Núcleo de Pós-Graduação Pitágoras Escola Satélite. Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho



Documentos relacionados
2 - Biodisponibilidade. Biodisponibilidade Velocidade e extensão de absorção de um fármaco a partir de uma forma de administração

Monitoramento da Exposição a Substâncias Químicas de Interesse Ambiental e Ocupacional. Armando Meyer IESC/UFRJ

Concentração no local do receptor

Água e Solução Tampão

PROF.: FERNANDA BRITO Disciplina Farmacologia.


9/9/2008 CONSIDERAÇÕES GERAIS. Toxicidade. Faixa terapêutica. Concentrações sub-terapêuticas. - Não sofre efeito de primeira passagem

4 Monitoramento ambiental

ESTUDO DA FARMACOLOGIA Introdução - Parte II

O corpo humano está organizado desde o mais simples até o mais complexo, ou seja, do átomo microscópico ao complexo organismo humano macroscópico.

Vera Lúcia de Castro Jaguariúna, 2006.

METAIS PESADOS NO AMBIENTE. PRINCIPAIS : Hg, Pb, Cd, As (USO EXTENSIVO, TOXICIDADE, LARGA DISTRIBUIÇÃO, OCORRÊNCIA FREQUENTE DE NÍVEIS TÓXICOS.

ENZIMAS. Células podem sintetizar enzimas conforme a sua necessidade.

FISIOLOGIA RENAL EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM

Nestas últimas aulas irei abordar acerca das vitaminas. Acompanhe!

Sistema tampão. Um sistema tampão é constituído por um ácido fraco e sua base conjugada HA A - + H +

Introdução. Renata Loretti Ribeiro - Enfermeira

Símbolos de periculosidade

Níveis de organização do corpo humano - TECIDOS. HISTOLOGIA = estudo dos tecidos

EXERCÍCIO E DIABETES

PLANO DE ESTUDOS DE CIÊNCIAS NATURAIS - 9.º ANO

PLANO DE ESTUDOS DE CIÊNCIAS NATURAIS 9.º ANO

MÓDULO III Fundamentos de Toxicologia. Introdução. Curso de Toxicologia ANVISA - RENACIAT - OPAS NUTES/UFRJ - ABRACIT

AQUAPORINAs - 3 ª GERAÇÃO DE HIDRATANTES. LLepiscopo

TECIDOS. 1º ano Pró Madá

QUÍMICA CELULAR NUTRIÇÃO TIPOS DE NUTRIENTES NUTRIENTES ENERGÉTICOS 4/3/2011 FUNDAMENTOS QUÍMICOS DA VIDA

EXERCÄCIOS DE HISTOLOGIA. 1- (PUC-2006) Associe o tipo de tecido animal Å sua correlaçéo:

Recuperação. Células tecidos órgãos sistemas. - As células são as menores unidades vivas e são formadas por três regiões:

Pesquisa revela uma das causas de morte prematura na Rússia: a vodca

EXERCÍCIOS ON LINE DE CIÊNCIAS 8 AN0

Álcool e energéticos. Uma mistura perigosa. José Guerchon Camila Welikson Arnaldo Welikson Barbara Macedo Durão

hidratação ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DAS BEBIDAS REFRESCANTES NÃO ALCOÓLICAS

NVRAnB/ DVAS/ CEVS/SES

PROF.: FERNANDA BRITO Disciplina Farmacologia.

OS EFEITOS DO PÓ NOS PULMÕES

BIOQUÍMICA DA ÁGUA. Disciplina: Bioquímica, Prof. Dr. Vagne Oliveira

Efeitos do mercúrio na saúde e no meio ambiente Prof. Eloisa Dutra Caldas I Seminário Saúde Sem Mercúrio em Brasília Brasília, 16 de abril de 2013

A Moda do Bronzeado... Entre as duas grandes Guerras inicia-se a liberação feminina. Coco Chanel lança a moda do bronzeado.

Aula 4: Sistema digestório

As proteínas transportadoras

FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA

FORMAS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR ENTRE HOMEM E MEIO AMBIENTE

Glossário. Caso Pendente de Intoxicação: aquele que não passou por avaliação médica.(oms)

47 Por que preciso de insulina?

BIOFÍSICA MEMBRANAS BIOLÓGICAS

Introdução. adsorção física, a adsorção química, a absorção e a catálise.

