foi triste, depois de tanto conhecimento adquirido e sede de mais a vontade é ficar, o que nos incentiva a ir é a vontade de passar para as outras pessoas. Quem tiver a oportunidade de ir não perca, ganhamos mais desconstruindo coisas ruins do que as construindo insensatamente devido a nossa sociedade. E QUE DEUS ABENÇÕE O SERTÃO!