MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE RISCO DE INUNDAÇÃO NO MUNICÍPIO DE JOÃO MONLEVADE - MG, COM A UTILIZAÇÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS

Documentos relacionados
MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE RISCO À INUNDAÇÃO NA CIDADE DE GUARAPUAVA-PR

EIXO TEMÁTICO: TÉCNICA E MÉTODOS DE CARTOGRAFIA, GEOPROCESSAMENTO E SENSORIAMENTO REMOTO, APLICADAS AO PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAIS

IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS SUSCEPTÍVEIS A EVENTOS DE ALAGAMENTO NO MUNICÍPIO DE NITERÓI RJ

ANÁLISE MORFOMÉTRICA DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO ESPINHARAS-PB

Elias Ribeiro de Arruda Junior [1] ; Eymar Silva Sampaio Lopes [2] ; UFF Universidade Federal Fluminense -

CARACTERIZAÇÃO DA FRAGILIDADE AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA GI8, PE

Diretrizes para mapeamento de inundações no Estado do Rio de Janeiro PATRICIA R.M.NAPOLEÃO CARLOS EDUARDO G. FERRIERA

MAPEAMENTO DE SUSCEPTIBILIDADE À EROSÃO EM ZONA DE AMORTECIMENTO DE ÁREAS PROTEGIDAS BRASILEIRAS, ULTILIZANDO TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO

Fragilidade Ambiental Método: Processo Hierárquico Analítico (AHP)

¹ Universidade Federal de Campina Grande

Anais 5º Simpósio de Gestão Ambiental e Biodiversidade (21 a 23 de junho 2016) Sessão Técnica: GEOPROCESSAMENTO

DELIMITAÇÃO DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS COM BASE EM MODELO DIGITAL DE ELEVAÇÃO

DETERMINAÇÃO DA FRAGILIDADE POTENCIAL A EROSÃO LAMINAR NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO AREIAS

Figura 10- Mapa da Planície de Inundação para a cota de 15 m, nas proximidades da cidade de Propriá.

SÍNTESE. AUTORES: MSc. Clibson Alves dos Santos, Dr. Frederico Garcia Sobreira, Shirlei de Paula Silva.

Debora Cristina Cantador Scalioni Jessica Villela Sampaio

Fragilidade Ambiental Método auxílio multicritério à tomada de decisão

Mapeamento de Risco de Incêndios na Bacia Hidrográfica do Ribeirão Rio João Leito-GO

INFLUÊNCIA DA DEFICIÊNCIA HÍDRICA ANUAL NO ZONEAMENTO CLIMÁTICO DE QUATRO CULTURAS NA BACIA DO RIO ITAPEMIRIM, ES. RESUMO

Uso de SIG para confecção de um mapa de uso e ocupação do solo do município de Bambuí-MG

O PROCESSO ANALÍTICO HIERÁRQUICO E SEU USO NA MODELAGEM DO ESPAÇO GEOGRÁFICO

CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO SÃO PEDRO, JEQUITINHONHA/MG Aline J. Freire 1, Cristiano Christofaro 2

CAPÍTULO 7 METODOLOGIAS DISTINTAS PARA MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE RISCO DE INUNDAÇÃO EM GUAÇUÍ, ES, UTILIZANDO SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS

Disciplina: Introdução ao Geoprocessamento Docentes Resposáveis: Dr. Antônio Miguel Vieira Monteiro Dr. Claudio Barbosa

ÁREAS DE RISCO AO USO/OCUPAÇÃO DO SOLO NA SUB-BACIA DO CÓRREGO DO SEMINÁRIO, MUNICÍPIO DE MARIANA MG. COSTA, R. F. 1 PAULO J. R. 2

UTILIZAÇÃO DO SIG NO CONTOLE DE EROSÃO EM ÁREAS SUCPTÍVEIS A INSTABILIDADE DE ENCOSTAS: BARRAGEM SERRO AZUL PALMARES (PE)

