Sazonalidade de preço e quantidade comercializada de alface nos CEASAs - MG de 1995 a 2010 Karoline Maso dos Reis¹; Aline Regina Maximiano¹; Franciele Morlin Carneiro¹; Fernanda Amaral Corrêa Nunes¹; Hamilton César de Oliveira Charlo¹. ¹IFTM-Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro- Campus Uberaba, Rua João Batista Ribeiro n. 4000 Mercês 38064-790 Uberaba-MG. karol.mazzo6@gmail.com; alinemaximiano@hotmail.com; franmorlin@hotmail.com; fezinha_amaral@yahoo.com.br; hamiltoncharlo@iftm.edu.br RESUMO O presente estudo foi realizado a partir de dados compilados da quantidade e preço da alface comercializada nos seis CEASAs de Minas Gerais. Foram levantados dados de Belo horizonte (CEAMG), Juiz de Fora (CEARM), Uberlândia (CEART), Governador Valadares (CEARD), e Barbacena (CEARB), no período de janeiro de 1995 a dezembro de 2010. Os preços de comercialização da alface foram deflacionados pelo IGP-DI para a base de janeiro de 2011. Após o levantamento dos dados, realizou-se a confecção de gráficos, apresentando-se os volumes comercializados e a sazonalidade dos preços. De janeiro a abril concentram-se as maiores médias de preço, e de julho a dezembro as menores. A comercialização nos CEASAs durante o ano foi constante, verificando-se maior média no mês de maio. A maior variação de preço mensal foi de 70,12% e ocorreu entre os meses de março a setembro, sendo que neste período a oscilação de 1% na produção provocou 7,39% de variação no preço, fato decorrente da grande procura pelo produto. Enquanto que de 1995 a 2010 a produção teve variações de quedas e aumentos, o preço de 1995 a 2004 apresentou quedas constantes, estabilizando-se a partir desta data. Palavras-chave: Lactuca sativa L., economia agrícola, mercado. ABSTRACT Seasonal of prices and amount of lettuce sold in CEASAs-MG, from 1995 to 2010 This study was performed from compiled data of quantity and price of lettuce sold in the six CEASAs of Minas Gerais. The data were collected in Belo Horizonte (CEAMG), Juiz de Fora (CEARM), Uberlândia (CEART) Governador Valadares (CEARD) and Barbacena (CEARB), from January 1995 to December 2010. The market prices of lettuce were deflated by the IGP-DI to the base in January 2011. After the survey data, there was the making of graphics, presenting the volumes traded and the seasonality of prices. From January to April are concentrated the highest average price, and from July to December the lowest. The production during the year was steady and there is the highest S379
average in May. The highest monthly price 2010 the production had variations of falls variation was 70.12% and occurred between March to September, as that in the period, the oscillation of 1% in production caused 7.39% of variation in price, a fact due to the large demand for the product. While from 1995 to and rises, the price from 1995 to 2004 showed declines constant, stabilizing after that date. Keywords: Lactuca sativa L., agricultural economy, market. INTRODUÇÃO O consumo de hortaliças vem crescendo, não só pelo crescente aumento da população, mas também, pela tendência do hábito alimentar por parte do consumidor tornando-se inevitável o aumento da produção. A alface (Lactuca sativa L.) é uma planta de crescimento herbáceo, pertencente ao grupo das hortaliças folhosas, muito consumida no Brasil. Já era cultivada há milênios na bacia do mediterrâneo, sendo também muito apreciada pelos antigos gregos, desde 500 a.c. Tem grande expressão econômica no mercado hortícola, o que vem favorecendo inúmeros estudos sobre sua cultura (Alberoni, 1997). A alface é cultivada em todas as regiões brasileiras, sendo a principal salada consumida pela população, tanto pelo sabor e qualidade nutricional quanto pelo reduzido preço para o consumidor. A evolução de cultivares e sistemas de manejo, tratos culturais, irrigação, espaçamentos, técnicas de colheita e de conservação pós-colheita e mudanças nos hábitos de alimentação impulsionaram o cultivo e tornaram a alface a hortaliça folhosa mais consumida no país (Resende et al., 2007). A alface predominante no Brasil é do tipo crespa, liderando com 70% do mercado. O tipo americana detém 15%, a lisa 10%, enquanto outras (vermelha, mimosa, etc) correspondem a 5% do mercado (Costa & Sala, 2005). O Brasil possui área plantada pela cultura de aproximadamente 35.000 hectares, caracterizadas pela produção intensiva realizada por produtores familiares, gerando cerca de cinco empregos diretos por hectare (Costa & Sala, 2005). Os Estados de São Paulo e Minas Gerais são os maiores produtores de alface do país, sendo que, somente o Estado de São Paulo plantou 6.570 ha em 2006, produzindo 129.077 toneladas (IEA, 2011). Na região Centro-Oeste, os maiores produtores são os municípios de Goiânia, Anápolis e a micro região do entorno de Brasília. Somente no mês de junho de 2007, foram comercializados 163.065 kg de alface no Distrito Federal (CEASA, 2011). O sul de Minas Gerais tem se sobressaído em relação à produção de alface tipo americana, destinada à rede de lanchonetes McDonald's, tornando-se pólo produtor dessa hortaliça, com produção de cerca de 1000 toneladas brutas por mês (Mota et al., 2003). S380
