INCLUSÃO DE ALUNOS PÚBLICO ALVO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA REDE REGULAR DE ENSINO DA CIDADE DE CATALÃO: ANÁLISE E ESTÍMULO DA PRODUÇÃO COLABORATIVA DE PRÁTICAS CORPORAIS INCLUSIVAS Cristiane da Silva Santos Lidiene Prolicena dos Santos Regional Catalão da Universidade Federal de Goiás Eixo Temático: 1) Práticas pedagógicas inclusivas Palavras-chave: Educação Física. Produção Colaborativa de Práticas Corporais Inclusivas. Alunos público alvo da Educação Especial. 1. Introdução A presente pesquisa tem como tema a inclusão dos alunos público alvo da Educação Especial PAEE (Estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação) nas aulas de Educação Física da rede regular de ensino e a produção colaborativa de vivências corporais inclusivas. Os estudos desenvolvidos na área da Educação e Educação Física evidenciam problemas no processo de inclusão dos alunos PAEE na rede regular de ensino (CIDADE; FREITAS, 2002; RODRIGUES, 2004; CHICON, 2013). Esses problemas estão relacionados à política, à organização, à falta de acessibilidade (arquitetônica, urbanística, transporte, informação e comunicação, ajuda técnica, dentre outras), às barreiras atitudinais, às condições didático-pedagógicas, às metodologias inadequadas e ao despreparo dos professores (formação inicial e continuada) para atender às necessidades específicas dos estudantes PAEE. São problemas relacionados também com a falta de clareza no referencial que conceitua as políticas, de modo a provocar diferentes, senão antagônicas, formas de inserção desses alunos no ensino regular.
No decorrer da história da educação dos alunos público alvo da Educação Especial, as práticas sociais que a orientam foram marcadas por diferentes fases histórico-conceituais, começando pela exclusão social, passando pelo atendimento segregado, integração social e, recentemente, a inclusão. Segundo Sassaki (1997 apud CIDADE; FREITAS, 2002, p. 23) a inclusão é um processo amplo, com transformações, pequenas e grandes, nos ambientes físicos e na mentalidade de todas as pessoas, inclusive da própria pessoa com necessidades especiais. Nesse contexto, a inclusão escolar requer mudanças na concepção e nas práticas de gestão, de sala de aula e de formação de professores, para a efetivação do direito de todos à escolarização (BRASIL, 2010). A escola como um espaço inclusivo tem sido alvo de inúmeras reflexões e debates. A ideia da escola como espaço inclusivo nos remete às dimensões físicas e atitudinais que permeiam a área escolar, onde diversos elementos como a arquitetura, engenharia, transporte, acesso, experiências, conhecimentos, sentimentos, comportamentos, valores etc. coexistem, formando este lócus extremamente complexo. (CIDADE; FREITAS, 2002, p. 26) A partir disto, a discussão de uma escola para todos tem suscitado debates sobre programas e políticas de inserção de alunos PAEE, formação de professores, currículos, etc. (CIDADE; FREITAS, 2002). Além desses fatores precisamos romper com os fatores que historicamente tem excluído os alunos que estão fora dos padrões de corpo, de habilidade, dentre outros, das aulas de educação física na escola. É imprescindível questionar: como estas aulas estão sendo organizadas? Quais práticas pedagógicas vêm sendo desenvolvidas? Dentre outras. Mais especificamente no que se refere à participação dos alunos com deficiência, as aulas de Educação Física eram usadas para proibir a matrícula dessas pessoas na escola. A Portaria ministerial de 13/02/1938 estabelecia [...] a proibição da matrícula em estabelecimento de ensino secundário, de alunos cujo estado patológico os impeça permanente das aulas de Educação Física. No decorrer da história dessa disciplina esses alunos sempre foram dispensados dessas aulas tendo em vista o Decreto nº 69.450 (vigente de 1971 a 1996). Até hoje, encontramos escolas que dispensam alunos com deficiência das aulas de Educação Física.