Unidade 1 Adaptação e Lesão Celular

Membranas biológicas. Profa Estela Rossetto

A pele é um sistema orgânico que, quando mantida sua integridade, tem como funções:

Avaliação da toxicidade

Sistema circulatório. Componentes: - Vasos sanguíneos. - Sangue (elementos figurados e plasma) - Coração

FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTO QUÍMICOS FISPQ 1. IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTO E EMPRESA

REGISTRO: Isento de Registro no M.S. conforme Resolução RDC n 27/10. CÓDIGO DE BARRAS N : (Frutas vermelhas) (Abacaxi)

Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico

POTENCIAL ELÉTRICO.

BIOFÍSICA DAS RADIAÇÕES IONIZANTES

IESA-ESTUDO DIRIGIDO 1º SEMESTRE 8º ANO - MANHÃ E TARDE- DISCIPLINA: CIÊNCIAS PROFESSORAS: CELIDE E IGNÊS. Aluno(a): Turma:

95% de água, 3% de substâncias orgânicas e 2% de sais minerais. uma secreção serosa outra secreção mucosa

BIOINDICADORES E BIOMARCADORES DE AGROQUÍMICOS NO CONTEXTO DA RELAÇÃO SAÚDE-AMBIENTE

O tipo básico de tecido epitelial é o de revestimento sendo os demais tecidos epiteliais (glandular e neuroepitélio) derivados desse.

Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos VEDAPREN FAST - TERRACOTA

SISTEMA URINÁRIO. Prof. Me. Leandro Parussolo

Uso de Scanalyzer com embriões de Danio rerio

paracetamol Biosintética Farmacêutica Ltda. Solução oral 200 mg/ml

Você saberia responder aos questionamentos de forma cientificamente correta?

Tecido Epitelial Glandular

CITOPLASMA. Características gerais 21/03/2015. Algumas considerações importantes: 1. O CITOPLASMA DAS CÉLULAS PROCARIÓTICAS

M E T B O L I S M O CATABOLISMO ANABOLISMO

Câncer de Próstata. Fernando Magioni Enfermeiro do Trabalho

Anatomia e Fisiologia Humana

Comportamento e Destino Ambiental de. Produtos Fitossanitários 18/09/2015. Produtos Fitossanitários

DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DE COIMBRA PERMEABILIDADE DAS MEMBRANAS CELULARES

A experiência Portuguesa na Incineradora de RH do Parque da Saúde de Lisboa

41 Por que não bebemos água do mar?

As forças atrativas entre duas moléculas são significativas até uma distância de separação d, que chamamos de alcance molecular.

CALORIMETRIA, MUDANÇA DE FASE E TROCA DE CALOR Lista de Exercícios com Gabarito e Soluções Comentadas

Segurança e Higiene no Trabalho. Volume VI Riscos Químicos Parte 1. Guia Técnico. um Guia Técnico de O Portal da Construção

MEMBRANA PLASMÁTICA PROFESSORA RENATA BASSANI

RESENHA: Novas perspectivas na luta contra a dependência química provocada pela cocaína.

HYDROPOM Licopeno Bioliquefeito

Degradação de Polímeros

Função orgânica nossa de cada dia. Profa. Kátia Aquino

FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTO QUÍMICO AMACIANTE DE ROUPAS 1) IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTO E DA EMPRESA

95% de água, 3% de substâncias orgânicas e 2% de sais minerais. uma secreção serosa outra secreção mucosa

9/30/2014. Por que engenheiros biomédicos precisam estudar anatomia e fisiologia? Introdução. Fisiologia. Anatomia

TECIDOS EPITELIAIS HISTOLOGIA

INTOXICAÇÃO EXOGÉNA POR AGROTÓXICOS

FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUíMICOS (FISPQ)

Alimentos Funcionais: Regulamentação e desafios para o uso de alegações no Brasil

União de Ensino Superior de Campina Grande Curso Fisoterapia Disciplina: Farmacologia Vias de Administração de Fármacos

COLÉGIO SANTA TERESINHA R. Madre Beatriz 135 centro Tel. (33)

CENTRO DE EDUCAÇÃO INTEGRADA Educando para o pensar Tema Integrador 2013 / Construindo o amanhã: nós agimos, o planeta sente CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS

Profª Marília Varela

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DA CAPARICA PLANIFICAÇÃO ANUAL 2015/ º CICLO DISCIPLINA: CIÊNCIAS NATURAIS 6.º ANO

