Decomposição de Adubos Verdes em Condições de Casa de Vegetação

Documentos relacionados
Taxa de liberação de carbono e nitrogênio de coquetéis vegetais no cultivo irrigado de mangas no Semiárido Tropical brasileiro

Taxa de Decomposição de Coquetéis Vegetais com e sem Revolvimento do Solo no Cultivado com Mangueiras

Comunicado166 Técnico

Influência do Manejo do Solo e da Composição da Adubação Verde na Ciclagem de Nutrientes do Solo Cultivado com Mangueiras

Teores de Micronutrientes no Solo no Cultivo da Mangueira com Diferentes Sistemas de Culturas e de Preparo

Indicadores biológicos de qualidade de solo em área de produção de manga sob manejo orgânico em perímetro irrigado no Vale do São Francisco

Decomposição e liberação de nutrientes de coquetéis vegetais para utilização no Semiárido brasileiro 1

Produção de Biomassa e Padrão de Decomposição de Adubos Verdes Cultivados nas Entrelinhas de Acerola Orgânica

PRODUÇÃO DE FITOMASSA DE ADUBOS VERDES DE VERÃO EM CULTIVO EXCLUSIVO E CONSORCIADO

Uso de Adubação Verde em Videira no Submédio São Fran is o

AVALIAÇÃO DA TAXA DE DECOMPOSIÇÃO DE ADUBOS VERDES 1 INTRODUÇÃO

ISSN on line. Processo de Decomposição e Liberação de Nutrientes de Coquetéis Vegetais no Cultivo de Mangueiras no Semiárido Brasileiro

MATÉRIA SECA DE PLANTAS DE COBERTURA DO SOLO DE PRIMAVERA/VERÃO 1 DRY MATTER OF COVER CROPS PLANTS OF SPRINGER/SUMMER

Resumos do VII Congresso Brasileiro de Agroecologia Fortaleza/CE 12 a 16/12/2011

1. Introdução. Autores. Arquivo: Embrapa Semi-Árido ISSN

TAXA DE DECOMPOSIÇÃO DE ESTERCOS EM FUNÇÃO DO TEMPO E DA PROFUNDIDADE DE INCORPORAÇÂO SOB IRRIGAÇÃO POR MICRO ASPERSÃO

Misturas de plantas e densidade de esporos de fungos micorrízicos arbusculares em cultivo de mangueira irrigado

1O que é. A adubação verde é uma prática agrícola utilizada há

5ª Jornada Científica e Tecnológica da FATEC de Botucatu 24 a 27 de Outubro de 2016, Botucatu São Paulo, Brasil

SELETIVIDADE DOS HERBICIDAS BENTAZON E NICOSULFURON PARA Crotalaria juncea e Crotalaria spectabilis

Produção de sementes Espaçamento entre as linhas (cm)

CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DA MAMONEIRA FERTIRRIGADA EM MOSSORÓ RN

USO DE LEGUMINOSAS NA RECUPERAÇÃO DE SOLOS SOB PASTAGENS DEGRADADAS, EM GURUPI-TO. Danilo Silva Machado¹; Saulo de Oliveira Lima²

INFLUÊNCIA DO FOTOPERÍODO NO DESENVOLVIMENTO DE ADUBOS VERDES EM DIFERENTES ÉPOCAS DE SEMEADURA NO SUDESTE GOIANO

PROBLEMAS OCASIONADOS PELO MANEJO INADEQUADO DO SOLO

Irrigação Suplementar de Salvação na Produção de Frutíferas em Barragem Subterrânea

088 - Rendimento de fitomassa de adubos verdes e de grãos do feijoeiro decorrente do cultivo em sucessão

V Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG campus Bambuí V Jornada Científica 19 a 24 de novembro de 2012

Orgânico Aplicados às Tuberosas Tropicais. Prof. Francisco L. A. Câmara Unesp FCA, Campus de Botucatu

SELETIVIDADE DOS HERBICIDAS BENTAZON E NICOSULFURON PARA Crotalaria juncea e Crotalaria spectabilis

Manejo de plantas de cobertura para sistemas agrícolas de alta produtividade

ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO E RENDIMENTO DE GRÃOS DE MILHO SOB DO CULTIVO CONSORCIADO COM ADUBOS VERDES. Reges HEINRICHS. Godofredo César VITTI

Resumos do VII Congresso Brasileiro de Agroecologia Fortaleza/CE 12 a 16/12/2011

Bolsista PBIC/UEG, graduando do Curso de Agronomia, UnU Ipameri - UEG. Orientador, docente do Curso de Engenharia Florestal, UFG-Campus Jataí.

