UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE

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Transcrição:

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE A VISSECÇÃO NO ENSINO DA MEDICINA VETERINÁRIA AUTOR: PAULO SERGIO MARTINS CASTELO BRANCO ORIENTADOR: JORGE TADEU VIEIRA LOURENÇO, M.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ, DEZEMBRO DE 2001.

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE A VIVISSECÇÃO NO ENSINO DA MEDICINA VETERINÁRIA AUTOR: PAULO SERGIO MARTINS CASTELO BRANCO TRABALHO MONOGRÁFICO APRESENTADO COMO PRÉ-REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE ESPECIALISTA EM DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR RIO DE JANEIRO, RJ, DEZEMBRO DE 2001.

ÍNDICE 1 INTRODUÇÃO...1 2 REVISÃO DE LITERATURA...2 2.1 HISTÓRICO...2 2.2 VIVISSECÇÃO...3 2.3 EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL NA EDUCAÇÃO...3 2.4 COMPORTAMENTO ÉTICO QUANTO A UTILIZAÇÃO DE ANIMAIS NO ENSINO E EM EXPERIMENTOS...5 2.5 PRINCÍPIOS ÉTICOS INTERNACIONAIS5 2.6 MÉTODOS SUBSTITUTIVOS A ANIMAIS APLICADOS AO ENSINO SUPERIOR...6 2.7 VANTAGENS DAS ALTERNATIVAS A UTILIZAÇÃO DE ANIMAIS...9 2.8 LEGISLAÇÃO...9 3 MATERIAL E MÉTODOS...15 4 RESULTADOS...16 5 DISCUSSÃO...17

6 CONCLUSÃO...18 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...18

RESUMO Este trabalho tem por objetivo mostrar o que pensam as pessoas ligadas a medicina veterinária sobre a vivissecção como uma rotina na formação do médico veterinário. Justifica-se, devido ao crescente clamor das sociedades de proteção animal,para que essa prática seja abolida. Utilizou-se neste trabalho um questinario com oito perguntas pertinentes ao assunto, que foi respondido por cinqüenta pessoas ligadas a medicina veterinária, a avaliação destas respostas permitiu postular que a vivissecção é praticada nas faculdades de medicina veterinária e é considerada pela comunidade acadêmica e profissional como necessária, e a despeito da opinião dos autores consultados, praticada seguindo-se padrões éticos.

1 INTRODUÇÃO No início da civilização era comum a utilização de seres humanos (escravos e condenados), com finalidade cientifica nas dissecações e necropsias. Aos poucos esta prática foi sento substituída, por motivações inicialmente religiosas e, posteriormente, legais, adotando-se modelos animais para os estudos da origem e das características dos processos patológicos que afetavam a espécie humana. Desde essa remota época os animais são usados para os mais diversos experimentos visando o desenvolvimento Didático-Cientifico. (Teixeira, 1996). O objetivo deste trabalho é abordar as conseqüências da vivissecção no ensino da medicina veterinária, segundo médicos veterinários e profissionais ligados à área biomédica. Este objetivo é justificado pela necessidade da criação de uma conscientização na classe médico-veterinária sobre a possível dessensibilização que a prática da utilização de animais vivos em experimentos e aulas práticas cria nos profissionais que utilizam a vivissecção para a lecionação e nos alunos, futuros profissionais, que aprendem seu ofício, em parte, as custas desse instrumento.

2 - REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Histórico Aristóteles (384-322 a C.) pesquisou as semelhanças e diferenças de conformação e funcionamento entre órgãos humanos e órgãos animais. Hipócrates (480-377 a C.), Galeno (130-201 a C.), utilizando primatas, estabeleceu as diferenças anatômicas entre esta espécie e o homem, através do estudo do funcionamento da medula espinhal. Harvey (1578-1657) estudou a circulação sanguínea de sapos, rã, cobras, caranguejos, camarões, cães, bovinos, coelhos e outras espécies. O emprego de animais em estudos consagrou personalidades como Lavoisier e Claude Bernard, que ressaltaram a sua importância para a evolução das áreas da fisiologia, patologia e farmacologia. (Ibid) Na Bíblia, Gênesis, Capítulo 1, versículo 26, há a citação de que Deus criou o homem á sua imagem e semelhança, com o domínio sobre os peixes, os pássaros, o gado e a terra. Naturalmente, este domínio que deus deu ao homem não significa que os animais não tenham seus direitos e que devemos reconhecer, regulamentar e respeitar. (ibid). Buda, 500 a.c., assumiu posição contrária á morte de qualquer semelhante, fosse ele bicho ou gente. Tende piedade de todas as criaturas vivas e dessa forma o fogo de vossa vida se extinguirá e mergulhareis numa abençoada eternidade de paz., dizia o mestre indiano. O primeiro mandamento budista, aliás, proclama justamente o respeito á vida: não matarás nenhuma criatura vivente (Levai, L.F., 1998). Na primeira metade do século XIX surgiram as primeiras críticas á utilização de animais em experimentos, com a prática da

