ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DOS MÉIS PRODUZIDOS E COMERCIALIZADOS NO ESTADO DE SERGIPE

Documentos relacionados
Produção do mel 29/10/2010

QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DE MÉIS COMERCIALIZADOS NO MUNICÍPIO DE UBERABA

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

Alimentos, Rod. Admar Gonzaga 1346, CEP: , Itacorubi, Florianópolis, SC.

AVALIAÇÃO DO MEL COMERCIALIZADO NO SUL DO BRASIL E NO URUGUAI 1. INTRODUÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO UFERSA DISCIPLINA: INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

Caracterização físico-química de méis de Apis mellifera L. da região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

IDENTIFICAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DE MEL DE ABELHAS Apis mellifera DO SERTÃO PARAIBANO.

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUIMICAS DE MÉIS COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE SETE LAGOAS-MG

Portaria ADAB nº 207 DE 21/11/2014

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO MEL DE DIFERENTES ESPÉCIES DE ABELHAS NATIVAS CRIADAS NA CETREVI-EPAGRI-VIDEIRA

Fontes do Mel. Fontes naturais do mel. Néctar (Honeydew)(Cana de açúcar

REGULAMENTO TÉCNICO MERCOSUL IDENTIDADE E QUALIDADE DO MEL

Profª Me. Tatiane da Silva Poló

DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DE MÉIS COMERCIALIZADOS NA REGIÃO DE GUAXUPÉ - MG

QUALIDADE DE MÉIS DE APIS MELLIFERA

AVALIAÇÃO DE QUALIDADE DO MEL COMERCIALIZADO NA REGIÃO CELEIRO 1 QUALITY ASSESSMENT OF COMMERCIALIZED HONEY IN THE CELEIRO REGION

VERIFICAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE MÉIS PRODUZIDOS E COMERCIALIZADOS NO SERTÃO PARAIBANO.

Características físico-químicas de meis produzidos por espécies de meliponíneos

AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DO MEL E PREPARO DO PÓLEN COMO AGENTE DE CRISTALIZAÇÃO

ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DE SUCO DE CAJU. Iwalisson Nicolau de Araújo 1 Graduando em Licenciatura em Química pela Universidade Estadual da Paraíba.

Mel. Prof Dra Édira Castello Branco de Andrade Gonçalves.

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE AMOSTRAS DE MÉIS ORGÂNICOS DESTINADOS À EXPORTAÇÃO

AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DE MÉIS PRODUZIDOS POR Apis mellifera NO MUNICÍPIO DE BREJO MA RESUMO

Anais do 1º Seminário sobre Criação de Abelhas & 1 Economia Solidária, Estado do Rio de Janeiro 2008 UFRRJ Seropédica, RJ, Brasil

Avaliação da qualidade de méis produzidos no estado de Sergipe

PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DO MEL DE ABELHA SEM FERRÃO (Melipona subnitida) APÓS TRATAMENTO TERMICO

MEL DE ABELHAS Apis mellifera: CONDICÕES-HIGIÊNICO-SANITÁRIAS.

AVALIAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA DO MEL DE APIS MELLIFERA PRODUZIDO NA REGIÃO DE SINOP/MT

Características físico-químicas do mel comercializado na região de Uberlândia

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS SAÚDE E TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS JAM DA SILVA BARBOSA

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO MEL DE ABELHA Apis mellifera DO SERTÃO PARAIBANO

Avaliação da qualidade físico-química do mel comercializado na cidade de Crato, CE

MICROBIOLOGIA DO MEL DE ÁPIS E MELIPONAS LOCALIZADOS NA REGIÃO DE SALVADOR - BA E DE ENTRE RIOS BA

Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Mel de Abelhas sem Ferrão Gênero Melipona

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE MÉIS COMERCIALIZADOS NO MUNICÍPIO DE ARACATI-CE

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS DE PROCESSO PARA OBTENÇÃO DE MEL CO- CRISTALIZADO COM SACAROSE

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE MÉIS COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE CUIABÁ-MT

IMPLANTAÇÃO DA CASA DO MEL AOS APICULTORES DE BOTUCATU

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DO MEL COMERCIALIZADO EM SANTO AUGUSTO- RS

AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DO MEL COMERCIALIZADO NOS MUNICÍPIOS DE FRAIBURGO E VIDEIRA, SC

ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS E FÍSICO QUÍMICAS DE DIFERENTES MARCAS COMERCIAIS DE MEL

Caracterização Físico-Química de Mel proveniente da Serra Gaúcha

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE MEL PRODUZIDO EM SANTO ANTÔNIO DO TAUÁ

AVALIAÇÃO DO TEMPO DE COZIMENTO DA MASSA DE QUEIJO SOBRE A UMIDADE DE QUEIJO PRATO DURANTE A MATURAÇÃO

BARRINHA DE CEREAL COM USO DE MEL EM SUBSTITUIÇÃO DO XAROPE DE AGLUTINAÇÃO

PARÂMETROS DE QUALIDADE DA POLPA DE LARANJA

QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DO MEL PRODUZIDO NA REGIÃO NOROESTE DO RS

Análise Físico-química e Microbiológica do Mel de Abelha. Physical and chemical analysis and microbiological Bee Honey

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS DE QUALIDADE DE AMOSTRAS DE MÉIS DE Apis NOTA CIENTÍFICA

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS EM MEL EVALUATION OF PHYSICAL-CHEMICAL AND MICROBIOLOGICAL PARAMETERS IN HONEY

CONTROLE DA QUALIDADE DE AMOSTRAS DE MEL DE Apis mellifera L. (HYMENOPTERA, APIDAE), PROCEDENTES DA REGIÃO DOS CAMPOS GERAIS-PARANÁ.

ANÁLISE DO TEOR DE HIDROXIMETILFURFURAL DO MEL DE Melipona flavolineata NO DECURSO DO PROCESSO DE DESUMIDIFICAÇÃO POR AQUECIMENTO

Avaliação Microbiológica e Físico-química de Méis Comercializados no Município de Toledo, Pr

Faz Ciência, vol. 18, n. 27, jan/jun de 2016 p

ANÁLISE DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DOS MÉIS PRODUZIDOS E COMERCIALIZADOS PELO ASSENTAMENTO 13 DE MAIO (JAPARATUBA/SE) E REGIÃO

Qualidade físico-química de mel de abelha Apis mellifera de diferentes floradas

COMPARISON OF PHYSICAL AND CHEMICAL ANALYSIS OF HONEY (APIS MELLIFERA L.) WITH HONEY GLUCOSE CORN

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <

Maria Celeste da Costa Bento

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS DE PÓLEN APÍCOLA DA MICRORREGIÃO DE RIBEIRA DO POMBAL, BAHIA, BRASIL

Jornal Oficial das Comunidades Europeias. DIRECTIVA 2001/110/CE DO CONSELHO de 20 de Dezembro de 2001 relativa ao mel

1. INTRODUÇÃO. A.A.P. Almeida 1, P.C.R. Ribeiro 2, V.C.Z. Costa³, T.M.G. Almeida 4

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE MÉIS COMERCIAIS DE ABELHAS AFRICANIZADAS

Zootecnista. Pós-Graduando em Zootecnia, Universidade Federal da Paraíba, Areia (PB), 2

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE MÉIS COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE CUIABÁ-MT

VIDA DE PRATELEIRA DO MEL PRODUZIDO POR ABELHAS AFRICANIZADAS

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DO LEITE CRU E DO LEITE PASTEURIZADO COMERCIALIZADOS NO OESTE DE SANTA CATARINA

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA LUIZ DE QUEIROZ DEPARTAMENTO DE AGROINDÚSTRIAS, ALIMENTOS E NUTRIÇÃO Tecnologia de bebidas

FICHA TÉCNICA DE PRODUTO

Caracterização físico-química de méis produzidos no estado de Mato Grosso do Sul, Brasil

CANA-DE-AÇÚCAR NO BRASIL E NO MUNDO

Avaliação da qualidade de méis de abelhas Apis mellifera comercializados no município de Ouricuri-PE

Características físico-químicas e microbiológicas de méis de Apis mellifera L. provenientes de diferentes entrepostos

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO MEL DA ABELHA JATAÍ (Tetragonisca angustula)

DETERMINAÇÃO DOS TEORES DE UMIDADE E CINZAS DE PEIXE SALGADO-SECO COMERCIALIZADO NA ZONA OESTE DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO RJ