CAPÍTULO 3 CARACTERIZAÇÃO DA GEOMORFOLOGIA DA VITICULTURA NA REGIÃO DA DENOMINAÇÃO DE ORIGEM VALE DOS VINHEDOS

MODELO DIGITAL DE TERRENO II

SELEÇÃO DE MUNICÍPIOS CRÍTICOS A DESLIZAMENTOS

MAPEAMENTO DE SUSCEPTIBILIDADE À EROSÃO EM ZONA DE AMORTECIMENTO DE ÁREAS PROTEGIDAS BRASILEIRAS, ULTILIZANDO TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO

1 INTRODUÇÃO. PALAVRAS-CHAVE: Erosão, Carta de Suscetibilidade, Geoprocessamento, SIG.

SAAPS. Sistema de apoio à avaliacão ambiental preliminar de sítios

USO DE SIG PARA DETERMINAÇÃO DE ÁREAS POTENCIAIS PARA MECANIZADA DA CULTURA DE CAFÉ ARÁBICA NA REGIÃO DE NOVA PONTE-MG 1

SIMULAÇÃO DE PERDA DE SEDIMENTOS ATRAVÉS DO MODELO SWAT: UMA APLICAÇÃO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARAIBUNA MG-RJ ENTRE OS ANOS DE 2001 E 2011

VIII-Castro-Brasil-1 COMPARAÇÃO ENTRE O TEMPO DE RETORNO DA PRECIPITAÇÃO MÁXIMA E O TEMPO DE RETORNO DA VAZÃO GERADA PELO EVENTO

UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE MORFOMÉTRICA COMO INSTRUMENTO PARA AVALIAR A VULNERABILIDADE AMBIENTAL EM SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS NO MUNICÍPIO DE RIO POMBA/MG

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE PREDIÇÃO DE INUNDAÇÕES PARA AS BACIAS PILOTO DOS RIOS PIABANHA E PAQUEQUER, RJ (Código 11126)

11 a 14 de dezembro de 2012 Campus de Palmas

Denis Spoladore Ferreira 1, Carlos Alexandre Damasceno Ribeiro 1, Alexandre Cândido Xavier 1, Roberto Avelino Cecílio 1.

Chuvas Intensas e Cidades

MAPEAMENTO DIGITAL E PERCEPÇÃO DOS MORADORES AO RISCO DE ENCHENTE NA BACIA DO CÓRREGO DO LENHEIRO SÃO JOÃO DEL-REI - MG

Departamento de Engenharia Civil Disciplina : Hidrologia (HIA0001) Prof. Dr. Doalcey Antunes Ramos

ANÁLISE DA FRAGILIDADE AMBIENTAL NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO PORECATU NO MUNICÍPIO DE MANDAGUAÇU-PR

USO DE SENSORES REMOTOS COM DIFERENTES

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DA HIDROGRAFIA

CAPÍTULO III CARACTERIZAÇÃO DA VITICULTURA POR MEIO DA GEOMORFOLOGIA NA REGIÃO DE REFERÊNCIA DA IG MONTE BELO

V SIGA Ciência (Simpósio Científico de Gestão Ambiental) V Realizado dias 20 e 21 de agosto de 2016 na ESALQ-USP, Piracicaba-SP.

UNIDADES ECODINÂMICAS DA PAISAGEM DO MUNICÍPIO DE JEREMOABO- BA.

Anais 5º Simpósio de Gestão Ambiental e Biodiversidade (21 a 23 de junho 2016) RISCOS A INUNDAÇÃO NA CIDADE DE JOÃO PESSOA-PB

ANÁLISE DAS ÁREAS DE RISCO A ENCHENTES E INUNDAÇÕES EM ALFENAS-MG.

DIAGNÓSTICO FÍSICO-CONSERVACIONISTA DA MICROBACIA DO CÓRREGO BOA VISTA, UBERLÂNDIA-MG.

