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domingo 5 Outubro 2014 19:00h Grande Auditório 05 10 Sequeira Costa piano Johann Sebastian Bach Suite francesa n.º 5, em Sol maior, BWV 816 Allemande Courante Sarabande Gavotte Bourée Loure Gigue Ludwig van Beethoven Sonata n.º 1, em Fá menor, op. 2 n.º 1 Allegro Adagio Menuetto: Allegretto Prestissimo Ludwig van Beethoven Sonata n.º 8, em Dó menor, op. 13, Patética Grave Allegro di molto e con brio Adagio cantabile Rondo: Allegro intervalo Fryderyk Chopin Sonata n.º 3, em Si menor, op. 58 Allegro maestoso Scherzo: Molto vivace Largo Finale. Presto ma non tanto; Agitato Duração total prevista: c. 2h Intervalo de 20 min. 03
Johann Sebastian Bach eisenach, 21 de março de 1685 leipzig, 28 de julho de 1750 Suite francesa n.º 5, em Sol maior, BWV 816 composição: 1722-23 duração: c. 15 j.s. bach, c.1725 dr A organização definitiva das denominadas Suites inglesas e francesas terá ocorrido entre 1717 e 1723, no período em que Johann Sebastian Bach desempenhava funções musicais na corte calvinista de Cöthen. Do epíteto consagrado pelos seus biógrafos, num e noutro caso, restam poucas explicações, já que, de um modo geral, são parcos os elementos musicais que se poderão relacionar inequivocamente com qualquer uma das linhas invocadas de expressão nacional barroca, seja da inglesa, seja da francesa. Ainda assim, são as Suites francesas aquelas que mostram maiores afinidades com uma tradição nacional enraizada no século XVII, sob os auspícios de Jean-Henri D Anglebert (1629-1691) e Louis Couperin (c.1626-1661). No que toca à forma, as suites seguem o modelo tradicional da suite instrumental barroca, tal como transmitido ao espaço germânico por Johann Jacob Froberger (1616-1667). O núcleo fundamental era constituído por quatro danças estilizadas: a Allemande, o Courante, a Sarabanda e a Giga. A estas danças podiam somar-se outras complementares, como o Prelúdio, a Bourée, a Gavotte, o Minueto e o Passepied. A Suite francesa n.º 5, em Sol maior, BW V 816, principia, precisamente, com uma solene Allemande, a que se segue um Courante em ritmo rápido e apoiado no melodismo espontâneo da música italiana. A terceira dança é uma majestosa Sarabanda, a qual, apesar das suas raízes hispânicas, presta aqui homenagem aos andamentos solenes das suites para cravo de Jean-Philippe Rameau (1682-1764). Para a mesma tradição nacional francesa remetem, igualmente, a Gavotte e a Bourée que se seguem, peças que se generalizaram na suite instrumental graças aos esforços do carismático compositor Jean- Battiste Lully (1632-1687), durante o reinado de Luís XIV. A sexta dança, Loure, reveste-se de carácter mais grave e parece contrariar a tendência natural da arte barroca para o equilíbrio de proporções. Como que a destacar a sua própria tradição nacional, Bach reserva para a Giga final o trabalho contrapontístico mais elaborado, um trecho com perfil fugado que não encontra, de resto, paralelo em toda a série de Suites francesas. 04
Ludwig van Beethoven bona, 17 de dezembro de 1770 viena, 26 de março de 1827 Sonata n.º 1, em Fá menor, op. 2 n.º 1 composição: 1793-95 duração: c. 20 Sonata n.º 8, em Dó menor, op. 13, Patética composição: 1798 duração: c. 20 partitura da sonata op.13 patética dr As três sonatas que formam o primeiro número de opus do catálogo beethoveniano foram publicadas conjuntamente em Viena, pelo editor Artaria, em março de 1796, tendo sido dedicadas ao doutor em música Joseph Haydn (1732-1809), vulto incontestável da vida musical vienense na década de 1790, com quem Beethoven estudou piano e composição. O frontispício da edição atribui as obras indistintamente ao cravo ou pianoforte, numa altura em que a literatura para este último instrumento ainda não se autonomizara. A Sonata n.º 1, em Fá menor, op. 2 n.