XI Conferência Estadual da Articulação de Esquerda - SP São Paulo, 4 de maio de Resolução Política

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Transcrição:

XI Conferência Estadual da Articulação de Esquerda - SP São Paulo, 4 de maio de 2013 Resolução Política 1. Política e economicamente, o biênio 2013-2014 será muito complexo e está a exigir do PT não apenas consistência e precisão tática e organizativa, mas principalmente estratégica. 2. Precisaremos não apenas construir planos para vencer as batalhas deste ano e do seguinte, mas de articular as batalhas deste período com nossos planos de médio e longo prazo. 3. No dia 10 de novembro, o Partido dos Trabalhadores renovará suas direções zonais, municipais, estaduais e nacional, através do Processo de Eleições Diretas 2013 (PED 2013). 4. Portanto, esse Processo de Eleições Diretas (PED) deve servir para que as centenas de milhares de filiados e filiadas reflitam sobre os rumos do PT, debata as questões que o partido deve dar respostas e oriente seu voto a partir da análise dos projetos políticos propostos pelas chapas e candidaturas nos diferentes níveis. 5. No estado de São Paulo, os desafios também são grandes e exigirão empenho e inteligência dos socialistas do PT e da AE em particular. 6. Neste sentido, coube à XI Conferência Estadual da AE-SP, à luz das deliberações nacionais da corrente sobre a conjuntura, o PT e o PED 2013, debater a conjuntura estadual, definir nossa tática para o PED-SP e adotar medidas políticas e organizativas para o fortalecimento da AE no estado de São Paulo. Esta resolução politica procura contribuir neste sentido. Conjuntura estadual 7. Os primeiros meses de 2013 foram marcados pelo resultado das eleições de 2012, que anteciparam tendências importantes que se desdobraram desde então. 8. Do ponto de vista do governo, mais amplo que o do PT, as eleições de 2012 foram uma vitória dos partidos da base do governo Dilma; perdeu a oposição, perderam o PSDB, o DEM e o PPS. 9. Do ponto de vista do conjunto dos partidos e olhando a conjuntura local, podemos dizer que os resultados eleitorais mostraram uma forte insatisfação popular com os governos municipais. 10. Em grande medida as eleições 2012 no estado de SP foram marcadas por este fenômeno, a começar pela capital, o que resultou numa vitória eleitoral do PT que desequilibrou a nosso favor o balanço estadual e nacional das eleições. 11. Com efeito, a partir de 2013 o PT passou a governar 45,2% (18,6 milhões de pessoas) da população paulista, quase o triplo dos 17,4% obtidos em 2008. Obviamente, por este critério, os números são novamente desequilibrados pela eleição na capital. 12. De um total de 68 prefeitos e prefeitas eleitas pelo partido, o PT governa seis entre as sete maiores cidades do estado, o que significa concentração na região metropolitana e em cidades polo, com influência regional e relativamente menor capilaridade nos médios e pequenos municípios. 1

