VALORIZAÇÃO E PRESERVAÇÃO DE VARIEDADES REGIONAIS DE CASTANHA NA REGIÃO CENTRO E NORTE DE PORTUGAL Catarina de Sousa

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Transcrição:

VALORIZAÇÃO E PRESERVAÇÃO DE VARIEDADES REGIONAIS DE CASTANHA NA REGIÃO CENTRO E NORTE DE PORTUGAL Catarina de Sousa 1. Justificação e objectivo O objectivo deste trabalho foi a recuperação e valorização de variedades tradicionais de castanheiro, com vista à conservação de recursos. As linhas de trabalho foram a caracterização fenológica e fenotípica de variedades de castanheiro com mais representatividade na região e o aconselhamento de agricultores não só na melhor escolha de variedades, nomeadamente no que respeita ao calendário de polinização, mas também a melhoria das práticas culturais tais como enxertias, manutenção e condução dos soutos. 2. Material e Métodos 2.1 Caracterização do souto O souto da Estação Agrária foi instalado em 1995. É actualmente constituído por sete variedades nacionais, Martaínha, Longal, Rebordã, Verdeal, Aveleira, Judia e Colarinha enxertadas em Castanea sativa Mill., com um compasso 8x7 metros. As árvores mais jovens têm 12 anos, pelo que ainda não atingiram o seu potencial máximo. Foto: C. S. Fig. 1 Castanheiro da variedade Verdeal. 2.2 Caracterização edafo-climática.2.2.1 Solo O solo é franco arenoso, pouco ácido, baixo teor em matéria orgânica e níveis alto de fósforo e muito alto de potássio. As mobilizações podem, com o decorrer do tempo, provocar uma diminuição do teor de matéria orgânica do solo e originar a sua compactação com a consequente diminuição do arejamento, crescimento das raízes e infiltração da água. Com o objectivo de evitar estes inconvenientes e melhorar a fertilidade decidiu-se, no Outono de 2005, proceder ao enrelvamento do solo. Foi escolhida uma mistura de leguminosas anuais; os cortes da erva são feitos com destroçador, em épocas que não comprometam a ressementeira das espécies presentes na mistura. 2.2.2 Clima 2.2.2.1 Temperatura A média das temperaturas máximas, mínimas e médias encontram-se registadas na figura 2. A temperatura média anual foi de 14,1º C; a média das máximas foi de 31,5º C no mês de Agosto, tendo-se registado 35 dias com temperaturas máximas superiores a 30º C (fig.3). 1

ºC 35 30 25 20 15 10 5 0 temp. máxima temp. minima temp. média Fig. 2 Temperaturas médias mensais obtidas durante no ano 2009. ºC 40,0 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 Mai (2) Jun (8) Jul (2) Ago (17) Set (6) Fig. 3 Numero de dias com temperaturas superiores a 30º C. 2.2.2.2 Precipitação A precipitação anual foi de 1089,8 milímetros distribuídos ao longo do ano conforme mostra a figura 4. mm 400 350 300 250 200 150 100 50 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Fig. 4 Valores mensais de precipitação. A quantidade de água no solo de Janeiro a Setembro foi de 408,4 milímetros, sendo que no mês de Agosto não choveu e no mês de Setembro a precipitação foi de apenas 5 milímetros (fig. 5). Set Ago Jul Jun Mai Abr Mar Fev Jan 5 0 15 22,1 19 25,5 82,8 104 135 mm Fig. 5 Quantidade de água no solo de Janeiro a Setembro. 2

