SOROLOGIA PARA Borrelia burgdorferi EM EQUINOS DA ILHA DE MARAJÓ E MUNICÍPIO DE CASTANHAL, PARÁ, BRASIL

Documentos relacionados
SOROPREVALÊNCIA DE Borrelia spp. EM EQUINOS DE USO MILITAR DO MUNICÍPIO DE SÃO BORJA, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DETECÇÃO DE ANTICORPOS ANTI-Borrelia burgdorferi EM CÃES PROCEDENTES DO CENTRO DE CONTROLE DE ZOONOSES DE CAMPO GRANDE, MATO GROSSO DO SUL, BRASIL*

DOENÇA DE LYME: LEVANTAMENTO DE DADOS NO BAIRRO LIMEIRA DO MUNICÍPIO DE BRUSQUE, SANTA CATARINA. Regional de Blumenau - FURB

Soroprevalência de anticorpos homólogos anti-borrelia burgdorferi em equinos de uso militar no Brasil*

Soroprevalência de Borrelia burgdorferi latu sensu associada à presença de carrapatos em cães de áreas rurais do Estado do Rio de Janeiro, Brasil

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

SOROPREVALÊNCIA PARA Borrelia SPP. EM CÃES NO MUNICÍPIO DE SEROPÉDICA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO*

DOENÇA DE LYME E SUA PRESENÇA NO BRASIL: UMA REVISÃO

Toxoplasma gondii em Tamanduá Bandeira (Myrmecophaga tridactyla, Linnaeus 1758) da região Noroeste do Estado de São Paulo

Laboratório de Parasitologia Veterinária, Universidade Federal da Fronteira Sul- UFFS- Campus Realeza- Paraná

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

ORIENTAÇÕES DE MESTRADO CONCLUÍDAS* NOS ÚLTIMOS 05 ANOS ADIVALDO H. FONSECA/UFRRJ ANO DE CONCLUS ÃO. Bolsa (Agência)

11 a 14 de dezembro de 2012 Campus de Palmas

UFRRJ INSTITUTO DE VETERINÁRIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS PARASITOLOGIA VETERINÁRIA

IDENTIFICAÇÃO MORFOMÉTRICA DE LARVAS INFECTANTES DE CIATOSTOMÍNEOS (NEMATODA: CYATHOSTOMINAE) DE EQUINOS PSI

mesorregião Norte Fluminense 1

Palavras-chave: canino, tripanossomíase, Doença de Chagas Key-words: canine, trypanosomiasis, chagas disease

UFRRJ INSTITUTO DE VETERINÁRIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS PARASITOLOGIA VETERINÁRIA

ASSOCIAÇÃO ENTRE A RENDA FAMILIAR DE TUTORES DE CÃES E GATOS E A PERCEPÇÃO DE ZOONOSES, EM BELÉM, PARÁ

Artigo de Revisão. An Bras Dermatol. 2005;80(2):

Frequência de anticorpos contra Toxoplasma gondii e Borrelia spp. em cães domiciliados no município de Castanhal, estado do Pará*

AVALIAÇÃO PRELIMINAR DE PARÂMETROS EPIDEMIOLÓGICOS DA TRISTEZA PARASITÁRIA BOVINA NO MATO GROSSO DO SUL

Avaliação da Ocorrência de Anticorpos Anti-Brucella abortus em Caprinos da Região Semiárida do Estado de Pernambuco

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Leishmaniose visceral canina no município de São Vicente Férrer, Estado de Pernambuco, Brasil

Palavras- chave: Leishmaniose; qpcr; cães. Keywords: Leishmaniases; qpcr; dogs.

Parâmetros ambientais na alteração da dinâmica dos sistemas europeus das doenças associadas a ixodídeos. Referência do projecto PTDC/CLI/64257/2006

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

PRIMEIRO REGISTRO DE Amblyomma geayi (ACARI: IXODIDAE) EM PREGUIÇA (Bradypus variegatus) NO ESTADO DO ACRE, AMAZÔNIA OCIDENTAL RELATO DE CASO

Investigação epidemiológica de Borrelia burgdorferi em equinos do. município de Sinop, estado de Mato Grosso, Brasil

Epidemiologia da Febre Maculosa Brasileira no Estado de São Paulo

Anticorpos anti-rickettsias do grupo da febre maculosa em equídeos e caninos no norte do Estado do Paraná, Brasil

PERFIL DA POPULAÇÃO CANINA DOMICILIADA DO LOTEAMENTO JARDIM UNIVERSITÁRIO, MUNICÍPIO DE SÃO CRISTÓVÃO, SERGIPE, BRASIL

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR

Universidade Federal da Bahia Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia Grupo de Pesquisa de Protozoários Coccídeos. Prof. Luís Fernando Pita Gondim

Brazilian Journal of Animal and Environmental Research

Key words: spirochetes, Borrelia sp., ELISA, buffaloes, risk factors. Palabras clave: espiroquetas, Borrelia sp., ELISA, búfalos, factores de riesgo.