Sistemas do Corpo Humano

Biofísica. Patrícia de Lima Martins

Formas farmacêuticas líquidas - Soluções

ANEXO VII: NR 9 - PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS ( )

PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR RUIDO PAIR. Ana Cláudia F.B. Moreira Fonoaudióloga

PERSPECTIVA. ciências. Sugestão de avaliação. Coleção Perspectiva

Transcrição:

Núcleo de Pós-Graduação Pitágoras Escola Satélite Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho

Núcleo de Pós-Graduação Pitágoras Escola Satélite ETHEL VALDEZ

DISCIPLINA O Ambiente e as Doenças do Trabalho II PART 1 Aula 26

FUNDAMENTOS DE TOXICOLOGIA

O QUE É TOXICOLOGIA?

A toxicologia é a ciência que estuda os efeitos nocivos das substâncias químicas nos organismos vivos.

A toxicologia estuda os mecanismos e processamento de entrada, distribuição, acúmulo e a excreção de agentes tóxicas e o mecanismo de processos moleculares e celulares que produzem o dano.

TOXICOLOGIA Ciência multidisciplinar, com interface com a biologia, fisiologia, farmacologia, histologia, patologia, epidemiologia, bioquímica, entre outras áreas.

Áreas de aplicação - ambiental,ocupacional,alimentar - medicamentos, social (drogas, alcoolismo), agrotóxicos, entre outras.

ELEMENTOS BÁSICOS DA TOXICOLOGIA - Existência de um agente capaz de produzir determinada resposta em organismo vivo. - Identificação do organismo sobre o qual a substância poderá interagir. - Necessidade de que a resposta (efeito) seja nociva ao sistema com o qual interage.

PROPRIEDADE DA TOXICIDADE - Propriedade potencial que as substâncias químicas possuem, em maior ou menor grau, de instalar um estado patológico em consequência de sua introdução e interação com o organismo

ELEMENTOS BÁSICOS DOS EFEITOS TOXICOLÓGICOS A - FATORES RELACIONADOS COM A SUBSTÂNCIA QUÍMICA (AGENTE TÓXICO) SOLUBILIDADE a passagem dos agentes químicos, através das membranas celulares, de constituição proteica e lipídica, será influenciada pela sua maior ou menor lipossolubilidade.

SOLUBILIDADE Fina e FRAGIL composta, por lipídios, glicídios e protídios Permeáveis à água, oxigênio, substâncias nutritivas Impermeáveis a íons (Na, K, H,...) e à mol polares, carreadas (glicídios). São permeáveis à substâncias liposolúveis

ELEMENTOS BÁSICOS DOS EFEITOS TOXICOLÓGICOS A - FATORES RELACIONADOS COM A SUBSTÂNCIA QUÍMICA (AGENTE TÓXICO) Grau de Ionização a maioria dos agentes tóxicos são ácidos fracos ou bases fracas e possuem um ou mais grupos funcionais capazes de se ionizarem.

Soma da eletronegatividade = 0 apolar 0 polar

ELEMENTOS BÁSICOS DOS EFEITOS TOXICOLÓGICOS B - FATORES DA ABSORÇÃO, RELACIONADOS COM O SISTEMA (ORGANISMO) Efeitos no organismo são mais complexos e compreendem fatores toxicinéticos e os fatores toxidinâmicos.

TOXICOCINÉTICA ABSORÇÃO RESPIRATÓRIA CUTÂNEA MUCOSA ENTERAL PARENTERAL OUTRAS

TOXICOCINÉTICA DISTRIBUIÇÃO COMPARTIMENTAL SANGUÍNEO ARMAZENAMENTO MEIO CELULAR EXTRA-CELULAR

TOXICOCINÉTICA BIOTRANSFORMAÇÃO CELULAR HEPÁTICA SISTEMA MICROSSOMAL SISTEMA EXTRA-MICROSSOMAL DETOXIFICAÇÃO BIOTIVAÇÃO POLARIZAÇÃO

TOXICOCINÉTICA ELIMINAÇÃO RESPIRATÓRIA SALIVA LÁGRIMA SUOR PELO UNHA LEITE MATERNO METABÓLITOS FLUIDO CELULAR GASES SÓLIDO CELULAR