vivissecção, estabelecidas como obrigatórias aos estudos de fisiologia nas ciências experimentais.(teixeira, 1996). 2.2 Vivissecção Segundo a definição clássica, é a operação feita em animais vivos para estudos fisiológicos. Relaciona-se, portanto, á dissecação de cobaias de laboratório, anestesiadas ou não, com o propósito de realizar estudos científicos. Em sentido amplo essa prática é apenas uma das formas de experimentação animal propriamente dita, em que os pesquisadores realizam outros procedimentos que não apenas os cirúrgicos. A morte desses animais, independente do sofrimento a que possam ser submetidos, é justificada pela ciência médica como mal necessário, expressão eufemística correlata á máxima maquiavélica de que os fins justificam os meios (Levai,T.B.,2001). 2.3 - Experimentação animal na educação São várias as finalidades dos experimentos realizados com animais nas universidades brasileiras: observação de fenômenos fisiológicos e comportamento a partir da administração de drogas; estudos comportamentais de animais em cativeiro; conhecimento da anatomia; e desenvolvimento de habilidades e técnicas cirúrgicas. (Greif, 2000). Abaixo estão descrições breves dos experimentos mais encontrados nas universidades, segundo GREIF (2000).

miografia: um músculo esquelético, geralmente da perna, é retirado da rã, onde estuda-se a resposta fisiológicas a estímulos elétricos. As respostas são registradas em gráficos. sistema nervoso: uma rã é decapitada e um instrumento pontiagudo é introduzido repetidamente na sua medula espinhal, observando-se o movimento dos músculos esqueléticos do restante do corpo. sistema cardio-respiratório: um cão é anestesiado, tem sue tórax aberto e observa se os movimentos pulmonares e cardíacos. Em seguida aplicam-se drogas, como adrenalina e acetilcolina, para análise da resposta dos movimentos cardíacos. anatomia: diversos animais podem ser utilizados para tal finalidade. Geralmente são sacrificados como parte do exercício. estudos psicológicos: ratos, porcos-da-india ou pequenos macacos podem ser utilizados como instrumentos de estudo. São vários os experimentos realizados: privação de alimentos ou água; experimentos como cuidado materno, onde a prole é separada dos genitores; indução de estresse, utilizando-se choque elétricos, por exemplo; comportamento social em indivíduos artificialmente debilitados ou caracterizados. habilidades cirúrgicas: muitos animais podem ser utilizados para esta praticas. Geralmente estão vivos e anestesiados. Os exercícios de técnicas operatórias são comuns em faculdades de medicina veterinária e exigem grande quantidade de animais.

2.4 - Comportamento ético quanto à utilização de animais no ensino e em experimentações Devido a crescente consciência critica com a ecologia, a comunidade em geral tem se mostrado mais receptiva aos anseios das entidades protetoras dos animais quanto ao uso de animais em investigações médicas despertando atenção para a necessidade de discutir a legislação vigente neste assunto.(teixeira, 1996). A comunidade científica atual busca alternativas, que vão desde a diminuição do número de animais empregados, cultura de células, utilização de microrganismos, de animais invertebrados inferiores, até modelos matemático e estudos epidemiológicos. 2.4.1 - Princípios éticos internacionais TEIXEIRA (1996), apresenta, abaixo, os princípios que norteiam a utilização de animais em experimentações. O experimento com animais deve ser efetuado somente quando outros métodos substitutivos não puderem ser utilizados. Só devem ser feitos experimentos com animais depois de considerada a sua relevância. Devem ser utilizados animais de espécies e qualidade adequadas em número mínimo, para se obter resultados válidos.