PERFIL METABÓLICO E ENDÓCRINO DE EQUÍDEOS

FREQUÊNCIA DE NEOPLASIA EM CÃES NA CIDADE DO RECIFE NO ANO DE 2008.

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

DESAFIOS DA LEPTOSPIROSE NO BRASIL

Soroprevalência de Babesia bovis em bovinos na mesorregião Norte Fluminense 1

Anais do 38º CBA, p.1478

RELAÇÃO ENTRE A FAIXA ETÁRIA DE TUTORES DE CÃES E GATOS E A PERCEPÇÃO DE ZOONOSES, EM BELÉM, PARÁ

DE LUCCA HRLR; 2 SILVA RM; 2 BARALDI SR; 2 BATISTA JAS; 4 SOUZA H; 3 NAVARRO AL; 1. HIRAMOTO RM; TOLEZANO JE 1

COLETA, ORGANIZAÇÃO E CONSISTÊNCIA DE REGISTROS GENEALÓGICOS DE BÚFALOS DO ESTADO DO PARÁ

Ocorrência sorológica de Babesia bovis, Babesia bigemina e Anaplasma marginale em bovinos e bubalinos no estado do Pará, Brasil

UFRRJ INSTITUTO DE VETERINÁRIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS DISSERTAÇÃO

Heterologous antibodies to evaluate the kinetics of the humoral immune response in dogs experimentally infected with Toxoplasma gondii RH strain

MODALIDADE DE TRÊS TAMBORES DA RAÇA QUARTO DE MILHA: EFEITO DO SEXO

Simone Baldini Lucheis

Ano VI Número 11 Julho de 2008 Periódicos Semestral BABESIOSE BOVINA

SANIDADE DE CÃES COMUNITÁRIOS DE CURITIBA/PR SANITY OF NEIGHBORHOOD DOGS IN CURITIBA/PR

RESSALVA. Atendendo solicitação do autor, o texto completo desta tese será disponibilizado somente a partir de 04/04/2016.

ANÁLISE RETROSPECTIVA DO DIAGNÓSTICO DE MICOPLASMOSE ANIMAL PELA PCR NO PERÍODO

FREQUÊNCIA DE ANTICORPOS CONTRA O HERPESVÍRUS BOVINO TIPO 1 (BHV-1) EM BOVINOS LEITEIROS NÃO VACINADOS NA BACIA LEITEIRA DA ILHA DE SÃO LUÍS-MA

AVALIAÇÃO SOROLÓGICA DE Leptospira spp. E Brucella spp. EM AOUDADS DO ZOOLÓGICO DE CURITIBA-PR

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

PERFIL DE PARASITAS GASTROINTESTINAIS ENCONTRADOS EM EQUINOS DE ESPORTE DE DUAS CABANHAS DE CAVALOS CRIOULOS

Masaio Mizuno ISHIZUKA * Omar MIGUEL * Dalton França BROGLIATO ** Regina A yr Florio da CUNHA *** João Antonio GARRIDO *** R FM V -A /28

Inquérito sorológico para toxoplasmose em equinos na região de Botucatu-SP

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <

ECTOPARASITAS EM PEQUENOS ANIMAIS: CONTROLE E DIAGNÓSTICO

EFEITOS FIXOS SOBRE DESEMPENHO PONDERAL EM BOVINOS NELORE NO ACRE

SOROPREVALÊNCIA E FATORES GUIMARÃES, DE A. M. RISCO et al. PARA Babesia bovis EM REBANHOS LEITEIROS NA REGIÃO SUL DE MINAS GERAIS 1

INFECÇÃO SIMULTÂNEA POR Leishmania chagasi E Ehrlichia canis EM CÃES NATURALMENTE INFECTADOS EM SÃO LUÍS, MARANHÃO, BRASIL

Categorização de estado de risco de uma população

Workshop:Capivara,Carrapato e Febre Maculosa:

CARLOS EMMANUEL MONTANDON

Universidade Federal de Pelotas Medicina Veterinária Zoonoses. Diagnóstico laboratorial Brucelose TESTE DO 2-MERCAPTOETANOL

CARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS DO CAVALO PURO SANGUE LUSITANO NO BRASIL

Prevalência de Anaplasma ssp. em bovinos no município de Umuarama (PR)

RESUMO. PALAVRAS-CHAVE: Babesiose, bovinos, reação de imunofluorescência indireta, ELISA, Babesia bovis, Babesia bigemina.