º 1, revela fortes ligações ao estilo clássico, no que se aproxima do restante grupo inicial de sonatas de Beethoven. Nestas obras assiste-se ao apuramento gradual da linguagem idiomática do compositor, ainda que bastante influenciada pelos expedientes de escrita que haviam caracterizado toda uma tradição anterior, liderada por Muzio Clementi (1752-1832), Frantisek Dusek (1731-1799) e, sobretudo, Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791). São muito frequentes os acompanhamentos de tipo baixo de Alberti, caracterizados pela sucessão de harpejos estáticos na mão esquerda, assim como as progressões paralelas de terceiras e sextas e a duplicação de linhas melódicas ou do baixo. Em alguns dos andamentos como, por exemplo, o Menuetto: Allegretto, Beethoven acentua este elo de ligação com o universo classicista, retomando o típico trio central e conferindo às texturas um marcado cariz contrapontístico, à imagem dos quartetos para cordas de J. Haydn e W. A. Mozart. Composta no curso de 1798 e publicada no outono de 1799 pelo editor Eder de Viena, a Sonata nº 8, em Dó menor, op. 13, Patética, assinala, sem dúvida, o apogeu do percurso técnico, estilístico e idiomático encetado pelas sonatas op. 2 e prosseguido pelas sonatas op. 7 e op. 10, concluídas, respetivamente, em 1897 e 1898. Publicada sob o título Grande Sonate Pathétique pour le clavecin ou piano-forte, a Sonata op. 13 recusa o padrão de quatro andamentos exposto pelas congéneres op. 2, op. 7 e ainda op. 10 n.º 3, optando pela estrutura simétrica de três andamentos prevalecente nas sonatas de Mozart, Haydn e Clementi. 05
estúdio de beethoven em viena dr Em contrapartida, introduz um conjunto de propostas temáticas e harmónicas que se afigura francamente mais arrojado, inserindo-se já num horizonte de sentimentos e dramatismos típico do despertar do Romantismo. Tal ensejo de inovação fica, desde logo, patente no Grave introdutório, espécie de declamação premonitória do destino, extremamente concentrada e expressiva, cujos encadeamentos modulatórios deixam em aberto a continuidade do discurso musical. A indicação Attacca subito anuncia o Allegro di molto e con brio, segunda secção do extenso primeiro andamento, moldada na formasonata convencional. A exposição conta com dois temas, o primeiro de perfil enérgico e angulado; o segundo mais doce e expressivo, colocando em alternância as interrogações da mão direita e as respostas da mão esquerda, sob a forma de contracantos. O material do Grave regressa, enfim, à textura, combinandose com outras alusões temáticas e dando o mote aos últimos compassos do andamento. O célebre Adagio cantabile, na tonalidade sobredominante de Lá bemol maior, encerra em si o sinal mais eloquente da tendência romântica para a comunicação de sentimentos íntimos por via dos sons, numa atmosfera de plena serenidade, misto de bela e simples melodia e acompanhamento suave. Como conclusão da Sonata op. 13, Beethoven concebeu um Rondo: Allegro, em parte homenagem às formas clássicas de sonata, em parte demonstração efusiva de virtuosismo instrumental que tem já em vista os gostos e as expetativas das novas camadas sociais que começaram a afluir, em massa, aos concertos públicos, na transição para o século XIX. Certamente ciente deste fenómeno, o compositor parece, também aqui, dar um passo decisivo em direção à consagração do artista virtuoso que, por si só, tem a tarefa grata, mas exigente, de oferecer à sua plateia todo um mundo novo de sensações e contrastes, fazendo até esquecer o avançar implacável do tempo. 06
Fryderyk Chopin zelazowa-wola, 1 de março de 1810 paris, 17 de outubro de 1849 Sonata para Piano n.º 3, em Si menor, op. 58 composição: 1844 duração: c. 30 f. chopin em 1849 dr Circunstâncias difíceis rodearam a composição da Sonata para Piano, em Si menor, op. 58 de Fryderyk Chopin, corria o verão de 1844. Se, por um lado, o músico assistia ao agravamento dos sintomas da tuberculose que viria a ser responsável pela sua morte, por outro lado embrenhava-se na depressão causada pela separação da escritora francesa George Sand, com quem mantivera uma relação amorosa. No entanto, e apesar da infelicidade que o rodeava, Chopin decidiu imprimir à Sonata op. 58 uma atmosfera extremamente positiva, como se quisesse combater com sentimentos opostos a ameaça latente que sobre si pairava. A este respeito, a obra distancia-se radicalmente da anterior Sonata op. 35, obra visionária e tendencialmente voltada para os meandros da depressão e da morte. A obra foi publicada simultaneamente em