13. Em 2012 foi nítida em SP a derrota dos partidos da oposição de direita, PSDB, DEM e PPS. 14. Houve uma significativa mudança na correlação de forças, mas apesar da derrota, a direita segue forte; e apesar da vitória, os problemas do PT persistem. 15. Um olhar mais detido sobre o resultado revela fatores com os quais devemos nos preocupar se quisermos aprofundar a tendência de crescimento verificada nas urnas. 16. Neste sentido, vale destacar que excetuada a capital, com 11,3 milhões de habitantes, o número de pessoas que são, hoje, governadas pelo PT é de 7,3 milhões de pessoas (17,7%), o que revela que crescemos pouco no estado se excetuamos a capital. 17. Ademais, é preciso lembrar que em termos de pessoas nas cidades por ele governadas, o PSDB não diminuiu. Pelo contrário, cresceu de 17, 8% para 19,4%. Também é preciso observar que, se é verdade que o DEM e o PSDB perderam 61 prefeituras entre 2008 e 2012, este recuo da direita foi contrabalançado pelo desempenho do PSD, nova expressão da direita, que na sua primeira disputa eleitoral elegeu 34 prefeitos. Assim, o balanço de perdas e danos da direita tem que ser matizado. 18. Além disto, sempre é bom lembrar que o PT contribuiu com a eleição desses partidos em 24 municípios (12 do PSD, 7 do PSDB e 5 do DEM) e que eles ocupam a vice de 5 prefeituras petistas (3 do PSD, 1 do PSDB e 1 do DEM). 19. Enfim, este quadro nos dá elementos para afirmar que, apesar de derrotada eleitoralmente, a direita política paulista não necessariamente foi derrotada social ou ideologicamente, pesando em muito para isto o comportamento político do PT, a começar pela aliança eleitoral com Maluf. 20. Maluf que, diga-se de passagem, cobrou e levou a fatura com a indicação do titular da importante Secretária de Habitação da capital, apesar do forte repúdio dos movimentos de moradia aliados do PT. 21. É preciso também estar atento às mudanças em curso no PMDB paulista. Aparentemente este partido abandonou o quercismo em direção a uma aproximação com o PT também em SP, para além da aliança nacional. 22. Seria fatal, entretanto, baixar a guarda em relação ao PMDB, como de resto em relação a todos os demais partidos da base aliada, pois é parte inseparável da sua política, ao mesmo tempo em que compõe o governo federal, disputar com o PT nos estados e na base da sociedade. 23. De todo modo, a direita procura se repaginar, e conta para isto em SP com uma de suas novas roupagens. O PSD de Kassab, que apoiou Serra à prefeitura, rapidamente se realinhou aproximando-se do governo Dilma no plano federal e mantendo uma postura de baixo perfil na Câmara Municipal. 24. Por outro lado, partidos como PSB, PDT e PV, da base aliada do governo federal, em SP são explicitamente alinhados com o PSDB, ocupando secretarias de estado e compondo a base do governo na Assembleia Legislativa. 25. A partir do controle da máquina do governo estadual o PSDB se mantém como principal alternativa da direita no estado de São Paulo, e concentra o apoio do grande capital e dos meios de comunicação a ele ligados. 26. Não obstante, acumula certa fadiga política advinda da falta de novas lideranças e dos resultados concretos de 20 anos seguidos de implantação da receita neoliberal, com o desastre que este tempo histórico causou para a educação, a saúde, a segurança e as demais políticas públicas. 2

27. Também as divisões internas e as seguidas derrotas eleitorais das suas lideranças paulistas, Serra e Alckmin, nas disputas nacionais contra o PT, contribuíram para uma mudança do centro de gravidade na disputa interna do PSDB, deslocado para Minas Gerais, com a virtual candidatura presidencial de Aécio Neves. 28. Visto de conjunto, temos um quadro que coloca concretamente para o PT uma oportunidade para desalojar o PSDB do governo de SP em 2014, o que, somado à reeleição da presidenta Dilma, poderia resultar numa mudança significativa na correlação de forças na disputa política do país. 29. Evidentemente, não se trata de tarefa fácil, podendo ser levada a cabo apenas se o PT paulista for capaz de enfrentar as questões estratégicas que se avolumaram no último período. 30. Neste aspecto destacam-se as insuficiências crônicas no diálogo do partido com o interior do estado, bem como a falta de um discurso e uma política consistentes quanto a um projeto de desenvolvimento regional que garanta a descentralização do desenvolvimento econômico. 31. De uma forma mais geral é preciso traduzir para a realidade do estado de São Paulo as formulações que nós, AE, fazermos acerca da disputa entre o neoliberalismo, o desenvolvimentismo conservador e o desenvolvimentismo democrático-popular. 32. Neste particular, é preciso entender o papel político de lideranças da FIESP, como por exemplo, Paulo Skaf, a ligação do grande empresariado industrial com o capital bancário localizado em SP, o peso relativo dos vários ramos, destacadamente o papel da indústria automobilística e do agronegócio. 33. Também não logramos, enquanto partido, dar um sentido mais contundente à nossa oposição ao desmonte da saúde, da educação e da segurança pública perpetrado pelo tucanato. 34. Ao contrário, os sinais emitidos por governos municipais petistas e por nossa bancada parlamentar são vacilantes e tíbios no tratamento das estratégicas questões do subfinanciamento federal e estadual e das Organizações Sociais (OSs) na saúde, da municipalização do ensino na educação e da higienização social com a perseguição e morte da população marginalizada. 35. Da mesma forma é escandaloso que a maioria dos vereadores do PT na capital se some a iniciativas da bancada da bala na Câmara Municipal de São Paulo, como a homenagem à ROTA, respaldando no imaginário popular o que há de mais reacionário na cultura política da direita e rasgando nosso programa na área dos direitos humanos. 36. É preciso que acumulemos uma análise mais detalhada das várias políticas públicas de modo a construir as adequadas táticas de enfrentamento, que sejam capazes de unificar nossa ação nos próximos meses, no plano dos governos, dos parlamentos, dos movimentos sociais e da intelectualidade ligada ao petismo. 37. Este processo de construção de um programa de esquerda para vencer as eleições e governar o estado de São Paulo deve ser acompanhado da imediata definição da nossa candidatura a governador. 38. O PT tem quadros à altura e talhados a cumprir a tarefa e não podemos repetir o erro das eleições de 2010, em que vacilamos durante um ano perante as chantagens de supostos aliados e lançamos tardiamente nossa candidatura. 39. De nossa parte, temos a tarefa de contribuir com este debate de forma qualificada nas instâncias do PT-SP, para o que precisamos aprofundar nossa análise e qualificar a nossa intervenção no PED 2013, tarefa central no próximo período. 3