Não estamos aqui afirmando que nunca houve na história da Educação Física professores preocupados em incluir e trabalhar com a diversidade em suas práxis escolares, nem que nunca na história da Educação Física houve professores preocupados com tais questões. No entanto, o que se percebe é que prevalece ainda hoje nas práxis da Educação Física escolar, o ideário de se trabalhar com corpos fortes e saudáveis, mesmo depois de tantos documentos com focos e garantias inclusivas. (SANTOS; ZOBÓLI, 2012, p. 4) Em uma pesquisa realizada por Chicon e pelos relatos de seus alunos no trabalho da disciplina de Educação Física Adaptada foi possível observar o quadro de exclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais (NEEs) das aulas de Educação Física se mantinha em algumas escolas, e em outras, essas crianças participavam pouco. Percebemos, também, que o professor pouco fazia para mediar a situação e que as atividades como queimada e futebol eram a tônica da aula. (CHICON, 2013, p. 18) O estudo de Maia (2002) reforça que o uso de métodos de ensino inadequados e a não mediação do professor na promoção da interação entre os membros do grupo passa a ser um obstáculo ao processo de inclusão (MAIA, 2002 apud CHICON, 2013, p. 18). Esse fato pode estar relacionado a diversos fatores como, por exemplo, a formação dos professores. Sabemos que muitos professores de Educação Física e hoje atuantes nas escolas não receberam em sua formação conteúdos e/ou assuntos pertinentes a Educação Física Adaptada ou a Inclusão, pois a disciplina Educação Física Adaptada surgiu oficialmente nos cursos de graduação através da Resolução 3/87 do Conselho Federal de Educação (CIDADE; FREITAS, 2002). Estudos realizados com os professores que atuam na Educação Básica com alunos com deficiência revelam o despreparo para lidar com esse público alvo da Educação Especial. As pesquisas vêm apontando que os professores afirmam que não tiveram durante sua formação inicial disciplina ou discussões sobre a educação dos alunos público alvo da educação especial. É unânime a constatação de que os professores que atuam na Educação Básica não estão preparados para incluir os alunos com deficiência, seus cursos de graduação não os preparam para isso (VITALIANO; MANZINI, 2010, p. 51). Diante disso, este estudo tem como objetivo analisar a organização das aulas de Educação Física da rede regular de ensino da cidade de Catalão visando a inclusão (inserção, participação e aprendizagem) dos alunos público alvo da Educação Especial, bem como por
meio do ensino colaborativo, promover e estimular os professores da área na produção de vivências corporais inclusivas. Mais especificamente pretendemos: A) Refletir sobre os principais fatores que levam a exclusão no contexto das aulas da Educação Física; B) Identificar e analisar as políticas públicas de Educação do Estado de Goiás e do município de Catalão, tendo como eixo central, a inclusão escolar dos alunos público alvo da Educação Especial; C) Identificar e analisar a formação dos professores de Educação Física, bem como a organização de suas aulas, tendo como eixo central de análise a participação desses alunos; D) Verificar e analisar as aulas de Educação Física na perspectiva desses alunos; E) Promover por meio do ensino colaborativo, a formação dos professores da área, bem como, estimular a produção colaborativa de vivências corporais inclusivas. 2. Metodologia Tendo em vista os objetivos do estudo, esta pesquisa será desenvolvida com utilização de dois tipos de delineamentos: pesquisa social de caráter descritivo-exploratório e a pesquisa colaborativa. O universo deste estudo compreenderá as escolas estaduais e municipais da rede regular de ensino de Catalão GO. Selecionaremos 10 % das escolas municipais e 10% das escolas estaduais que tiverem o maior número de alunos PAEE matriculados. A população do estudo será composta pelos professores de Educação Física e alunos público alvo da Educação Especial. Como fonte de coleta de dados, utilizaremos entrevista semiestruturada e faremos observação simples das aulas de Educação Física. Para a análise dos dados utilizaremos o método denominado análise de conteúdo (BARDIN, 1977 apud TRIVIÑOS, 1987). 3. Considerações iniciais De acordo com o cronograma da pesquisa não temos condições de explicitar até a presente data nenhum resultado, pois o trabalho ainda se encontra em fase coleta, análise e interpretação dos dados parciais. Entretanto, frente aos objetivos propostos esperamos com
este estudo aprofundar os debates referentes a esta temática bem como ampliar as discussões dos processos de produção de conhecimento nessa área. Além disso, poderemos apresentar um raio x de como as aulas de Educação Física estão organizadas de modo a permitir a inclusão dos alunos público alvo da Educação Especial, visando com isto auxiliar os administradores das escolas na tomada de decisões políticas acerca do assunto. Referências BRASIL. Manual de orientação: programa de implantação de sala de recursos multifuncionais. Brasília: MEC/SEESP, 2010. CHICON, J. F. Jogo, mediação pedagógico e inclusão. 2. ed. Várzea Paulista/SP: Fontoura, 2013. CIDADE, R. E. A, FREITAS, P.S. Educação física e inclusão: considerações para a prática pedagógica na escola. Revista Integração, Brasília, v. 14, p. 26-30, 2002. Edição Especial. RODRIGUES, D. A inclusão na universidade: limites e possibilidades da construção de uma universidade inclusiva. Cadernos, n. 23. 2004. SANTOS, V. R.; ZOBOLI, F. O corpo deficiente no contexto histórico da Educação Física. 2012. Disponível em: <www.labomidia.ufsc.br/.../20-o-corpo-deficiente-no-contexto- historico>. Acesso em: nov. 2014. TRIVIÑOS, A.N. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em Educação. São Paulo: Atlas, 1987. VITALINO, C. R.; MANZINI, E. J. A formação inicial de professores para a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais. In:. (Org.) Formação de professores para a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais. Londrina: EDUEL, 2010. p. 49-112.