RELATÓRIO DE ATIVIDADES - BOLSISTA DE PÓS-DOUTORADO SÊNIOR CNPq- PRIMEIRO ANO



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Transcrição:

RELATÓRIO DE ATIVIDADES - BOLSISTA DE PÓS-DOUTORADO SÊNIOR CNPq- PRIMEIRO ANO DIVERSIDADE, ENDEMISMO E ANÁLISE BIOGEOGRÁFICA DE SILURIFORMES EM SISTEMAS HÍDRICOS POUCO EXPLORADOS NO EXTREMO SUL DA BAHIA (OSTEICHTHYES: OSTARIOPHYSI) PROJETO BIOBAHIA Bolsista: Luisa Maria Soares Porto Coordenadora de Pós-doutorado: Rosana Mazzoni Agosto/Setembro 2007

Introdução Este Relatório Técnico destina-se a apresentação dos resultados do primeiro ano de trabalho no projeto Diversidade, endemismo e análise biogeográfica de Siluriformes em sistemas hídricos pouco explorados no Extremo Sul da Bahia (Osteichthyes: Ostariophysi). Trata-se de bolsa concedida pelo CNPq para Projeto Pós-Doutorado Sênior PDS, com número 154.358/2006-1 e vigência de 01/10/2006 a 30/09/2007, realizado com apoio da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, sob a supervisão da Dra. Rosana Mazzoni. O projeto (BioBahia) busca investigar os sistemas hídricos, de pequeno e grande porte, que desembocam no extremo sul baiano e verificar a possibilidade de métodos de avaliação de endemicidade como indicadores de áreas de conservação da biodiversidade. O relatório contém os Resultados do Primeiro Ano com a descrição dos resultados apresentados durante o primeiro ano do projeto, conforme o cronograma proposto no projeto original. Uma Proposta para o Segundo Ano está sendo apresentada em documento separado. Resultados do Primeiro Ano Durante o primeiro ano do projeto (setembro 2006/agosto 2007) as atividades desenvolvidas atenderam ao seguinte cronograma: Levantamento Bibliográfico; Trabalho de Campo; Identificação das espécies; Catalogação e Estudo dos Exemplares; Preparação de Publicações. As atividades desenvolvidas atenderam ao que foi estabelecido pelo projeto original, como pode ser visto a seguir. Levantamento bibliográfico A investigação de ferramentas que possam apoiar a definição de áreas de conservação da biodiversidade ocupa hoje um lugar de destaque nos centros de pesquisas de diversos países. Com isto a publicação de trabalhos sobre o assunto tem sido intensa. Isto demanda a manutenção com atualização permanente das fontes de referências bibliográficas. A realização desta primeira fase do projeto envolvia grande esforço de trabalho de campo, e, portanto o afastamento por longos períodos do campus universitário. Para melhor desempenho do Projeto foi necessária a criação um banco de dados que pudesse ser facilmente acessado em quaisquer circunstâncias. Optou-se pela elaboração de um banco de dados bibliográfico que permite localizar aproximadamente 600 artigos publicados relacionados ao projeto, versando sobre temas em sistemática, biogeografia, ecologia, geografia, hidrologia e conservação. O acesso aos arquivos de textos é realizado diretamente no micro-computador, por meio de busca de palavras. Este recurso tem proporcionado uma grande dinâmica na obtenção das informações necessárias. Trabalho de campo A fauna de peixes de sistemas hídricos no Extremo Sul da Bahia foi inventariada por nós durante duas expedições: BioBahia I (outubro/novembro de 2004) e BioBahia II (dezembro 2006/ janeiro 2007). A necessidade de amostrar os rios em localidades próximas das nascentes e afastadas das principais estradas exigiu um trabalho de preparação razoável. Foram traçados mapas das regiões com todas as trilhas e caminhos secundários, incluindo os diversos afluentes dos rios principais. Estes mapas foram posteriormente compilados para uso no GPS, permitindo um deslocamento mais seguro e dando a possibilidade de coletar nos pontos previamente definidos. Estes mapas foram disponibilizados para uso público e gratuito, por meio do Projeto Tracksource e encontram-se disponíveis em http://www.tracksource.org.br. A partir dos mapas, foram elaborados os roteiros buscando aperfeiçoar os esforços de captura logrando uma distribuição adequada dos pontos de coleta e permitindo uma amostragem nos diversos trechos das bacias, incluindo as malhas de afluentes dos rios principais. Buscou-se compensar as coletas históricas, dirigidas principalmente às partes baixas e médias das bacias e as calhas dos rios principais. Com os roteiros definidos foram solicitados financiamentos para o esforço de coleta. A primeira expedição BioBahia foi parcialmente financiada pelo ACSI (All Catfish Species Inventory Project, NSF/ University of Florida, http://clade.acnatsci.org/allcatfish) e recebeu apoio logístico da UFRJ/ MNRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Museu Nacional). Cobriu uma área aproximada de 17.556 km 2, sendo os trabalhos de campo dirigidos aos seguintes sistemas fluviais (de norte para sul): Rio Cahy, rios costeiros de Cumuruxatiba, cabeceiras e terço médio do Rio Jucuruçu, cabeceiras do Rio Itanhém, e ainda os Rio Peruípe e parte do Rio Mucuri. O relatório detalhado referente a esta expedição encontra-se disponibilizado em Sarmento-Soares (2005). No período de vigência da bolsa de Pós-Doutorado, as amostragens da área de estudo foram realizadas durante a segunda expedição BioBahia, que complementou a expedição anterior, e deu continuidade ao procedimento de inventário ictiofaunístico na metade restante da área. Para esta segunda etapa foi conseguido um novo financiamento parcial do ACSI (All Catfish Species Inventory Project) e foram inventariados 43 pontos em 6 bacias, com a

captura de 2.994 exemplares, em uma área de 8.930 km2. Os trabalhos de campo neste período foram dirigidos aos seguintes sistemas fluviais: rios Jequitinhonha, Santo Antônio, João de Tiba, Buranhém, dos Frades, Caraíva, Corumbau, Cahy, rios costeiros de Cumuruxatiba, e terço inferior do Rio Jucuruçu. Cada um dos pontos de amostragem foi localizado por GPS (Global Positioning System), fotografado, feita anotação sobre horário, artefatos de pesca empregados e ainda descrita acerca das condições ambientais. As amostragens foram efetuadas com o uso de puçás, picarés, covos, redes, tarrafas e ainda mergulho livre. Cada estação de coleta foi descrita acerca dos parâmetros ambientais (abióticos e fisiográficos). Os exemplares coletados foram fotografados vivos, em um aquário de campo, fixados em formalina a 10% e transportados para o laboratório, onde foram triados, conservados, identificados e catalogados. A licença de coleta para a expedição foi solicitada junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA (processo número 02006.002926/06-17). O relatório detalhado referente a esta expedição encontra-se disponibilizado em Sarmento-Soares (2007). Figura 1 Pontos de coleta na área de estudo. Tracejado vermelho indica os divisores de águas entre bacias Área de estudo (Fig.1) - A Bacia Hidrográfica do Extremo Sul da Bahia compreende dez bacias, as quais, de norte para o sul, são: bacia dos rios Santo Antônio, João de Tiba, Buranhém, dos Frades, Caraíva, Corumbau, Cahy, Jucuruçu, Itanhém e Peruípe e mais três conjuntos de riachos costeiros que formam as microbacias de Cumuruxatiba, Trancoso e Cabrália (MMA/SRH, 1997). A região de drenagem destas bacias cobre uma área total de 26.082 km2 e está localizada entre as coordenadas 15050 a 18030, latitude sul e 38050 a 40040, longitude oeste. Os sistemas hídricos supracitados são de médio ou pequeno porte, e encontram-se margeados pelas grandes bacias do rio Mucuri, ao sul e sudoeste, e do rio Jequitinhonha, ao norte e noroeste e pelo oceano atlântico ao leste. Este conjunto de sistemas hídricos, incluindo o médio e baixo rios Mucuri e Jequitinhonha compõe a área de estudo no Projeto Biobahia. No que concerne à topografia, as cabeceiras dos

rios da área de estudo são relativamente baixas, predominando relevo do tipo forte ondulado a montanhoso, sem escarpas íngremes. As regiões dos topos das montanhas se constituem como áreas dispersoras de drenagens (MMA/SRH, 1997). A formação de tabuleiros, tipicamente presente nos vales dos rios na região, é dominantemente composta por areias finas a grossas, argilas cinza-avermelhadas, arroxeadas e amareladas e arenitos grossos (Silva et al., 2001). A mata litorânea é naturalmente do tipo floresta ombrófila densa, ocupando terras baixas e antropicamente substituída por mata secundária (IBGE, 2004). Coleta de dados Procedeu-se a uma análise dos dados históricos obtidos a partir do banco de dados do projeto NEODAT (Neodat Project/NSF http://www.keil.ukans.edu/~neodat/searchset.htm ) e disponível em relatórios técnicos, como MMA/SRH (1999). Esta análise foi usada para definição dos pontos a serem inventariados nas bacias do Extremo Sul da Bahia, no âmbito do Projeto Biobahia. Índice de coleta por extensão dos rios 30 Índice de coleta por extensão 25 20 15 10 5 Histórica BioBahia Total 0 Peruípe Itanhém Jucuruçu Cahy Corumbau Caraíva Frades Buranhém João de Tiba Santo Antônio Todas Rios Figura 2 Índice de coleta por extensão dos Rios, aferido baseado em coletas equivalentes para cada 100Km de extensão do Rio. Conjunto de colunas indica as bacias individuais e a avaliação conjunta de todas as bacias, baseando-se nos resultados históricos (azul), do Projeto BioBahia (vinho) e o somatório de ambas (amarelo). São poucos os estudos sobre índices que permitam definir uma amostragem de peixes de água doce como suficiente para uma determinada finalidade. A aplicação de índice de coleta por extensão de rio indicou que as amostragens históricas regionais apresentavam uma média de 3 pontos coletados por cada 100 km. As amostragens pelo Projeto Biobahia obtiveram uma média de 5 pontos coletados por cada 100 km de rio, e a somatória de todas as amostragens resultou em 8 pontos por cada 100 km, revelando aumento proporcional no conhecimento dos peixes nos rios do extremo sul baiano (fig. 2). A preparação das atividades de campo pelo Projeto Biobahia foi dirigida às localidades onde se fazia mais necessário conhecer a composição da fauna de peixes, e complementou as amostragens históricas. Algumas bacias, como as dos rios Corumbau e Santo Antônio, não haviam sido amostradas historicamente. Ademais, a área inventariada de cada bacia era proporcionalmente pequena, com estimativas correspondendo a um ou dois pontos coletados para cada 1.000 Km 2. A Figura 3 mostra uma comparação das amostragens por área de cada bacia, indicando as amostragens históricas (colunas em azul), as do Projeto Biobahia (colunas em vinho) e a avaliação conjunta de ambas (colunas em amarelo), aplicado às bacias com área geográfica superior a 500 Km 2. A maioria das bacias ilustradas na Figura 3 apresenta área superior a 1.000 Km 2, com exceção do rio Santo Antônio, com 712 Km 2. O último conjunto de colunas faz a avaliação concomitante do conjunto das bacias hidrográficas, e estima que existam 4 pontos de amostragem para cada 1.000 Km 2 índice comparativamente bem superior ao histórico (fig. 3- Todas).

Índice coleta por área das bacias maiores que 500Km2 7 Índice de coleta por área 6 5 4 3 2 1 Histórica BioBahia Total 0 Peruípe Itanhém Jucuruçu Caraíva Frades Buranhém João de Tiba Santo Antônio Todas Bacias Figura 3 Índice de coleta por área das bacias, aferido baseado em coletas equivalentes para cada 1.000Km 2. Conjunto de colunas indica as bacias individuais e a avaliação conjunta de todas as bacias, baseando-se nos resultados históricos (azul), do Projeto BioBahia (vinho) e o somatório de ambas (amarelo). As amostragens históricas de peixes na região indicavam uma grande concentração de pontos de coleta nas partes baixas das bacias. Isto distorcia a relação de distribuição longitudinal das espécies no rio, apresentando uma quantidade muito grande de espécies invasoras marinhas em relação às espécies de água doces propriamente ditas. Coletas nas partes alta,média e baixa do Rio Peruípe Coletas nas partes alta, média e baixa do Rio Jucuruçu 90% 70% Percentagens de coletas 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% Baixa Média Alta Percentagens de coletas 60% 50% 40% 30% 20% 10% Baixa Média Alta 0% Histórica BioBahia Total 0% Histórica BioBahia Total Períodos das coletas Período das coletas Figura 4 Porcentagem de coletas por trecho da bacia. Mostrando as bacias de dois dos rios principais, nos resultados históricos, do Projeto BioBahia e atual. A Figura 4 permite avaliar as capturas nas bacias dos rios Peruípe e Jucuruçu por trecho amostrado. É possível claramente observar a elevada concentração das coletas históricas na parte baixa. Rios como o Peruípe, por exemplo, concentravam 83% das coletas históricas na parte baixa do rio, 17% na parte média e nenhuma na parte alta (fig. 4- Histórica). O esforço de coleta pelo Projeto BioBahia foi dirigido às partes média e alta para permitir uma melhor representação das espécies presentes na bacia (fig. 4- Biobahia). Atualmente as amostragens de peixes ao longo do rio Peruípe tornaram-se mais equilibradas concentrando 41% das coletas na parte baixa, 35% na média e 24% na alta (fig. 4- Total). No caso do rio Jucuruçu os resultados foram similares, e os percentuais por trecho passaram de 50% para 29% na parte baixa e 25% para 48% na parte alta. Estes dados se refletiram diretamente na constância de ocorrência (Dajoz, 1973) das espécies da bacia. A análise dos dados históricos revelava a existência de apenas 3 espécies acessórias

(presente entre 25 e 50% dos pontos coletados) sendo todas as demais ocasionais (presente entre 0 e 25% dos pontos coletados). Os dados do Projeto BioBahia revelaram a existência de 4 espécies constantes (presente entre 50 e 100% dos pontos coletados), 7 espécies acessórias e as demais ocasionais. Para verificar a suficiência das amostragens foram usadas as curvas de rarefação espécie-área geradas de acordo com o método Mao Tau (Colwell et al, 2004), utilizando o programa PAST (Versão 1.72) (Hammer et al, 2007). Figura 5 Curvas de rarefação espécie-área geradas de acordo com o método Mao Tau (Colwell et al, 2004). A curva da esquerda representa as coletas históricas e a da direita as coletas do Projeto BioBahia. Observa-se a melhor estabilização da curva de coleta do Projeto BioBahia. A curva de rarefação espécie-área (Fig. 5) das coletas históricas apresentou aproximadamente 4 novas espécies entre os 70% e 80% das amostragens enquanto a curva de coleta pelo Projeto Biobahia na mesma faixa de variação das amostragens apresentou apenas uma nova espécie, indicando uma tendência bem maior à estabilização. O número mais elevado de espécies das coletas históricas deve-se ao grande número de espécies marinhas invasoras coletadas na foz dos rios maiores. A figura 1 permite verificar que foi possível uma melhor distribuição dos pontos de coletas nas diferentes bacias. A concentração de amostragens na área da micro-bacia de Cumuruxatiba, bacia dos rios Cahy e Corumbau (entre as longitudes -39º 00 e -39º 30 W e próxima à latitude -17º 00 S) deveu-se ao fato de ser esta uma das regiões mais preservadas da área de estudo. Ali estão localizados dois Parques Nacionais (Monte Pascoal e Descobrimento) e uma Reserva Extrativista Marinha (Corumbau), e, portanto uma região de amostragem com importante referência. Durante a aplicação dos métodos de determinação das áreas de endemismo será reavaliada a correção dos procedimentos de amostragem utilizados. Independente da discussão sobre o método mais adequado para obtenção da definição das áreas de maior endemicidade, é fundamental que os dados utilizados reflitam o melhor possível às condições reais do espaço estudado. Com dados insuficientes ou incorretos os resultados não poderão ser melhorados por mais rigoroso que seja o método de análise (Fernandez, 1995). Identificação das Espécies A importância de uma identificação correta dos táxons com que se vai trabalhar na avaliação das áreas de endemismo vem sendo ressaltada por diversos autores (Cerqueira, 1995; Escalante et al., 2007; Santos & Amorim, 2007). Utilização de espécies identificadas de forma equivocada vai determinar resultados que não correspondam à realidade da área de estudo. Por esta razão, especial ênfase foi dada à obtenção de uma correta identificação dos exemplares encontrados na área. Durante a primeira expedição Biobahia foram identificadas 22 famílias, 45 gêneros e 57 espécies de peixes (Sarmento-Soares, 2005) e na segunda expedição foram identificadas 21 famílias, 32 gêneros e 42 espécies de peixes (Sarmento-Soares, 2007). Somando-se o conjunto de espécies capturadas nas duas expedições do projeto, temos 59 espécies de peixes reconhecidas para o Extremo Sul da Bahia. Catalogação e estudo dos exemplares Foi montado um banco dados de catalogação para o rápido acesso às informações sobre as espécies no microcomputador. O material foi totalmente acondicionado e identificado para ser depositado na coleção do MN/UFRJ, após a conclusão do trabalho (O material coletado na primeira expedição já se encontra quase totalmente depositado).

Percentual das ordens de peixes 7% 2% 7% 2% 5% 2% 2% 33% Characiformes Siluriformes Gymnotiformes Cyprinodontiformes Synbranchiformes Perciformes- Cichlidae Anguiliformes Perciformes- outros 40% Pleuronectiformes Figura 5- Composição da ictiofauna na área de estudo de acordo com as respectivas ordens. A ordem Perciformes foi fragmentada em formas de água doce (Cichlidae) e marinhas (outros). A relação do material identificado foi disponibilizada para o MNRJ e para a UERJ (Sarmento-Soares & Martins-Pinheiro, 2007c). A classificação taxonômica dos espécimes segue Buckup et al. (2007), para peixes de água doce e Carvalho Filho (1999) e Menezes et al. (2003), para peixes marinhos. Avaliando-se o total de espécies de peixes capturados, observamos um conjunto de 53 espécies primariamente de água doce e 6 espécies de grupos primariamente marinhos ou de hábitos estuarinos. Os Ostariophysi (Characiformes, Siluriformes e Gymnotiformes) representaram o grupo dominante de peixes em toda a região estudada, com mais da metade das espécies capturadas, sendo a grande maioria de Siluriformes, seguido pelos Characiformes (figura 5). Como resultados foram colecionados novas espécies, além de trazer para a região novos registros de peixes, até então desconhecidos da região nordeste, como é o caso de Ituglanis e Microglanis. A lista taxonômica das espécies na área de estudo consta na tabela 1, a seguir. Tabela 1 - Lista taxonômica das espécies de Peixes reconhecidas para as bacias hidrográficas do Extremo Sul da Bahia pelo Projeto Biobahia. Actinopterygii Anguilliformes Ophichthidae Characiformes Ophichthus parilis (Richardson, 1848) Curimatidae Prochilodontidae Anostomidae Cyphocharax gilbert (Quoy & Gaimard, 1824) Prochilodus vimboides Kner, 1859 Leporinus bahiensis Steindachner, 1875 Leporinus conirostris Steindachner, 1875 Leporinus copelandii Steindachner, 1875 Leporinus steindachneri Eigenmann, 1907 Leporinus sp. Crenuchidae Characidiinae

Characidium sp. 1 Characidium sp. 2 Characidae Incertae sedis Astyanax cf. lacustris (Lütken, 1875) Astyanax cf. rivularis (Lütken, 1875) Hemigrammus sp. Hyphessobrycon bifasciatus Ellis, 1911 Hyphessobrycon sp. Oligosarcus acutirostris Menezes, 1987 Rachoviscus graciliceps Weitzman &n Cruz, 1981 Glandulocaudinae Mimagoniates microlepis (Steindachner, 1876) Mimagoniates sylvicola Menezes & Weitzman, 1990 Tetragonopterinae Tetragonopterus cf. chalceus Erythrinidae Hoplerythrinus unitaeniatus (Agassiz, 1829) Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) Siluriformes Trichomycteridae Ituglanis cahyensis Sarmento-Soares, Martins-Pinheiro, Aranda & Chamon, 2006 Trichomycterus itacambirussu Triques & Vono, 2004 Trichomycterus jequitinhonhae Triques & Vono, 2004 Trichomycterus pradensis Sarmento-Soares, Martins-Pinheiro, Aranda & Chamon, 2005 Trichomycterus sp. 1 Trichomycterus sp. 2 Loricariidae Neoplecostominae Gênero sp. 1 Hypoptopomatinae Otothyris travassosi Garavello, Britski & Schaeffer, 1998 Parotocinclus sp. 1 Parotocinclus sp. 2 Loricariinae Pseudoloricaria sp. Hypostominae Hypostomus sp. 1 Hypostomus sp. 2 Hypostomus sp. 3 Callichthyidae Aspidoradini Aspidoras virgulatus Nijssen & Isbrüecker, 1980 Scleromystax prionotos (Nijssen & Isbrüecker, 1980) Pseudopimelodidae Heptapteridae Microglanis pataxo Sarmento-Soares, Martins-Pinheiro, Aranda & Chamon, 2006. Acentronichthys leptos Eigenmann & Eigenmann, 1889

Imparfinis cf. minutus Pimellodella cf. vittata Rhamdia jequitinhonhae Silfvergrip, 1996 Rhamdia sp. Auchenipteridae Clariidae Parauchenipterus striatulus (Steindachner, 1877) Clarias gariepinnus Gymnotiformes Gymnotidae Gymnotus carapo Linnaeus, 1758 Cyprinodontiformes Poeciliidae Phalloceros sp. B Poecilia vivipara Bloch & Schneider, 1801 Poecilia reticulata Peters, 1859 Gasterosteiformes Syngnathidae Microphis brachyurus (Bleeker, 1853) Perciformes Centropomidae Cichlidae Eleotridae Gobiidae Pleuronectiformes Achiridae Centropomus paralellus Poey, 1860 (*) Australoheros sp. Crenicichla lacustris (Castelnau, 1855) Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824) Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758) Eleotris pisonis (Gmelin, 1789) Dormitator maculatus (Bloch, 1792) Awaous tajasica Lichtenstein, 1822 Trinectes paulistanus (Miranda Ribeiro, 1915) Das sete famílias de Siluriformes encontradas na área de estudos os Loricariidae e os Heptapteridae foram os grupos com maior quantidade de espécies, distribuídas em cinco e quatro gêneros respectivamente e com a melhor distribuição, estando presentes em todas as bacias. Os Auchenipteridae só foram localizados na parte sul da área de estudo, até a bacia do Rio Cahy. Sendo este o limite norte de distribuição de Parauchenipterus striatulus (Sarmento-Soares & Martins-Pinheiro, 2007a). Uma única família exótica de Siluriformes, Clariidae, aparece na área de estudo. É representada por Clarias gariepinnus, registrada unicamente para a bacia do rio Itanhém.

Distribuição de Siluriformes 5 4 Gêneros 3 2 1 0 Peruípe Itanhém Jucuruçu Cumuruxatiba Cahy Corumbau Caraíva Bacias Figura 6- Distribuição dos Siluriformes na área de estudo Frades Buranhém João de Tiba Santo Antônio Extremo Sul Trichomycteridae Callichthyidae Loricariidae Pseudopimelodidade Heptapteridae Auchenipteridae Clariidae Espécies estuarinas e marinhas - No estuário dos rios da região são dominantes os peixes marinhos eurihalinos, formas com grande tolerância à água salgada e doce. Para a grande maioria dos peixes do grupo dos Ostariophysi o oceano constitui uma barreira à dispersão, excetuando-se algumas espécies de hábitos estuarinos, como é o caso de Pseudauchenipterus affinis, espécie amostrada historicamente. Os Ostariophysi primariamente de água doce vem a ser bons indicadores de relações biogeográficas pretéritas entre as bacias atualmente isoladas pelo mar. As áreas estuarinas consistem em ambientes essenciais para reprodução e servem de berçário para muitas espécies marinhas, que se beneficiam do estuário dos rios. Os manguezais na foz dos grandes rios devem ser considerados como alvo direto de planos de preservação dos recursos da ictiofauna, dada sua relevância como local de abrigo, alimentação e reprodução para muitas espécies marinhas. Os ambientes estuarinos foram relativamente bem amostrados historicamente, contando com um amplo registro de amostragens, conforme disponibilizado pelo banco de dados do Projeto Neodat e MMA/SRH (1999) (Sarmento-Soares & Martins-Pinheiro, 2007d). A identificação dos materiais históricos será avaliada na segunda fase do projeto durante visita às coleções científicas. Espécies exóticas - As espécies exóticas registradas na região pelo Projeto Biobahia são o bagre africano Clarias gariepinnus, natural da África; a tilápia do Nilo Oreochromis niloticus, natural dos rios Nilo, Chad e Níger na África; e o barrigudinho Poecilia reticulata, originário do litoral norte da América do Sul, entre Venezuela e o estado brasileiro do Amapá (cf. Lucinda & Costa, 2007). Historicamente há também registro do tucunaré Cichla kelberi, espécie nativa do rios do Brasil central e Pará. O bagre africano Clarias gariepinnus, foi encontrado introduzido nos rios Itanhém e Frades. Relatos de pescadores ribeirinhos informam a presença deste peixe também nas bacias do Mucuri e Jucuruçu. O barrigudinho Poecilia reticulata foi introduzido no Brasil como uma tentativa de controle de mosquitos, porém sem efeito. Atualmente a espécie é encontrada em diversos sistemas hídricos do país, e no Extremo Sul da Bahia apareceu introduzido no médio e baixo rio Jucuruçu e médio Jequitinhonha. Oreochromis niloticus, a tilápia, ou pilapi, como os ribeirinhos a denominam, é uma das mais abundantes espécies e uma das mais utilizadas na aqüicultura regional. Sua alimentação extremamente diversificada pode conduzir a impactos elevados sobre as comunidades de peixes nativos. Os rios Mucuri, Itanhém e Jequitinhonha foram os sistemas hídricos da região a apresentar maior incidência de espécies exóticas. A presença de espécies exóticas de porte maior e hábitos predadores, como o bagre africano Clarias gariepinnus e o tucunaré Cichla kelberi podem estar contribuindo significativamente para a diminuição dos estoques de espécies nativas de pequeno porte na região. O tucunaré, registrado historicamente para o rio Mucuri próximo a Nanuque, Minas Gerais, tem sido considerado como o fator causal da virtual ausência de peixes de pequeno porte junto à vegetação marginal, que era relativamente bem desenvolvida naquele trecho da bacia.

Identificações complementares Durante as atividades de campo na região foram registradas ocorrências de duas espécies ameaçadas de extinção: Mimagoniates sylvicola (Sarmento-Soares & Martins-Pinheiro 2006a) e Rachoviscus graciliceps (Sarmento-Soares & Martins-Pinheiro 2006b). Durante o primeiro ano foram identificadas espécies de peixes presentes em riachos localizados em remanescentes da Mata Atlântica no sul da Bahia. Trata-se de material capturado pelo Dr. Mauricio Cetra e equipe, procedente de áreas que estão sendo propostas como novas unidades de conservação. Os principais objetivos da proposta incluem a criação de novas áreas protegidas, a ampliação de unidades de conservação já existentes e manejo integrado das novas áreas juntamente com as demais áreas protegidas no Sul e Extremo Sul da Bahia. Uma parte da região se sobrepõe a área de estudo do Projeto Biobahia. Com o intuito de contribuir à delimitação das áreas e ao conhecimento da ictiofauna foi disponibilizado o relatório Criação e Ampliação de Novas Unidades de Conservação no Sul da Bahia - Um estudo da ictiofauna (Sarmento-Soares & Martins-Pinheiro, 2007b). Algumas espécies de peixes na região são ilustradas a seguir na figura 7. Figura 7 - Algumas espécies de peixes nas bacias do Extremo Sul da Bahia. (a) Cyphocharax gilbert; (b) Astyanax lacustris; (c) Hoplerythrinus unitaeniatus; (d) Trichomycterus pradensis; (e) Rhamdia sp.; (f) Phalloceros sp. B; (g) Crenicichla lacustris; (h) Geophagus brasiliensis; (i) Synbranchus marmoratus; (j) Trinectes paulistanus. Material histórico A relação final das espécies da área deverá incluir além do material coletado pelo Projeto BioBahia, taxa registrados historicamente. Com relação a estes taxa, os seguintes nomes não coincidiram com os relacionados pelo Projeto BioBahia: (a) Cichlasoma facetum e Cichlasoma sp. são nomes não aplicáveis as espécies do Brasil Leste. Conforme Rican e Kullander (2006) o antigo nome Cichlasoma é agora aplicado às espécies da Amazônia, rio São Francisco e rios costeiros do Ceará. As espécies do Brasil Leste foram incluídas no gênero Australoheros, necessitando ainda de revisão para definição dos nomes das espécies. Indivíduos na área de estudo foram identificados como Australoheros sp. (b) Oostethus lineatus é nome citado em Figueiredo e Menezes (1980). Menezes et al. (2003) relacionam a espécie como Microphis brachiurus, alertando sobre a instabilidade taxônomica do grupo, que necessita de revisão. Na área de estudo este táxon está sendo reconhecido como Microphis brachiurus. (c) Brycon ferox e Brycon vermelha são espécies com perda de habitat no âmbito regional e difíceis de encontrar, encontrando-se a segunda (B. vermelha) inclusa na lista da fauna ameaçada. Tais espécies, capturadas apenas historicamente, serão examinadas e incluídas entre as espécies da

região. (d) Achirus lineatus, Anchovia clupeoides, Bathygobios soporator, Caranx latus, Genidens genidens, Gymnura micrura, Paralichthys brasiliensis, Rhizoprionodon lalandii, Stictorhinus_potamius e Scomberomorus brasiliensis, referem-se a espécies marinhas presentes nos estuários de grandes rios, locais não contemplados durante as expedições do Projeto BioBahia, em razão das amostragens históricas terem sido suficientes. Estas espécies serão examinadas e incluídas entre as espécies da região. (e) Astyanax cf.taeniatus, Astyanax cf.fasciatus, Astyanax_sp, Bryconamericus sp., Corydoras nattereri, Corymbophanes sp., Crenicichla jaguarensis, Hoplias lacerdae, Hyphessobrycon luetkenii, Leporinus mormyrops, Microcambeva sp., Microglanis cf.parahybae, Nematocharax venustus, Oligosarcus solitarius, Pseudotothyris sp., Rhamdia cf.quelen, Scleronema sp., Trichomycterus cf.alternatum, Moenkhausia doceana, Gymnotus pantherinus, Pogonopoma wertheimeri, Pachypops adspersus, Prochilodus hartii, Steindachnerina cf.elegans, Cichla monochlus, Pseudauchenipterus affinis e Pseudauchenipterus jequitinhonhae, são espécies incluídas nas listagens históricas que serão examinadas do ponto de vista taxonômico para confirmação de suas identidades e inclusão na lista das espécies da região. (f) Simpsonicthys myersi, Leptolebias leitaoi, e outras espécies identificadas através de literatura como presentes na região e que não se encontram nas fontes consultadas para levantamento histórico, serão também examinadas e incluídas na relação de espécies. Riqueza de espécies - A tabela 2 ilustra o número de espécies capturadas por ponto de coleta. A maior diversidade de espécies por bacia foi observada para os rios Peruípe e Cahy, com 27 espécies capturadas em cada um dos sistemas hídricos. Estas bacias foram bem amostradas durante o projeto, tendo havido coletas em onze pontos no Peruípe e nove no Cahy. A bacia com maior número de amostragens durante os trabalhos de campo foi a do Rio Jucuruçu, com doze pontos de coleta e 26 espécies capturadas. Avaliando-se a diversidade de espécies por ponto de amostragem os maiores números registrados ficaram com o terço médio da bacia do jucuruçu, com 17 espécies capturadas em um único ponto, e com o médio rio dos Frades, com 16 espécies. Pontos com apenas uma ou duas espécies capturadas resultaram de problema de amostragem, uma vez que os artefatos de pesca não se adequavam àqueles locais, e será avaliada a possibilidade de nova coleta. Os locais onde houve esforço adequado de coleta e mesmo assim um baixo índice de captura de espécies inclui as bacias do rio Itanhém e rios de Cumuruxatiba. O Rio Itanhém está muito desmatado em todo o seu curso e suas nascentes, a maioria formada por pequenas lagoas, está fortemente impactada pela ação de retificação dos cursos de água, para a prática da agricultura e pecuária. As bacias com as maiores médias de espécies por localidade de amostragem foram os Rios dos Frades, Cahy e Jucuruçu. O Rio dos Frades possuiu uma média superior a 9 espécies por ponto. Ao longo da bacia do Rio dos Frades uma das atividades agrícolas é a lavoura cacaueira e há vestígios de mata ciliar, o que pode ter contribuído para conservar os ambientes ribeirinhos. O Rio Cahy apesar de ser um pequeno sistema, apresentou grande diversidade de espécies, tanto por ponto de coleta como no total de peixes capturados na bacia. A amostragem média por localidade ficou entre oito e nove espécies. Cabe lembrar que a surpreendente diversidade no rio Cahy, um sistema hídrico com apenas 404 Km 2 de área, deve-se a que boa parte de suas cabeceiras encontram-se protegidas dentro do Parque Nacional do Descobrimento. Além disso, mesmo fora da unidade de conservação, uma considerável parte da mata ciliar é encontrada à beira dos rios, o que também pode ser um fator contribuinte para sua rica ictiofauna. A média de espécies por ponto igualou a encontrada para a bacia do Rio Jucuruçu, um sistema hídrico bem maior, com 5.284 Km 2. O Rio Jucuruçu neste aspecto foi realmente uma surpresa em termos de diversidade, pois ainda existem muitas espécies de peixes apesar da vegetação ter sido em grande parte removida e substituída por cultivo ou pasto. As menores médias de captura de espécies por localidade de amostragem foram nos Rios João de Tiba e Rios de Cumuruxatiba. Em tais bacias a baixa diversidade média de espécies por ponto, seis, pode ser uma decorrência de se tratarem de sistemas hídricos menores. Os Rios de Cumuruxatiba, por exemplo, nascem todos a menos de 20Km do Oceano, e em altitudes inferiores a 90m. Tais micro-bacias não comportam determinados grupos de peixes característicos de águas correntes e fundos pedregosos, como os cascudos e os tricomicterídeos, uma vez que os microambientes para tais peixes encontram-se ausentes. Tabela 2 Quantidade de espécies por bacia e pontos de coleta. P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 Buranhém 3 6 7 7 7 - - - - - - - Cahy 11 5 10 10 4 12 14 4 10 - - - Caraíva 4 6 10 - - - - - - - - - Corumbau 5 9 - - - - - - - - - - Cumuruxatiba 2 8 8 2 1 3 6 9 11 6 - - Frades 17 8 6 10 7 10 8 - - - - - Itanhém 8 9 8 8 6 5 8 3 3 8 11 - Jequitinhonha 8 9 5 7 4 9 8 10 - - - - João de Tiba 5 5 8 - - - - - - - - - Jucuruçu 3 7 17 10 11 11 7 9 13 6 7 4 Mucuri 3 8 8 8 8 - - - - - - - Peruípe 4 9 5 10 2 14 5 11 8 7 5 - Santo Antônio 11 - - - - - - - - - - -