A AE-SP e o PED 2013 em São Paulo 40. A Articulação de Esquerda de São Paulo organiza sua participação no PED 2013 a partir das diretrizes estabelecidas na reunião da DNAE realizada em novembro de 2012. 41. Neste Processo de Eleições Diretas temos três objetivos principais: 42. a) ganhar a maioria do Partido para a necessidade de atualizar o programa e a estratégia democrático-popular e socialista, reafirmar o PT como instrumento da classe trabalhadora, um instrumento capaz de realizar a disputa política e cultural contra hegemônica; 43. b) ampliar nossa presença nas direções partidárias, tendo claro o que significa nosso desempenho na disputa de rumos do PT, no contexto geral da luta pelo socialismo no Brasil e no mundo; 44. c) acumular forças e organizar a militância da Articulação de Esquerda, aproveitando o momento de amplo debate político do partido para envolver também os petistas que concordam com nossas opiniões para uma militância partidária orgânica. 45. Sendo o PED uma disputa nacional, nossa política de alianças também deve ser nacional. 46. Operamos em dois planos distintos. Por um lado, temos abertura para discutir nossas ideias com todos os setores do Partido, com o objetivo de construir alianças de propósitos, pontos de identidade programáticos entre os que estaremos concorrendo no PED, independente de estarmos apoiando as mesmas chapas e candidaturas. 47. Por outro lado, temos como objetivo constituir chapa e candidatura a presidente com aqueles setores que compartilhem o núcleo fundamental de nossas formulações acerca do programa, da estratégia, da tática e da organização partidária. 48. Neste sentido, cabe aqui no estado de São Paulo, definirmos nossa tática eleitoral para o PED combinando os seguintes movimentos: 49. a) começar imediatamente a coleta de assinaturas de apoio à candidatura do companheiro Valter Pomar à presidência nacional do PT, trabalhando com o manifesto A Esperança é Vermelha posição da Articulação de Esquerda sobre o PED 2013 como forma de ampliar a divulgação das nossas posições entre a militância petista em geral; 50. b) acompanhar e trabalhar para que prosperem as tratativas no sentido de conformarmos uma chapa comum com a Militância Socialista e grupos regionais da esquerda petista na disputa do PED nacional, tendo também em comum a candidatura presidencial do companheiro Valter Pomar. 51. c) lançar a candidatura do companheiro Licio Lobo à presidência estadual do PT-SP, elaborando documento programático para interlocução com as demais correntes e com a militância petista em geral. 52. d) em sintonia com a movimentação nacional, trabalhar para a conformação de uma chapa comum com a Militância Socialista para a disputa do PED-SP. 53. e) mandatar a Direção Estadual da AE-SP para, em consonância com a tática nacional e em acordo com a DNAE, conduzir as tratativas com a Militância Socialista em São Paulo no sentido de definir de comum acordo a candidatura à presidência estadual do PT-SP no caso em que prospere o lançamento de chapa e candidatura comuns para a disputa nacional. Estabelecer o dia 22/06 como data limite para iniciar a coleta de assinaturas para a inscrição da candidatura de Lício Lobo, tendo em vista que a inscrição da candidatura deve ser feita até 12 de agosto. 54. f) acelerar a organização nos municípios em que temos intervenção no sentido de lançar 4