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E MICROSCÓPICA DE MÉIS COMERCIALIZADOS EM FEIRAS-LIVRES DA CIDADE DE CUIABÁ-MT

MÉTODOS QUANTITATIVOS E QUALITATIVOS DE DETERMINAÇÃO DE 5-HIDROXIMETILFURFURAL EM DIFERENTES TIPOS DE MEL

Cuidados a serem tomados para que produtos apícolas tenham qualidade

Estabilidade físico-química e sensorial de méis desumidificado de Tetragonisca angustula

ANÁLISE E COMPARAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DE DIFERENTES MARCAS DE CAFÉS COMERCIALIZADOS NA REGIÃO DE MUZAMBINHO/MG RESUMO

ANÁLISE DAS PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DE AMOSTRAS DE MEL COMERCIALIZADO EM FEIRAS LIVRES DO MUNICÍPIO DE ASSIS CHATEAUBRIAND, PR.

DETERMINAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DE MÉIS PRODUZIDOS EM PEQUENAS COMUNIDADES RURAIS DO INTERIOR DA PARAÍBA.

EFFECT OF HEAT TREATMENT ON PHYSICAL AND CHEMICAL PARAMETERS OF HONEY BEE AFRICANIZED

PRODUTIVIDADE DAS COLMEIAS DE

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL

ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DE MÉIS DE ABELHAS AFRICANIZADAS PRODUZIDOS E COMERCIALIZADOS NO ESTADO DE MATO GROSSO

O posicionamento do conjunto dos órgãos próprios dos Ministérios da Educação e do Trabalho e Emprego explicita que:

CONSERVAÇÃO DA POLPA DO FRUTO DO IMBUZEIRO (Spondias tuberosa Arruda) EM TEMPERATURA AMBIENTE

INFORMATIVO PRODUÇÃO ANIMAL. N o

ESDRAS SILVESTRE DE OLIVEIRA QUALIDADE DE MÉIS DE APIS MELLIFERA PRODUZIDOS NO SERTÃO PARAIBANO

ALTERNATIVA PARA CONSERVAÇÃO DA POLPA DO FRUTO DO IMBUZEIRO (Spondias tuberosa Arruda)

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE NÉCTARES

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO MEL PRODUZIDO POR DIFERENTES ESPÉCIES DE ABELHAS NATIVAS CRIADAS NA CETREVI-EPAGRI VIDEIRA

Inspeção de mel. Histórico. Produção de mel no Brasil. Produção de mel no Brasil e no mundo 27/05/2013. Jean Berg Alves da Silva

ACTA APICOLA BRASILICA

Aumento da vida de prateleira de goiaba utilizando tratamento com radiação ionizante

Análise físico-química de mel com própolis comercializados no município de Caxias, Maranhão, Brasil

Caracterização físico-química de méis de abelhas africanizadas (ApismelliferaL.) comercializado no município de Russas-CE, Brasil

CARACTERIZAÇÃO FISICO-QUÍMICA DOS MÉIS NO BRASIL

Transcrição:

ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DOS MÉIS PRODUZIDOS E COMERCIALIZADOS NO ESTADO DE SERGIPE A.M. de Gois 1, R.M. Andrade 2, A.R. Gama 3, R.C.M. Cavalcante 4, L.P. Lobato 5 1- Departamento de Farmácia de Lagarto (DFAL) Universidade Federal de Sergipe (Campus Prof. Antônio Garcia Filho) CEP: 49400-000 Lagarto SE Brasil e-mail: (andersongoois@hotmail.com). 2 - Departamento de Farmácia de Lagarto (DFAL) Universidade Federal de Sergipe (Campus Prof. Antônio Garcia Filho) CEP: 49400-000 Lagarto SE Brasil e-mail: (rooh andrade@hotmail.com.com). 3- Departamento de Farmácia de Lagarto (DFAL) Universidade Federal de Sergipe (Campus Prof. Antônio Garcia Filho) CEP: 49400-000 Lagarto SE Brasil e-mail: (alecio_gama@hotmail.com). 4 - Departamento de Farmácia de Lagarto (DFAL) Universidade Federal de Sergipe (Campus Prof. Antônio Garcia Filho) CEP: 49400-000 Lagarto SE Brasil e-mail: (rafaelciro@gmail.com). 5 - Departamento de Farmácia de Lagarto (DFAL) Universidade Federal de Sergipe (Campus Prof. Antônio Garcia Filho) CEP: 49400-000 Lagarto SE Brasil e-mail: (lucianalobato.11@gmail.com). RESUMO O Mel é um produto natural de fornecimento limitado e, frequentemente, de alto preço, mas, ao mesmo tempo, bastante apreciado por seu sabor característico e seu considerável valor nutritivo. O objetivo desse trabalho foi analisar os méis do estado de Sergipe por meio de análises físico-químicas. Foram realizadas as análises de açúcares redutores, acidez, hidroximetilfurfural e umidade, segundo metodologias preconizadas pelo Instituto Adolfo Lutz. A maioria dos méis comercializados em Sergipe não se apresenta dentro dos parâmetros da legislação vigente, principalmente com relação ao teor de hidroximetilfurfural e acidez. No entanto, os valores de umidade e açúcares redutores apresentaram-se dentro dos padrões exigidos. ABSTRACT Honey is a natural product of limited supply and often high price, but at the same time quite appreciated for its characteristic taste and its considerable nutritional value. The aim of this study was to analyze the honeys of the state of Sergipe through physicochemical analysis. Analyses were performed reducing sugars, acidity, hydroxymethylfurfural and humidity, according to Adolfo Lutz Institute methodologies. Most honeys sold in Sergipe are not presented within the parameters of existing legislation, especially regarding the hydroxymethylfurfural content and acidity. However, humidity values and reducing sugars were all within the required standards. PALAVRAS-CHAVE: Mel, hidroximetilfurfural, legislação. KEYWORDS: Honey, hydroxymethylfurfural, legislation. 1. INTRODUÇÃO Entre os alimentos de origem animal há carnes, queijos, ovos, leite, gorduras e mel. Este último é um dos produtos em destaque produzido pelas abelhas, por ser considerado um alimento natural. Além

disso, segundo Abadio Finco et al. (2010), o mel também tem sido considerado e avaliado por suas propriedades terapêuticas e por ser usado como suplemento alimentar. Entende-se por mel, o produto alimentício produzido pelas abelhas melíferas, a partir do néctar das flores ou das secreções procedentes de partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas que ficam sobre partes vivas de plantas, que as abelhas recolhem, transformam, combinam com substâncias específicas próprias, armazenam e deixam madurar nos favos da colmeia (Brasil, 2000). De acordo com Sedetec (2008) apud Silva et al. (2012), a apicultura é uma atividade econômica que se encontra em fase de crescimento no estado de Sergipe, realizada principalmente no Alto Sertão, Médio Sertão, Centro Sul, Grande Aracaju, Baixo São Francisco e Leste Sergipano. Sendo o mel um produto natural de fornecimento limitado e, frequentemente, de alto preço (Pinto e Lima, 2010), mas, ao mesmo tempo, bastante apreciado por seu sabor característico e seu considerável valor nutritivo (Ferreira et al., 2014), este produto vem sendo alvo de adulterações que fazem com que a qualidade do produto seja motivo para desconfiança dos consumidores (Pinto e Lima, 2010). No Brasil há uma legislação específica para o mel que estabelece parâmetros de qualidade para o produto, com indicação das análises e métodos a serem empregados (Brasil, 2000), que são: análises organolépticas, determinação de umidade, acidez, atividade diastásica, açúcares redutores, sacarose aparente, hidroximetilfurfural, minerais e sólidos insolúveis em água. A partir disso, o objetivo deste estudo é iniciar a caracterizar os méis do estado de Sergipe por meio de algumas análises físicoquímicas, segundo a Instrução Normativa Nº 11/2000 do Ministério da Agricultura e do abastecimento. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Méis Os méis foram coletados nos municípios produtores de Sergipe, em porções de 500 ml e 1 L. Foram levantados os dados de floração e data de coleta, para eventuais correlações com os resultados ao final do estudo. Os méis permaneceram armazenados ao abrigo da luz e do sol, para que não houvesse qualquer tipo de alteração nas amostras. Figura 1. Mapa do estado de Sergipe indicando os municípios sergipanos onde os méis foram coletados. 1-Nossa Senhora da Glória 2-Carira 3-Frei Paulo 4-Ribeirópolis 5-Itabaiana 6-Simão Dias 7- Lagarto-Olhos d água 8- Lagarto-Colônia 13 9-Aracaju 10-Arauá

