OFERECIMENTO BOLETIM ESPECIAL JOGOS PARALÍMPICOS RIO 2016 Na reta final, Paralimpíada vira protagonista no Rio O intervalo de duas semanas entre o fim dos Jogos Olímpicos e o início dos Paralímpicos foi suficiente para que o país voltasse seus olhos à competição que terá sua cerimônia de abertura na tarde desta quarta-feira, em meio ao feriado da independência brasileira. Na reta final, as Paralimpíadas saíram de um evento sob risco de adiamento para se transformar num protagonista de última hora no Rio de Janeiro. EDIÇÃO 001 QUARTA-FEIRA, 7 DE SETEMBRO DE 2016 POR ERICH BETING, DO RIO DE JANEIRO Em menos de 15 dias, os Jogos Paralímpicos venderam mais de 1,2 milhão de ingressos, atraíram novos patrocinadores e começaram a chamar a atenção da mídia nacional, mesmo com a volta à rotina do esporte brasileiro após o término dos Jogos Olímpicos do Rio. O protagonismo assumido pelas Paralimpíadas livra o país de um vexame. Em 22 de agosto, apenas 8% dos 2,5 milhões de ingressos para o evento ha- Passagem da tocha paralímpica pelo Cristo Redentor, na véspera da abertura das Paralimpíadas no Rio de Janeiro; evento foi assumir o protagonismo nas duas semanas de reta final de preparação, com alta procura por ingressos e até novos patrocínios 1
viam sido vendidos, e o Rio 2016 precisou pedir ajuda ao governo do Rio para pegar um empréstimo e assegurar a realização dos Jogos sem precisar de um adiamento, hipótese que era cada vez mais considerada pelo Comitê Paralímpico Internacional. A grande virada paralímpica foi, em parte, fruto do sucesso inesperado das Olimpíadas. A euforia do torcedor com o Rio 2016 foi usada pela organização para vender a ideia de que havia uma nova - e última - chance de o país viver a experiência de ir ao Parque Olímpico, de assistir a grandes competições de vários esportes, de torcer pelo país. Mesmo com o Rio de volta à rotina, sem férias para concentrar as atenções no evento, as Paralimpíadas chegaram a mais de 60% dos ingressos vendidos. Da mesma forma, marcas como Skol decidiram de última hora se associar ao evento e aproveitar a estrutura que já havia sido montada para os Jogos Olímpicos. Na noite desta quarta-feira, o Maracanã lotado para a cerimônia de abertura das Paralímpiadas será uma espécie de resumo de duas características muito comuns do povo brasileiro. Somos capazes de fazer grandes festas, mas temos essa característica peculiar de não planejar e deixar tudo para fazer na última hora. 4 bi GRANDES NÚMEROS de pessoas é o quanto o Comitê Paralímpico calcula que será a audiência global dos Jogos Paralímpicos; tendência é de que a maior audiência seja na abertura dos Jogos 4 PATROCÍNIO parceiros mundiais tem o Comitê Paralímpico Internacional; Samsung, Visa, Panasonic e Atos PAÍSES RETIRARAM 154 UMA CREDENCIAL PARA FAZER A COBERTURA DAS PARALIMPÍADAS 1.5 SUPERAR PEQUIM 2008, MAS NÃO LONDRES MILHÕES DE INGRESSOS PARA OS JOGOS FORAM VENDIDOS; BRASIL DEVE 4.350 atletas estão aptos a competir durante os Jogos Paralímpicos 2
OPINIÃO Inclusão tem de ser a lição aprendida nas Paralimpíadas Onde você comprou o Tom?. A pergunta foi feita mais de uma vez para mim nos dias em que estive com meus filhos no Rio 2016. Ir às competições com os dois mascotes era um dos programas preferidos deles. Até quem não estava com criança vinha atrás da gente para saber onde era possível encontrar o Tom, mascote das Paralimpíadas que não dava as caras nas lojas oficiais durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro. Na semana seguinte do término dos Jogos Olímpicos, no mesmo Rio, lá estava o Tom, com sua cabeleira, embelezando lojas oficiais do Rio 2016... A exclusão do mascote paralímpico da loja oficial dos Jogos é a mais perfeita tradução de como temos dificuldades para sermos inclusivos com os deficientes em nossa sociedade. Até mesmo o comportamento das marcas mostra isso. Se tivemos mais de 40 marcas olímpicas, houve uma redução brusca para as Paralimpíadas. Nas ações de ativação, apenas Bradesco e Nissan seguem o roteiro montado para o Rio 2016 em setembro. POR ERICH BETING diretor executivo da Máquina do Esporte Pelos próximos 11 dias, teremos no Rio histórias de superação fantásticas, provas de que a capacidade humana de se adaptar a condições adversas é fenomenal, feitos extraordinários. Mas o que as Paralimpíadas mais podem ensinar é que não deveria haver barreiras para incluir o deficiente na sociedade. A venda distinta do mascote dos Jogos prova como é difícil entendermos