O ÓXIDO DE FERRO NO PROCESSO DE FABRICAÇÃO DA CERÂMICA Paola Marinho Pereira, Renan Seiti Takeshita, Vinicius Broeto Klein [Graduandos em Design], Joselena de Almeida Teixeira [Orientadora] Departamento Acadêmico de Desenho Industrial Câmpus Curitiba Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Avenida Sete de Setembro, 3165 - Curitiba/PR, Brasil - CEP 80230-901 pah.mp92@hotmail.com, renanseiti@hotmail.com, vbroeto@gmail.com, joselena.teixeira@gmail.com Resumo A proposta do artigo é mostrar uma nova face do óxido de ferro presente na cerâmica, mas de um ponto de vista positivo para aplicação em Design. Pretende-se exemplificar sua aplicação através do processo de fabricação de artefatos do designer Peter Biddulph. A intenção é desmistificar a presença de tal componente químico na matéria prima das peças de cerâmica, que é extraído da massa no processo de fabricação por deixar manchas após a queima. Palavras-chave: Design; Cerâmica; Óxido de Ferro. Abstract The purpose of the article is to show a new face of iron oxide present in ceramic, but in a positive point of view of design. Intend to illustrate their application through the articles manufacture process by the designer Peter Biddulph. The point is to demystify the presence of such chemical component in the raw material of ceramics, which is extracted from the mass manufacturing process for leaving "spots" after firing. Key-words: Design; Ceramic; Iron Oxide. INTRODUÇÃO A cerâmica está presente no cotidiano das pessoas há milhares de anos. O mais antigo registro de seu uso data de 5000 a.c., encontrado na região da Anatólia (Ásia Menor), mas se fez presente em diversas sociedades, como a grega e a chinesa, esta última difundindo-se na Europa, e posteriormente pelo mundo, por sua beleza e requinte. O termo é proveniente do grego keramos, argila, e refere-se à manufatura de objetos em barro, posteriormente cozidos. Pode ser definida como arte e técnica de produção de objetos modelados em uma pasta composta de argila, além dos objetos dele obtidos [1]. A cerâmica pode ser polida para se obter uma superfície extraordinariamente lisa, mas também é apreciada por sua textura áspera. Esse material tem a capacidade única de formar uma aliança com a pintura e uma camada vítrea, criando uma superfície decorativa e rígida. É este atributo que permite que o mesmo produto seja vendido com superfícies diferentes [2]. A principal matéria-prima da cerâmica é a argila, um material natural, de textura terrosa, de granulação fina, constituída essencialmente de argilominerais, podendo conter outros minerais que não são argilominerais (quartzo, mica, pirita, hematita, etc.), matéria
orgânica e outras impurezas. [3]. A cor avermelhada deve-se à presença de óxido de ferro em sua composição, material orgânico e fundente, podendo variar sua concentração. Este artigo tem por finalidade discutir a presença do óxido de ferro na argila utilizada na fabricação de cerâmica e, através do processo de fabricação de objetos do designer Peter Biddulph [4], mostrar uma nova visão deste óxido na indústria cerâmica. METODOLOGIA O óxido de ferro é um composto químico encontrado na composição da argila, matéria-prima da cerâmica, e também é utilizado como pigmento na esmaltação e decoração dos objetos. A indústria cerâmica utiliza basicamente pigmentos inorgânicos, destacando-se entre eles os óxidos de ferro por sua variedade de cores (marrom, amarelo, vermelho, preto, verde), atoxidade e baixo custo [4]. No processo de fabricação de porcelana branca e fina, utiliza-se da separação magnética para a remoção do ferro [1], pois a presença do óxido de ferro, muitas vezes considerado como impureza, pode afetar substancialmente as características de uma argila para uma dada aplicação; daí a razão de se eliminar por processos físicos (beneficiamento) os minerais indesejáveis [3]. O óxido causa manchas nos objetos no processo de queima (figura 1) e as peças que, porventura, apresentam tal defeito, são vendidas como de segunda linha ou descartadas, pois não apresentam a qualidade necessária para ser comercializada. Figura 1. Manchas nas peças de cerâmica causada pelo óxido de ferro após a queima [4] Por outro lado, este componente químico é empregado como pigmento no processo decorativo e de esmaltação das peças de cerâmica, tendo em vista possibilitar uma infinidade de cores e maior proteção contra desgaste. O esmalte é composto de matérias-primas como caulim, areia, óxidos diversos, entre eles o de ferro, pigmentos, fritas, entre outros materiais que podem ser adicionados secos ou ainda com teor de água na ordem de 40% [5]....uma espécie de tinta é preparada contendo o óxido e fundentes (frita e feldspato) moídos e transformados em um pó finíssimo. Este é misturado com um veículo oleoso e aplicado, geralmente com pincel, sobre a superfície com vitrificação. A peça decorada é cozida; a frita se funde e envolve os pigmentos óxidos; o óleo é consumido e a cor se fixa na peça [1]. Para ilustrar as aplicações deste óxido, foi escolhida a coleção de copos Tripod Guinomi do designer Peter Biddulph. Pretende-se mostrar o uso de tal componente químico na massa cerâmica como um aliado ao processo de design. Biddulph [4] possui uma infinidade de prêmios por seu trabalho com cerâmica. O desenvolvimento de um esmalte fez com que o designer conquistasse reconhecimento em todo o mundo, sendo, inclusive, convidado a expor em diversos países, como Japão, Reino Unido e Austrália. Biddulph investe em pesquisa a respeito de processos atuais e antigos sobe