Caracterização da fitofisionomia e de solos na Sub-bacia hidrográfica do Alto Médio Gurguéia por Sistemas de Informações Geográficas SIG

Disciplina: Cartografia. Profa. Ligia Flávia Antunes Batista

Análise Multicritério e Modelagem de Dados Ambientais. Web Treinamento do Instituto GEOeduc Autor: Arthur Paiva

Anais 5º Simpósio de Gestão Ambiental e Biodiversidade (21 a 23 de junho 2016)

ZONEAMENTO EDAFOCLIMÁTICO PARA A CULTURA DO EUCALIPTO (Eucalyptus spp) NO ESTADO DO TOCANTINS

Utilização da tecnologia SIG e imagem SRTM no mapeamento das terras para mecanização agrícola no Estado da Paraíba

QUANTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS DE DESMATAMENTO NO ESTADO DO TOCANTINSS DURANTE O PERÍODO DE 1995 A 2000

MAPEAMENTO DA INSTABILIDADE GEOMORFOLÓGICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PEQUENO/PR

CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JACARECICA/SE

Universidade Federal de Pelotas Centro de Engenharias. Disciplina de Drenagem Urbana. Professora: Andréa Souza Castro.

ANÁLISE MORFOMÉTRICA DE UMA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAPEROÁ/PB

COMPARAÇÃO DE MODELOS DIGITAIS DE ELEVAÇÃO PARA A ILHA DE SÃO SEBASTIÃO - SP Nº 11503

CAPÍTULO 3 CARACTERIZAÇÃO DA GEOMORFOLOGIA DA VITICULTURA NA ÁREA GEOGRÁFICA DELIMITADA DA INDICAÇÃO DE PROCEDÊNCIA PINTO BANDEIRA

ESTUDO DA DISPONIBILIDADE HÍDRICA NA BACIA DO RIO PARACATU COM O SOFTWARE SIAPHI 1.0

Territorial planning in River Uberaba s Watershed, MG, Brazil

Conjunto de técnicas (ou tecnologias) ligadas à informação espacial, que engloba a coleta, tratamento e análise de dados.

DETERMINAÇÃO DO RISCO DE INCÊNDIOS NO MUNICÍPIO DE VIÇOSA-MG, UTILIZANDO SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA E ÍNDICE CLIMÁTICO.

ANÁLISE GEOESPACIAL DAS DINÂMICAS AMBIENTAIS DA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DO RIO MONTEIRO-PB

CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA DE UMA BACIA AFLUENTE AO RIO COMANDAÍ 1 PHYSIOGRAPHIC CHARACTERIZATION OF AN AFFLUENT BASIN COMANDAÍ RIVER

USO DE GEOTECNOLOGIAS PARA MAPEAMENTO DE ÁREAS DE RISCO DE INUNDAÇÃO EM GUAÇUÍ, ES: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE DOIS MÉTODOS

ANÁLISE DOS DESASTRES NATURAIS OCORRIDOS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO IJUÍ NO PERÍODO DE 2003 A

SIG para levantamento de riscos e atendimento a desastres naturais no Vale do Ribeira e Litoral Sul de SP, Brasil

Eixo Temático ET Recursos Hídricos CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DA MICROBACIA DO RIACHO DAS COBRAS, SANTO ANDRÉ-PB E GURJÃO-PB

Modelo potencial de ocupação e uso do solo para implantação de florestas plantadas de Eucaliptus sp. na região do Vale do Paraíba/SP

Ciclo diurno das chuvas intensas na Região Metropolitana de Belo Horizonte entre 2007 e 2010.

Validação da função mancha de inundação do SPRING. Ana Paula Moni Silva 1 Alexandre Augusto Barbosa 2

11º ENTEC Encontro de Tecnologia: 16 de outubro a 30 de novembro de 2017

MANANCIAL ABASTECEDOR DE CARAGUATATUBA E SÃO

SISEMA. Sistema Estadual de Meio Ambiente. POLÍCIA MILITAR D E M I N A S G E R A I S Nossa profissão, sua vida.

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SENSORIAMENTO REMOTO DIVISÃO DE PROCESSAMENTO DE IMAGENS

AVALIAÇÃO HIDROLÓGICA E AMBIENTAL DE BACIAS HIDROGRÁFICAS: O CASO DO SUDESTE E SUL DO BRASIL

Caracterização morfométrica da unidade de planejamento do Poxim SE

GEOPROCESSAMENTO APLICADO NO MAPEAMENTO DE ÁREAS COM RISCO DE INUNDAÇÃO EM POMBAL, PARAÍBA

IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS VULNERAVEIS A EROSÃO LAMINAR NA BACIA DO RIO VERMELHO

Mapas de Suscetibilidade a Inundação para o Município de Iguape - SP

DESENVOLVIMENTO DA COLETÂNEA DE MAPAS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO NEGRO-RS

II Semana de Geografia UNESP / Ourinhos 29 de Maio a 02 de Junho de 2006

INFLUÊNCIA DO DESMATAMENTO NA DISPONIBIDADE HÍDRICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO DO GALO, ES, DOMINGOS MARTINS