3. Resultados Os resultados obtidos são os que a seguir se apresentam. 3.1 Fases de Desenvolvimento Rebentação Início da floração Masculina ( ) Feminina ( ) Maturação Martaínha 10/04 09/06 09/06 06/10 Rebordã 18/04 13/06 09/06 09/10 Aveleira 23/04 16/06 13/06 08/10 Verdeal 23/04 16/06 16/06 15/10 Longal 28/04 23/06 20/06 28/10 Judia 28/04 27/06 20/06 23/10 Colarinha 28/04 27/06 20/06 28/10 Fig. 6 tas de ocorrência das diferentes fases de desenvolvimento. 3.2 Fenologia Os principais estados fenológicos observados e que estão representados na figura 7 são a rebentação, ou seja o lançamento das folhas que ocorreu entre a 2ª e a 3ª década de Abril, a floração e a maturação. A floração ocorre quanto a temperatura atingir os 17ºC (Lage, 2005) e a radiação solar aumentar. Inflorescências masculinas ( ) O aparecimento dos amentilhos unissexuais masculinos (Dm) ocorreu nas diferentes variedades da 2ª década de Abril à 2ª de Maio. O início do aparecimento dos estames (Fm) ocorre aproximadamente um mês após o aparecimento dos amentilhos unissexuais e a plena floração masculina (Fm2) aproximadamente 1 mês e meio após o aparecimento dos amentilhos. O fim da emissão do pólen (Gm) considerou-se quando as anteras ficam acastanhadas e (Hm) quando os amentilhos começaram a cair. M arço Abril M aio Junho Julho Agosto Setem bro Outubro N ovem bro (décadas) (décadas) (décadas) (décadas) (décadas) (décadas) (décadas) (décadas) 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 C 3 M ARTA ÍNH A G m L ON GA L G m R EB OR DÃ C 3 Gm V ER DE AL Dm Ff Ff2 G m In cham. C rescim en to do o uriço M aturação A VEL EIRA C 3 Dm G m J UD IA Gm C O LAR INH A G m - Rebentação Dm - Aparecimento dos amentilhos unissexuais masculinos Fm - Saída dos estames nos amentilhos unissexuais Fm2 - Plena floração masculina G m - Fim da em issão de p ólen - Aparecimento dos amentilhos androgínicos Ff - Aparecimento dos estigmas na flor central Ff2 - Plena floração feminina (todos os estigmas visíveis) I - Incham ento do ouriço Fig. 7 tas de ocorrência dos principais estados fenológicos na E.A.V. 3

Inflorescências femininas ( ) O aparecimento dos amentilhos androgínicos () teve lugar entre a 2ª e a 3ª décadas de Maio e o dos estigmas da flor central (Ff) de 10 a 15 dias após o aparecimento dos amentilhos androgínicos. A plena floração feminina (Ff2), ou seja, o aparecimento dos estigmas em todas as flores surge de 12 a 20 dias após o estado (). No inchamento (I) a inflorescência apresenta 2,5 vezes o tamanho inicial; Durante o crescimento todas as estruturas da flor vão sofrer alterações, nomeadamente a transformação das brácteas em espinhos, até ao total desenvolvimento e queda do fruto. 3.3 Caracterização morfométrica das variedades Para a caracterização das variedades elaboraram-se fichas com as características morfológicas das folhas, flores e frutos, de acordo com as normas estabelecidas pela UPOV (Union Internationale pour la Protection des Obtentions Vegetales, 1989). 3.3.1 Folhas Limbo Folha Pecíolo Comprimento (cm) Largura (cm) Comprimento (cm) Martaínha 19,7 ± 2,8 5,0 ± 0,7 2,3 ± 0,6 Rebordã 19,7 ± 2,7 5,5 ± 0,6 2,2 ± 0,3 Aveleira 16,8 ± 1,9 4,5 ± 0,6 2,2 ± 0,5 Verdeal 20,6 ± 3,0 5,5 ± 0,7 2,5 ± 0,5 Longal 18,0 ± 1,8 4,9 ± 0,5 3,0 ± 0,7 Judia 19,5 ± 3,1 5,3 ± 0,9 2,8 ± 0,9 Colarinha 20,7 ± 3,7 5,6 ± 1,0 2,6 ± 0,9 Fig. 8 Características morfológicas da folha nas diferentes variedades. 3.3.2 Flores 3.3.3 Fruto Unissexuais Flores (amentilhos) 4 Total de amentilhos Nº de % amentilhos % amentilhos Nº flores Comp. (cm) glomérulos unissexuais androgínicos /amentilho Martaínha 21,8 ± 2,4 85,4 ± 9,2 89,7 ± 1,2 10,3 ± 1,2 2,0 ± 0,3 Rebordã 21,9 ± 3,1 71,4 ± 10,9 86,3 ± 5,0 13,7 ± 5,0 1,9 ± 0,1 Aveleira 19,4 ± 2,4 89,5 ± 10,8 92,0 ± 3,5 8,0 ± 3,5 1,4 ± 0,1 Verdeal 18,3 ± 2,6 87,5 ± 11,1 84,3 ± 8,3 15,7 ± 8,3 2,4 ± 0,4 Longal 21,9 ± 3,1 83,7 ± 9,9 86,0 ± 5,0 14,0 ± 5,0 2,1 ± 0,4 Judia 19,6 ± 3,1 77,6 ± 10,1 80,3 ± 3,5 19,7 ± 3,5 2,0 ± 0,0 Colarinha 16,1 ± 2,9 89,3 ± 11,2 43,3 ± 9,0 56,7 ± 9,0 3,1 ± 0,3 Fig. 9 Caracterização dos amentilhos. Fruto Hilo Comprimento Largura Espessura Comprimento Largura (mm) Martaínha 30,6 ± 1,3 34,9 ± 1,4 21,0 ± 2,8 2,5 ± 0,4 1,4 ± 0,2 Rebordã 30,3 ± 2,2 31,5 ± 1,5 21,8 ± 2,4 2,1 ± 0,3 1,3 ± 0,2 Aveleira 32, 0± 2,00 33,2 ± 1,4 19,4 ± 1,9 2,2 ± 0,3 1,2 ± 0,2 Verdeal 35,7 ± 2,6 37,0 ± 1,7 21,8 ± 2,2 2,8 ± 0,4 1,8 ± 0,2 Longal 32,7 ± 2,5 38,1± 1,8 21,5 ± 2,6 2,4 ± 0,4 1,3 ± 0,2 Judia 36,4 ± 2,3 36,0 ± 1,7 21,4 ± 3,2 2,6 ± 0,5 1,5± 0,2 Colarinha 29,0 ± 2,0 37,9 ± 1,5 19,5 ± 1,9 2,3 ± 0,4 1,1 ± 0,2 Fig. 10 Caracterização dos frutos das diferentes variedades. 3.3.4 Classes de calibre Percentagem nos diferentes calibres (mm) e classificação do fruto (cm) Normalização 30 30-35 35-40 40 (nº frutos/kg) Martaínha 15 80 5 - Médio 82 ± 13 Rebordã - 35 65 - Médio a Grande 84 ± 8 Aveleira 23 75 2 - Pequeno a Médio 90 ± 8 Verdeal 5 25 70 - Grande 66 ± 8 Longal 2 88 10 - Médio a Grande 77± 10 Judia 3 27 62 8 Grande 59 ± 10 Colarinha 52 45 3 - Pequeno a Médio 90 ± 6 Fig. 11 Calibres determinados nas diferentes variedades.