ADUBAÇÃO VERDE. Prof. Francisco Hevilásio F. Pereira (UAGRA/CCTA/UFCG) AGRICULTURA GERAL. Objetivos principais. Objetivos específicos

Ganho e perda de massa de melão amarelo produzido com uso de coquetel vegetal em sistema de plantio direto e convencional no Vale do São Francisco

LONGEVIDADE DA PALHADA DE ESPECIES (CONSORCIADAS E ISOLADAS) COM POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO EM SISTEMA DE PLANTIO DIRETO DO ALGODOEIRO EM GOIAS (*)

Adubação verde no sistema de cultivo orgânico Discentes: Cassio Batista Mendes Júnior, Cleber, Danillo Oliveira Silva, Eder Correia dos Santos, Lucas

Coberturas vegetais vivas do solo para bananeira

PRODUÇÃO DE GRÃOS E DECOMPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS CULTURAIS DE MILHO E SOJA EM FUNÇÃO DAS PLANTAS DE COBERTURA

RESPOSTA DE MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM Brachiaria ruziziensis À ADUBAÇÃO, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

Adubos verdes para Cultivo orgânico

Milho consorciado com plantas de cobertura, sob efeito residual de adubação da cultura da melancia (1).

NITROGÊNIO NO TECIDO VEGETAL DE PLANTAS HIBERNAIS E ESTIVAIS

ATRIBUTOS AGRONÔMICOS DA CULTURA DO MILHETO EM SISTEMA AGROECOLÓGICO SUBMETIDAS A DIFERENTES ADUBAÇÕES ORGÂNICA

Manejo do solo em sistemas orgânicos de produção

EVOLUÇÃO DO CONSÓRCIO MILHO-BRAQUIÁRIA, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

Adubação orgânica do pepineiro e produção de feijão-vagem em resposta ao efeito residual em cultivo subsequente

DISPONIBILIDADE DE MACRONUTRIENTES EM LATOSSOLO APÓS O USO DE ADUBAÇÃO VERDE

AVALIAÇÃO DO EFEITO DE FONTES DE ADUBAÇÃO ORGÂNICA SOBRE A S CARACTERÍSTICA S FÍSICAS DO SOLO NO VALE DO VALE DO AÇU/RN

Partição de Assimilados em Crotalaria juncea sob Dois Espaçamentos de Cultivo

ADIÇÃO DE TORTA DE ALGODÃO A COMPOSIÇÃO DE DIFERENTES SUBSTRATOS PARA A PRODUÇÃO DE MAMONEIRA

AVALIAÇÃO DO EFEITO DO RESÍDUO DE SETE ESPÉCIES DE LEGUMINOSAS, SOBRE A EMERGÊNCIA E CRESCIMENTO INICIAL DA MAMONEIRA

XX Latin American and XVI Peruvian Congress of Soil Science

COMPORTAMENTO DE GENÓTIPOS DE MAMONEIRA EM TERESINA PIAUÍ EM MONOCULTIVO E CONSORCIADOS COM FEIJÃO-CAUPI*

V Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG campus Bambuí V Jornada Científica 19 a 24 de novembro de 2012

Avaliação de cobertura de solo em sistemas intensivos de cultivo 1

Fundação de Apoio e Pesquisa e Desenvolvimento Integrado Rio Verde

FRAÇÕES DA MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO DEVIDO AO CULTIVO DE COQUETÉIS VEGETAIS, EM CONDIÇÕES IRRIGADAS, EM UM ARGISSOLO AMARELO DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

Desempenho da Biomassa das Plantas de Cobertura de Verão na Supressão de Plantas Espontâneas

PRODUTIVIDADE DAS CULTIVARES PERNAMBUCANA, BRS PARAGUAÇU E BRS NORDESTINA EM SENHOR DO BONFIM-BA

Gessi Ceccon, Luís Armando Zago Machado, (2) (2) (3) Luiz Alberto Staut, Edvaldo Sagrilo, Danieli Pieretti Nunes e (3) Josiane Aparecida Mariani

ISSN do Livro de Resumos:

COMUNICADO TÉCNICO ISSN Nº 51, dez.2001, p.1-9

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 637

117 ISSN on line. Sistema Plantio Direto de Meloeiro com Coquetéis Vegetais em Vertissolo no Semiárido

SAF implantado em linhas e em média diversidade de arbustos e árvores.