Todo cientista deve se preocupara com o cuidado e uso apropriado dos animais em experimentos, evitando ou minimizando desconforto, aflição e dor. Supor sempre que procedimentos dolorosos para o homem também causam dor no nos animais. Para procedimentos que causam dor e aflição deve-se usar sedação, analgesia ou anestesia. Nunca usar paralisantes químicos nestas circunstâncias. Quando não se adequar ao descrito anteriormente, as decisões devem ser compartilhadas com o corpo colegiado de revisão dôo protocolo experimental. A decisão nunca deve ser tomada pelo pesquisador interessado na pesquisa, mas por pessoas que não tenham compromisso pessoal com ela. Em caso de dor severa ou crônica, aflição ou descapacitação, os animais devem ser sacrificados de modo indolor. Deve-se assegurar que os investigadores e o pessoal auxiliar tenham qualificação, experiência e treinamentos adequados. 2.5 - Métodos substitutivos a animais aplicados ao ensino superior as seguintes possibilidades: LEVAI, T. B. (2001), sugere como métodos substitutivos Cultura de tecidos, células e órgãos humanos em recipientes, interagindo com a droga proposta, para estudar os efeitos no organismo humano e animal.

Pesquisas de doenças existentes em culturas de outros povos, estilos de vida, dietas, estudos de casos humanos, relatórios de necropsias e análises estatísticas dos efeitos de vários fatores na incidência da doença. Placentas humanas e animais descartadas poderiam ser usadas para a prática de cirurgia microvascular; Quando se fala em métodos alternativos não significa completa abolição do uso de animais. Eles podem ser usados para esse fim, desde que não lhes sejam infligido sofrimento ou dor. Também são métodos alternativos a utilização do animal de estimação do próprio estudante em sua pratica clinica, por exemplo oftalmologia, semiologia e treinamento de cirurgia de castração em animais de abrigos, posteriormente doados.ainda pode se lançar mão de vídeos que exibem quadros de intoxicação ou anafilaxia, obtidos a partir de casos reais, dispensando a indução experimental de tais situações e suas inúmeras repetições (Greif, 2000). 2.6 - Vantagens das alternativas a utilização de animais: GREIF (2000), apresenta as seguintes vantagens das alternativas a utilização de animais em experimentos e atividades didáticas:

Otimizam o cronograma: gasta-se muito tempo com a preparação da experimentação animal. É comum que os experimentos não dêem certo ou deixem margem a interpretações confusas. Possibilitam melhor aprendizado: simulações interativas permitem que o estudante volte atrás em algum estágio do experimento. O que não é possível em experimentos in vivo. Cada estudante pode aprender de acordo com seu ritmo e repetir todo o experimento, se necessário essa tecnologia não cria dependência do laboratório e de pessoal especializado para o estudo, permitindo que seja realizado até em casa. São econômicas : ao contrário do que muitos pensam, as alternativas são financeiramente viáveis. O uso de animais implica grandes gastos com manutenção. Já as alternativas possuem tempo de vida muitas vez indeterminado, não sendo descartáveis como os animais utilizados. São éticas: o oferecimento de alternativas respeita os princípios éticos, morais ou religiosos de estudante que se opõem ao uso de animais parta estas finalidades. 2.6 - Legislação Surgiu no Brasil, em 1934, o decreto federal n 24.645. Que assegurava. Se, exceção, proteção a todos os animais. Em 1967, é publicada a lei n 5.197, que dispõe sobre a proteção á fauna. Somente em 1979, a lei n 6.638 estabeleceu normas para a prática didático-científica da vivissecção de animais, regulamentando o registro de Biotérios e centros de experimentação, e

estabelecendo penalidades para os infratores. O decreto lei n 64.704, de 17 de junho de 1969, capítulo II, art. 2, estipula ser o exercício da medicina de animais de laboratório uma atividade profissional privativa do Médico Veterinário. Isto significa que todo o biotério deve ter um médico veterinário especializado em animais de laboratório, para supervisão do mesmo. Somente a legislação não é suficiente para garantir a proteção efetiva dos animais. É na educação e consciência de cada indivíduo que trabalha com animais que deve estar incutido o princípio de minimizar a utilização, a dor, o sofrimento e o stress dos animais. No dia 27 de janeiro de 1978, a UNESCO proclamou, em Bruxelas, a famosa Declaração Universal dos Direitos dos Animais, subscrita por quase tosos os países do mundo, incluído o Brasil. Eis os preceitos básicos da cartilha que se tornou, sob o aspecto moral, a Carta Magna dos bichos: Artigo 1 mesmo direito á existência. Todos os animais nascem iguais diante da vida e tem o Artigo 2 a) cada animal tem direito ao respeito. b) O homem, enquanto espécie animal, não pode atribuir-se o direito de exterminar os outros animais ou explora-los, violando esse direito. Ele tem o9 dever de colocar sua consciência a serviço dos outros animais. c) Cada animal tem o direito á consideração, á cura e á proteção do homem.

