Crise na assistência CRMs flagram problemas nas unidades de atendimento

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Transcrição:

ANO XXIX Nº 229 FEVEREIRO/2014 Crise na assistência CRMs flagram problemas nas unidades de atendimento Em vários estados, como no Espírito Santo (foto), os conselhos regionais de medicina denunciam a falta de estrutura e de condições para tratar os pacientes, mostrando seu compromisso com a sociedade Pág. 11 Abril será mês de protestos pela melhoria da saúde no Brasil. Págs. 4 e 5 Médicos militares Lei permite acúmulo de cargos pelo segmento Pág. 8 Parceria interinstitucional Atividade médica será avaliada em observatório Pág. 9 Diretrizes curriculares CFM se manifesta contra mudanças nos cursos Pág. 9 Ato médico: interpretação da lei mostra avanços para profissão. Págs. 6 e 7

2 EDITORIAL Os conselhos de medicina compartilham da preocupação dos brasileiros e fazem sua parte ao denunciar as irregularidades que indicam a incapacidade da gestão Não nos surpreende o fato de a população brasileira estar insatisfeita com a qualidade da assistência em saúde oferecida no país. Por um lado, os 50 milhões que contam com um plano de saúde veem a cada dia seu sonho de consumo virar um pesadelo. As coberturas prometidas não se concretizam e as glosas de procedimentos são prática comum. Para o médico (nomeado como prestador de serviços) ainda resta uma fatura de desrespeito, pois, diante da indiferença da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), são submetidos a uma relação desequilibrada que beira a exploração. Por outro, os 150 milhões de brasileiros que dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) têm penalização ainda maior. A falta de financiamento tem gerado o progressivo sucateamento Uma crise que não causa surpresa das unidades de assistência, com falta de estrutura, de medicamentos e de profissionais. O resultado são filas, corredores lotados, demora para exames e consultas e um rosário de queixas sem fim. As pesquisas confirmam o descontentamento, que aponta o desejo de que a saúde seja vista como prioridade para o governo. Os conselhos de medicina compartilham da preocupação dos brasileiros e fazem sua parte ao denunciar as irregularidades que indicam a incapacidade da gestão oferecer as condições para que o brasileiro tenha a saúde que a lei lhe garante. Nesta edição mostramos exemplos deste descaso que corta o país, de Norte a Sul. E mais, detalhamos as atividades previstas para o mês de abril, durante as quais a nossa categoria pretende intensificar sua luta por uma assistência de melhor qualidade para todos, seja no âmbito dos planos de saúde, seja na esfera da rede pública. Finalmente, chamamos a atenção para importante parceria firmada entre o CFM, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Com isso, foi lançada a semente que viabilizará a criação de um observatório nacional sobre a profissão médica. A estrutura ajudará entidades e governo a entender melhor o perfil e os problemas da categoria, o que será fundamental para a luta em prol de uma carreira pública para os médicos no SUS. Publicação oficial do Conselho Federal de Medicina SGAS 915, Lote 72, Brasília-DF, CEP 70 390-150 Telefone: (61) 3445 5900 Fax: (61) 3346 0231 http://www.portalmedico.org.br imprensa@portalmedico.org.br Presidente: 1º vice-presidente: 2º vice-presidente: 3º vice-presidente: Secretário-geral: 1º secretário: 2º secretário: Tesoureiro: 2º tesoureiro: Corregedor: Vice-corregedor: Diretoria Roberto Luiz d Avila Carlos Vital Tavares Corrêa Lima Aloísio Tibiriçá Miranda Emmanuel Fortes Silveira Cavalcanti Henrique Batista e Silva Desiré Carlos Callegari Gerson Zafalon Martins José Hiran da Silva Gallo Dalvélio de Paiva Madruga José Fernando Maia Vinagre José Albertino Souza Conselheiros titulares Abdon José Murad Neto (Maranhão), Aldemir Humberto Soares (AMB), Aloísio Tibiriçá Miranda (Rio de Janeiro), Cacilda Pedrosa de Oliveira (Goiás), Carlos Vital Tavares Corrêa Lima (Pernambuco), Celso Murad (Espírito Santo), Cláudio Balduíno Souto Franzen (Rio Grande do Sul), Dalvélio de Paiva Madruga (Paraíba), Desiré Carlos Callegari (São Paulo), Emmanuel Fortes Silveira Cavalcanti (Alagoas), Gerson Zafalon Martins (Paraná), Henrique