431 - AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHO EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTIO EM SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO

Restos Vegetais da Mangueira e Sua Importância como Fonte de Inóculo em Diferentes Sistemas de Manejo

DECOMPOSIÇÃO DE RESÍDUOS DE PALHA DE MILHO, AVEIA E NABO FORRAGEIRO EM SISTEMA CONVENCIONAL E PLANTIO DIRETO

Características biométricas de cafeeiro intercalado com diferentes sistemas de produção de abacaxizeiro para agricultura familiar do Projeto Jaíba

Índice de clorofila em variedades de cana-de-açúcar tardia, sob condições irrigadas e de sequeiro

Desempenho de adubos verdes e o efeito no milho em sucessão, num sistema manejado sob base ecológica em Dourados, MS

Palavras-chave: qualidade do solo, vitivinicultura, fertilidade.

Adubação Verde como Fonte Exclusiva de Nutrientes para a Cultura do Milho Orgânico

DESEMPENHO DE PLANTAS DE COBERTURA DE VERÃO NA PRODUÇÃO DE BIOMASSA E SUPRESSÃO DE PLANTAS ESPONTÂNEAS

COMPORTAMENTO DE DIFERENTES GENÓTIPOS DE MAMONEIRA IRRIGADOS POR GOTEJAMENTO EM PETROLINA-PE

COMPORTAMENTO DE DIFERENTES GENÓTIPOS DE MAMONEIRA IRRIGADOS POR GOTEJAMENTO EM JUAZEIRO-BA

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

EFEITO DE ADUBAÇÃO NITROGENADA EM MILHO SAFRINHA CULTIVADO EM ESPAÇAMENTO REDUZIDO, EM DOURADOS, MS

Palestra apresentada no 1º Simpósio de Pragas de Solo, Pindorama, SP. José Ednilson Miranda Embrapa Algodão

RESPIRAÇÃO MICROBIANA NO SOLO CONTENDO TORTA DE MAMONA EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DA UMIDADE. Algodão,

Impacto Ambiental do Uso Agrícola do Lodo de Esgoto: Descrição do Estudo

009 - Alterações físicas de um Argissolo vermelho sob diferentes sistemas de manejo

Estabelecimento de pastagem na entrelinha de eucalipto após consórcio com plantas de cobertura manejadas com rolo faca¹

PRODUTIVIDADE DA CEBOLA EM FUNÇÃO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA

Teores Foliares de Nutrientes e Produção de Milho Orgânico com Cultivo Simultâneo Intercalar de Leguminosas

PROJETO DE PESQUISA REALIZADO NO CURSO DE BACHARELADO EM AGRONOMIA DA UERGS 2. Aluno do Curso de Bacharelado em Agronomia,

SISTEMAS DE PRODUÇÃO E EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE FERTILIZANTES

CALAGEM, GESSAGEM E MANEJO DA ADUBAÇÃO EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM Brachiaria ruziziensis

AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE MAMONA CULTIVADOS NO SEMI-ÁRIDO BAIANO

Acúmulo de macronutrientes em roseiras em função do manejo do solo

CRESCIMENTO INICIAL E DESENVOLVIMENTO DE PLANTAS DE GERGELIM EM FUNÇÃO DA ADUBAÇÃO Apresentação: Pôster

COMBINAÇÃO DE CASCA E TORTA DE MAMONA COMO ADUBO ORGÂNICO PARA A MAMONEIRA

CRESCIMENTO DO PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) EM FUNÇÃO DE NÍVEIS DE ÁGUA E ADUBAÇÃO NITROGENADA

PRODUÇÃO DE MUDA DE MAMONEIRA EM SUSTRATOS CONTENDO DIFERENTES RESÍDUOS ORGÂNICOS E FERTILIZANTE MINERAL

INFLUÊNCIA DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA E MATERIAL HÚMICO SOBRE A PRODUÇÃO DE ALFACE AMERICANA

Cultura da Cana-de-açúcar. Msc. Flávia Luciane Bidóia Roim

Flutuação Populacional de Artrópodes no Milho em Áreas de Transição Para Produção Orgânica

Transcrição:

42 Decomposição de Adubos Verdes em Condições de Casa de Vegetação Decomposição de Adubos Verdes em Condições de Casa de Vegetação Decomposition of Green Manures Under Greenhouse Conditions Celimária Barbosa da Silva 1 ; Aline Adriane Ferreira Coelho 2 ; Vanderlise Giongo Petrere 3 ; Alessandra Monteiro Salviano Mendes 3 ; Tony Jarbas Ferreira Cunha 3 Resumo O presente estudo foi realizado em casa de vegetação com o objetivo de avaliar a taxa de decomposição da matéria seca da parte aérea de coquetéis vegetais, com diferentes composições, no Semiárido a partir dos seguintes tratamentos (T): T1-100 % não leguminosas; T2-100 % leguminosas; T3-75 % leguminosas e 25 % não leguminosas; T4-50 % leguminosas e 50 % não leguminosas; T5-25 % leguminosas e 75 % não leguminosas. Para a composição dos coquetéis foram utilizadas 11 espécies entre leguminosas e não-leguminosas (gramíneas e oleaginosas): Leguminosas - Calopogônio, Crotalaria juncea, Crotalaria spectabilis, Feijão de porco, Guandu, Lab-lab; não-leguminosas: Gergelim, Girassol, Mamona, Milheto e Sorgo. A fitomassa aérea foi proveniente de espécies utilizadas que foram semeadas no período chuvoso, de janeiro a março de 2008, entre as fileiras de mangueira. Após o corte, amostras da parte aérea foram distribuídas na superfície dos vasos e a sua decomposição monitorada por meio de coletas dos resíduos, realizadas aos 8, 15, 30, 60, 90, 120, 150, 180 e 210 dias após o corte das plantas de 1 Bolsista do CNPq; 2 Estudante de Ciências Biológicas da UPE, Campus Petrolina, PE; 3 Pesquiusador(a) da Embrapa Semi-Árido; BR 428, Km 125, Zona rural, Caixa postal 23, Petrolina, PE - CEP 56302-970; tony@cpatsa.embrapa.br.

Decomposição de Adubos Verdes em Condições de Casa de Vegetação 43 cobertura. O tratamento contendo somente não leguminosas (T1), além de possuir uma mineralização mais rápida, liberou para o sistema maiores quantidades de C e N. Palavras-chave: Carbono. Cobertura do solo. Coquetéis vegetais. Introdução Para a sustentabilidade do sistema de produção orgânica de mangueiras é fundamental a sua associação a um sistema de plantas intercalares diversificado, que utilize as entrelinhas do sistema principal e que produza uma quantidade adequada de resíduos culturais na superfície do solo. O uso de plantas intercalares na cultura da mangueira objetiva não apenas a diversificação de espécies, como também a escolha de uma sequência apropriada e de práticas culturais que atendam às necessidades e características dos aspectos edafoclimáticos e de ocorrência de plantas espontâneas, insetos, pragas e populações patógenas. Entre as vantagens da utilização de culturas intercalares no cultivo da mangueira, pode-se esperar a alternância no padrão de adição, extração e de reciclagem de nutrientes com o uso de espécies com diferentes sistemas radiculares e fitomassa aérea, auxiliando na manutenção ou melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo, considerando-se que a condição ideal é aquela em que o solo tenha sempre uma espécie de planta se desenvolvendo, determinando alto fluxo de carbono e de energia no sistema solo-planta-atmosfera, para beneficiar as suas qualidades física, química e biológica (VEZZANI, 2002). No Semiárido tropical brasileiro, os agricultores dispõem de várias espécies de cobertura de solo e adubos verdes com potencial para participar de sistemas que utilizem culturas intercalares nos cultivos de mangueira. Outra prática que vem sendo estudada para a região é a utilização de várias espécies vegetais consorciadas entre as plantas de mangueira. Essa mistura é conhecida como coquetel vegetal (leguminosas, gramíneas e oleaginosas) e tem a finalidade de servir como adubo verde e cobertura morta (SILVA et al, 2005; FERREIRA et al., 2006).