REVISÃO DE LITERATURA: BORRELIA BURGDORFERI EM CANÍDEOS RUBIO, Kariny Aparecida Jardim 1 ; SEIXAS, Flavio Augusto Vicente 1

REDUÇÃO DO RISCO DE DOENÇAS TRANSMITIDAS POR VETORES (CVBD*), EM CÃES JOVENS COM SISTEMA IMUNOLÓGICO EM DESENVOLVIMENTO

2 MATERIAL E MÉTODOS 1.1 OBJETIVOS DO TRABALHO

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

Nota Técnica nº 13 LEISHIMANIOSE VICERAL

Levantamento Sorológico da Brucelose em Bovinos da Raça Sindi no Semiárido Pernambucano

CONDENAÇÕES DE CORAÇÃO E PULMÃO DE BOVINOS ABATIDOS EM ITAITUBA PA

Tipos de estudos epidemiológicos

FORMULÁRIO PADRÃO PARA APRESENTAÇÃO DE PROJETOS

Doença de Lyme-símile brasileira ou Síndrome Baggio-Yoshinari: Zoonose exótica e emergente transmitida por carrapatos

ESTUDO DE CASOS DE LEPTOSPIROSE NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIJUÍ 1 CASE STUDY OF LEPTOSPIROSIS IN THE UNIJUÍ VETERINARY HOSPITAL

UFRRJ INSTITUTO DE VETERINÁRIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS DISSERTAÇÃO

ELISA INDIRETO PARA BRUCELOSE BOVINA UTILIZANDO VACINA B19 E EPS COMO ANTÍGENOS

Rickettsia sp. EM MARSUPIAIS SILVESTRES DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL Rickettsia sp. IN MARSUPIALS OF RIO GRANDE DO NORTE, BRAZIL

4. Núcleos de conservação de equinos. - Sandra Aparecida Santos - Marivaldo Rodrigues Figueró - Naiara Zoccal Saraiva - Ramayana Menezes Braga

Soroprevalência de Anaplasma marginale em bovinos na mesorregião Norte Fluminense 1

TIPOS DE ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS. CLÁUDIA PINHO HARTLEBEN MÉDICA VETERINÁRIA

SOBRE UMA PEQUENA COLEÇÃO DE ÁCAROS {Arthropoda, Acari) DO TERRITÓRIO FEDERAL DE FERNANDO DE NORONHA, BRASIL*

Prevalência de anticorpos anti-toxoplasma gondii e anti-neospora caninum em rebanhos caprinos do município de Mossoró, Rio Grande do Norte

ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DA INFECÇÃO PELO VÍRUS DA DIARREIA VIRAL BOVINA EM REBANHOS DA AGRICULTURA FAMILIAR, NA MICRORREGIÃO DO BREJO PERNAMBUCANO

Palavras-chave:Brucelose. IDGA. Sorológicos. Canino. Keywords: Brucellosis. IDGA. Serological. Canine.

INVESTIGAÇÃO SOROEPIDEMIOLÓGICA SOBRE A LARVA MIGRANS VISCERAL POR TOXOCARA CANIS EM USUÁRIOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DE GOIÂNIA GO

CISTICERCOSE BOVINA EM PROPRIEDADES RURAIS DO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA-MG: INVESTIGAÇÃO E FATORES DE RISCO

AVALIAÇÃO DA ACURÁCIA DE TESTES DIAGNÓSTICOS SOROLÓGICOS PARA O VÍRUS ZIKA EM PACIENTES COM SUSPEITA CLÍNICA DA DOENÇA

Agente etiológico. Leishmania brasiliensis

PERFIL ENZIMÁTICO DE FRANGOS DE CORTE ACOMETIDOS COM MIOPATIA WOODEN BREAST

ASSOCIAÇÃO DA CARGA PARASITÁRIA NO EXAME CITOLÓGICO DE PUNÇÃO BIÓPSIA ASPIRATIVA DE LINFONODO COM O PERFIL CLÍNICO DE CÃES COM LEISHMANIOSE VISCERAL.