O desconhecimento sobre o mercado de hortaliças tem feito com que muitos produtores fiquem vulneráveis às especulações de comerciantes não idôneos, e pratiquem de forma ineficiente operações logísticas, administrativas e de economia de escala (Souza et al., 1998). O conhecimento das exigências de mercado e das formas de comercialização possíveis, com o esclarecimento das diferenças operacionais e de rentabilidade características de cada uma, permite que o produtor reflita a respeito da comercialização adotada até o momento e, se necessário, efetue mudanças no sentido de optar pela negociação mais lucrativa e adequada à sua realidade. Diante dessas necessidades o presente trabalho teve como objetivo avaliar o fluxo sazonal de preços e quantidade de alface comercializada, nas seis unidades do CEASA de Minas Gerais, no período de janeiro de 1995 a dezembro de 2010. MATERIAL E MÉTODOS Para a realização deste trabalho, foram compilados dados da quantidade comercializada e dos preços de comercialização da alface nas seis unidades nos Centros de Abastecimento do Estado de Minas Gerais (CEASAs). Foram levantados dados de Belo horizonte (CEAMG), Juiz de Fora (CEARM), Uberlândia (CEART), Governador Valadares (CEARD), e Barbacena (CEARB), no período de janeiro de 1995 a dezembro de 2010. Os preços de comercialização da alface foram deflacionados pelo IGP-DI para a base de janeiro de 2011. Após o levantamento dos dados, realizou-se a confecção de gráficos, apresentando-se os volumes comercializados e a sazonalidade dos preços. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com os dados mensais (Figura 1) de janeiro a abril concentraram-se as maiores médias de preço, e de julho a dezembro as menores médias. A produção durante o ano foi constante, apresentado a maior média em maio. O mês de março apresentou a maior média de preço, e setembro a menor média, com variação de 70,12% entre esses meses e, a produção teve aumento de 9,49%. Estes resultados apontam que a oscilação de 1% na quantidade de produto altera o preço em 7,39%. Os preços da alface declinaram de 1995 a 2004, estabilizando-se após esse período. As maiores produções ocorreram entre 2001 e 2003, e a menor produção foi verificada no ano de 2010. O maior preço ocorreu em 1995 e o menor em 2008, tendo entre estes, oscilação de 192,77%, já a produção foi 8,05% maior em 2008. De 1995 a 2010 o preço e a produção tiveram queda de 157,56% e 5,39% respectivamente (Figura 2). A utilização destes dados é fator determinante para obtenção de melhores taxas de lucro, para isso é necessário uma programação anterior ao plantio, para que a época de colheita coincida com o momento ideal de comercialização da alface. S381
REFERÊNCIAS ALBERONI RB. 1997. Hidroponia: como instalar e manejar o plantio de hortaliças dispensando o uso do solo. 1. ed. São Paulo. 102p. CEASA. Mercado: boletim mensal. 2011, 02 de maio. Disponível em: http://www.ceasadf.org.br/mercado.htm. COSTA CP; SALA FC. 2005. A evolução da alfacicultura brasileira. Horticultura Brasileira 23 (Artigo de capa). IEA. Instituto de Economia Agrícola. 2011, 04 de maio. Banco de dados: área e produção dos principais produtos da agropecuária. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/banco/menu.php MOTA JH; YURI JE; FREITAS SAC; JUNIOR JCR; RESENDE GM; SOUZA RJ. 2003. Avaliação de cultivares de alface americana durante o verão em Santana da Vargem, MG. Horticultura Brasileira 21: 234-237. RESENDE FV; SAMINÊZ TCO; VIDAL MC; SOUSA RB; CLEMENTE FMV. 2007. Cultivo de alface em sistema orgânico de produção. Brasília, DF: Embrapa. Circular Técnica 56. SOUZA RAM; SILVA ROP; MANDELLI CS; TASCO AMP. 1998. Comercialização hortícola: análise de alguns setores do mercado varejista de São Paulo. Informações econômicas 28: 7-23. Figura 1. Variação sazonal de preços e volume comercializados de alface nos CEASAs-MG, no período de 1995 a 2010 [seasonal variation of prices and trade volume of lettuce in CEASAs- MG and monthly average, in 1995 to 2010]. S382
Figura 2. Variação sazonal de preços e volume comercializados de alface nos CEASAs-MG entre os anos de 1995 a 2010 [seasonal variation of prices and trade volume of lettuce in CEASAs-MG, between 1995 to 2010]. S383