44 Decomposição de Adubos Verdes em Condições de Casa de Vegetação As espécies vegetais são semeadas em conjunto (misturadas) e quando atingem o estádio de pleno florescimento são cortadas para a produção de material orgânico para manejo de solo. Na tentativa de fornecer informações sobre as espécies vegetais que podem ser utilizadas para cobertura do solo e adubação verde nos Perímetros Irrigados, a Embrapa Semi-Árido vem conduzindo, desde 2004, estudos com coquetéis vegetais para manejo de solo em sistema de cultivo orgânico de mangueiras. O presente estudo teve como objetivo avaliar, em casa de vegetação, a taxa de decomposição de cinco coquetéis vegetais cultivados na entrelinha de pomares de mangueira, em ambiente semiárido. Material e Métodos O trabalho foi realizado em casa de vegetação na Embrapa Semi-Árido, Petrolina, PE. As unidades experimentais foram constituídas de vasos contendo 3,6 kg com Argissolo Amarelo eutrófico (EMBRAPA, 1999). Mediu-se a decomposição da fitomassa aérea de cinco coquetéis vegetais para adubação verde e cobertura do solo, semeados em diferentes composições e proporções no período chuvoso, de janeiro a março de 2008, entre as fileiras da mangueira, que constituíram os diferentes tratamentos (T): T1-100 % não leguminosas; T2-100 % leguminosas; T3-75 % leguminosas e 25 % não leguminosas; T 4-50 % leguminosas e 50 % não leguminosas; T5-25 % leguminosas e 75 % não leguminosas. Para composição dos coquetéis foram utilizadas onze espécies entre leguminosas e não-leguminosas (gramíneas e oleaginosas): Leguminosas - Calopogônio (Calopogonium mucunoide), Crotalaria juncea, Crotalaria spectabilis, Feijão de porco (Canavalia ensiformes), Guandu (Cajanus Cajan L.), Lab-lab (Dolichos lablab L.); não leguminosas: Gergelim (Sesamum indicum L.), Girassol (Chrysantemum peruviamum), Mamona (Ricinus communis L.), Milheto (penissetum americanum L.) e Sorgo (Sorghum vulgare Pers.). A massa seca, 25 g por unidade experimental, foi depositada diretamente no solo e utilizaram-se 10 vasos por tratamento. As frequências de irrigação adotadas para as unidades experimentais

Decomposição de Adubos Verdes em Condições de Casa de Vegetação 45 foram: diária e com intervalos de 2 dias, onde os vasos foram completados até a capacidade de campo, com água destilada, sendo que o controle ocorreu por meio de pesagens diárias. A média da temperatura e da umidade relativa do interior da casa de vegetação, durante o período do experimento, foi, respectivamente, 32,8 C e 58,5 %. O delineamento experimental foi em blocos completos casualizados, com cinco tratamentos e três repetições. Em cada época de amostragem (8, 15, 30, 45, 60, 90, 120, 150, 180 e 210 dias após o início do processo de decomposição), um vaso por tratamento foi coletado, em cada bloco, e a fitomassa remanescente, analisada para determinação da perda de peso, carbono e nitrogênio. A partir de dados obtidos, estimou-se as taxas da decomposição (k) diária pelo modelo exponencial de primeira ordem, por serem mais realísticos em termos de comportamento matemático e biológico (WIEDER; LANG, 1982), Mt = Mi e -kt (OLSON, 1963); sendo Mt o percentual de massa seca, carbono e nitrogênio remanescente após t dias e Mi 100 % quando t é igual a zero. Com o valor de k, calcularam-se também, o tempo necessário para a decomposição de 50 % (t50) e 95 % (t95) da matéria seca dos coquetéis vegetais (SHANKS; OLSON, 1961). Resultados e Discussão Em todos os tratamentos, a cinética do processo de decomposição dos coquetéis vegetais apresentou um padrão semelhante, com uma fase inicial rápida seguida de outra mais lenta. Entre 55 e 68 dias após o início do experimento, 50 % da matéria seca (MS) inicial dos coquetéis vegetais foi decomposta. Após esse período, ocorreu uma fase de decomposição mais lenta, onde 95 % da matéria seca foi decomposta entre 240 a 294 dias após o início do experimento (Tabela 1). Os coquetéis vegetais com presença de não leguminosas (100 %, 75 %, 25 %) apresentaram as maiores taxas de decomposição e também apresentaram as maiores constantes de liberação para C e N, consequentemente, mineralização mais rápida, conforme pode ser observado no t50 e no t95 dos elementos para esses tratamentos