OCORRÊNCIA DE TUBERCULOSE EM REBANHO BUBALINO (Bubalus bubalis VAR. BUBALIS-LINNEUS, 1758) EM UMA PROPRIEDADE DO MUNICÍPIO DE ARARI, MARANHÃO, BRASIL

Transcrição:

9 SOROLOGIA PARA Borrelia burgdorferi EM EQUINOS DA ILHA DE MARAJÓ E MUNICÍPIO DE CASTANHAL, PARÁ, BRASIL RENATA CUNHA MADUREIRA 1 CHARLES PASSOS RANGEL 2 JOSÉ DIOMEDES BARBOSA NETO 3 ADIVALDO HENRIQUE DA FONSECA 4 1- Médica Veterinária. PhD. Fiscal Federal Agropecuário - SIPAG/SFA/MS; 2- Aluno do Curso de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ); 3- Professor Titular da Universidade Federal do Pará; 4- Professor Titular, Dep. Epidemiologia e Saúde Pública UFRRJ. Cx. Postal 74548, Seropédica - RJ, Brasil, 23890-970; (21 2682 2940 r 28) RESUMO: MADUREIRA, R. C.; RANGEL, C. P.; BARBOSA NETO, J. D.; FONSECA, A. H. Sorologia para Borrelia burgdorferi em equinos da Ilha de Marajó e Município de Castanhal, Pará, Brasil. Revista de Ciências da Vida, Seropédica, RJ: EDUR, v. 29, n. 1, jan. - jun., p. 09-15, 2009. O objetivo do presente trabalho foi observar a frequência de anticorpos da classe IgG contra Borrelia burgdorferi em cavalos na Ilha de Marajó e da cidade de Castanhal, Brasil. A coleta de 208 amostras de soro foi procedida em cavalos, 105 escolhidos de forma aleatória da Ilha de Marajó e 103 escolhidos de forma aleatória do continente, na cidade de Castanhal, os quais foram analisados pelo (ELISA). Um questionário foi usado para registrar espécie, sexo e presença ou não de carrapatos. Foi observado que 15(7,2%) animais reagiram indiretamente ao ELISA, sendo 10(9,5%) da Ilha de Marajó e 5(4,9%) animais positivos da cidade de Castanhal. Diferença significante não foi observada entre equinos soropositivos na ilha e no continente, nem em relação ao sexo e espécie dos animais. A presença de anticorpos reagentes contra Borrelia burgdorferi em cavalos na Ilha de Marajó e da cidade de Castanhal indica a presença de Borrelia sp. Ao invés de baixa frequência de soro positivo o que é necessária atenção para a ocorrência de borreliosis humana nas áreas estudadas considerando a importância desta doença como zoonoses emergentes. Palavras chave: Borrlia burdorgeri, Spirochaetae, cavelos, sorologia. ASTRACT: MADUREIRA, R. C.; RANGEL, C. P.; BARBOSA NETO, J. D.; FONSECA, A. H. Sorology for Borrelia burgdorferi in Equines in the Island of Marajó and Castanhal municipalitie, Pará, Brazil. Revista de Ciências da Vida, Seropédica, RJ: EDUR, v. 29, n. 1, jan. - jun., p. 09-15, 2009.The aim of the present work was to observe the frequency of antibodies of the class IgG against Borrelia burgdorferi in horses in the Marajó Island and Castanhal County, Pará, Brazil. The collection of 208 serum was proceeded in horses, 105 sample from de Island of Marajó and 103 sample from the continent, in the Castanhal county, Pará, which were analyzed by the immune enzymatic assay indirect (ELISA). A questionnaire was used to register breed, sex and presence or absence of ticks. It was observed that 15 (7,2%) animals reagents to indirect ELISA, being 10 (9,5%) from horses of the Marajó Island and five (4,9%) positives animals of Castanhal county. Significant difference was not observed among equines seropositive in the island and the continent, nor in relation to the sex and breed of the animals. The presence of reactive antibodies against B. burgdorferi in the horses in the Marajó Island and Castanhal is indicative of the presence of Borrelia sp. and in spite of the low frequency of positive serum it is necessary attention for occurrence of human borreliosis in the studied areas considering the importance of that illness as emergent zoonoses. Key words: Borrelia burgdorferi Spirochaetae horses - serology.