Artigo 3 a) nenhum animal será submetido a maltrato e atos cureis. b) Se a morte de um animal é necessária, deve ser instantânea, sem dor nem angústia Artigo 4 a) cada animal que pertence a uma espécie selvagem tem o direito de viver livre no seu ambiente natural terrestre, aéreo e aquático e tem o direito de reproduzir-se. b) A privação de liberdade, ainda que para fins educativos, é contrária a esse direito Artigo 5 a) cada animal pertencente a uma espécie, que vive habitualmente no ambiente do homem, tem o direito de viver e crescer segundo o ritmo e as condições de vida e de liberdade que são próprias de sua espécie. b) Toda modificação imposta pelo homem para fins mercantis é contraria a esse direito. Artigo 6 a) cada animal que o homem escolher para companheiro tem direito a uma duração de vida conforme sua natural longevidade. b) O abandono de um animal é um ato cruel e degradante.

Artigo 7 Cada animal que trabalha tem o direito a uma razoável limitação do tempo e intensidade do trabalho, a uma alimentação adequada e ao repouso. Artigo 8 a) a experimentação animal, que implica em sofrimento físico, é incompatível com os direitos do animal, quer seja uma experiência médica, científica, comercial ou qualquer outra. b) As técnicas substitutivas devem ser utilizadas e desenvolvidas. Artigo 9 No caso do animal ser criado para servir de alimentação, deve ser nutrido, alojado, transportado e morto sem que para ele resulte ansiedade ou dor. Artigo 10 Nenhum animal deve ser usado para divertimento do homem. A exibição de animais e os espetáculos que u7tilizam animais são incompatíveis com a dignidade do animal.

Artigo 11 O ato que leva á morte de um animal sem necessidade é um biocídio, ou seja, um delito contra a vida. Artigo 12 a) cada ato que leva á morte um grande número de animais selvagens é um genocídio, ou seja, um delito contra a espécie. Artigo 13 a) o animal morto deve ser tratado com respeito b) as cenas de violência de que os animais são vítimas devem ser proibidas no cinema e na televisão, a menos que tenham por fim mostrar um atentado aos direitos do animal. Artigo 14 a) as associações de proteção e de salvaguarda dos animais devem ser representadas a nível de governo. b) b) os direitos do animal devem ser defendidos por leis, como os direitos do homem.l de governo. c) os direitos do animal devem ser defendidos por leis, como os direitos do homem. Com relação a vivissecção, utilização de animais vivos em experimentações, a lei n 6.638/79 estabelece normas para as experimentações científicas envolvendo animais vivos como cobaias. A vivissecção não será permitida: sem emprego de anestesia; em centros de

pesquisas e estudos não registrados em órgão competente; sem a supervisão de técnico especializado; com animais que não tenham permanecido mais de quinze dias em biotérios; em estabelecimentos de 1 e 2 graus e em quaisquer locais freqüentados por menores de idade.

3 - MATERIAIS E MÉTODO Foram utilizados para reaçização deste trabalho um questionário com oito perguntas direta ou indiretamente ligadas a utilização de animais no ensino da medicina veterinária. 50 pessoas, de diversas faculdades de medicina veterinária responderam, anonimamente, as perguntas do questionário. A pesquisa foi realizada no período entre junho e novembro de 2001, no Estado do Rio de Janeiro, RJ. Entre os entrevistados estavam estudantes, médicos veterinários e professores universitários ligados a medicina veterinária. Os dados obtidos dos questionários foram confrontados com os obtidos da literatura consultada, para a elaboração das conclusões deste trabalho. As respostas dos 50 entrevistados foram comparadas entre si e agrupadas em dois grupos para cada pergunta, um grupo de respostas afirmativas e um grupo de respostas negativas, totalizando 16 grupos. Após esse agrupamento realizou-se a análise estatística para elaboração do perfil dos entrevistados, e comparação desse perfil com a literatura consultada sobre o assunto.

QUESTIONÁRIO SOBRE A UTILIZAÇÃO DE ANIMAIS VIVOS NO ENSINO DA MEDICINA VETERINÁRIA 1) você já participou ou presenciou alguma aula que causou algum dano físico ou psicológico nos animais utilizados? sim não 2) Alguma vez você efetivamente fez alguma coisa para impedir a utilização de animais em aulas ou experimentos que lhes infringissem algum dano físico ou psicológico? sim não 3) Você conhece algum método substitutivo à utilização de animais em aulas que resultem em algum malefício a esses animais? sim não 4) Você conhece alguma instituição de ensino que não utilizem animais nestas aulas? sim não 5) Você julga indispensável a utilização de animais vivos em aulas que tragam algum dano físico ou psicológico a esses animais? sim não 6) Você sabe o que é vivissecção? sim não 7) Você conhece alguma lei de proteção animal? sim não 8) Você acredita que a utilização de animais vivos em aulas que lhes tragam sofrimentos físicos ou psicológicos, pode dessensibilizar os alunos, futuros profissionais com relação ao sofrimento animal? sim não

4 -RESULTADO De acordo com os dados obtidos dos cinqüenta entrevistados, apresenta-se os seguintes resultados: 90% já participaram ou presenciaram aulas onde praticou-se vivissecção, de todos os entrevistados, apenas 25% tomaram alguma atitude para impedir a vivissecção em aulas, 20% conhecem métodos que substituam a vivissecção no ensino da Medicina Veterinária, 20% conhecem alguma instituição que não pratica vivissecção, 60% julgam indispensável à utilização de animais em aulas, mesmo que seja praticada vivissecção, 75% sabem o que é vivissecção, 85% conhecem alguma lei para proteção animal, 20% acreditam que a vivissecção desumaniza os alunos com relação ao sofrimento animal.

5 - DISCUSSÃO De acordo com as obras consultadas, a vivissecção é apresentada como uma ferramenta científica ou didática, que deve ser totalmente abolida por infringir danos físicos ou psicológicos aos animais e por determinar em seus praticantes uma diminuição significativa da compaixão que os profissionais que trabalham com seres vivos devem possuir, entretanto com base nos questionamentos feitos de acordo com a metodologia dês trabalho, o que se observa é que os autores acima referendados estão distantes de compreender o que realmente ocorre na utilização didática de animais no ensino da medicina veterinária, onde excessos não são cometidos, são realizados apenas os experimentos estritamente necessários à formação médico veterinário, respeitando-se os instrumentos legais e éticos, para que as técnicas aprendidas nas cobaias sejam posteriormente utilizadas com êxito nos pacientes. Apesar de diversas alternativas apresentadas por LEVAI T. B., (2000), em sua maioria as pessoas ligadas à medicina veterinária não as conhecem, por tanto não visualizam suas vantagens, sugere-se então que os métodos alternativos sejam divulgados amplamente, para somente então se tentar efetivamente substituir os animais vivos.

6 - CONCLUSÃO Concluiu-se com este trabalho, que a vivissecção é praticada pela maioria das pessoas ligadas a medicina veterinária, onde poucas se manifestam ativamente contra esta pratica, embora seja conhecida, pelo menos por uma parcela da comunidade médico veterinária praticas substitutivas a esse método, logo não é de se estranhar o fato de que seja praticada na maior parte das universidades.a maioria dos entrevistados por conhecerem as leis de proteção animal, provavelmente praticam-na seguindo padrões éticos e legais. É considerada indispensável ao ensino médico veterinário, não sendo considerada um fator que diminua a compaixão do medico veterinário pelos seus pacientes, pela maioria dos entrevistados.

7 - BIBLIOGRAFIA GREIF, S.; TRÉZ, T. A Verdadeira Face da Experimentação Animal. Rio de Janeiro: Sociedade Educacional Fala Bicho, 2000. 200p. LEVAI, L. F.; Direito dos Animais: O Direito Deles e o Nosso Direito Sobre Eles. Campos do Jordão: Mantiqueira, 1998. 120p. LEVAI, T. B.; Vitimas da Ciência : Limites Éticos da Experimentação Animal. Campos do Jordão: Mantiqueira, 2001. 79p. TEIXEIRA, P. Biossegurança. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1996. 362p.