Batista e Silva (Sergipe), Hermann Alexandre Vivacqua Von Tiesenhausen (Minas Gerais), Jecé Freitas Brandão (Bahia), José Albertino Souza (Ceará), José Antonio Ribeiro Filho (Distrito Federal), José Fernando Maia Vinagre (Mato Grosso), José Hiran da Silva Gallo (Rondônia), Júlio Rufino Torres (Amazonas), Maria das Graças Creão Salgado (Amapá), Mauro Luiz de Britto Ribeiro (Mato Grosso do Sul), Paulo Ernesto Coelho de Oliveira (Roraima), Pedro Eduardo Nader Ferreira (Tocantins), Renato Moreira Fonseca (Acre), Roberto Luiz d Avila (Santa Catarina), Rubens dos Santos Silva (Rio Grande do Norte), Waldir Araújo Cardoso (Pará), Wilton Mendes da Silva (Piauí). Conselheiros suplentes Cartas* Cumprimento os colegas do CFM e CRMs pelas posições tomadas e pelas propostas de solução para a falta de atendimento oferecidas ao governo, em especial ao Ministério da Saúde. Em Natal (RN), como médico do Trabalho já testemunhei casos como o de um servente de pedreiro com hérnia inguinal que demorou mais de um ano para ser operado. O que vemos são ministérios independentes e sem um comando, que penalizam sobretudo os pacientes. Norberto Mayer Neto CRM-RN 4.885 norbertomayer@ig.com.br Quando o brasileiro saiu às ruas para reivindicar, entre outros anseios, melhor assistência à saúde, não se referiu à importação de médicos.. Portanto, a atitude do governo, como seria de se esperar, deveria ser, ao tentar satisfazer aquela justa reivindicação, ouvir os médicos brasileiros atuantes, representados oficialmente pelos CFM e CRMs. Ao ignorar isso, o governo aceita correr riscos em assunto Desiré Carlos Callegari Diretor executivo do jornal Medicina Comentários podem ser enviados para imprensa@portalmedico.org.br tão sério como os cuidados com a saúde do seu povo. Luiz Carlos São Thiago CRM-SC 231 lcsthiago@uol.com.br O programa "Mais Médicos" deve ser entendido como mais uma transferência de recursos do governo federal para Cuba. Devemos continuar repudiando tal programa e principalmente esclarecendo a população a respeito das intenções puramente eleitoreiras desse governo autoritário e incompetente. João Roberto Pazini CRM-SP 43.706 CRM-PR 31.275 jrpazini@yahoo.com.br A cubanização de nossa assistência a saúde é de pasmar. Medicina de bom padrão demanda um processo gerencial que é mais do que conhecido e aplicado nas * Por motivo de espaço, as mensagens poderão ser editadas sem prejuízo de seu conteúdo sociedades sérias. A pólvora não precisa ser descoberta duas vezes, o armamento empregado é que varia em cada campo de combate. O amanhã nunca nos chega, pois o ontem foi negligenciado e o hoje é sistematicamente manipulado pelas medidas populistas e inconsequentes. Esta é uma guerra que merece ser lutada. Marcelo Gonçalves Pereira CRM-RJ 52-11735-7 margonpemgp@gmail.com A dose pode fazer da mesma substância remédio ou veneno. A tecnologia veio acrescentar precisão à prática médica e documentá-la. Entretanto, é necessário determinar sua exata dosagem caso a caso e ajustá-la à humanização. Através desse equilíbrio nos distanciaremos da judicialização da medicina. Ana Maria Coelho Carvalho CRM-AC 1.138 anamccarvalho@yahoo.com.br Ademar Carlos Augusto (Amazonas), Alberto Carvalho de Almeida (Mato Grosso), Alceu José Peixoto Pimentel (Alagoas), Aldair Novato Silva (Goiás), Alexandre de Menezes Rodrigues (Minas Gerais), Ana Maria Vieira Rizzo (Mato Grosso do Sul), Antônio Celso Koehler Ayub (Rio Grande do Sul), Antônio de Pádua Silva Sousa (Maranhão), Ceuci de Lima Xavier Nunes (Bahia), Dílson Ferreira da Silva (Amapá), Elias Fernando Miziara (Distrito Federal), Glória Tereza Lima Barreto Lopes (Sergipe), Jailson Luiz Tótola (Espírito Santo), Jeancarlo Fernandes Cavalcante (Rio Grande do Norte), Lisete Rosa e Silva Benzoni (Paraná), Lúcio Flávio Gonzaga Silva (Ceará), Luiz Carlos Beyruth Borges (Acre), Makhoul Moussallem (Rio de Janeiro), Manuel Lopes Lamego (Rondônia), Marta Rinaldi Muller (Santa Catarina), Mauro Shosuka Asato (Roraima), Norberto José da Silva Neto (Paraíba), Renato Françoso Filho (São Paulo). Abdon José Murad Neto, Aloísio Tibiriçá Miranda, Cacilda Pedrosa de Oliveira, Desiré Carlos Callegari, Henrique Batista e Silva, Mauro Luiz de Britto Ribeiro, Paulo Ernesto Coelho