MAPEAMENTO DE ÁREAS SUSCETÍVEIS À EROSÃO NO MUNICÍPIO DE UBÁ-MG RESUMO

ÁGUAS PLUVIAIS E DRENAGEM URBANA INFLUÊNCIA DE RESERVATÓRIOS DE DETENÇÃO NO CONTROLE DE VAZÃO 1

DIAGNÓSTICO FÍSICO-CONSERVACIONISTA DA MICROBACIA DOS CÓRREGOS PINDAÍBA, MARIMBONDO E TENDA, UBERLÂNDIA-MG

ANÁLISE DE SÉRIE HISTÓRICA DE PRECIPITAÇÃO. ESTUDO DE CASO: PRINCESA ISABEL PB

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO BRANDINA, CAMPINAS SP

Célia Maria PAIVA 1, Gilberto C. SEDIYAMA 2 RESUMO

AVALIAÇÃO DAS ALTERAÇÕES DO REGIME HIDROLÓGICO DO RIO CATU FRENTE À MUDANÇAS NO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

Incompatibilidade legal de uso e ocupação do solo em Caçapava do Sul RS (2012) 1 RESUMO

MAPEAMENTO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NA MICROBACIA DO CÓRREGO DO KARAMACY - ITAPEVA/SP.

Transcrição:

Belo Horizonte/MG 24 a 27/11/2014 MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE RISCO DE INUNDAÇÃO NO MUNICÍPIO DE JOÃO MONLEVADE - MG, COM A UTILIZAÇÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS Felipe Carvalho Santana (*), Willian Gonçalves Ribeiro, Gleicia Miranda Paulino, Marcos Antônio Gomes * Universidade Federal de Viçosa (UFV) - fcarvalhosantana@yahoo.com.br RESUMO As principais condições para a ocorrência de enchentes e inundações em áreas urbanas são declividade, chuva de grande intensidade, falta de cobertura vegetal e baixa capacidade de drenagem dos solos. A ocupação urbana em áreas de morro e próximas a cursos d água, as pavimentações e obras hidráulicas mal planejadas potencializam tais ocorrências. O município de João Monlevade/MG se desenvolveu ocupando áreas próximas a córregos e em morros, estabelecendo alguns bairros centrais localizados em vales encaixados. Esse trabalho visa caracterizar áreas com maiores riscos de inundação da cidade, utilizando mapas de declividade, uso e ocupação do solo, tipo de solo e altimetria. No mapa de uso e ocupação do solo foram calculadas as áreas impermeabilizadas, que juntamente com a modelagem digital de elevação (MDE) e os dados de precipitação anual, foi possível a realização de uma modelagem hidrologicamente consistente. O software ArcGis 10.1 foi utilizado para o processamento da análise de multicritério, onde foi realizado o cruzamento das informações e ponderou-se cada item pelo grau de influência no processo de inundação, gerando como resultado um mapa-síntese da situação, demonstrando as áreas de baixa, média e alta susceptibilidade à inundação. Sugere-se que estas informações sejam consideradas pelo poder público nos projetos de gestão e planejamento urbano que visem o controle de inundações e de alerta às populações situadas em locais de riscos. PALAVRAS-CHAVE: Áreas de risco, SIG, geoprocessamento, análise de multicritério. INTRODUÇÃO Vivemos em uma sociedade onde as catástrofes fazem parte dos noticiários. Como por exemplo, os que ocorreram em 2010 na a região serrana do Rio de Janeiro, que sofreu com as inundações e deslizamentos de terra, fazendo diversas vítimas. Isso ocorreu devido ao grande volume de água precipitado e a forma de relevo da região (Revista Veja, 2010). Os motivos para a ocorrência desses desastres estão associados ao crescimento desordenado do município, a forma da bacia hidrográfica, as linhas de drenagem, aos grandes volumes de precipitações em um curto espaço de tempo. Tucci et al.(1995) justificam esses desastres ligados também a característica que o ser humano possui desde os primórdios, que é o de se instalar próximo à cursos d água, ocupando zonas de extrapolação natural. As enchentes ocorrem quando a precipitação é intensa e a quantidade de água que chega simultaneamente ao rio é superior à sua capacidade de drenagem, resultando em inundações das áreas ribeirinhas (Tucci, 2004). Devido a esses motivos é necessário o acompanhamento das cidades em relação a esses eventos (deslizamentos e inundações). Dentro deste contexto, ferramentas de grande poder de avaliação foram criadas, como o SIG (Sistema de Informação Geográfica) que utilizam técnicas como a Heurística, que estão presente no Arcgis na ferramenta específica de análise espacial (SpatialAnalyst Tools), possibilitando a elaboração de mapeamento do risco de inundação. Segundo Tucci (2005), a gestão e o combate ao risco à inundação acontecem através da utilização de medidas de controle da inundação que visam tornar mínimo o risco das populações que estão expostas, diminuindo os prejuízos causados. De acordo com Veyret (2007), assinalar o risco em um mapa equivale a afirmar o risco no espaço em questão. Segundo este mesmo autor, o zoneamento e a cartografia que o acompanham constituem a base de uma política de prevenção contra acidentes ou desastres ambientais. Para Tucci (2004), as principais condições naturais para a ocorrência de enchentes são o relevo, o tipo de precipitação, a cobertura vegetal e a capacidade de drenagem do solo. Já as principais condições artificiais são as obras hidráulicas, a urbanização, o desmatamento, o reflorestamento e o uso agrícola. Deste modo este trabalho justifica-se proposta de avaliar o risco de inundação da região central da cidade de João Monlevade/MG. IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 1