46 Decomposição de Adubos Verdes em Condições de Casa de Vegetação (Tabela1). A mineralização mais rápida ocorrida pela presença de gramíneas e oleaginosas é um fator importante para ser considerado na estratégia de manejo e na composição dos coquetéis vegetais e deve ser observada com maior detalhe. Salienta-se, porém, que os dados estão considerando somente a dinâmica da liberação, portanto, é importante comparar quantidade adicionada pelo sistema planta e as liberadas para o sistema solo-atmosfera: Tabela 1. Produção de massa seca (MS), teores de C e N e valores estimados da taxa de decomposição e liberação de C e N (k) dos coquetéis vegetais utilizados pelo modelo exponencial de primeira ordem e tempo necessário para decomposição de 50 % e 95 % do material depositado (dias). Em relação ao C, é importante ressaltar, considera-se que a produção de massa seca dos coquetéis vegetais e o tempo necessário para liberação de 50 %, foi de 56, 63, 67, 64 e 58 dias para os T1, T2, T3, T4 e T5 que mineralizaram, respectivamente 1126,66 kg.ha -1, 794,18 kg.ha -1, 1016,00 kg.ha -1, 935,22 kg.ha -1 e 874,87 kg.ha -1 de C. Comportamento similar é observado com nitrogênio, considerando a produção de massa seca dos coquetéis

Decomposição de Adubos Verdes em Condições de Casa de Vegetação 47 vegetais e o tempo necessário para liberação de 50 % deste elemento, aos 56, 63, 67, 64 e 58 dias os T1, T2, T3, T4 e T5 mineralizaram, respectivamente, 57,31 kg.ha -1, 42,34 kg.ha -1, 36,89 kg.ha -1, 28,31 kg.ha -1 e 30,02 kg.ha -1 de N. Segundo Gama- Rodrigues et. al (2007), isto ocorre porque o C se correlaciona positivamente com o N, indicando que a liberação desse nutriente acompanharia a perda de massa e/ou a mineralização de C. O tratamento contendo somente não leguminosas (T1), além de possuir uma mineralização mais rápida, liberou para o sistema solo-atmosfera maiores quantidades de C e N. Porém é importante considerar que os coquetéis vegetais que possuem leguminosas têm a capacidade de adicionar N do sistema atmosfera para o sistema solo, enquanto que os coquetéis vegetais com não leguminosas têm somente a capacidade recicladora deste elemento. Conclusões Os coquetéis vegetais com predominância de não leguminosas (100 %, 75 %) apresentaram as maiores taxas de decomposição de materia seca. O coquetel vegetal contendo somente não leguminosas (T1), além de possuir uma mineralização mais rápida, liberou para o sistema solo-atmosfera maiores quantidades de C e N. Referências EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solo. Rio de Janeiro, 1999. 412 p. FERREIRA, G. B.; SILVA,, M. S. L. da; MENDONÇA, C. E. S.; MENDES, A. M. S.; GOMES, T. C., de A. Coquetéis vegetais uma alternativa para o manejo orgânico do solo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE AGROECOLOGIA, 4., 2006, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: EMATER-MG, 2006. 1 CD-ROM. GAMA-RODRIGUES, A. C.; GAMA-RODRIGUES, E. F.; BRITO, E. C. de. Decomposição e liberação de nutrientes de resíduos culturais de plantas de cobertura em argissolo vermelho-amarelo na região noroeste fluminense (RJ). Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, MG, v. 31, p. 1421-1428, 2007. SILVA, M. S. L. da; GOMES, T. C. de A.; SILVA, J. A. M.; CARVALHO, N. C. S. Produção de fitomassa de espécies vegetais para adubação verde no Submédio São Francisco. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2005. (Embrapa Semi-Árido. Instruções Técnicas da Embrapa Semi-Árido, 71).

48 Decomposição de Adubos Verdes em Condições de Casa de Vegetação SHANKS, R.; OLSON, J.S. First year breakdown of leaf litter in Southern Appalachia Forest Science, [S.l.], v. 134, p. 194-195, 1961. WIEDER, R. K.; LANG, G. E. A critique of the analytical methods used in examining decomposition data obtained from litter bags. Ecology, Washington, v. 63, n. 6, p. 1636-1642, 1982. OLSON, J. S. Energy storage and the balance of producers and decomposers in ecological systems. Ecology, Durham, v. 44, n. 2, 1963. VEZZANI, F. M. Qualidade no sistema solo na produção agrícola. 2002. 107 f. Tese (Doutorado em Ciência do Solo) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Agronomia, Porto Alegre.