RESUMO DAS FASES DA TOXICOCINÉTICA

TOXICOCINÉTICA A B S O R Ç Ã O Respiratória Enteral Parenteral D I S T R I B U I Ç Ã O Compartimental Sanguíneo Armazenamento Meio Celular Extracelular B I O T R A N S F O R M A Ç Ã o Celular Hepática SISTEMAS Microssomal Extramicrossomal Detoxificação Bioativação Polarização E L I M I N A Ç Ã O Metabólitos Fluido celular Gases Sólido Celular Renal Resp Sour Saliva Lagrima Suor Pelo Unha Leite mat Mucosa Outras Cutânea

ELEMENTOS BÁSICOS DOS EFEITOS TOXICOLÓGICOS B - FATORES DA ABSORÇÃO, RELACIONADOS COM O SISTEMA (ORGANISMO) B.1 - Fatores toxicinéticos incluem todos os processos envolvidos na relação entre a disponibilidade química e a concentração do agente tóxico absorvido, alcançando os diversos compartimentos do organismo.

Fatores toxicinéticos A quantidade da substância química distribuída pela circulação sanguínea representa a disponibilidade biológica desta substância. Esta biodisponibilidade está relacionada com:

BIODISPONIBILIDADE BIOLÓGICA MECANISMOS UTILIZADOS PELOS AGENTES TÓXICOS PARA ATRAVESSAR AS MEMBRANAS - Difusão Simples ou Passiva - Filtração - Transporte Especial ou Ativo - Pinocitose e Fagocitose

DIFUSÃO PASSAGEM POR CANAL

BIODISPONIBILIDADE BIOLÓGICA Vias de Introdução do agente tóxico - Via respiratória Nasofaringe Traqueobrônquica Alveolar - Via cutânea - Via digestiva

T A M A N H O Narinas 30 Bronquíos 10 Bronquíolos 5 Alvéolo 3 Capilar 1

Agente Químico Orgânicas ou Inorgânicas Físico Fatores que alteram a absorção Temperatura Muco, Cílios vibráteis Estado físico : gases, vapores e/ou partículas sólidas Freqüência Respiratória ou Troca Gasosa Extensão de área de absorção Vascularizada, permite rápida e eficiente absorção Retenção de agentes químicos nas vias superiores Permite a acesso do agente a corrente sanguínea

ABSORÇÃO SGI DOUDENOS ESTOMAGO Superfície de absorção Espessura das Membranas Tempo de absorção Circulação Sistêmica Intestino Grosso Jejuno - Ileo

ABSORÇÃO SGI Menor importância na intoxicação ocupacional. Quando em condições de higiene adequadas, Não beba, coma ou fume no ambiente de trabalho Agentes químicos - podem provocar efeitos locais sobre o tecido. Os absorvidos atuam sobre os sistemas. Absorve produtos ácidos no estômago (ph 1 a 3). Absorve produtos alcalinos no doudeno (ph 9,0) Absorve produtos neutros no jejuno-íleo (ph 7,0). A baixa concentração ocorre também por diluição Biotransformação hepática modifica a solubilidade

ABSORÇÃO SGI I. Delgado Vascularização S. Porta

TECIDO CUTÂNEO EPIDERME Recobre o corpo, mucosas e semimucosas (lábios, conjuntiva, canal auditivo externo), gengiva e boca, reto e da vagina, além dos pelos e unhas. É constituída fundamentalmente de epiderme e derme A região mais externa Cobertura hidrolipídica, água e eletrólitos, suor e gordura É formada por vários estratos (córneo, granuloso, espinhoso e germinativo

TECIDO CUTÂNEO CAMADA CÓRNEA - barreira à penetração de agentes químicos. - formada por proteínas, principalmente pela queratina, muito rica em cisteína, com ligações dissulfeto, -S-S-, (oxidação de duas moléculas de cisteína). - a proteção que esta camada oferece pode ser alterada por agentes químicos que interferem nesse mecanismo de formação das ligações dissulfetos.

TECIDO CUTÂNEO DERME CONSTITUÍDA PELO TECIDO CONJUNTIVO GLÂNDULAS SUDORÍPARAS SEBÁCEAS FOLÍCULOS PILOSOS VASOS SANGUÍNEOS VASOS LINFÁTICOS

INTRODUÇÃO Sistemas Sanguíneo Compartimental D I S T R I B U I Ç Ã O FATORES CONTROLE Órgão Contato Agentes Local de Contato Outras Áreas Gordura Integridade Biotransform Lipossolubilidade Gr. Ionização Afinidade Química

SÍTIOS DE ACÚMULO Proteínas Plasmáticas - Agentes transportados por proteínas plasmáticas. - Equilíbrio entre o agente na forma livre e ligada a proteína. - Fração livre vai para os tecidos.