Belo Horizonte/MG - 24 a 27/11/2014 OBJETIVO Elaborar um mapa que demonstre as áreas propícias às inundações no município de João Monlevade/MG, através de mapas temáticos, imagens de satélite, textos, ilustrações e aerofotogrametria. METODOLOGIA O trabalho foi realizado na área urbana do município de João Monlevade MG, que possui uma extensão territorial de 99 km² e fica localizada na região do Médio Piracicaba, latitude 19,5 S e longitude 43,7 W, pertencente a bacia hidrográfica do Rio Doce. É delimitado pelos municípios de Itabira e Bela Vista de Minas ao norte, Rio Piracicaba ao sul, Bela Vista de Minas Leste e a oeste pelo município de São Gonçalo do Rio Abaixo. Para a elaboração do mapa de inundação foi utilizado dados vetoriais de curvas de nível, adquiridos através da carta topográfica da macrorregião de Itabira/MG, articulação compatível com a escala 1:250.000 (IBGE). Também, foram utilizados os mapas de uso e ocupação do solo e de pedologia, que foram obtidos no formato digital vetorial oriundo de trabalhos anteriormente realizados na área de estudo. Os quatro tipos de mapas utilizados foram: de curva de nível (Figura 1), de declividade (Figura 2), de uso e ocupação do solo (Figura 3) e de pedologia (Figura 4), do município de João Monlevade - MG. Mediante estas informações foi feita a reclassificação das variáveis ambientais que compõem cada mapa. Para representar de forma mais real as condições encontradas em João Monlevade, foi elaborado uma ponderação nos dados. Utilizou-se o método Analytic Hierarchy Process (AHP), proposto por Saaty (1977) apud Freitas et al. (2012), atribuindo a tomada de decisão para resolução de problemas em níveis hierárquicos. Este método determina por meio de síntese dos valores dos agentes de decisão, uma medida global para cada alternativa, priorizando-as ou classificando-as ao finalizar o método (Gomes et al., 2004). Promove também a decomposição e síntese das relações entre os critérios até que se chegue a uma priorização dos seus indicadores, aproximando-se de uma melhor resposta de medição única de desempenho (Saaty, 1991 apud Sellitto, 2005). 2 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

Belo Horizonte/MG 24 a 27/11/2014 Figura 1: Mapa de curva de nível do município de João Molevade/MG, com cotas variando entre 50 metros. Figura 2: Mapa de declividade do município de João Monlevade/MG, a variação da cor é decorrente a variação da declividade do ponto. IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 3