Fonte: Adaptado a partir de SEDETEC-SE, 2008. Desenho e Org: SILVA, E. G. 2.2 Métodos Foram realizadas as análises de açúcares redutores (método de Fehling 176/IV), acidez (por titulação 174/IV e expresso em meq de acidez/kg da amostra), hidroximetilfurfural (método espectrofotométrico 175/IV) e umidade (método refratométrico 173/IV) segundo as metodologias propostas pelo Instituto Adolfo Lutz, sendo executados em triplicata e expressas em média ± desvio padrão. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados das análises físico-químicas foram comparados aos valores sugeridos pela Instrução Normativa Nº 11/2000 do Ministério da Agricultura e do abastecimento. Tabela 1. Umidade (%) de méis produzidos e comercializados em municípios do Estado de Sergipe. Cidade Umidade (%)* Conformidade 1 Segundo Legislação 1 Máximo 20 Carira 17,533 ± 0,231 C Nossa Senhora da Glória 16,200 ± 0,200 C Aracaju 17,600 ± 0,000 C Arauá 18,400 ± 0,000 C Itabaiana 16,866 ± 0,231 C Lagarto- Olhos d água 18,066 ± 0,231 C Ribeirópolis 17,933 ± 0,462 C Frei Paulo 15,533 ± 0,503 C Simão Dias 18,600 ± 0,200 C Lagarto-Colônia 13 18,000 ± 0,000 C 1 -Segundo a Instrução normativa Nº 11/2000. *média ± desvio padrão. C = conforme; NC = não conforme. As amostras analisadas apresentaram porcentagens de umidade que variaram entre 15,53% e 18,6%. Quando comparados aos valores estabelecidos pela legislação foi observado que todas as amostras estão dentro do limite preconizado que é de no máximo 20% de umidade (Brasil, 2000). A umidade é um dos componentes mais abundantes na composição do mel e de extrema importância (Silva, 2013), pois pode influenciar na viscosidade, peso especifico, na maturidade, na cristalização, no sabor e na conservação do mel (Terrab, 2003 apud Aguiar et al., 2011). Em comparação ao estudo realizado por Santos e Oliveira (2013) foi observado que a umidade encontrada também estava dentro dos parâmetros estabelecidos pela legislação, apontando assim um adequado grau de maturidade do mel, ou seja, que a colheita desse produto apícola foi realizada no momento adequado, quando os favos estavam operculados. Tabela 2. Hidroximetilfurfural (mg/kg) de méis produzidos e comercializados em municípios do Estado de Sergipe.