SÍTIOS DE ACÚMULO LIPÍDEOS - Permitem a rápida absorção e distribuição, confere também a capacidade de acumular produtos solúveis neles. OSSO - São capazes de acumular alguns agentes como metais e anions. FIGADO E RINS - Acumulam agentes tóxicos, também biotransformam e/ou eliminam.

BIODISPONIBILIDADE BIOLÓGICA Barreiras de exclusão Os compostos podem se acumular em um lugar, mas também podem ser excluídos em outros. A barreira hemato-encefálica protege o sistema nervoso central (SNC) da exposição a vários produtos químicos.

BIODISPONIBILIDADE BIOLÓGICA Barreiras de exclusão A barreira hemato-encefálica é composta por três mecanismos de exclusão:

Barreiras de exclusão células epiteliais dos capilares do SNC. capilares do sistema nervoso central (SNC). concentração de proteínas, no líquido intersticial do SNC.

Biotransformação do agente tóxico Os agentes tóxicos lipossolúveis, para serem facilmente excretados pelas vias renais, devem ser transformados em compostos mais polares, isto é, solúveis em água.

BIODISPONIBILIDADE BIOLÓGICA Biotransformação do agente tóxico Biotransformação: conjunto de vias metabólicas, através do qual o agente tóxico aumenta a sua polaridade (solubilidade em água).

Vascularização BIOTRANSFORMAÇÃO Fase I Agentes 1ºProduto 2ºProdutos Oxidação Conjugação Hidrólise Redução Biliar Sanguínea Eliminação Órgão = FÍGADO Sistema Microssomal Extramicrossomal Detoxificação Bioativação Indução Inibição Tolerância Cinética

BIODISPONIBILIDADE BIOLÓGICA Eliminação do agente tóxico Os agentes químicos absorvidos pelo organismo são eliminados por diversas vias, dependendo das propriedades fisico - químicas, da concentração e afinidade nos vários locais.

ELIMINAÇÃO DO AGENTE TÓXICO As principais vias de eliminação são : Renal Pulmonar Biliar Suor e Saliva Leite

Fatores toxicodinâmicos Compreendem a interação dos xenobióticos nos seus sítios específicos de ação. os xenobióticos são biologicamente ativos em consequência de sua interação com os sistemas essenciais à fisiologia normal do organismo.

Fatores toxicodinâmicos Exemplos de agentes tóxicos que interagem com os sistemas essenciais do organismo:

Fatores toxicodinâmicos Ex: - O envenenamento por compostos trivalentes de arsênico pode ser entendido por um ataque ao sistema responsável pela descarboxilação oxidativa dos ácidos cetônicos, especialmente o ácido pirúvico.

Fatores toxicodinâmicos Ex: - A cocaína impede a recaptação da norepinefrina nas terminações nervosas e também previne a captura da epinefrina exógena. - Aumento dos níveis de catecolaminas na fenda sináptica e consequentemente uma exarcebação de seus efeitos.

INTOXICAÇÃO Intoxicação é um conjunto de efeitos nocivos representado pelos sinais e sintomas que revelam o desequilíbrio orgânico produzido pela interação do agente químico com o sistema biológico. Corresponde ao estado patológico provocado pelo agente tóxico, em decorrência de sua interação com o organismo.

INTOXICAÇÃO Pode-se dividir a intoxicação em 4 fases distintas: Fase de Exposição: corresponde ao contato do agente tóxico com o organismo. Representa a disponibilidade química das substâncias químicas e passíveis de serem introduzidas no organismo.

INTOXICAÇÃO Fase Toxicocinética: consiste no movimento do agente tóxico dentro do organismo. É formada pelos processos de absorção, distribuição, armazenamento e eliminação (biotransformação e excreção).

4 INTOXICAÇÃO Fase Toxicodinâmica: corresponde à ação do agente tóxico no organismo. Toxicodinâmica é o estudo dos mecanismos de ação tóxica das substâncias químicas, bem como do dano, da lesão ou doença que eles produzem após a interação com o organismo.

