ANTÓNIO MANUEL COUTO VIANA

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ANTÓNIO MANUEL COUTO VIANA Nasceu em Viana do Castelo no dia 24 de janeiro de 1923 e faleceu em Lisboa no dia 8 de junho de 2010. Poeta, dramaturgo, contista, ensaísta, memorialista, etc. Autor de livros para crianças, foi também empresário teatral, director artístico, encenador e actor. Publicou 50 livros de poesia (meia centena) e mais de 80 títulos de outro género literário. Conseguiu obter tanto pela sua obra poética e literária. A sua poesia está traduzida em espanhol, inglês, francês, alemão, russo e chinês.

Despojo E, agora, o que faremos? A quem legar o que resta Do simulacro de festa Que tivemos? Quem aproveita os detritos De uma alegria forçada? Quem confunde aflitos gritos Com imposta gargalhada? Iremos por onde alguém Descubra os nossos farrapos. Vês flores no jardim de além? - Vejo sapos. Estival A imensa praia. O sol rubro, preciso. E o mar de sempre, impetuoso e vário. Meu corpo nu, aberto no solário, Sorve o final do dia, lento e liso. Estio é estar assim, sem pensamento; Sentir apenas, sobre a pele doirada, A saliva do mar, fria e salgada, E o arrepio cálido do vento. Nada mais. Quando muito, um vago olhar Um vulto jovem, ágil, que se afasta, Diluído na luz crepuscular. E só porque o seu ritmo contrasta Com a serena vibração do ar E a paz da minha carne gorda e gasta. António Manuel

BIOGRAFIA DE ANTÓNIO CABRAL António Joaquim Magalhães Cabral nasceu no dia 30 de abril de 1931 em Castelo do Douro, Vila Real. Foi um escritor português que se destacou em vários géneros: poesia, ficção, teatro, ensaio literário, etc Frequentou o curso teológico do Seminário de Vila Real e obteve a licenciatura em Filosofia pela Universidade do Porto. Depois de abandonar a vida sacerdotal, entrou no ensino secundário, sendo professor da Escola Secundária Camilo Castelo Branco. A partir de 2001 foi professor de Cultura Geral, na Universidade Sénior de Vila Real. No domínio das letras e das artes fundou em Vila Real, em 1962, a revista Setentrião, a revista Tellus de que foi o primeiro diretor em 1978, e o mensário Nordeste Cultural, em 1980. Foi condecorado com as medalhas de prata de mérito municipal de Alijó (1985) e de Vila Real (1990). Teve uma colaboração dispersa por revistas e jornais portugueses e estrangeiros, salientando-se a colaboração semanal entre novembro de 1993 e janeiro de 1995 no jornal Público, com textos sobre tradições populares. Colaborou ainda com o Semanário Transmontado, com o jornal Entre Letras, de Tomar, e com os periódicos Notícias do Douro e Notícias de Vila Real. Teve participação em programas de rádio e de televisão, coletâneas escolares, obras coletivas e antologias de poesia, tais como Poesia Portuguesa do Pós-Guerra, Poesia 71, Oitocentos Anos de Poesia Portuguesa, Hiroxima, Vietname, Poema abril, Ilha dos Amores, O Trabalho, Poetas Escolhem Poetas. Alguns poemas de António Cabral foram cantados por Manuel Freire, Adriano Correia de Oliveira e Francisco Fanhais. Fez a apresentação de diversos livros: Cantar de Novo, de José Afonso e Ser Torga, de Fernão Magalhães Gonçalves e também de obras de escritores transmontanos com projeção nacional como Bento da Cruz e António Manuel Pires Cabral.

A UMA OLIVEIRA Velha oliveira, ó irmã do tempo e do silêncio, Algo de ti se me tornou hoje perceptível; Algo que eu não conhecia e me fez parar Na ténue sombra que teces no caminho; Algo que é uma doce corola de contacto. Já os passos da luz se afastam na colina E um rumor de pérolas quebradas Desce, lentamente desce por toda a serrania. Já as aves tuas amigas procuram na folhagem A doçura acumulada nos favos da noite. E também já são horas De nós os homens, nós os que passamos, Suspendermos as cítaras do pensamento. Entretanto, ó canção do crepúsculo, velha oliveira, Eu paro sob os longos cílios da tua ramagem. Paro e, ao sentir nas mãos o teu enrugado tronco, E, nos olhos, a serenidade das tuas folhas, Começo a entender uma bela mensagem: A paz, ah a paz! A rosa da paz. É como se uma gota de azeite descesse, Brandamente descesse pelas coisas. António Cabral