Belo Horizonte/MG - 24 a 27/11/2014 Figura 3: Mapa de uso e ocupação do município de João Monlevade/MG. Fonte: Adaptado da carta topográfica da macrorregião de Itabira/MG. Figura 4: Mapa de tipo de solo do município de João Monlevade/MG. 4 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

Belo Horizonte/MG 24 a 27/11/2014 O banco de dados foi criado, atribuindo notas (valores) para cada mapa com seu respectivo grau de susceptibilidade à inundação (Tabela 1). Tabela 1 - Condições de notas em relação à susceptibilidade a inundação. Susceptibilidade à inundação Nota Grau de Susceptibilidade Menos Susceptível 0 Menos Susceptível Mais Susceptível 10 Mais Susceptível Para as cotas de altitude, como as cotas das áreas estudadas variaram de 550 a 1500 metros, o modelo foi dividido em 06 escalas, atribuindo 06 notas distintas para cada característica (Tabela 2). Tabela 2 - Classificação da cota de altitude de João Monlevade/MG. Cota (m) Nota Maior 1001 2 851-1000 4 801-850 7 751-800 8 651 750 9 550 650 10 Para o relevo das áreas estudadas foi atribuído 06 escalas de classe de relevo encontrado no município, divididas entre plano com porcentagem de declividade (Tabela 3). E o uso e ocupação do solo das áreas estudadas foi dividido em 6 categorias predominantes do município de João Monlevade/MG (Tabela 4). Tabela 3: Classificação do relevo em relação aos percentuais de declividade e os respectivos valores relacionados às classes de relevo, predominantes no município de João Monlevade/MG. Classe de relevo % de declividade Nota Escarpado Maior 75 1 Montanhoso 45 75 1 Forte ondulado 20 45 3 Ondulado 8 20 5 Suave ondulado 3-8 9 Plano 0-3 10 Tabela 4: Uso e ocupação do solo predominantes no município de João Monlevade/MG. Uso e ocupação do solo Nota Floresta 2 Eucalipto 3 Solo exposto 6 Cerrado 7 Urbanização 9 Água 10 No mapa de pedologia foi encontrado duas classes de solo: Latossolo Vermelho e Latossolo Amarelo, sendo adotado para ambos a nota 4. IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 5

Belo Horizonte/MG - 24 a 27/11/2014 Os mapas já ponderados foram multiplicados pelos seus respectivos pesos e posteriormente somados utilizando o comando RASTER CALCULATOR (Calculadora de Raster) do SIG ArcGIS 9.3. A Equação 1 mostra o modelo de Índice de Risco de Inundação (IRI). IRI = x 1 Altitude + x 2 Declividade + x 3 Uso e ocupação + x 4 Pedologia equação (1) Onde, x 1, x 2, x 3 e x 4 representa os pesos estatísticos, variando de 0 a 1. A combinação e integração destas variáveis por meio do modelo possibilitaram a definição de classes de índices de risco de inundação para a área de estudo (Silva e Zaidan, 2004). O softwarearcgis 10.1 foi utilizado para o processamento da análise de multicritério, onde foi realizado o cruzamento das informações com suas respectivas ponderações, levando em consideração o grau de influência no processo de inundação, gerando como resultado um mapa-síntese da situação, mostrando a susceptibilidade à inundação. RESULTADOS E DISCUSSÃO O trabalho gerou um mapa mostrando a susceptibilidade à inundação, divididas em níveis que variaram de baixobaixíssimo, médio-baixo, médio, alto-médio e altíssimo risco de inundação (Figura 5). Assim, foi possível identificar e quantificar áreas sujeitas à inundação, ao efetuar o cruzamento de vários planos de informações com a área de risco de inundação. Isso mostra as várias possibilidades de uso da planta digital no estudo e apoio à tomada de decisão na condução da política urbana, como Castilho &Giotto (2004) descrevem em seu trabalho. Figura 5: Mapa de áreas de susceptibilidade de Inundação do município de João Monlevade/MG, a variação da cor é decorrente ao risco de inundação do ponto. 6 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