10 Sorologia para Borrelia burgdorferi... INTRODUÇÃO O complexo Borrelia burgdorferi sensu lato é responsável por causar a enfermidade conhecida como borreliose de Lyme nos Estados Unidos da América (EUA), Europa e Ásia. Esses espiroquetídeos são transmitidos por carrapatos do gênero Ixodes aos animais silvestres, caracterizados como reservatórios naturais (ANDERSON, 1988) e aos animais domésticos, conhecidos como importantes reservatórios de Borrelia spp. no ambiente domiciliar, favorecendo ao carrapato veicular o patógeno até o homem e outros animais (MATHER et al., 1994). Inquéritos sorológicos para B. burgdorferi em equinos nos EUA demonstraram até 60% de animais soropositivos em áreas endêmicas, alguns animais apresentavam dermatite nos membros e edema transitório das patas e poliartrites, sugerindo importantes implicações para a indústria equina no futuro (COHEN et al., 1988). Trabalhos desenvolvidos na Europa consideram controversa a associação entre sorologia positiva e sinais clínicos em equinos (CARTER et al., 1994; EGENVALL et al., 2001; MULLER et al., 2002; SCHÖNERT et al., 2002); porém, isso não descarta a importância dos levantamentos soroepidemiológicos para observação do agente na região. No Brasil, a primeira publicação alertando a comunidade médica para a possibilidade da ocorrência de borreliose de Lyme nesse território foi em 1989. Posteriormente vários registros de borreliose de Lyme simile foram feitos por todo o país: Rio de Janeiro (AZULAY et al., 1991; BRIGGS et al., 1993), São Paulo (YOSHINARI et al., 1993; 2003), Mato Grosso do Sul (COSTA et al., 1996), Amazonas (TALHARI et al., 1992; MELO et al., 2003). Em artigo de revisão, Fonseca et al. (2005) destacaram a importância da borreliose Lyme simile para a dermatologia no Brasil, reforçando a importância do isolamento do agente etiológico, que até hoje não foi possível. Os vetores ainda não foram estabelecidos; porém, um estudo com carrapatos de pequenos mamíferos do estado de São Paulo sugeriu o Ixodes sp. como um potencial vetor para o agente da borreliose de Lyme-simile, sendo responsável pela manutenção da espiroqueta no ambiente silvestre e o carrapato do cavalo Amblyomma cajennense responsável pela transmissão ao homem (ABEL et al., 2000). Outra espiroqueta que infecta equinos é B. theileri que tem como principal vetor o carrapato Boophilus microplus (CALLOW, 1967). Rogers et al. (1999) alertaram para a probabilidade de comprometimento de estudos soroepidemiológicos devido a reações cruzadas entre B. bugdorferi sensu lato e B. theileri em regiões onde os agentes coexistem. Portanto, no mesmo estudo, avaliaram a especificidade do teste ELISA com soro bovino, não observando reação cruzada. A Ilha de Marajó é a maior ilha flúviomarinha do mundo, apresentando características fisiográficas peculiares (MARQUES et al., 2001). No lado oriental da ilha onde predominam terras baixas e campos naturais, ocorreram cruzamentos entre várias raças de equinos, resultando na raça Marajoara, comum nessa região e adaptada ao meio e ao trabalho no campo (MARQUES et al., 2001). O objetivo do presente trabalho foi verificar a frequência de anticorpos da classe IgG anti-b. burgdorferi em equídeos da Ilha de Marajó e do município de Castanhal, Pará, Brasil. MATERIAL E MÉTODOS Procedeu-se à coleta de 208 soros de eqüídeos, onde 105 amostras foram provenientes dos municípios de Soure e Cachoeira do Arari, na Ilha de Marajó, e 103 amostras foram provenientes do município de Castanhal, mesorregião metropolitana de Belém, parte continental do Pará. As amostras de soro foram colhidas por conveniência de equídeos jovens e adultos, aparentemente sadios, de diferentes raças, no mês de novembro de 2004. Coletou-se assepticamente o sangue desses animais, através da venopunção jugular. Os soros obtidos foram armazenados em tubos tipo eppendorf a -20 C até o momento da análi-