chapas e candidaturas próprias para os PEDs municipais, em sintonia com as movimentações em relação à Militância Socialista estadual e nacionalmente. Organização da AE-SP 55. Desde a realização do I Congresso da AE, em julho de 2011, quando se consumou a cisão que deu origem à EPS, a AE-SP vem passando por um processo de reorganização, uma vez que a referida cisão foi significativa no estado, dividindo a corrente praticamente ao meio. 56. Politicamente, temos cada vez mais motivos para ratificar a justeza das nossas posições no episódio da cisão. 57. O movimento da EPS no PED 2013, abrindo mão de alianças no campo da esquerda petista e apoiando as candidaturas de Rui Falcão e Emidio, a nível nacional e em São Paulo respectivamente, apenas dão consequência a um movimento que já era anterior por parte destes companheiros, quando, por exemplo, defenderam, ainda que tímida e veladamente, um apoio da AE-SP à candidatura de Edinho no PED-SP em 2009. 58. No essencial, revelam uma adaptação ao modo tradicional de fazer política do autodenominado campo majoritário do PT, que privilegia a ação a partir dos aparatos em detrimento do árduo trabalho político e ideológico de afirmação de uma alternativa socialista na disputa interna do PT. 59. De nossa parte, não participaremos de chapas ou apoiaremos candidaturas que estejam em contradição com nossas orientações gerais nacionais para o PT, ainda que esta participação possa ser vantajosa do ponto de vista estritamente eleitoral (ou seja, em termos de espaço nos organismos dirigentes do Partido ou acordos para as eleições 2014). 60. E somos contrários a candidaturas e chapas únicas, pois o Partido é plural, e a luta de ideias é algo positivo. É muito estranho e inapropriado que no momento do PED, no qual os filiados são chamados a decidir, se promovam acordos por cima. 61. Seguimos trabalhando na contracorrente para a construção de uma corrente socialista com influência de massas no interior do PT. Mas é preciso admitir que, apesar do esforço, ainda temos muitas dificuldades para atingir este objetivo. 62. É preciso reconhecer que a direção provisória que assumiu a condução da corrente no estado após a cisão, mandatada pelos delegados de SP presentes ao I Congresso da AE, não logrou neste período fazer um trabalho sistemático de reorganização, e que padecemos ainda de sérios problemas de organicidade, que de resto não são novos. 63. Estes problemas se expressam, por exemplo, na dificuldade de reunir regularmente as instâncias municipais e estadual e na dificuldade de garantir que as anuidades previstas no regimento interno da corrente sejam pagas. Na verdade, observamos uma redução do número de militantes que pagou a sua anuidade em 2013 em relação a 2012. 64. Sabemos que não há saída mágica para a solução destes problemas e que o ponto de partida para começarmos a resolvê-los é tecermos uma forte renovação do nosso pacto político com base no debate franco e sincero das tarefas de fundo que nos estão colocadas. 65. Se há uma saída, ela está na política. E a este respeito seguimos convencidos que as posições da AE são as melhores para ajudar o PT e a classe trabalhadora brasileira a enfrentar os duros desafios que estão colocados, posições estas que estão sintetizadas no manifesto que lançamos para o PED 2013 e que devem ser mais bem debatidas e aprofundadas neste processo. 66. Com base nestas posições, cabe à direção eleita na XI Conferência Estadual da AE-SP e a cada um dos militantes da corrente no estado se esforçar ao máximo para a superação das 5

nossas debilidades, debatendo em profundidade em cada cidade a realização de objetivos políticos coletivos. 67. Precisamos manter e ampliar o protagonismo que temos nas instâncias municipais do PT em que temos presença e retomar uma participação efetiva na direção do PT-SP, que ficou prejudicada desde a cisão da EPS. 68. Precisamos discutir a fundo nossa inserção no movimento sindical, a partir da nossa presença nos sindicatos em que já atuamos e ampliando para outras categorias. 69. Da mesma forma com o movimento estudantil, combate ao racismo, mulheres, saúde, moradia, direitos humanos. Enfim, numa série de frentes, precisamos dar maior organicidade e consequência à nossa atuação a partir de planos exequíveis e coletivos, que se amparem numa justa política de formação de quadros. 70. Devemos também nos preparar desde já para as disputas eleitorais de 2014 e 2016. 71. Em relação à disputa de 2014, cabe à direção eleita nesta conferência conduzir até o final de 2013 um processo de definição da nossa tática eleitoral, com o lançamento de candidaturas da AE a deputados estadual ou federal ou definição de apoios a outras candidaturas. 72. Em relação à disputa de 2016, a AE deve se preparar desde já para lançar candidaturas próprias a vereador ou vereadora nas cidades em que temos intervenção (Campinas, Diadema, Franca, Santo André, São Bernardo do Campo, São José dos Campos, São Paulo, Sorocaba). 73. Tanto a nossa intervenção nas frentes de luta de massas como nossa preparação para as disputas eleitorais deverão estar subordinadas a um plano de organização e crescimento orgânico da corrente, com o objetivo de termos uma corrente com 100 militantes que participem regularmente de instâncias municipais da corrente e paguem a anuidade na forma prevista no regimento interno da AE. 74. Política no comando, persistência e dedicação serão elementos importantes para dar conta destas tarefas, que começa desde já, nesta XI Conferência Estadual da AE-SP. 6