INTOXICAÇÃO Fase Clínica: corresponde à manifestação clínica dos efeitos resultantes da ação tóxica. É o aparecimento de sinais e sintomas que caracterizam o efeito tóxico e evidenciam a presença do fenômeno da intoxicação

Efeitos adversos e não adversos O efeito adverso ou anormal é definido em relação à medição que está fora da amplitude normal. A amplitude normal se define com base nos valores médios que se tem observado num grupo de indivíduos presumivelmente sãos.

Efeitos adversos são alterações biológicas que: Ocorrem com uma exposição intermitente ou continuada e que dão lugar à diminuição da capacidade funcional (determinada por parâmetros anatômicos, fisiológicos e bioquímicos ou de comportamento) ou a uma diminuição da capacidade para compensar tensões adicionais.

Conceitos básicos Efeitos tóxicos São os efeitos adversos causados por substâncias químicas. Assim, todo o efeito tóxico é indesejável e nocivo. Mas nem todos efeitos indesejáveis são tóxicos.

AGENTE TÓXICO PROPRIEDADES ORIGEM DISTRIBUIÇÃO AÇÃO FÍSICAS Estado Físico Tamanho Densidade Solubilidade QUÍMICOS Gr de Ionizç Composição Reatividade Biológico Físico Químico Sintética Semi-Sint OCORRÊNCIA Acidental Intencional Incidental Irrigação Lip/Água Sist.Enz Sup Abs Transporte Receptor Transmissor Local Sistêmica Reversível Irreversível SISTEMA Nefrotóx Neurotóx Mutagên Carcxin Concentração Sensibilidade INTOXICAÇÃO Tempo de Exposição Via de Absorção

EFEITOS FATORES QUE ALTERAM Idade Sexo Peso Estado Nutricional Estado Patológico Estilo de Vida Exposição a agentes Polimorfismo Genético

Grupo de Risco Agente Frequência Deficiência da G6PD Oxidantes NO 2, O 3 1-165 Talassemia Chumbo, Benzeno 2 a 5% Deficiencia de MetHb Meteglobinizantes 1% Variante Paraoxonase Paration 20 a 30%

Efeito idiossincrático As reações idiossincráticas correspondem às respostas quantitativamente anormais a certos agentes tóxicos, provocados por alterações genéticas. O indivíduo pode ter uma resposta adversa com doses baixas (não-tóxicas) ou então ter uma resposta extremamente intensa com doses mais elevadas.

Efeito idiossincrático Exemplo: sensibilidade anormal aos nitritos e outros agentes metemoglobinizantes, devido à deficiência, de origem genética, na NADH-metamoglobina redutase.

Efeito alérgico Reações alérgicas são reações adversas que ocorrem somente após uma prévia sensibilização do organismo ao agente tóxico, ou a um produto quimicamente semelhante.

Efeito alérgico Alguns autores não concordam que as alergias químicas sejam efeitos tóxicos, já que elas não obedecem ou apresentam uma relação doseresposta (elas não são dose-dependente).

CÁLCULO DA EXPOSIÇÃO Medir concentrações ambientais da substância alvo Identificar o comportamento ambiental da substância Estabelecer a duração e freqüência do contato humano com o meio contaminado Conhecer a taxa de absorção da via de exposição Conhecer a faixa etária dos grupos expostos Conhecer os hábitos da população

Toxicidade Aguda é a capacidade de um produto causar um efeito prejudicial após uma única exposição (por qualquer que seja a rota), em um período de tempo curto (p. exemplo, menos de 1 dia). A toxicidade aguda é quantificada primariamente através de dados de letalidade, como, por exemplo, os níveis de exposição (LC 50 ) ou a dose (LD 50 ) necessária para matar 50% de uma população específica de animais, sob condições controladas de experimentação e de forma dependente da dose (relação dose/mortalidade).

A Função Dose-Resposta Uma curva dose-resposta hipotética: Considerando exposição homogênea da população a um único poluente por um período de tempo específico. Fonte: Nevus, N. (1995) Dose (concentração de poluente no ar)

LD LO - A mais baixa dose do material introduzido por qualquer rota, exceto inalação, por qualquer período de tempo e em uma ou mais porções individuais com registro de óbito em humanos ou animais. LC LO A mais baixa concentração de um material no ar, que tenha causado a morte em humanos ou animais.

LD 50 - Dose letal para 50 % de uma população (de animais em laboratório). Quantidade de substância, em mg/kg do peso corporal (dose), que mata metade dos animais nos quais foi administrado o produto. Amplamente usado como índice de toxicidade. Quanto menor o valor de LD 50, tanto maior a toxicidade da substância.

