RESPONSABILIDADE CIVIL DO ENFERMEIRO NA GESTÃO ASSISTENCIAL

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Transcrição:

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ENFERMEIRO NA GESTÃO ASSISTENCIAL

DEFININDO RESPONSABILIDADE CIVIL A responsabilidade civil consiste na obrigação (vínculo obrigacional) que impende sobre aquele que causa um prejuízo a outrem, de o colocar na situação em que estaria se o fato danoso não tivesse ocorrido. http://www.significados.com.br/responsabilidade/

PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM É o ser humano dotado de potencialidades e restrições, permeado de alegrias e frustrações, porém compromissado com o outro. (Horta, 1979)

ENFERMAGEM A Enfermagem compreende um componente próprio de conhecimentos científicos e técnicos, construído e reproduzido por um conjunto de práticas sociais, éticas e políticas que se processa pelo ensino, pesquisa e assistência. Realiza-se na prestação de serviços à pessoa, família e coletividade, no seu contexto e circunstâncias de vida. Resolução COFEN 311/2007 CEPE Preâmbulo

ÉTICA E LEGISLAÇÃO São as regras de comportamento, de ação perante a sociedade, e a convivência na mesma implica em obediência a essas regras ou normas de conduta. Estas se duplicam a partir do momento em que o indivíduo torna-se um profissional, que passa a seguir também as regras inerentes da profissão a qual exerce ou seja, regras intimamente ligadas, inseparáveis as regras da sociedade. (Smeltzer Bare, 2000)

ÉTICA X EXERCÍCIO PROFISSIONAL Na prática, o sujeito age conforme pensa. Isto significa que a prática pede teoria; as decisões precisam ter algum fundamento consciente; e as escolhas devem poder ser justificadas. Assim, na prática, o sujeito projeta seus objetivos, assume seus riscos, carece de conhecimentos. http://www.abennacional.org.br/centrodememoria/here/vol2num2revisao.pdf

(IN)SUFICIENTE? Segundo pesquisa realizada durante 4 anos no Amapá, 80% dos profissionais de enfermagem julgam insuficientes o ensino oferecido no que se refere a questões éticas (Júnior 2002)

EXERCÍCIO X RESPONSABILIDADE Assim, faz-se necessário falar em responsabilidade, principalmente em responsabilidade intelectual, considerando as conseqüências de um passo a ser dado, assegurando a integridade, a coerência e a harmonia daquilo em que se acredita, como também procurar os propósitos éticos e educativos da conduta e prática profissional. Gauthier J, Hirata M. A enfermeira como educadora. Cap 9. In: Santo I et al. Enfermagem fundamental. Rio de janeiro: Atheneu; 2001.

RESOLUÇÃO COFEN 311-2007 O aprimoramento do comportamento ético do profissional passa pelo processo de construção de uma consciência individual e coletiva, pelo compromisso social e profissional configurado pela responsabilidade no plano das relações de trabalho com reflexos no campo científico e político. (Resolução COFEN 311/2007 CEPE Preâmbulo)

COMO EXERCER A ENFERMAGEM? Art. 5º Exercer a profissão com justiça, compromisso, equidade, resolutividade, dignidade, competência, responsabilidade, honestidade e lealdade. Art. 6º Fundamentar suas relações no direito, na prudência, no respeito, na solidariedade e na diversidade de opinião e posição ideológica. (Resolução COFEN 311/2007 CEPE Responsabilidades e Deveres)

COMO EXERCER A ENFERMAGEM? Art. 12 Assegurar à pessoa, família e coletividade assistência de Enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência. Art. 13 Avaliar criteriosamente sua competência técnica, científica, ética e legal e somente aceitar encargos ou atribuições, quando capaz de desempenho seguro para si e para outrem. Resolução COFEN 311/2007 CEPE Responsabilidades e Deveres

TEORIA X REALIDADE A produtividade do profissional torna-se deficiente também devido à mecanização e robotização das tarefas, às pressões e imposições da organização do trabalho, à adaptação à cultura ou ideologia organizacional representada nas pressões do mercado, às relações com os clientes e com o público. Este processo fortalece a criação das incompetências, significando que o trabalhador se sente incapaz de fazer face às situações convencionais, inabituais ou erradas, quando acontece a retenção da informação que destrói a cooperação. Dejours C. Conferências Brasileiras. São Paulo: Edições FUNDAP; EAESP/FGV; 1999.

RECURSOS HUMANOS NA SAÚDE Quanto aos recursos humanos, há dificuldade não só em termos da formação profissional, organização e gestão, mas principalmente, no sentido de erradicar o desinteresse, a alienação, o agir mecânico e burocratizado que estabelece um nítido distanciamento dos trabalhadores entre si e com os usuários dos serviços de saúde. Campos GWS. Considerações sobre a Arte e a Ciência da Mudança: Revolução das Coisas e Reforma das Pessoas. O caso da Saúde. Em Cecílio, L. C. (Org). Inventando a Mudança na Saúde.São Paulo: Hucitec; 1994. p.29-88.

POSTURA FRENTE AS QUESTÕES ÉTICAS E LEGAIS: 44,44% dos profissionais de enfermagem não julga necessário conhecer a legislação que rege a profissão e 55% destes profissionais dizem não seguir os preceitos do Código de Ética. (JÚNIOR, 2002)

LEGISLAÇÃO X RESPONSABILIDADE Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

REQUISITOS A SEREM AVALIADOS Pode-se dizer que a responsabilidade civil materializa-se no momento em que o agente pratica ou deixa de praticar ato que fere, agride o direito eminentemente particular de outrem. Logo, violado o dever jurídico preexistente, o transgressor deverá reparar o dano. Há no ato do transgressor a presença de três elementos: conduta (comissiva ou omissiva), dano (prejuízo), e nexo de causalidade. http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,responsabilidade-civil-do-profissional-da-enfermagem,32301.html

CODIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. 4 A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.

CULPA? Verificado o dano e o nexo de causalidade, deve-se, ainda, ficar comprovado uma das três formas de transgressão aos deveres legais dos enfermeiros, quais sejam, negligência, imprudência e imperícia. Verificando-se a inexistência de tais requisitos, não há que se falar em responsabilidade do profissional da enfermagem.

CODIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM Art. 12 - Assegurar à pessoa, família e coletividade assistência de Enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência. Art. 21 - Proteger a pessoa, família e coletividade contra danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência por parte de qualquer membro da Equipe de Saúde. CEPE, COFEN - 2007

OCORRÊNCIA ÉTICA Evento danoso causado por profissional de enfermagem no decorrer de suas atividades relacionada com atitude inadequada face ao colega de trabalho, à clientela ou Instituição em que trabalha. Podem ser consequentes de atitudes, falta de atenção, de habilidades/conhecimentos técnicos, ou falta de zelo ou prudência desse profissional responsável por esses eventos... Freitas GF. Ocorrências éticas de enfermagem: uma abordagem compreensiva da ação social [tese]. São Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2005.

OBRIGADO marcus.oliveira@coren-sp.gov.br