Leipzig, Paris e Londres, pelo editor Joseph Meissonnier, com uma dedicatória à esposa do conde de Perthuis o dedicatário das quatro Mazurkas op. 24. Uma progressão descendente, em harpejos, dá início ao primeiro andamento, Allegro maestoso. Tal como Beethoven no Andante cantabile da sua Sonata op. 13, também Chopin descreve, a seu modo, um olhar atento e profundo sobre a essência das emoções humanas. O segundo andamento, Scherzo, na tonalidade de Mi bemol maior, possui três secções distintas, marcadas por diferentes enunciados temáticos e patamares tonais. É de notar a agilidade com que o tema principal percorre os diferentes registos do teclado, conferindo marca inconstante ao andamento. O tema principal do terceiro andamento, Largo, de perfil cantabile, evolui lentamente e solicita, a cada passo, molduras harmónicas de grande beleza, ainda que bastante ambíguas. Ao último andamento, Presto ma non tanto, subjaz uma forma de sonata-rondó, aparentada com aquela que caracteriza o andamento homólogo da Sonata op. 13 de Beethoven. Os diversos episódios temáticos que alternam com o refrão impetuoso cultivam texturas contrastantes, nas quais pululam os harpejos quebrados, as escalas rápidas, as sequências de tercinas e outros expedientes de natureza virtuosística. notas de rui cabral lopes 07
Nota Biográfica Sequeira Costa piano sequeira costa thomas probasco Ao longo de mais de seis décadas de atividade musical, Sequeira Costa percorreu uma brilhante carreira que deu larga expressão a uma interpretação musical muito pessoal, fundada no estudo e no conhecimento profundo das escolas francesa e alemã. O seu primeiro professor foi o pianista e pedagogo José Vianna da Motta, um dos últimos alunos de Franz Liszt e de Hans von Bulow. Em 1951 recebeu o Grand Prix de Paris no Concurso Internacional Marguerite Long e em 1957 fundou o Concurso Internacional de Piano Vianna da Motta. No ano seguinte foi convidado por Dmitri Chostakovitch para integrar o júri do primeiro Concurso Internacional Tchaikovsky, em Moscovo, ao lado de Sviatoslav Richter, Dmitri Kabalevsky, Aram Khachaturian e Emil Gilels. A partir de 1976, passou a ocupar o lugar Cordelia Brown Murphy Distinguished Professor of Piano na Universidade do Kansas, nos Estados Unidos da América, tendo vários dos seus alunos recebido primeiros prémios em concursos internacionais de piano. Sequeira Costa estabeleceu amizades com grandes pianistas internacionais, tais como, Arturo Benedetti Michelangeli, Sviatoslav Richter, Heinrich Neuhaus e Emil Gilels e colaborou com muitos dos mais destacados instrumentistas e maestros. Continua a apresentar-se em importantes palcos, orienta cursos de aperfeiçoamento e integra regularmente os júris de prestigiados concursos internacionais. Fez parte do júri do 1.º Concurso Internacional Sviatoslav Richter, que teve lugar em Moscovo. Amigo pessoal de Richter desde 1958, Sequeira Costa convidou-o a visitar Portugal, pela primeira vez, em 1969. A discografia de Sequeira Costa inclui a música para piano solo de Ravel, Chopin, Schumann, Albéniz, Bach/Busoni, Vianna da Motta e Rachmaninov e um CD dedicado a uma selecção de 23 encores, intitulado A Musical Snuffbox, na editora Camerata. Gravou também integrais das obras para piano e orquestra de Schumann, Rachmaninov e Chopin e concluiu em 2006, em Londres, as gravações das 32 Sonatas para Piano de Beethoven, em 10 volumes (VMF Records). 08
Agenda 09 10 10 quinta 9 Outubro 2014 21:00h Grande Auditório sexta 10 Outubro 2014 19:00h Grande Auditório paul mccreesh hugo glendinning Orquestra Gulbenkian Paul McCreesh maestro Christopher Purves maestro Modest Mussorgsky Uma noite no monte calvo (versão de 1867) Canções e danças da morte (orquestração de Chostakovitch) Piotr Ilitch Tchaikovsky O lago dos cisnes (suite seleção de P. McCreesh) macbeth metropolitan opera / ken howard Transmissão em direto sábado 11 Outubro 2014 18:00h Grande Auditório 11 10 Macbeth Giuseppe Verdi maestro Fabio Luisi produção Adrian Noble elenco Anna Netrebko, Joseph Calleja, Željko Lucic, ˇ René Pape 09
Satélite: Guerra Set / Out 2014 Já disponível em musica.gulbenkian.pt
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