Belo Horizonte/MG 24 a 27/11/2014 Sobrepondo o mapa de declividade (Figura 2) com o de uso e ocupação do solo em João Monlevade (Figura 3), observou-se que a área urbana do município, região mais povoada, apresenta um relevo plano a forte ondulado, com declividade variando entre 0 a 45%, cercado por uma região montanhosa a escarpado, com declividade de 45 a 75% e maior que 75%, respectivamente (Figura 2). Mostra também que a bacia hidrográfica da região onde se encontra a mancha urbana possui uma forma alongada. No mapa de susceptibilidade à inundação (Figura 5), foi possível observar diversas áreas com nível altíssimo a altomédio risco de inundação, muitas delas no ponto central da mancha urbana do município. Estas informações são importante para o poder público municipal nos projetos de gestão e planejamento urbano que visem o controle de inundações e de alerta às populações situadas em locais de riscos. Os fatores apontados para as causas das cheias variam de local para local, em áreas próximas a cursos d água as enchentes muitas das vezes estão atribuídas à cheia natural do rio, enquanto nos locais mais afastados os fatores apontados são diversos, embora fatores comuns, como redes de drenagens entupidas e deficiência do sistema de saneamento podem ser os mais recorrentes. CONCLUSÕES A elaboração do mapa de susceptibilidade à inundação permitiu observar altíssimo risco e alto-médio risco de inundação na região central da cidade. Sugerimos que o mapa e as informações levantadas neste trabalho sejam considerados pelo poder público nos projetos de gestão e planejamento urbano que visem o controle de enchentes e de alerta às populações situadas em locais de risco de possíveis inundações. Sugerimos também uma pesquisa aprofundada possibilitando a criação de um modelo de inundação com mapa de alerta possibilitando a população níveis de alerta em períodos anteriores a uma possível cheia. AGRADECIMENTOS Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela concessão de bolsa de pesquisa. À UEMG pelo apoio logístico para a execução do projeto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Castilho, J. L. S.; Giotto, E. Aplicação de Técnicas de Geoprocessamento na Definição da Interferência da Área de Risco em Área de Uso urbano - Estudo de Caso: Dom Pedrito RS In: Congresso Brasileiro de Cadastro Técnico MultifinalitárioCobrac 2004, Florianópolis. Anais. 2. Freitas, D. F.; Martins, I. V. F.; Tuler, V. O.; Santos, G. M. A. D. A. D; Santos, A.R. Vulnerabilidade para a Ocorrência de Fasciolose na Área Experimental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, IFES, Alegre, ES. Instituto Biológico, São Paulo, v.79, n.4, p.533-540, out./dez., 2012. 3. Gomes, L. F. A.M. et al..tomada de Decisões em Cenários Complexos. São Paulo: Pioneira, 2004. 4. Revista Veja, 2010. Retrospectiva 2010. disponível em: <http://www.revistaemergencia.com.br/noticias/retrospectiva_2010/chuvas_provocam_inundacoes_e_deslizame ntos_no_rj_em_2010/jajja5y4>. Acessado em 09 de jul. 2013; 5. Selitto, M. A. Medição e controle de desempenho estratégico em sistemas de manufatura. 2005, 195 f. Tese (Doutorado em Engenharia Ênfase em Gerência e Produção) Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005. 6. Silva, J. X.; Zaidan, R. T. Geoprocessamento & análise ambiental: Aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, p. 143-177, 2004. 7. Tucci, C. E. M. Gestão das inundações urbanas. Global WaterPartnership. Edição em arquivo digital. Brasília, 2005; 8. Tucci, C. E. M. Hidrologia: Ciência e aplicação. 3ª ed. Porto Alegre: UFRGS/ABRH, 2004; IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 7

Belo Horizonte/MG - 24 a 27/11/2014 9. Tucci, C. E. M.; Porto, R. L. L.; Barros, M. T. de. Drenagem Urbana. Porto Alegre: Associação Brasileira de Recursos Hídricos, 1995. 428 p. (Coleção ABRH de Recursos Hídricos); 10. Veyret, Y. Os Riscos: o homem como agressor e vitima do meio ambiente. São Paulo: Contexto, 2007. 8 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais