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Transcrição:

Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Agrária Departamento de Ciências do Ambiente IMPACTO DOS VERTEBRADOS NA AGRICULTURA DE SEQUEIRO NA ILHA DE SANTIAGO São Jorge, Novembro, 2014 Gilson Semedo Claudia Brito Aline Rendall

OBJECTIVOS Geral Avaliar os impactos dos vertebrados nas culturas de sequeiro na ilha de Santiago. Específicos Identificar as espécies de vertebrados associados às culturas de sequeiro; Avaliar os possíveis danos causados pelas diferentes espécies nas culturas de sequeiro; Identificar as culturas mais afectadas; Identificar a espécie com maior impacto na agricultura de sequeiro; Identificar as estratégias de combate mais eficiente adotas pelos agricultores;

METODOLOGIA DO ESTUDO O estudo foi realizado segundo duas abordagens: Inquérito 130 agricultores de São Lourenço dos Órgão, Santa Cruz e São Domingos; Estudo de caso avaliação de impacto/ estratégias de controle Realizado em São Jorge dos Órgãos, na época produção pluvial de 2012 a 2013 ; Foram montados 30 quadrantes (25m 2 ) em 6 propriedades; Com 5 estratégias diferentes (Cova aberto, pedra na cova, espantalho, cova aberto e espantalho, pedra na cova e espantalho); Duas vezes por semana eram quantificados covas destruídas por amostras, assim como os animais responsáveis pelos estragos;

Áreas de inquéritos Figura 1: Mapa dos concelhos e das respetivas zonas inquiridas (Base ortofoto2010).

MATERIAIS USADOS NA MONTAGEM DE QUADRANTES:

MONTAGEM DE QUADRANTES:

Resultado Inquérito

RESULTADO - INQUÉRITO Num universo de 130 agricultores inqueridos: 96% - consideram que aves, ratos e macacos atacam agricultura de sequeiro; 83% consideram que as culturas de milho e feijões como mais atacada e 17% a mancarra; 79% já perderam as sementeiras devido a ataques Galinha-do-mato, sendo que destes, 82% realizam uma nova sementeira;

RESULTADO INQUÉRITO Animais que atacam agricultura de sequeiro: macaco 10% galinha domestica 9% corvo 1% cabra 3% porco 2% Galinha- Galus galus Cabra-Capra aegagrus hircus pelada 29% Porco-Sus scrafa domesticus Corvo- Corvus ruficollis Macaco- Chlorocebus sabaeus Rato-(Mus musculus L, Rattus norvegicus ) Tchota- Passer (iagoensis e hispaniolensis) Pomba- Columba livia Pelada- Numida meleagris rato 22% tchota 12% pomba 12% Gráfico 1: Animais que atacam á agricultura de sequeiro de acordo com inquéritos realizados nos três concelhos.

RESULTADO INQUÉRITO: destruição de sementes no Chão pombo 4% Macaco 1% Corvo 1% Galinha domestico 11% Cabra 1% Pelada 82% Gráfico 2: Animais que atacam covas semeadas, segundo inquérito realizado nos três concelhos.

RESULTADO INQUÉRITO Planta á germinar Pomba 6% Porco 2% Corvo 1% Tchota 32% Pelada 46% Cabra 5% Galinha domestico 8% Gráfico 3: Animais que atacam planta á germinar.

RESULTADO - INQUÉRITO: Animais que atacam frutos Galinha domestico 2% Cabra 1% Pelada 2% Tchota 7% Macaco 23% Rato 65% Gráfico 4: Animais que atacam a "espiga "do milho segundo inquérito realizado nos três concelhos.

RESULTADO INQUÉRITO: Estratégias de combate usadas pelos agricultores Nada 8% Outros 20% Criança no campo 26% Pedra 34% Espantalho 12% Gráfico 5: Estratégias utilizados pelos agricultores inquiridos no controlo dos animais que atacam á agricultura de sequeiro, nos três concelho.

Resultado estudo de caso

RESULTADOS DE ESTUDO DE CASO: Média de covas 25 por amostras; Quantidade de vez que amostras foram semeadas: Covas destruidas sementeira 5% 0% (88%) semeadas uma vez; (10%) semeadas duas vezes; (2%) semeadas três vezes; 95% Destruição Galinha mato Destruição por Pombos Destruição por Tchota Destruição outros animais Gráfico 1: Covas destruídos na fase de sementeiras pelos animais, no estudo de caso realizado em São Jorge.

RESULTADO ESTUDO DE CASO EM SÃO JORGE Destruição provocados-fase sementeira Destruição Galinha mato 140 120 100 Destruição por Tchota Destruição por Pombos Destruição outros animais 80 60 40 20 0 Cova aberta Cova aberta e Espantalho Espantalho Controle Pedra na cova Pedra na cova e Espantalho Gráfico 2: Quantidade de covas destruídos pelos animais em relação as estratégias adotadas no estudo de caso.

ESTRAGOS CAUSADOS POR GALINHA-DO-MATO:

DESTRUIÇÃO- FASE DE FLORAÇÃO A PRODUÇÃO: Animais domésticos Galinha-do- mato 0% 0% Ratos 9% Outros animais 1% Macaco 90% Gráfico 3: Percentagem de plantas destruídas por animais.

ESTRAGOS CAUSADOS MACACOS:

CONSIDERAÇÕES A maioria dos agricultores inqueridos, já perderam as sementeiras divido aos animais no entanto realizam uma nova sementeiras; Aves é o principal problema na fase sementeira/germinação e macacos/ratos na fase produção; Atraso de precipitação, distância, ausências humana são factores que contribuem para ataques da galinha do mato; O pico de danos acontece nas fases de sementeira e produção de espiga;

CONSIDERAÇÕES / RECOMENDAÇÕES: A agricultura de sequeiro representa 30% de rendimento da população que vive no campo, em algumas áreas os prejuízos associados a aves, macacos e ratos são consideráveis, dessa forma há uma necessidade de traçar estratégias adequadas para redução desses impactos. Pois entre os animais identificados, alguns são endémicos/ ameaçados no arquipélago. Algumas recomendações: Limpar os terrenos de cultivo, antes das sementeiras; Semear apôs a queda das primeiras chuvas; Usar de preferência a estratégia de colocar pedras na cova para combater a galinha de mato na sementeira, caso não seja possível optar por múltiplas estratégias; Realização de estudos de caso noutras localidades para melhor preparar o pacote de recomendações / combate.

MUITO OBRIGADO