LC 50 - Concentração letal para 50% de uma população (de animais no laboratório). É a concentração de produto no ar, que matará metade da população de organismos em estudo. Usada como índice de toxicidade. Quanto mais baixa LC50, mais tóxica a substância.

Tabela - Classes de Toxicidade Aguda Classe Toxicidade Dose (massa/kg peso corpóreo) Dose Letal Oral Provável -pessoa 70kg Exemplos LD50 (ratos, via oral) Praticamente não tóxico > 15 g/kg Mais > 4 xícaras de chá Sucrose 29,7 g/kg Levemente tóxico Moderadamente tóxico 5 a 15 g/kg De 2 a 4 xícaras etanol 14 g/kg 0,5 a 5 g/kg Entre 6 colheres chá e 2 xícaras Cloreto de sódio 3 g/kg Muito tóxico 50-500 mg/kg 1 a 2 colheres de chá cafeína 192 mg/kg Extremament e tóxico 5-50 mg/kg Entre 7 gotas e uma colher de chá Cianeto de Sódio 6,4 mg/kg Supertóxico < 5 mg/kg Menos que 7 gotas Estricnina 2,5 mg/kg

Toxicidade crônica é o efeito tóxico resultante de repetidas exposições diárias de uma pessoa ou um animal a doses baixas de um composto químico durante um longo período da vida. Estes efeitos crônicos podem resultar de danos cumulativos ao tecido, causados por cada pequena dose aplicada, ou são resultado de acúmulo de produtos químicos durante um longo período de exposição (ex. mercúrio, chumbo).

Origem do efeito crônico (a) Acúmulo do Agente Tóxico no Organismo: a velocidade de eliminação é menor que a de absorção, assim ao longo da exposição o agente vai sendo somado no organismo, até alcançar um nível tóxico.

Origem do efeito crônico (b) Somatória de Efeitos Ocorre quando o dano causado é irreversível e, portanto, vai sendo aumentado a cada exposição, até atingir um nível detectável. ou, então, quando o dano é reversível, mas o tempo entre cada exposição é insuficiente para que o organismo se recupere totalmente.

Efeitos retardados são aqueles que só ocorrem após um período de latência, mesmo quando já não mais existe a exposição. Exemplo: efeitos carcinogênicos que têm uma latência a 20-30 anos.

Efeitos reversíveis e irreversíveis A manifestação de um ou outro efeito vai depender, principalmente, da capacidade do tecido lesado em se recuperar. Assim, lesões hepáticas são geralmente reversíveis, já que este tecido tem grande capacidade de regeneração, enquanto as lesões no sistema nervoso central (SNC) são geralmente irreversíveis, pela baixa renovação das células nervosas.

Efeitos locais e sistêmicos O efeito local refere-se àquele que ocorre no local do primeiro contato entre o agente tóxico e o organismo. Já o sistêmico exige uma absorção e distribuição da substância, de modo a atingir o sítio de ação, onde se encontra o receptor biológico. Existem substâncias que apresentam os dois tipos de efeitos. (ex.: benzeno, chumbo tetraetila, etc.)

Efeitos da interação de agentes químicos O termo interação entre substâncias químicas é utilizado todas as vezes em que uma substância altera o efeito de outra. A interação pode ocorrer durante a fase de exposição, toxicocinética ou toxicodinâmica.

Efeitos da interação de agentes químicos Adição: É aquele produzido quando o efeito final de 2 ou mais agentes é quantitativamente é igual à soma dos efeitos produzidos individualmente. Ex.: Chumbo e arsênio atuando a nível da biossíntese do heme (aumento da excreção urinária da coproporfirina).

Efeitos da interação de agentes químicos Sinergismo: Ocorre quando o efeito de 2 ou mais agentes químicos combinados, é maior do que a soma dos efeitos individuais. Ex.: A hepatotoxicidade, resultante da interação entre tetracloreto de carbono e álcool é muito maior do que aquela produzida pela soma das duas ações em separado, uma vez que o etanol inibe a biotransformação do solvente clorado.

Efeitos da interação de agentes químicos Potenciação: ocorre quando um agente tóxico tem seu efeito aumentado por atuar simultaneamente, com um agente não tóxico. Ex.: O isopropanol, que não é hepatotóxico, aumenta excessivamente a hepatotoxicidade do tetracloreto de carbono.