Cidade HMF (mg/kg)* Conformidade 1 Segundo Legislação 1 Máximo 60 Carira 120,260 ± 0,693 NC Nossa Senhora da Glória 69,060 ± 0,624 NC Aracaju 91,617 ± 4,469 NC Arauá 63,370 ± 0,755 NC Itabaiana 49,270 ± 0,708 C Lagarto-Olhos d água 77,267 ± 0,764 NC Ribeirópolis 117,833 ± 4,738 NC Frei Paulo 74,253 ± 2,949 NC Simão Dias 1236,720 ± 71,068 NC Lagarto-Colônia 13 90,517 ± 6,894 NC 1 Segundo a Instrução normativa Nº 11/2000. HMF hidroximetilfurfural. *média ± desvio padrão. C = conforme; NC = não conforme. Com relação aos teores de hidroximetilfurfural (HMF) os valores obtidos variaram entre 49,270 e 1236,720 mg/kg de mel. Quando comparados com a legislação vigente observa-se que apenas a amostra do município de Itabaiana (SE) se encontra dentro do limite estabelecido que é de no máximo 60mg/Kg de hidroximetilfurfural no mel (Brasil, 2000). O HMF é utilizado como indicador de qualidade, uma vez que tem origem na degradação de enzimas presentes nos méis e apenas uma pequena quantidade de enzima é encontrada em méis maduros. Teoricamente, méis com maior taxa de frutose darão origem a maiores taxas de HMF, ao longo de processos de armazenagem. Pequenas quantidades de HMF são encontradas em méis recém-colhidos, mas valores mais significativos podem indicar alterações importantes provocadas por armazenamento prolongado em temperatura ambiente alta, superaquecimento (Vilhena & Almeida Muradian, 1999 apud Mendes et al., 2009) ou adulteração com açúcar invertido (Marchini et al., 2004). A quantidade de HMF presente no mel deve ser avaliada com cautela, pois há um risco toxicológico envolvido na sua ingestão em quantidades elevadas e porque tal parâmetro é um dos mais relevantes em termos de qualidade melífera (Lirio, 2010). Tabela 3. Açúcares redutores (%) de méis produzidos e comercializados em municípios do Estado de Sergipe. Cidade Açúcares redutores (%)* Conformidade 1 Segundo Legislação 1 Mínimo 65 Carira 75,513 ± 1,670 C Nossa Senhora da Glória 76,830 ± 1,452 C Aracaju 80,473 ± 1,318 C Arauá 75,513 ± 0,981 C Itabaiana 72,283 ± 0,520 C Lagarto-Olhos d água 75,690 ± 1,702 C Ribeirópolis 82,630 ± 0,381 C Frei Paulo 71,617 ± 1,549 C Simão Dias 73,333 ± 1,400 C Lagarto-Colônia 13 73,333 ± 1,400 C 1 Segundo a Instrução normativa Nº 11/2000. *média ± desvio padrão. C = conforme.

Em relação aos açúcares redutores os valores obtidos apresentaram porcentagens que variaram entre 72,283% e 82,630%. Quando comparados aos valores estabelecidos pela legislação, foi observado que todas as amostras estão dentro do limite preconizado que é de no mínimo 65% de açúcares redutores (Brasil, 2000). Os açúcares juntamente com a água são os principais constituintes do mel, onde os monossacarídeos glicose e frutose representam 80% e os dissacarídeos sacarose e maltose apenas 10% da quantidade total (White, 1975 apud Mendes et al., 2009). Elevadas concentrações de diferentes tipos de açúcar são responsáveis pelas diversas propriedades físicas e químicas do mel, tais como: viscosidade, densidade, higroscopicidade, cristalização (Abadio Finco et al., 2010). Segundo Pereira (2010), os açúcares redutores são influenciados pela umidade, pois o mel é constituído basicamente de açúcares e água. Com isso quando o teor de água estiver elevado, o teor de açúcares tende a ser reduzido. Tabela 4. Acidez (meq de acidez/kg de amostra) de méis produzidos e comercializados em municípios do Estado de Sergipe. Cidade Acidez (meq/kg)* Conformidade 1 Segundo Legislação 1 Máximo 50 Carira 59,583 ± 1,876 NC Nossa Senhora da Glória 49,500 ± 0,500 C Aracaju 65,500 ± 2,646 NC Arauá 56,667 ± 0,289 NC Itabaiana 47,083 ± 1,421 C Lagarto-Olhos d água 62,917 ± 0,382 NC Ribeirópolis 40,083 ± 2,876 C Frei Paulo 36,667 ± 0,520 C Simão Dias 66,833 ± 2,255 NC Lagarto-Colônia 13 71,583 ± 1,421 NC 1 Segundo a Instrução normativa Nº 11/2000. *média ± desvio padrão. C = conforme; NC = não conforme. A acidez das amostras apresentou valores entre 36,667 e 71,583 meq/kg. No entanto, apenas as amostras dos municípios sergipanos de Nossa Senhora da Glória, Itabaiana, Ribeirópolis e Frei Paulo encontraram-se dentro do limite estabelecido pela legislação vigente, que é de no máximo 50 meq/kg de acidez (Brasil, 2000). A acidez deve-se à variação dos ácidos orgânicos causada pelas diferentes fontes de néctar, ação da enzima glicose-oxidase que origina o ácido glicônico, ação das bactérias durante a maturação e aos minerais presentes na sua composição (Alves, 2008). É um parâmetro que auxilia na avaliação do nível de deterioração do mel, além disso contribui para minimizar o crescimento bacteriano no produto e realçar o seu sabor. Em níveis normais é devida principalmente ao ácido glicônico, que é produzido durante a maturação do mel e tende a reduzir com o amadurecimento e participação na conversão da sacarose em açúcar invertido. Valores baixos significam que o mel foi colhido na maturidade certa e/ou não apresenta fermentação por contaminação microbiana (Crane, 1983; Andrade, 2006 apud Schlabitz, 2010). 4. CONCLUSÃO De acordo com as análises realizadas, a maioria dos méis comercializados em Sergipe não se apresentam dentro dos parâmetros da legislação vigente, principalmente com relação ao teor de hidroximetilfurfural e acidez. No entanto os valores de umidade e açúcares redutores apresentaram-se todos dentro dos padrões exigidos. Pode-se concluir que as análises físico-químicas de méis são bastante