de Oliveira, Roberto Luiz d'avila Diretor-executivo: Editor: Editoria executiva: Redação: Copidesque e revisor: Secretária: Apoio: Fotos: Impressão: Projeto gráfico e diagramação: Tiragem desta edição: Jornalista responsável: Conselho editorial Desiré Carlos Callegari Paulo Henrique de Souza Thaís Dutra e Rejane Medeiros Ana Isabel de Aquino Corrêa Milton de Souza Júnior Nathália Siqueira Vevila Junqueira Napoleão Marcos de Aquino Amanda Ferreira Amilton Itacaramby Márcio Arruda - MTb 530/04/58/DF Esdeva Indústria Gráfica S.A. Mares Design & Comunicação 380.000 exemplares Paulo Henrique de Souza RP GO-0008609 Mudanças de endereço devem ser comunicadas diretamente ao CFM pelo e-mail imprensa@portalmedico.org.br Os artigos e os comentários assinados são de inteira responsabilidade dos autores, não representando, necessariamente, a opi nião do CFM

POLÍTICA E SAÚDE 3 Programa Mais Médicos Imprensa mostra falhas da iniciativa do governo As denúncias do CFM alimentaram a ação do Ministério Público contra o programa e foram confirmadas pelos jornalistas Durante o mês de fevereiro, uma série de artigos e reportagens publicados nos principais veículos de comunicação do país confirmaram aquilo que vem sendo denunciado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) desde julho do ano passado. Uma das abordagens mais contundentes foi exibida pelo Jornal Nacional, da TV Globo, em 28 de fevereiro. Em quase seis minutos de reportagem são apresentados os equívocos do Mais Médicos e destacadas as incoerências no discurso do Ministério da Saúde (MS), padrinho logístico e político da iniciativa. Foi mostrado ainda que o Ministério Público do Trabalho (MPT) está concluindo uma investigação sobre denúncias de irregularidades no programa do governo federal, que também é alvo de questionamentos no Supremo Tribunal Federal (STF), no qual serão julgados nos próximos meses duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade sobre o tema. No MPT, os procuradores investigam, entre outros pontos, a forma como profissionais cubanos foram contratados para fazer parte do programa. Nem a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), nem o MS informam onde vai parar a diferença de mais de R$ 8 mil por mês, entre o que o Brasil repassa e o que é efetivamente pago aos cubanos, denunciou a reportagem do Jornal Nacional. Levantamento apresentado revela ainda que em países apontados como modelos para o programa pelo MS a forma de pagamento não segue o padrão brasileiro. Na França, os contratos são individuais e sem intermediação de nenhuma entidade de saúde, sendo que os cubanos não participam de um programa federal. No Chile, também não há acordo de cooperação internacional com nenhuma entidade intermediária. Os contratos também são diretos com os médicos, que têm direito aos mesmos salários. Citada pelo MS, a Itália não contrata médicos cubanos. Na esteira da repercussão causada pelas críticas da imprensa, o MS apressou-se em anunciar um aumento dos valores pagos Ramona: deserção da intercambista cubana foi estopim da crise no programa aos intercambistas cubanos, que verão sua bolsa pular de R$ 933 para R$ 2,9 mil. No entanto, o ministro Arthur Chioro não soube dizer para onde vãos os outros quase R$ 8 mil, aos quais os intercambistas de Cuba têm direito. Eu não saberia dizer, e nem poderia dizer, como ministro da Saúde do Brasil, como Cuba utiliza seu recurso. Agora, posso dizer que tenho a impressão de que parte considerável vai para o sistema de saúde de Cuba, para a formação de médicos, o que tem ajudado em cooperações em todo o mundo. Acho que essa [explicação] é plausível, mas quem deve responder é o governo de Cuba, disse o ministro. O presidente do CFM critica o desconhecimento e lamenta que o recurso pago a Cuba, para investimento naquele país, não seja destinado às obras e compras de equipamentos necessários para melhorar o funcionamento do SUS, além de contratação de pessoal. Trata-se de uma lógica enviesada e que desprestigia os médicos e os pacientes brasileiros. Ao invés de enviar milhões para Cuba, o governo deveria investir em mais leitos e na criação de uma carreira pública para os médicos, que precisam de estímulo para ocupar as vagas nas áreas de baixa cobertura, assinalou. Ives Gandra denunciou o neoescravagismo no Brasil Em artigo publicado na imprensa, o jurista Ives Gandra da Silva Martins (um dos mais respeitados e renomados do país) qualifica como neoescravagista a relação do governo com os cubanos. Em seu entender, a leitura do contrato divulgado por Ramona Rodriguez, a primeira cubana a desertar e denunciar as irregularidades, demonstra nitidamente a existência da escravidão laboral, não admitida no Brasil. Para ele, a fuga da intercambista cubana desvendou uma realidade, ou seja, que o Mais Médicos esconde a mais dramática violação de direitos humanos de trabalhadores de que se tem notícia, praticada, infelizmente, em território nacional. Além de Ramona mais quatro cubanos também abandonaram o programa, dos quais dois já estão nos Estados Unidos. PALAVRA DO PRESIDENTE Roberto Luiz d Avila A poucos meses da reta de chegada da corrida eleitoral de 2014, pesquisas mostram que a saúde continua a ser tema prioritário para os brasileiros. Independentemente de projetos mirabolantes, os números indicam que o governo ainda não conseguiu melhorar a percepção dos eleitores quanto à qualidade e facilidade de acesso aos serviços de assistência. A crítica permanece a mesma dos meses anteriores aos protestos do primeiro semestre de 2013 e é coerente com a percepção histórica da população sobre esse nó nas políticas públicas sociais. Pelos dados divulgados pelo Ibope, na primeira quinzena de fevereiro, quase metade da população brasileira (49%) diz que melhorar os serviços de saúde deve ser prioridade para o governo federal em 2014. A pesquisa levantou os problemas do país, dos estados e dos municípios e o que a população considera prioritário para o governo federal. Não houve mudança de percepção em função de grau de escolaridade e nível de renda familiar. Para todos, a saúde ou melhor, os problemas que a afetam lidera a lista do que o brasileiro acha que deve ter prevalência nas políticas do governo federal. Entre os que têm nível superior, 47% acreditam que o tema deve ser priorizado. Esse percentual sobe para 49% entre os que têm até a 4ª série do ensino fundamental. Para quem tem renda familiar de até um salário mínimo, 47% apontam a área como prioridade. O percentual cai para 40% nos que vivem com renda familiar acima de dez salários mínimos. Na análise regional dos dados, a melhora dos serviços de saúde também está no topo de todos os rankings. Os números não mentem e mostram que o governo federal falha na gestão da saúde. A população percebe o engodo de programas que anunciam o aumento do número de profissionais nas unidades, sem oferecer a estrutura de trabalho e de atendimento há tanto tempo exigida. Outros dados corroboram o entendimento de que o governo está longe de fazer sua lição de casa. De acordo com levantamento do Conselho Federal de Medicina, com base em informações oficiais, dos R$ 47,3 bilhões gastos com investimentos pela União em 2013, o Ministério da Saúde foi responsável por apenas 8,2% do montante. Isto significa que obras em rodovias, estádios e mobilidade urbana ficaram à frente da construção, ampliação e reforma de unidades de saúde e da compra de equipamentos médico-hospitalares para atender o Sistema Único de Saúde (SUS). A rejeição dos brasileiros às condições impostas à saúde e a comprovação de que a União não gasta reforçam a indignação da sociedade e dos médicos, em especial, com esse estado de coisas. Os conselhos de medicina continuarão a denunciar a incompetência e a cobrar resultados, como se espera de entidades afinadas com sua missão de defender a saúde e fazer o controle social da gestão pública. A cada dia cresce a convicção de que para solucionar de fato a crise do SUS faz-se necessária uma gestão racional dos recursos públicos e a adoção de medidas de estímulo à migração e à fixação dos médicos brasileiros para áreas de difícil provimento. Neste contexto, defendemos uma carreira pública para o SUS, contribuindo para preencher os vazios assistenciais com médicos bem formados e com condições de bem cumprir o seu papel. Fora desse escopo, a sociedade continuará exposta aos programas temporários, improvisados, de baixa resolução e que têm sua duração atrelada às campanhas eleitorais.

4 Política e Saúde Saúde Suplementar Protesto contra planos será em 7 de abril Na semana do Dia Mundial da Saúde, médicos de todo o país mostrarão sua insatisfação com as operadoras Em 7 de abril serão rea lizados atos públicos contra os problemas que afetam o setor suplementar de saúde, convergindo com o início das mobilizações da categoria no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), também previsto para abril. Além de reivindicarem a recomposição de honorários, as entidades médicas defendem o fim da intervenção antiética das operadoras na autonomia profissional e a readequação da rede credenciada, para que seja garantido o acesso pleno e digno dos pacientes à assistência contratada. A deliberação foi tomada no encontro da Comissão Nacional de Saúde Suplementar (Comsu), entidade que reúne lideranças médicas, realizado em 14 de fevereiro, na sede da Associação Paulista de Medicina (APM). Em ato simbólico, os participantes do evento deram cartão amarelo para as operadoras de planos de saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Segundo Aloísio Tibiriçá, coordenador do grupo e 2º vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), a saúde suplementar cresce cerca de 4% ao ano em quantidade de beneficiários e, por isso, deve ter sua rede credenciada ampliada e seus prestadores de serviço valorizados. Temos um compromisso com a sociedade e o nosso papel é alertar e denunciar a insatisfação dos médicos e dos pacientes com esse setor que, hoje, é um dos líderes em reclamações nos órgãos de defesa do consumidor. Às vezes, pedimos um exame que demora meses para ser feito, o que pode comprometer nosso atendimento, afirmou Tibiriçá. Reivindicações Será o quarto ano consecutivo em que os médicos se mobilizam em prol de melhorias no setor. Desta vez, a categoria Cartão amarelo: os planos de saúde e a ANS têm sido advertidos quanto aos abusos praticados no setor definiu quatro itens de reivindicação que exprimem o histórico de lutas das entidades médicas. Veja ao lado qual é a pauta de reivindicação dos médicos da saúde suplementar. Para 7 de abril, dentre outras formas de manifestação, estão previstas a realização de atos público, assembleias, caminhadas e concentrações. O formato será definido pelas comissões estaduais de honorários médicos, compostas pelas associações médicas, conselhos regionais de Reivindicações da saúde suplementar Reajuste das consultas e procedimentos tendo como referência a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) em vigor; Por uma nova contratualização e hierarquização dos procedimentos médicos baseadas nas propostas das entidades médicas nacionais já apresentadas à ANS; Pelo fim da intervenção antiética dos planos de saúde na autonomia da relação médico-paciente; Pela readequação da rede credenciada, de forma a garantir acesso pleno e digno aos pacientes. medicina, sindicatos médicos e sociedades estaduais de especialidades. No caso de suspensão temporária de atendimentos eletivos, os pacientes serão atendidos em nova data. Consulta pública da ANS não atende categoria Carta aberta: entidades médicas enviaram críticas do segmento à ANS A Comissão Nacional de Saúde Suplementar (Comsu) avaliou que a proposta de resolução normativa da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que pretende induzir boas práticas entre operadoras e prestadores não atende a categoria e, se editada na forma original, agravará os conflitos no setor. A proposta, que esteve em consulta pública recentemente, muda o foco da contratualização, contrariando um dos eixos da Agenda Regulatória da ANS para 2013 e 2014 sobre a relação entre médicos e operadoras de planos de saúde. No encontro da Comsu, realizado em 14 de fevereiro, foi aprovada a Carta aberta à ANS, aos médicos e à sociedade, na qual é criticada a proposta de resolução normativa da Agência. Para o coordenador da Comsu e 2º vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Aloísio Tibiriçá, desde 2010 as entidades médicas têm pressionado a Agência para que seja estabelecido um equilíbrio entre as relações no setor, por meio da criação de cláusulas obrigatórias a serem inseridas em novos contratos. Concordamos com a ANS que as atuais normas são insuficientes para dirimir os conflitos entre prestadores e operadoras. Cientes dessa fragilidade, apresentamos em abril de 2012 um elenco de propostas para nova contratualização, até agora desconsiderada. O plenário do CFM aprovou uma resposta formal à consulta da ANS, com críticas, sugestões e contribuições à consulta pública. A proposta está no endereço: http://bit.ly/jnncse Índices preocupam A ANS propõe utilizar indicadores para monitorar as relações do setor. Alguns deles foram considerados preocupantes, como o expresso no artigo 5º da resolução Índice de Conformidade da Contratualização (I-CC), que estabelece monitoramento dos contratos assinados entre as operadoras e os médicos por auditoria contratada pela própria operadora. O artigo 6º da proposta cria nos contratos um índice que estabelece a utilização de métodos extrajudiciais de solução de controvérsias (I-MESC), tais como conciliação, mediação e arbitragem. Para a Comsu, não se pode subtrair o direito do médico de recorrer à Justiça, especialmente num momento em que o Tribunal Superior do Trabalho decide ser de trabalho a relação entre médicos e operadoras.