isso. Temos 11 dias para olharmos sem preconceito para isso. Mídia reduz espaço, mas Paralimpíadas devem ter maior cobertura da história POR REDAÇÃO Depois de disponibilizar 54 canais durante a Olimpíada do Rio, o SporTV fará uma cobertura muito mais enxuta dos Jogos Paralímpicos, que começam hoje. O canal fechado terá 150 horas de transmissão das principais disputas ao vivo. Mesmo numa operação menor, será o maior espaço já dedicado às Paralimpíadas. O SporTV2 irá concentrar a maior parte desses eventos. Algumas disputas serão mostradas no SporTV, SporTV3 e SporTV4, esse último temporariamente aberto para exibir o evento. Além das transmissões na TV, o assinante também poderá acompanhar as disputas em dispositivos móveis através do SporTV Play ou pelo aplicativo SporTV Rio 2016, que já foi baixado por mais de 1,1 milhão de pessoas e está disponível em dispositivos ios e Android. Nas redes sociais, a cobertura também foi iniciada nesta semana. O Twitter fez parceria com o Rio 2016 para promover o revezamento da tocha paralímpica. Por meio das postagens das pessoas na rede, um mapa de calor foi gerado, mostrando em quais áreas houve maior engajamento das pessoas para a passagem da chama paralímpica por seis cidades brasileiras. Além disso, no Facebook, o usuário foi convidado a personalizar seus perfis com imagens e mensagens alusivas à disputa paralímpica. Nos Jogos Olímpicos, as duas redes sociais foram protagonistas na geração de conteúdo. A tendência é que a conversa aconteça, mas em menor proporção nas Paralimpíadas. 4
Presença estatal se torna muito mais forte no Rio POR REDAÇÃO CURTAS PARALÍMPICAS SAMSUNG ABRE MÃO DE ESTANDE Marca que ativou bastante os Jogos Olímpicos com ações em diversos locais, a Samsung abriu mão de uma propriedade requisitada em agosto. A marca de eletrônicos não tem mais o estande ao lado da megaloja dos Jogos na orla da praia de Copacabana. O estande, desmontado no final do mês, formou filas de consumidores interessados em conhecer os óculos de realidade virtual da marca, uma das grandes vedetes durante as Olimpíadas. NISSAN APOIA GOL DE LETRA Durante todo o período de organização dos Jogos Olímpicos, o Rio 2016 fazia questão de ressaltar a não-dependência de dinheiro público para a realização do evento. Os quase R$ 7 bilhões que financiaram toda a parte esportiva dos Jogos vieram da esfera privada, por meio de patrocínios e, também, dos produtos licenciados e dos ingressos. Nas Paralimpíadas, porém, a história foi diferente. Com o risco de ter de reduzir significativamente o evento ou até mesmo adiá-lo, o mesmo Rio 2016 foi atrás de verba pública para assegurar a competição. Em uma semana, levantou R$ 215 milhões com a prefeitura do Rio e patrocinadores estatais: Petrobras, Apex e Loterias Caixa. Isso mudou a forma como o próprio governo se relaciona com o evento. Se, nos Jogos Olímpicos, a prestação de continência dos atletas brasileiros no pódio era o sinal mais claro da presença estatal no esporte, agora a história é outra. Propaganda na TV e até mesmo participação com maior destaque nas Paralimpíadas começam a ser percebidas. Num evento em que o Brasil almeja ser o top 5 do quadro de medalhas, a aparição da esfera pública nos Jogos Paralímpicos tende a ser maior. O fato é minimizado pelo comitê organizador dos Jogos. Em entrevista na semana passada, Mario Andrada, diretor de comunicação do Rio 2016, relativizou a participação da verba pública no evento: Temos o esquema de financiamento de Jogos Paralímpicos completo. O que não for usado, será devolvido para a prefeitura, afirmou. Na véspera da abertura dos Jogos Paralímpicos, Nissan e Fundação Gol de Letra, do ex-jogador Raí, apresentaram projeto social conjunto na comunidade do Caju, no Rio de Janeiro. Por meio do Instituto Nissan, a Gol de Letra ganhou um centro de educação e formação profissional, que contam com as melhores práticas de instalações já utilizadas pela montadora japonesa. O Caju tem um dos menores índices de desenvolvimento humano do Rio. ROBÔ SERVIRÁ COMO GUIA A Harlio, startup brasileira, deu acesso ao app AskRio2016 também na Paralimpíada. Através de inteligência artificial, o robô virtual responde às questões turísticas feitas pelos visitantes. Durante a Olimpíada, houve mais de 500 usuários e 5.000 mensagens foram trocadas através do instrumento. O chatbot trabalha 24h por dia estudando perguntas e respostas feitas de forma automática e sobre locais das competições, eventos e dicas dos Jogos.