11 se sorológica. Por meio de um questionário foram registrados dados como raça, sexo e presença ou ausência de carrapatos. Realizou-se o ELISA indireto para detectar anticorpos da classe IgG homólogos contra B. burgdorferi sensu lato, padronizado por Salles et al. (2002), com antígeno de extrato de célula total sonicado de B. burgdorferi sensu stricto cepa americana G39/40. Foram utilizados doze soros controles negativos e um controle positivo. A linha de corte do ensaio foi estabelecida pela fórmula: X + SD t 1 + (1/ n) onde é a média dos controles negativos, SD é o desvio padrão, n é o número de controles negativos utilizados (n=12) e t é o nível de confiança (FREY et al, 1998). Para observação de possíveis diferenças entre as frequências encontradas nos grupos de animais de diferentes raças e sexos, assim como entre as freqüências das regiões analisadas, utilizaram-se os testes não paramétricos Qui-quadrado e Fisher, por meio do programa computacional INSTAT, a 5% de probabilidade. RESULTADOS A análise soroepidemiológica das 208 amostras de soros revelou que 15 (7,2%) animais foram reagentes positivos ao ELISA indireto, com anticorpos da classe IgG contra B. burgdorferi, enquanto 193 (92,8%) amostras foram negativas. Na Ilha de Marajó, 10 (9,5%) animais apresentaram-se positivos, enquanto em Castanhal cinco (4,9%) animais foram reagentes ao ELISA indireto. Não houve diferença significativa (P= 0,2839) de positividade entre os animais na Ilha de Marajó e em Castanhal, no continente do Estado do Pará (Tabela 1). Tabela 1. Frequência sorológica de anticorpos anti-borrelia burgdorferi em equídeos na Ilha de Marajó e em Castanhal, Pará, Brasil. Freqüência (nº de animais positivos/ nº de animais testados) Ilha de Marajó Castanhal Total 9,5% (10/105) 4,8% (5/103) 7,2% (15/208) Não houve diferença significativa (P>0,05). Os dados obtidos a partir do questionário revelaram a presença de 90 animais da raça Marajoara, 91 Mangalarga e 27 de outras raças, sendo um da raça Árabe, dois da Quarto de Milha, doze da raça Puruca, três mestiços e nove burros. Desses animais, 118 eram machos e 90 eram fêmeas. Todos os animais estavam infestados por carrapatos Anocentor nitens. A análise segundo as diferentes raças revelou que 10% dos animais da raça Marajoara, 3,3% da raça Mangalarga e 11,1% dos animais de outras raças eram soropositivos para anticorpos da classe IgG contra B. burgdorferi (Tabela 2). A análise estatística não revelou diferença significativa (P= 0,1953) entre as frequências de animais positivos nas diferentes raças.

12 Sorologia para Borrelia burgdorferi... Tabela 2. Frequência sorológica de anticorpos anti-borrelia burgdorferi em eqüídeos de diversas raças no estado do Pará, Brasil. Freqüência Raça Marajoara Raça Mangalarga Outras Raças Relativa Absoluta Relativa Absoluta Relativa Absoluta 10% 4,3% 3,3% 1,4% 11,1% 1,4% (9/90) (9/208) (3/91) (3/208) (3/27) (3/208) Não houve diferença significativa (P>0,05). A análise segundo o sexo revelou que 6,8% dos machos e 7,8% das fêmeas eram positivos (Tabela 3) não apresentando diferença significativa (P= 0,7931). Freqüência Macho Fêmea Relativa Absoluta Relativa Absoluta 6,8% 3,8% 7,8% 3,4% (8/118) (8/208) (7/90) (7/208) Não houve diferença significativa (P>0,05). DISCUSSÃO Neste trabalho, 7,2% (15/208) dos animais apresentaram-se soropositivos para B. burgdorferi, semelhante aos resultados de outros inquéritos sorológicos realizados em equinos no Brasil (MADUREIRA et al., 2007; GALO et al., 2009). Em levantamento sorológico no município do Rio de Janeiro, em equinos mantidos sob diferentes tipos de controle de ectoparasitas, foi possível observar em animais com alta infestação de carrapatos, 42,9% de positividade para B. burgdorferi no ELISA indireto, em contraste com 17,5% de animais soropositivos que viviam sob manejo regular e 0,9% sob controle rigoroso de ectoparasitas (SALLES et al., 2002), evidenciando a correlação entre presença de anticorpos contra B. burgdorferi e infestação por carrapatos. O carrapato citado por transmitir Borrelia sp. a humanos e animais domésticos

13 no Brasil é o A. cajennense (ABEL et al., 2000). Embora esse fato não tenha sido comprovado experimentalmente, pode justificar a baixa frequência de animais soropositivos no presente estudo, uma vez que os equinos analisados estavam infestados por carrapatos da espécie A. nitens. A borreliose de Lyme em equinos está bem definida nos EUA, apresentando positividade de 10 a 68% em áreas endêmicas (COHEN et al., 1988; 1996). Marcus et al. (1985) observaram 24% de equinos soropositivos para B. burgdorferi em área endêmica para borreliose de Lyme e apenas 2% de soropositivos em áreas não endêmicas nos EUA, não observando diferença significativa entre sexo e raças, assim como observado no presente estudo. O diagnóstico sorológico é de grande importância no auxílio clínico e em estudos epidemiológicos, contudo este deve ser interpretado em conjunto com dados clínicos e histórico dos animais, assim como das propriedades. A presença de anticorpos contra B. burgdorferi em equinos na ilha de Marajó e em Castanhal, ambos no Pará, é indicativo da presença de Borrelia sp. e apesar da baixa frequência de animais soropositivos é necessário atenção para ocorrência de borreliose humana nas regiões estudadas considerando a importância dessa enfermidade como zoonose emergente. AGRADECIMENTOS Aos docentes da Universidade Federal do Pará: Alessandra Scofield Amaral, Carlos Magno Chaves Oliveira, Valíria Duarte Cerqueira e Marcos Dutra Duarte e à Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) pelo apoio financeiro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABEL, I. S.; MARZAGÃO, G.; YOSHINARI, N. H.; SCHUMAKER, T. T. S. Borrelia-like spirochetes recovered from ticks and small mammals collected in the Atlantic Forest Reserve, Cotia county, state of São Paulo, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.95, n. 5, p. 621-624, 2000. ANDERSON, J. F. Mammalian and avian reservoirs for Borrelia burgdorferi. Annals New York Academy of Sciences, v. 25, n. 8, p. 1495-1497, 1988. AZULAY, D. A.; AZULAY-ABULAFIA, L.; SODRÉ, C. T.; AZULAY, D. R.; AZULAY, M. M. Lyme disease in Rio de Janeiro, Brazil. International Journal of Dermatology, v. 30, n. 8, p. 569-571, 1991. BRIGGS P. L.; FRAGA S.; FILGUEIRA A. L. Doença de Lyme: Apresentação de um caso com demonstração de Borrelia. In: 48º CON- GRESSO BRASILEIRO DERMATOLOGIA, 1993, Curitiba-PR. Anais... Curitiba-PR, 1993. COLLOW, L. L. Observations on ticktransmitted spirochaetes of cattle in Australia and South Africa. British Veterinary Journal, v. 123, p. 492-497, 1967. CARTER, S. D.; MAY, C.; BARNES, A.; BENNETT, D. Borrelia burgdorferi infection in UK horses. Equine Veterinary Journal, v. 26, n. 3, p. 187-190, 1994. COHEN, D.; BOSLER, E. M.; BERNARD, W.; MEIRS II, D.; EISNER, R.; SCHULZE, T. C. Epidemiologic studies of Lyme Disease in horses and their public health significance. Annals New York Academy of Sciences, v. 539, p. 244-257, 1988.