POLÍTICA E SAÚDE 5 Sistema Único de Saúde Intensificada luta por um SUS melhor Protestos alertarão a sociedade para os problemas que afetam o setor, eleito pelos brasileiros como tema prioritário João Pessoa sediará, no período de 19 a 21 de março, o I Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina de 2014 (I ENCM 2014). O evento contará com expositores internacionais e abordará temas como as eleições de 2014, estratégias do movimento médico e ações de conscientização da sociedade. O I ENCM 2014 será aberto com uma conferência sobre filosofia da medicina, ministrada por Aníbal Gil Lopes, membro da Academia Nacional de Medicina e da Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (Conep). Após a análise do tema, o evento abordará a avaliação do ensino médico. À tarde, as discussões focarão a aplicação das resoluções 2.056 e 2.062/13, que tratam sobre a fiscalização pelos conselhos regionais de medicina (CRMs). No dia 20, o foco dos debates será a atuação das equipes médicas na Copa do Mundo. A mesa será coordenada pelo diretor Emmanuel Fortes e contará com a participação de Antônio Marques, vice-reitor da Universidade do Porto, em Portugal. O último dia do I ENCM 2014 terá nova participação internacional: José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos de Portugal, proferirá uma conferência aos participantes. A apresentação abordará o tema Formação médica na prevenção, tratamento de doenças e promoção da saúde. Eleições 2014 Com participação do presidente do CFM, Roberto Luiz d Avila, do 1º e 2º vice-presidentes, Carlos Vital Tavares Corrêa Representantes de conselhos de medicina, associações, sindicatos e sociedades de especialidades médicas aprovaram uma mobilização nacional da categoria, a partir de 7 de abril, para intensificar a luta em defesa da saúde e por melhores condições de trabalho na rede pública. Estão previstos protestos, caminhadas, atos públicos e assembleias em todos os estados para alertar a população acerca dos problemas que afetam o setor, eleito pelos brasileiros como tema que deve ser tratado como prioridade em 2014. Atividades do mesmo tipo, promovidas pelas entidades médicas, ganharam as ruas e os debates nos últimos anos. O anúncio foi feito durante reunião da Comissão Nacional Pró-SUS composta por lideranças médicas de todo o país, realizada em 26 de fevereiro. A ideia é que o início das mobilizações no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) aconteça também no Dia Nacional de Advertência e Protesto aos Planos de Saúde, previsto para abril (leia mais na página 4). Para o coordenador da Pró-SUS e 2º vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Aloísio Tibiriçá, é inaceitável que o país ainda seja obrigado a conviver com a falta de investimentos e a gestão ineficiente no SUS. Precisamos de soluções estruturantes que impactem de modo radical os rumos dos serviços de saúde, sob pena de perdermos esse sistema construído e fundamentado democraticamente, disse. Além de reivindicarem uma carreira pública e a desprecarização do trabalho médico, os profissionais pedem mais recursos para o setor, com reajuste imediato da Tabela SUS e a aprovação do Projeto de Lei de Iniciativa Popular Saúde+10, que pede a vinculação de 10% da receita bruta da União à saúde (PLP 321/13). Durante o encontro, o grupo recebeu a visita do coordenador do Movimento Saúde+10, Ronald Ferreira, que informou e convidou as lideranças para um ato político a ser realizado em 11 de março. Nesta data, representantes de diversas organizações que apoiam a causa pretendem visitar parlamentares em Brasília, com o objetivo de fortalecer a defesa do projeto que tramita na Câmara dos Deputados. Membros das comissões de assuntos políticos das entidades médicas assumiram o compromisso de participar dessa articulação. I ENCM 2014 Capital paraibana sediará evento Lima e Aloísio Tibiriçá Miranda, respectivamente, além do presidente do CRM-PB, João Gonçalves de Medeiros Filho, uma discussão sobre as estratégias do movimento médico e a conscientização da sociedade frente ao pleito encerrará os debates do I ENCM 2014. Este será um dos principais temas do encontro, aponta o conselheiro federal pelo estado e 2º tesoureiro do CFM, Dalvélio Madruga, que destaca a importância política do I ENCM 2014 e informa que serão convidados parlamentares da terra, como deputados federais e o senador Vital do Rego (PMDB-PB). Para João Gonçalves de Medeiros Filho, o I ENCM 2014 será uma boa oportunidade para a discussão de assuntos palpitantes para nossa profissão. Mobilização: como em 2013, os médicos prometem ir às ruas pelo SUS Médicos aprovam manifesto A Comissão também aprovou o manifesto público Médicos em Defesa da Saúde, que sintetiza as expectativas da classe e conclama a sociedade a se posicionar em benefício de uma saúde de qualidade. O documento elenca as principais bandeiras do movimento, que a partir de abril devem balizar as mobilizações. A dificuldade de acesso da população aos serviços de saúde nas redes pública e privada configura preocupação recorrente das entidades médicas brasileiras, aponta o texto. De acordo com as entidades médicas, o formato de contratação dos médicos sem garantias trabalhistas expressas, com contratos precários e com uma remuneração não compatível com a responsabilidade é um ponto crucial que deve ser enfrentado pelo Estado brasileiro. Confira o manifesto, na íntegra, em http://migre.me/i57fu. Debates: Medeiros destaca a importância dos temas do I ENCM 2014 Política: para Madruga, o Encontro orientará estratégias de luta

6 Política e Saúde Regulamentação da medicina Lei se consolida de forma positiva Situação jurídica criada pela entrada em vigor traz vários pontos positivos Após a entrada em vigor da Lei 12.842/13, que regulamenta a atividade médica, uma análise jurídica da norma confirma que dela emergiram vários pontos positivos para o exercício da medicina, que começam a se consolidar. O principal deles é a confirmação da competência legal atribuída ao médico para realizar o diagnóstico nosológico. O coordenador do Setor Jurídico do CFM, Alejandro Bullón, explica que, embora se tenha tentado criar uma cultura, incitada por alguns segmentos, de que qualquer profissional poderia realizar o diagnóstico nosológico, este ato é exclusivo do médico. De fato, hoje no Brasil, somente o médico detém competência legal expressa para a realização de diagnóstico nosológico, de acordo com o tratamento que é dado ao tema nos artigos 2º e 4º. Há outras atividades que também são asseguradas com a lei, em seu artigo 4º (saiba mais no quadro abaixo). A edição desta lei é um especificador de responsabilidades com resultados benéficos sobretudo para a sociedade. O objetivo dela é, primordialmente, a proteção e segurança do paciente, para que este não seja atendido por quem é inabilitado ou imperito para tratar de sua saúde, avalia o 1º vice-presidente do CFM, Carlos Vital. O 3º vice-presidente do CFM, Emmanuel Fortes, destaca o art. 5º, que estabelece que são privativos de médicos: perícias e auditorias médicas, coordenação e supervisão vinculadas de forma imediata e direta a atividades privativas do médico; ensino de disciplinas especificamente médicas, coordenação dos cursos de graduação em Medicina, dos programas de residência médica, dos cursos de pós-graduação específicos para médicos. Este dispositivo acaba com dúvidas que vinham sendo trazidas para a classe médica por conta de demandas judiciais, explica. De acordo com o Setor Jurídico do CFM, já se tem notícia, inclusive, de perícias canceladas porque foram realizadas por profissionais sem formação médica. O artigo tem ainda consequências no universo das seguradoras e operadoras de planos de saúde. O presidente do CFM, Roberto Luiz d Avila, destaca outro avanço fundamental: além de dirimir qualquer dúvida que existia Artigo 4º traz lista de atividades privativas Senado: aprovação do texto foi motivo de comemoração em plenário, integrando médicos e parlamentares em relação aos atos que podem ser praticados pelos profissionais médicos, a Lei 12.842/13 ratifica, por exemplo, a competência do CFM de ditar normas para definir o caráter experimental de procedimentos em medicina. Temos com essa lei a consolidação inequívoca de algumas das nossas atribuições, como a de reconhecer novos procedimentos e terapias médicas. Com o grande avanço do conhecimento científico e tecnológico das ciências médicas, é essencial zelarmos e trabalharmos com competência pela uniformização e o estabelecimento de critérios de análise e aprovação de novos procedimentos médicos no Brasil, destaca o presidente do CFM. Indicação e execução da intervenção cirúrgica e prescrição dos cuidados médicos pré e pós-operatórios; Indicação da execução e execução de procedimentos invasivos, sejam diagnósticos, terapêuticos ou estéticos, incluindo os acessos vasculares profundos, as biópsias e as endoscopias; Intubação traqueal; Coordenação da estratégia ventilatória inicial para a ventilação mecânica invasiva, bem como das mudanças necessárias diante das intercorrências clínicas, e do programa de interrupção