3.4 Produções Sabemos que o castanheiro só estabiliza a produção aos 40 50 anos (Brio et al, 1998) e que atinge a fase adulta aos 20 anos, idade ainda longe de ser atingida pelos castanheiros em estudo, razão pela qual as produções são ainda muito baixas. No entanto as produções das diferentes variedades foram as que constam da figura 11. Colarinha 2043 Judia 4258 Longal 2289 Verdeal 4842 Aveleira 2557 Rebordã Martaínha 3427 3562 kg/ha Fig. 12 Produções obtidas no ano de 2009 4. Conclusões Como se pode verificar, existem diferenças muito acentuadas entre as variedades, que poderão ser devidas não só às condições climáticas do ano, mas também à pouca idade do souto. Sabemos que o castanheiro só estabiliza a produção aos 40 50 anos (Brio et al., 1998) e que atinge a fase adulta aos 20 anos, idade ainda longe de ser atingida pelos castanheiros em estudo. Não podemos deixar de ressalvar que as práticas culturais efectuadas no souto têm grande influência em todo o ecossistema nomeadamente na água do solo, nas espécies constituintes do coberto vegetal, nas doenças e pragas e na fauna e flora auxiliares. O castanheiro possui um sistema radicular constituído por raízes principais, mais grossas e uma rede de raízes mais finas, onde se encontram os pêlos radiculares, que são as responsáveis pela absorção da água e nutrientes; distribuem-se pela camada superficial do solo e para além da projecção da copa da árvore; são estas raízes que, quando feridas devido, por exemplo, a mobilizações podem ser uma porta de entrada à doença da tinta do castanheiro. Na zona do solo envolvente da raiz ocorrem associações mutualistas entre a fina rede de raízes e microrganismos de solo, com benefícios para ambos. É o caso da associação micorrízica entre fungos de solo e as raízes do castanheiro, tão necessária ao seu bom desenvolvimento e estado sanitário. Na figura 13 apresentamos exemplos de alguns fungos que desenvolvem micorrizas e que foram encontrados no outono de 2009. Fotos: C. S. Fig. 13 Frutificação encontrada no souto da EAV. 5

Apesar dos exemplos mostrados pertencerem ao grupo dos fungos não comestíveis existem, nos soutos, fungos cujas frutificações, cogumelos, são utilizadas na alimentação. Para finalizar não poderíamos deixar de apresentar as variedades mais precoces e produtivas em oposição às mais tardias, bem como aquelas que poderemos escolher como polinizadoras (as variedades híbridas francesas também são boas polinizadoras, pois têm amentilhos muito grandes e as flores masculinas libertam grande quantidade de pólen). Variedades + produtivas (precoces) - produtivas (tardias) Martaínha Rebordã Longal polinizadoras Verdeal amentilhos braquistaminados amentilhos mesostaminados Aveleira Colarinha amentilhos astaminados Judia Fig. 14 Variedades distribuídas de acordo com a sua precocidade. 6