Distribuição das espécies - em uma análise preliminar, dividindo a Bacia do Extremo Sul em três regiões, sul (coletas no Mucuri, Peruípe e Itanhém), central (coletas no Jucuruçu, Cumuruxatiba, Cahy e Corumbau) e Norte (coletas no Caraíva, Frades, Buranhém, João de Tiba, Santo Antônio e Mucuri), foi possível observar certa homogeneidade entre as diversidades ictiofaunísticas nestas áreas. 36 32 28 24 Diversidade 20 16 12 8 4 0 0 0.4 0.8 1.2 1.6 2 2.4 2.8 3.2 3.6 4 alpha Figura 8- Comparação da diversidade entre as áreas sul e central das Bacias do Extremo Sul da Bahia. Foi usado o índice de Renyi e a região sul (azul) apresentou uma diversidade ligeiramente maior que a região central (vermelha). 36 32 28 24 Diversidade 20 16 12 8 4 0 0 0.4 0.8 1.2 1.6 2 2.4 2.8 3.2 3.6 4 alpha Figura 9- Comparação da diversidade entre as regiões central (azul) e norte (vermelha) das Bacias do Extremo Sul da Bahia. Foi usado o índice de Renyi e o cruzamento das curvas indica a impossibilidade de comparar as diversidades. A diversidade das regiões foi comparada através do emprego do exponencial do índice de Renyi, contido no software PAST ver. 1.72 (Hammer et al, 2007). Ele permite a comparação da diversidade em amostras diferentes, par a par, utilizando como critérios parâmetros alfa de variações semelhantes aos índices de