Efeitos da interação de agentes químicos Antagonismo: ocorre quando dois agentes químicos interferem um com a ação do outro, diminuindo o efeito final. É, geralmente, um efeito desejável em toxicologia, já que o dano resultante (se houver) é menor que aquele causado pelas substâncias separadamente.

Efeitos da interação de agentes químicos (a) Antagonismo químico: ocorre quando o antagonista reage quimicamente com o agonista, inativando-o. Este tipo de antagonismo tem um papel muito importante no tratamento das intoxicações. Ex.: agentes quelantes como o EDTA, BAL e penicilamina, que seqüestram metais (As, Hg, Pb, etc.), diminuindo suas ações tóxicas.

Efeitos da interação de agentes químicos (b) Antagonismo funcional: ocorre quando dois agentes produzem efeitos contrários em um mesmo sistema biológico atuando em receptores diferentes. Ex.: barbitúricos que diminuem a pressão sangüínea, interagindo com a norepinefrina, que produz hipertensão.

Efeitos da interação de agentes químicos (c) Antagonismo não-competitivo, metabólico ou farmacocinético: Quando um fármaco altera a cinética do outro no organismo, de modo que menos agente tóxico alcance o sítio de ação ou permaneça menos tempo agindo. Ex.: bicarbonato de sódio que aumenta a secreção urinária dos barbitúricos.

Efeitos da interação de agentes químicos (d) Antagonismo competitivo, não-metabólico ou farmacodinâmico. Quando os dois fármacos atuam sobre o mesmo receptor biológico, um antagonizando o efeito do outro. São os chamados bloqueadores e este conceito é usado, com vantagens, no tratamento clínico das intoxicações. Ex.: atropina no tratamento da intoxicação por organofosforado.

MONITORIZAÇÃO BIOLÓGICA Ferramenta para avaliar a exposição dos trabalhadores a agentes químicos Consiste na ava liação da exposição (por via respiratória) a agentes químicos pela medida da concentração destes agentes no local de trabalho e comparação de tais valores com seus respectivos indicadores biológicos de exposição (BEI s).

MONITORIZAÇÃO BIOLÓGICA Os Indices Biológicos de Exposição (BEI s) são valores de referência tidos como guias para avaliação do risco potencial à saúde na prática da Higiene Industrial. Os BEI s não indicam distinção clara entre uma exposição perigosa ou não. Devido a variabilidade biológica, é possível uma avaliação individual exceder o BEI, sem ocorrência de um aumento de risco à saúde.

MONITORIZAÇÃO BIOLÓGICA ATENÇÃO! Os Indicadores Biológicos não são indicados para uso como medida de efeitos adversos ou para diagnóstico de doença ocupacional.

LIMITES DE EXPOSIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS

LIMITES DE EXPOSIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS A American Conference of Governmental Industrial Hygienists ACGIH estipula três categorias de limites de exposição ocupacional, a seguir especificadas:

LIMITES DE EXPOSIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS Limite de exposição média ponderada (TLV-TWA) TLV TWA = Threshold Limit Values Time Weighted Average. Limite de exposição exposição de curta duração (TLV- STEL) TLV STEL = Threshold Limit Values Short-Term Exposure Limit Limite de Exposição valor teto (TLV-C) TLV C = Threshold Limit Values Ceiling

LIMITES DE EXPOSIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS Limite de exposição média ponderada (TLV- TWA) = Concentração média ponderada pelo tempo para uma jornada normal de 8 horas diárias e 40 semanais, para a qual a maioria dos trabalhadores pode estar repetidamente exposta, dia após dia, sem sofrer efeitos adversos à sua saúde.

LIMITES DE EXPOSIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS Limite de exposição exposição de curta duração (TLV- STEL) o STEL é definido como uma exposição média ponderada pelo tempo durante 15 minutos que não pode ser excedida em nenhum momento da jornada de trabalho, mesmo que a concentração média ponderada, para 8 horas, esteja dentro dos limites de exposição média ponderada (TLV-TWA).

LIMITES DE EXPOSIÇÃO PARA AGENTES QUÍMICOS Limite de Exposição valor teto (TLV-C) É a concentração que não pode ser excedida durante nenhum momento da exposição do trabalhador. O Anexo 11 da NR 15 possui alguns agentes com Valor Teto.

Núcleo de Pós-Graduação Pitágoras Escola Satélite É UMA ALEGRIA ESTAR COM VOCÊS MUITO OBRIGADO