14 Sorologia para Borrelia burgdorferi... COHEN, N. D. Borreliosis (Lyme disease) in horses. Equine Veterinary Education, v. 8, n. 4, p. 213-215, 1996. COSTA, I. P.; YOSHINARI, N. H.; BARROS, P. J. L.; BONOLDI, V. L. N.; LEON, E. P.; ZEITUNE, A. D.; COSSERMELLI, W. Doença de Lyme em Mato Grosso do Sul: relato de três casos clínicos, incluindo o primeiro relato de meningite de Lyme no Brasil. Revista do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de São Paulo, v. 56, n. 6, p. 253-257, 1996. EGENVALL, A.; FRANZÉN, P.; GUNNARSSON, A.; ENGVALL, E. O.; VAGSHOLM, I.; WIKSTRÖM, U-B.; ARTURSSON, K. Cross-sectional study of the seroprevalence to Borrelia burgdorferi sensu lato and granulocytic Ehrlichia spp. And demographic, clinical and tick-exposure factors in Swedish horses. Preventive Veterinary Medicine, v. 49, p. 191-208, 2001. FONSECA, A. H.; SALLES, R. S.; SALLES, S. A. N.; MADUREIRA, R. C.; YOSHINARI, N. H. Borreliose de Lyme simile: uma doença emergente e relevante para a dermatologia no Brasil. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 80, n. 2, p.171-178, 2005. GALO, K. R.; FONSECA, A. H.; MADUREIRA, R. C.; BARBOSA NETO, J. D. Freqüência de anticorpos homólogos anti- Borrelia burgdorferi em eqüinos na mesorregião metropolitana de Belém, Estado do Pará. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 29, n. 3, p. 229-232, 2009. LISSMAN, B. A.; BOSLER, E. M.; CAMAY, H.; ORMISTON, B. G.; BENACH, J. L. Spirochete-associated arthritis (Lyme Disease) in a dog. Journal of American Veterinary Medicine Association, v. 185, n. 2, p. 219-220, 1984. MADUREIRA, R. C.; CORRÊA, F. N.; CU- NHA, N. C.; GUEDES Jr., D.S.; FONSECA A.H. Ocorrência de anticorpos homólogos anti-borrelia burgdorferi em eqüinos de propriedades dos municípios de Três Rios e Vassouras, estado do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Ciência Veterinária, v. 14, n. 1, p. 43-46, 2007. MARCUS, L. C.; PATTERSON, M. M.; GILFILLAN, R. E.; URBAND P. H. Antibodies to Borrelia burgdorferi in New England horses: serologic survey. American Journal of Veterinary Research, v. 46, n. 12, p. 2570-2571, 1985. MARQUES, J. R. F.; COSTA, M. R.; OHAZE, M. M. Conservação e caracterização de eqüídeos da Ilha de Marajó em estudo no BAGAM. In: III SIRGEALC- Simpósio de Recursos Genéticos para a América Latina e Caribe- IAPAR-CENARGEN, Londrina, PR. Anais... Londrina, PR, 2001, p. 132-137. MATHER, T. N.; FISH, D.; COUGHLIN, R. T. Competence of dogs as reservoirs for Lyme disease spirochetes (Borrelia burgdorferi). Journal of American Veterinary Medicine Association, v. 205, n. 2, p. 186-188, 1994. MELO, I. S.; GADELHA, A. R.; FERREIRA, L. C. L. Estudo histopatológico de casos de eritema crônico migratório diagnosticados em Manaus. Anais Brasileiro de Dermatologia, v. 78, n. 2, p. 169-177, 2003. MULLER, I.; KHANAKAH, G.; KUNDI, M.; STANEK, G. Horses and Borre lia: Immunoblot patterns with five Borrelia burgdorferi sensu lato strains and sera from horses of various stud farms in Austria and from the Spanish Riding School in Vienna. Journal of Medical Microbiology, v. 291, n. 33, p. 80-87, 2002. ROGERS, A. B.; SMITH, R. D.; KAKOMA, I. Serologic cross-reactivity of antibodies against Borrelia theileri, Borrelia burgdorferi and Borrelia coriaceae in cattle. American

15 Journal of Veterinary Research, v. 60, n. 6, p. 694-697, 1999. SALLES, R. S.; FONSECA, A. H.; SCOFIELD, A.; MADUREIRA, R. C., YOSHINARI, N. H. Sorologia para Borrelia burgdorferi latu sensu em eqüinos no estado do Rio de Janeiro. A Hora Veterinária, v. 127, p. 46-49, 2002. SCHÖNERT, S.; GRABNER, A.; HEIDRICH, J.; SCHONBERG, A.; NOCKLER, K.; BAHN, P.; LUGE, E.; BREM, S.; MULLER, W. Lyme disease in the horse? Comparative studies of direct and indirect testing for Borrelia burgdorferi. Praktische-Tierarzt, v. 83, n. 12, p. 1064-1068, 2002. TALHARI, S.; TALHARI, A. C.; FERREIRA, L. C. L. Eritema chronicum migrans, eritema migratório, doença de Lyme ou borreliose de Lyme. Anais Brasileiro de Dermatologia, v. 67, p. 205-209, 1992. YOSHINARI, N. H. ; STEERE, A. C. ; COSSERMELLI, W.. Revisão da borreliose de Lyme. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 35, p. 34-38, 1989. YOSHINARI, N. H.; STEERE, A. C.; BAR- ROS, P. J. L.; CRUZ, F. M. C.; MENDON- ÇA, M.; OYAFUSO, L. K.; LEVY, L.; COSSERMELLI, W. Lyme disease in Brasil: report of five cases. Revista Espanhola de Reumatologia, v. 20, p. 6, 1993. YOSHINARI, N. H.; ABRÃO, M. G.; BONOLDI, V. L. N.; SOARES, C. O.; MA- DRUGA, C. R.; SCOFIELD, A.; MASSARD, C. L.; FONSECA, A. H. Coexistence of antibodies to tick-borne agnts of babesiosis and Lyme borreliosis in patients from Cotia county, state of São Paulo, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 98, n. 3, p. 311-318, 2003.