EXCELENTÍSSIMO SENHOR PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA/SC A ASSOCIAÇÃO CATARINENSE DO MINISTÉRIO PÚBLICO (ACMP), inscrita no CNPJ n. 82510330/0001-91, sediada na Avenida Othon Gama D Eça, 900, Centro Executivo Casa do Barão, Torre A, 1º andar, sala 106, centro, neste município, por seu Presidente LUCIANO TRIERWEILLER NASCHENWENG ao final subscrito, apresenta pedido de CONSIDERAÇÃO DO ÍNDICE DE 11,98% DA URV NO PAGAMENTO DA PARCELA AUTÔNOMA DE EQUIVALÊNCIA PAE/AUXÍLIO-MORADIA referente ao período de setembro de 1994 a janeiro de 1995 aos membros do Ministério Público, em decorrência da equivalência remuneratória assegurada com relação ao Poder Judiciário, pelas razões de fato e de direito a seguir apresentadas. I Da Legitimidade Ativa da ACMP A legitimidade ativa da ACMP para propositura do presente pleito por substituição dos seus associados não merece maiores comentários, haja vista ser do seu próprio instrumento de criação a finalidade de promover a defesa judicial e extrajudicial dos interesses coletivos e difusos de seus associados, conforme dispõe art. 2º, inciso I, do seu Estatuto: Art. 2º A Associação tem por finalidade: [...]
II - promover a defesa judicial e extrajudicial dos interesses individuais de seus associados titulares, atingidos no exercício de suas funções, mediante manifestação expressa do interessado; Nesse sentido: O Superior Tribunal de Justiça tem se manifestado no sentido de que os sindicatos e as associações de classe possuem ampla legitimidade extraordinária para defender os interesses da categoria, não apenas na fase de conhecimento, mas também em liquidação e execução de sentença. Configurando-se, assim, hipótese de substituição e não de representação processual, não há necessidade de autorização dos substituídos. 1 A ACMP tem, portanto, legitimidade ativa para promover este requerimento, dispensada da autorização expressa e individual dos seus associados, pois a tutela em evidência comporta proteção estatutária. II INTRODUÇÃO Em 11 de fevereiro de 2015, a Associação Catarinense do Ministério Público encaminhou requerimento ao Procurador-Geral de Justiça de Santa Catarina solicitando o recálculo da Parcela Autônoma de Equivalência PAE/auxílio-moradia, relativa ao período de setembro de 1994 a fevereiro de 2000, que foi paga aos membros do MPSC em 2009. O pedido foi embasado na decisão do Presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina no Processo Administrativo nº 566426-2015.3, bem como nos precedentes do Conselho da Justiça do Trabalho e no Conselho da Justiça Federal, que reconheceram a necessidade de revisão dos cálculos da PAE/auxílio moradia. Essa necessidade de revisão ocorreu porque a verba foi paga sem consideração da incidência da URV, no percentual de 11,98%, além do escalonamento entre a remuneração dos Ministros do STJ e do STF, na proporção de 5%, com a consequente repercussão sobre o montante. A Procuradoria-Geral de Justiça, em 9 de março de 2015, deferiu em parte o pedido. Determinou a retificação dos cálculos relativos à PAE com a adoção do índice de 5 pontos percentuais no escalonamento vertical entre da Magistratura Nacional, a partir de fevereiro de 1995, 1 Tribunal Regional Federal da 4ª Região. AC Apelação Cível nº 2006.72.00.007555-0. Relator: Roger Raupp Rios. Data da decisão: 15.12.2009
com o pagamento da diferença apurada aos integrantes ativos e inativos do MPSC, bem como aos sucessores daqueles que faleceram, atualizados com juros e correção monetária. Com relação à incidência da URV, não foi acolhido o pleito sob a justificativa de apreciar a questão nos autos do Procedimento Interno n. 2014/024372, em momento posterior à análise da questão por parte do Conselho Nacional de Justiça e do próprio TJSC em Processo Administrativo interno. Recentemente, o TJSC julgou parcialmente procedente o Processo Administrativo n. 2013.088850-7, de relatoria do Desembargador Sérgio Rizelo, no qual a Associação dos Magistrados Brasileiros pediu a revisão dos cálculos da Parcela Autônoma de Equivalência para fazer incidir a URV sobre o auxílio moradia. Tendo em vista a simetria de subsídios entre os membros do Ministério Público e do Poder Judiciário, que fundamentou, dentre outras questões, o recebimento do auxílio-moradia concernente ao período de setembro de 1994 até fevereiro de 2000 no ano de 2009, bem como o reconhecimento parcial da necessidade do recálculo, determinando a aplicação do índice de 5% entre os níveis do escalonamento, a ACMP apresenta novamente a questão do recálculo da referida verba referente à complementação do pagamento considerando a diferença de 11,98% da URV. III CONSIDERAÇÃO DO ÍNDICE DE 11,98% DA URV NO RECÁLCULO DA VERBA PAE/AUXÍLIO MORADIA E SIMETRIA DE SUBSÍDIOS DE VENCIMENTOS ENTRE A MAGISTRATURA E O MINISTÉRIO PÚBLICO Ao julgar o Processo Administrativo n. 2013.088850-7, o Tribunal Pleno do TJSC decidiu, por unanimidade, deferir em parte o pedido de providências da Associação dos Magistrados Brasileiros. Reconheceu o direito dos Magistrados ativos e inativos, e aos sucessores daqueles que faleceram, ao recebimento da diferença de 11,98% incidente sobre o auxílio-moradia derivado da Parcela Autônoma de Equivalência, no lapso temporal de setembro de 1994 a janeiro de 1995, e determinou o pagamento de acordo com a disponibilidade financeira, com o acréscimo de correção monetária e juros de mora. A limitação temporal estabelecida pelo TJSC de setembro de 1994 a janeiro de 1995, deu-se em razão do advento do Decreto Legislativo nº 7, de 19 de janeiro de 1995, momento em que o auxílio-moradia para os membros do Congresso Nacional foi fixado em R$ 3.000,00 (três mil reais), passando a englobar, neste montante, a diferença da URV.
Dessa forma, o TJSC reconheceu a omissão da Administração na falta da consideração do índice de 11,98% decorrente da conversão de Cruzeiro Real no período acima referido, determinando o pagamento da diferença aos Magistrados ativos e inativos, bem como aos sucessores daqueles que faleceram, abrangendo todas as vantagens pessoais, inclusive seus reflexos, a que fazia jus o Magistrado à época em que o pagamento deveria ter sido efetuado, com a incidência de correção monetária e juros. A simetria entre os vencimentos ou subsídios dos membros do Ministério Público e do Poder Judiciário encontra fundamento constitucional, conforme art. 129, 4º, da CFRB. No presente caso, existe decisão do Tribunal Pleno do TJSC no sentido de recálculo e respectivo pagamento de verba que irá contemplar a Magistratura catarinense, administrativamente. É o que aqui se pleiteia em favor dos Associados da ACMP, tendo em vista que os membros do Ministério Público fazem jus, dentre outras garantias conferidas aos membros da Magistratura, à irredutibilidade de vencimentos (subsídio), devendo ser assegurada, portanto, a simetria entre os cargos equiparados do Poder Judiciário (at. 93 da Carta Magna c/c art. 99, III, da Constituição do Estado de Santa Catarina). Assim é que os membros do Ministério Público catarinense têm igualmente direito ao pagamento da diferença do auxílio-moradia compreendido no período de setembro de 1994 a janeiro de 1995, resultante da aplicação do índice de 11,98% da URV. V REQUERIMENTO: Ante o exposto, requer a Associação Catarinense do Ministério Público: a) o recebimento, conhecimento e total provimento do presente pedido; b) seja efetivado o recálculo e o consequente pagamento de diferença da verba PAE/auxílio moradia, considerando a incidência do índice de 11,98% da URV, aos Associados da ACMP membros do Ministério Público catarinense ativos e inativos de primeiro e segundo graus, incluindo-se os sucessores daqueles membros falecidos, referente ao período de setembro de 1994 a janeiro de 1995, com juros e correção monetária, adotando-se, por paridade, os mesmos valores que a Magistratura Catarinense;
c) que tais valores, depois de reconhecidos e calculados, sejam informados a esta Associação; d) por fim, seja o Presidente da ACMP cientificado de todas as providências e movimentações pertinentes ao presente pedido. Florianópolis, 2 de março de 2016. LUCIANO TRIERWEILLER NASCHENWENG Presidente da ACMP