Simpson e Shannon-Wiener, além da riqueza de espécies. Os perfis de diversidade são plotados em um gráfico e as comparações são consideradas conclusivas apenas quando não se verifica intersecção entre as curvas de cada perfil (Ryan et al. 1995). A região Sul apresentou um índice de diversidade ligeiramente acima da região central (Fig. 8). Já as curvas de comparação das regiões Sul com Norte e Central com Norte apresentaram-se cruzadas indicando a impossibilidade de comparação entre elas (Fig. 9). Foi realizada ainda para cada uma das áreas a estimativa de riqueza, diversidade, equitabilidade e dominância de espécies utilizando-se também o programa PAST versão 1.72. Os intervalos aproximados da confiança para todos os índices são computados com um procedimento bootstrap, onde mil amostras aleatórias são produzidas, cada uma com o mesmo número total de indivíduos da amostra original. As amostras aleatórias são tomadas do total da série de dados. Para cada um exemplar na amostra aleatória, o táxon é escolhido com probabilidades de acordo com as abundâncias originais. Um intervalo de confiança de 95% é posteriormente calculado. Tabela 3 Cálculo dos índices de dominância, riqueza, diversidade e equitabilidade sobre as amostras das regiões norte, central e sul da Bacia do Extremo Sul confiança de 95% Sul Central Norte Boststrap 95% confiança Boststrap 95% confiança Boststrap 95% confiança Índice Valor Inferior Superior Valor Inferior Superior Valor Inferior Superior Espécies 38 42 49 35 43 50 31 42 50 Exemplares 2259 2742 2298 Dominância 0.1525 0.1231 0.1444 0.1691 0.1247 0.1441 0.1311 0.1241 0.1441 Shannon 2.477 2.617 2.728 2.416 2.625 2.726 2.399 2.619 2.726 Simpson 0.8475 0.8556 0.8769 0.8309 0.8557 0.8753 0.8689 0.8558 0.8759 Equitabilidade 0.681 0.6812 0.7177 0.6797 0.679 0.713 0.6986 0.6813 0.7178 Os resultados estão apresentados na tabela 3. Os resultados confirmam o encontrado com a curva de comparação de diversidade. Os valores para a região Sul são ligeiramente maiores que os da região central para riqueza, diversidade e equitabilidade e ligeiramente inferiores para dominância. Com relação aos índices da região norte, apesar de apresentarem um índice de dominância menor que as outras áreas e um índice de equitabilidade maior, os índices de riqueza e diversidade se apresentaram menores. Descrição de novas espécies Das espécies coletadas pelo Projeto Biobahia, três foram descritas como novas: Microglanis pataxo, descrito em Sarmento-Soares et al. (2006a); Ituglanis cahyensis Sarmento-Soares et al. (2006b); e Trichomycterus pradensis Sarmento-Soares et al. (2005). Além das três novas espécies supracitadas, está em fase de conclusão o manuscrito para descrição de uma nova espécie de Parotocinclus. Entre os Siluriformes foram reconhecidas duas potencialmente novas espécies de Trichomycterus, duas de Hypostomus e uma de Rhamdia ((Sarmento- Soares, 2007). Para uma investigação detalhada foram diafanizados vários indivíduos de cada uma das espécies supracitadas e procedeu-se a medidas e análises morfológicas. Atualmente estão sendo investigados os Trichomycterus. No Extremo Sul da Bahia, dentro da área de estudo do projeto, foram identificadas as seguintes espécies: Trichomycterus alternatus, T. pradensis, T. jequitinhonhae, T. landinga e T. itacambirussu. Trichomycterus sp. n. 1 possui colorido característico, com a nadadeira caudal enegrecida. A captura de apenas um exemplar de Trichomycterus sp. n. 1 no rio Caraíva vai exigir um novo esforço de captura na área em que foi encontrado para formação de um lote que permita sua descrição de forma adequada. Trichomycterus sp. n. 2 vem sendo comparado com congêneres regionais e mostra diferenças quanto à posição dos poros sensoriais supraorbitais S6, além de colorido distinto e combinações de caracteres. Um novo gênero e espécie de Neoplecostominae foi identificado por R.E. Reis (com. pes.) e será estudado por sua equipe. Muitos grupos de Siluriformes nunca foram revistos do ponto de vista sistemático, e as identificações disponíveis em literatura não são sempre confiáveis. Um esforço complementar deverá ser realizado para uma melhor definição das variações encontradas em Siluriformes, principalmente Imparfinis cf. minutus e Pimelodella cf. vittata. Dentre os Characiformes algumas espécies possuem status taxonômico ainda indefinido e tentativamente identificadas como Tetragonopterus cf. chalceus, Hemigrammus sp. e Leporinus sp. As demais espécies de Characiformes não identificadas a nível específico pertencem a grupos taxonômicos bastante complexos, como Characidium spp. e Astyanax spp. e podem representar novos táxons no âmbito de trabalhos de revisão. Dentre os Cyprinodontiformes foi identificada espécie ainda não descrita de poecilídeo (Phalloceros sp. B) que foi encaminhada a especialista para futura descrição. Preparação de Publicações sobre a ictiofauna nas bacias Através de uma série de estudos, os sistemas hídricos do Extremo Sul da Bahia estão sendo avaliados do ponto de vista da ictiofauna. O entendimento da distribuição da fauna de peixes em cada bacia está sendo

confrontado com informações históricas, de geologia, de hidrografia e do ambiente amostrado. A disponibilidade de publicações versando sobre o conjunto de dados nas respectivas bacias foi iniciada pelas bacias dos rios Peruípe (Sarmento-Soares et al., no prelo) e Jucuruçu (Sarmento-Soares et al., submetido). Outro manuscrito encontra-se em fase final de elaboração: A fauna de peixes na bacia dos Rios do Descobrimento, Extremo Sul da Bahia, versando sobre as bacias dos rios Cahy, Corumbau e Caraíva e as micro bacias de Cumuruxatiba, com previsão de submissão até final de outubro. Através da documentação, em publicações seqüenciadas, da composição taxonômica da ictiofauna em cada bacia pretende-se fornecer também subsídios ao conhecimento do endemismo regional. Até o final projeto deverão ser publicados trabalhos similares sobre as bacias do Rio Itanhém, Rio dos Frades e Buranhém e Rios do João de Tiba e Santo Antonio. Tem sido buscado que estas publicações sejam realizadas em português como forma de incentivo aos trabalhos de graduação e pós-graduação de Universidades da região. Sistematização dos resultados Os dados sobre a ictiofauna, tanto registros históricos como atuais, foram sistematizados por região e por bacias. Esta sistematização permitiu averiguar a consistência destes dados através do cálculo e comparação de diversos índices. As análises preliminares e o avanço de outros métodos de indicação de áreas de endemismo nos indicam a conveniência de ampliar objetivo inicial do projeto. Estabelecer padrões de distribuição geográfica das espécies de Siluriformes nas bacias do Extremo Sul da Bahia utilizando além do método PAE, outros disponíveis e avaliar suas possibilidades como indicadores de áreas de conservação da biodiversidade. Nos últimos anos, diversos métodos para identificação de áreas de endemismo foram propostos (Linder, 2001; Szumik et al., 2002; Mast & Nyffeler, 2003; Szumik & Goloboff, 2004; Moline & Linder, 2006). Hausdorf & Hennig (2003) também desenvolveram um método para a obtenção de elementos bióticos. Cronograma do primeiro ano Conforme descrição acima o cronograma apresentado para o primeiro ano do projeto foi completamente cumprido. As etapas previstas se revelaram realmente necessárias e permitiram a obtenção de um conjunto de dados confiáveis para a continuidade do projeto. Por mais robusto e sofisticado que sejam os métodos de análise, o resultado será ruim se a base de dados utilizada não for confiável.

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