esmaltação, sobretudo chinês. Atualmente, o designer trabalha com a porcelana do tipo Australian Southern Ice, conhecida por sua brancura, translucidez e resistência, através da técnica Studio, que lhe permite criar um trabalho feito à mão, com grandes variações em suas composições ao unir porcelana e óxido de ferro, o que confere ao trabalho do designer individualidade e vitalidade. RESULTADOS Sua coleção, intitulada Tripod Guinomi, é composta de copos para beber saquê, de diferentes modelos e com uma infinidade de tratamentos e acabamentos, que conferem a individualidade a cada peça. Foram produzidos com porcelana do tipo Australian Southern Ice, e são uma síntese de técnicas e processos antigos e contemporâneos. As peças foram criadas em computador antes de serem processadas fisicamente através da tecnologia de prototipagem rápida. Os objetos finais foram feitos à mão com porcelana líquida, por uma técnica de deslizamento ou fundição, que consiste no derramamento do líquido no molde, onde este fica até que a água presente seque. Possuem espessura entre 2-3 mm, são leves, mas apresentam grande resistência e durabilidade. O processo de queima, a uma temperatura em torno de 1300ºC, confere um aspecto vitrificado a este tipo de porcelana, o que lhe permite translucidez e brancura únicas, como pode ser observado na figura 2. As peças são polidas para dar uma sensação tátil agradável e alguns recebem acabamentos em seu interior, que pode ser um esmalte claro, com tom de terra, ou um azul gelo. Estas peças possuem função dupla, pois quando não estão sendo utilizadas para sua finalidade, são transformadas em esculturas iluminadas, devido à sua translucidez [4]. Figura 2. Copo Guinomi exemplo da brancura e tranlucidez da porcelana tipo Australian Southern Ice [4]. As peças aqui apresentadas são as que o designer aplica óxidos de ferro na massa de porcelana. Ao contrário dos processos tradicionais, nos quais este composto é retirado no processo de fabricação, Biddulph o insere na massa líquida, o que lhes atribui características orgânicas, com grandes variações, texturas, encontradas em rochas naturais. Na figura 3 é possível ter-se noção do efeito alcançado na peça mediante a aplicação desta técnica.
Figura 3. Guinomi peça com aplicação do óxido de ferro na composição da porcelana [4]. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Por meio da proposta aqui apresentada foi possível perceber que o óxido de ferro nem sempre pode ser considerado um elemento indesejável nas composições de massa cerâmica. Em processos de criação que busquem inovação por meio do design e das técnicas alternativas de decoração este componente pode provocar uma solução interessante. Peças únicas podem ser criadas, com infinitas possibilidades. Utilizando-se acabamentos, como a esmaltação, têm-se objetos com durabilidade elevada e que não afetam sua estrutura. O trabalho do designer Peter Biddulph é um exemplo de como se pode chegar a excelentes resultados. REFERÊNCIAS [1] TEIXEIRA, J. A. Design & Materiais. Curitiba: Ed. CEFET-PR, 1999 (p. 175, p. 187, p. 202). [2] LEFTERI, C. Materials for Inspirational Design. Rotovision, 2006, p. 06. [3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CERÂMICA. Disponível em: <http://www.abceram.org.br/site/index.php?area=4&submenu=47>. Acesso em: 11 nov. [4] CONTEMPORARY CERAMICS PETER BIDDULPH. Disponível em: http://www.ceramicdesign.org/. Acesso em nov. [5] SPINELLI, OLIVEIRA, PASKOCIMAS. Síntese de Pigmento Cerâmico de Óxido de FerroEncapsulado em Sílica Amorfa para Aplicações Cerâmicas a Altas Temperaturas (1100-1200 C). Cerâmica Industrial. 2003. Disponível em: <http://www.ceramicaindustrial.org.br/pdf/v08n01/v8n1_8.pdf>. Acesso em: 11 nov. [6] HANSEN, L. K.; PETRELL, A.; SEO, E. S. M. Identificação de oportunidades de melhoria de desempenho ambiental em processo de produção de materiais cerâmicos via aplicação da técnica de avaliação de ciclo de vida (ACV).V.10, N.4, 2010. Revista Produção Online. V.10, N.3, 2010. Disponível em: HTTP://www.producaoonline.org.br/index.php/rpo/article/view/526. Acesso em: 11 nov.
Nome do arquivo: O OXIDO DE FERRO NO PROCESSO DE FABRICACAO DA CERAMICA Diretório: C:\Users\Marilzete\Documents Modelo: C:\Users\Marilzete\AppData\Roaming\Microsoft\Templates\Normal. dotm Título: INSTRUÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE TRABALHOS Assunto: Autor: abatti Palavras-chave: Comentários: Data de criação: 17/09/2012 19:15:00 Número de alterações: 3 Última gravação: 19/09/2012 13:02:00 Salvo por: Marilzete Tempo total de edição: 5 Minutos Última impressão: 19/09/2012 13:02:00 Como a última impressão Número de páginas: 4 Número de palavras: 1.563 (aprox.) Número de caracteres:8.441 (aprox.)