importantes para se ter a certeza da qualidade do produto comprado. Outras análises físico-químicas e microbiológicas serão realizadas nestas amostras e serão submetidos a testes de correlação com data de coleta, floração e propriedades organolépticas. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Abadio Finco, F. D. B.; Moura, L. L.; Silva, I.G. Propriedades físicas e químicas do mel de Apis melífera L. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, jul/set 2010. p. 706-712. Aguiar, N. N. Costa F. N. Costa M. C. P. Avaliação dos parâmetros físico-químicos de méis produzidos por Apis melífera no município de Brejo-MA. Pesquisa em foco, Maranhão, 2011, v.1, n.1, p. 1-12. Alves, E. M. Identificação da flora e caracterização do mel orgânico de abelhas africanizadas das ilhas floresta e laranjeira do alto Rio Paraná. 2008. 77 f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) -Universidade Estadual do Maringá, Maringá. Brasil. Instrução normativa Nº 11, DE 20 DE OUTUBRO DE 2000. Ministério da agricultura, pecuária e abastecimento aprova o Regulamento técnico de identidade e qualidade do mel. Diário oficial da união, p.23, 2000. Ferreira, A. C.; Neves, R. C. F.; Martins, O. A. Métodos quantitativos e qualitativos de determinação de 5-hidroximetilfurfural em diferentes tipos de mel. Revista eletrônica de educação e ciência. São Paulo, 2014, v. 4, n.3, p.19-23. Instituto Adolfo Lutz-IAL. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 4 ed. São Paulo, 2005. Lirio, F. C. Caracterização Físico-Química, Microbiológica E Sensorial De Méis Florais Irradiados. 2010. 156 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) -Universidade Federal Do Rio De Janeiro. Marchini, L. C.; Sódre, G. S.; Moreti, A. C. C. C. et al. Composição Físico Química De Amostras De Méis De ApisMelliferaL. Do Estado De Tocantins, Brasil. B. Indústr.anim. v.61, n.2, p.101-114, 2004. Mendes, C. G.; Silva, J. B. A.; Mesquita, L. X. et al. As análises de mel: Revisão. Revista Caatinga, Mossoró, v. 22, n. 2, p. 7-14, 2009. Pinto, C. C. O. A.; Lima, L. R. P. Análises físico-químicas de méis consumidos no vale do aço/mg. Farmácia & ciência. Minas Gerais, ago/dez 2010, v.1, p. 27-40. Santos, D. C.; Oliveira, E. N. A. Características físico-químicas e microbiológicas de méis de Apis melliferal. provenientes de diferentes entrepostos. Comunicata Scientiae, p. 67-74, 2013. Schlabitz, C.; Silva, S. A. F.; Souza, C. F. V. Avaliação de parâmetros físico-químicos e microbiológicos em mel. Revista Brasileira de Tecnologia Agroindustrial. v. 04, n. 01,p. 80-90, 2010. Silva, C. V. Características físico-químicas de mel de Capixingui e silvestre da região de Ortigueira- PR.2013. 34 f. Trabalho de conclusão de curso-universidade Tecnologia Federal do Paraná, Londrina. Silva, E. G.; Silva, M. S. F.; Souza, R. M. Apicultura no estado de Sergipe: Uma análise do potencial fitogeográfico. Revista Entre-Lugar. n.5, p. 73-85, 2012. Valsechi, O. A. Tecnologia de produtos agrícolas de origem animal. Noções Básicas. São Paulo: Araras, 2001. 31 p.