da ventilação mecânica invasiva, incluindo a desintubação traqueal; Execução de sedação profunda, bloqueios anestésicos e anestesia geral; Emissão de laudo dos exames endoscópicos e de imagem, dos procedimentos diagnósticos invasivos e dos exames anatomopatológicos; Determinação do prognóstico relativo ao diagnóstico nosológico; Indicação de internação e alta médica nos serviços de atenção à saúde; Realização de perícia médica e exames médico-legais, excetuados os exames laboratoriais de análises clínicas, toxicológicas, genéticas e de biologia molecular; Atestação médica de condições de saúde, doenças e possíveis sequelas; Atestação do óbito, exceto em casos de morte natural em localidade em que não haja médico. Regra dirime dúvidas da categoria Segundo o Setor Jurídico do CFM, com a edição da Lei 12.842/13 toda e qualquer dúvida que existia em relação aos atos que podem ser praticados pelos médicos foi dirimida, já que foram expressamente estabelecidos em lei, inclusive quais são os atos privativos dessa atuação. A lei responde quem é o profissional autorizado legalmente para a determinação do diagnóstico e do tratamento de doenças, em seu parágrafo único do artigo 2º, ao dispor que o médico desenvolverá suas ações profissionais no campo de atenção à saúde para a promoção, a proteção e a recuperação da saúde; a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das doenças; e a reabilitação dos enfermos e portadores de deficiências. Nos termos da lei, o diagnóstico nosológico é conceituado como a determinação da doença que acomete o ser humano, aqui definida como interrupção, cessação ou distúrbio da função do corpo, sistema ou órgão, caracterizada por, no mínimo, dois dos seguintes critérios: agente etiológico reconhecido, grupo identificável de sinais ou sintomas e alterações anatômicas ou psicopatológicas. Já o artigo 4º lista uma série de atividades privativas de médicos, ou seja, existe o reconhecimento expresso, em texto legal, de quais atos somente podem ser realizados por médicos. Ao definir de forma expressa que somente o médico pode executar procedimentos invasivos, sejam diagnósticos, terapêuticos ou estéticos, efetivamente salta aos olhos a intenção do legislador em proteger os cidadãos dos profissionais sem habilitação legal e curricular para praticar atos para os quais não possuem competência, explica o coordenador do Setor Jurídico do CFM, Alejandro Bullón. A indicação da execução de procedimentos invasivos também aparece na lista de atividades privativas elencadas no art. 4º da lei. Estes procedimentos são aqueles que provocam o rompimento das barreiras naturais ou penetram em cavidades do organismo, abrindo uma porta ou acesso para o meio interno. Inexiste diferença entre procedimentos invasivos ou minimamente invasivos. Nos termos da lei, o ato invasivo é privativo de médico. Outros artigos que merecem destaque são o 7º, que determina que entre as competências do CFM está ditar normas para definir o caráter experimental de procedimentos em medicina, o que é considerado um ganho extraordinário; e o artigo 6º, que estipula que a denominação de médico é privativa dos graduados em cursos superiores de medicina e inscritos no conselho regional de medicina. Isto tem implicações, inclusive, no programa Mais Médicos.

POLÍTICA E SAÚDE 7 Regulamentação da medicina Novo projeto ameaça exercício da profissão No mesmo dia em que o Congresso Nacional decidiu manter os vetos da presidente Dilma Rousseff à Lei 12.842/13 apesar dos protestos da sociedade, de entidades médicas e estudantes de medicina, o Poder Executivo enviou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei (PL) 6.126/13. Este projeto do governo quer rediscutir alguns desses vetos e dar nova redação a algumas partes da lei. Pretende, por exemplo, assegurar que a formulação do diagnóstico nosológico e respectiva prescrição terapêutica sejam privativos de médicos, mas cria exceções. Pela proposta, outros profissionais seriam autorizados a realizar diagnósticos e prescrições terapêuticas em situações limitadas e específicas, nos termos previstos em protocolos e diretrizes clínicas do Sistema Único de Saúde. O presidente do CFM, Roberto Luiz d Avila, avalia que o projeto, se aprovado, daria ao Ministério da Saúde superpoderes em relação às atividades dos médicos e outros profissionais. A sociedade seria atendida e tratada por profissionais não médicos e sem formação própria para o diagnóstico e o tratamento de doenças, explica. Em seu entender, as áreas afetadas extravasariam aquelas citadas no projeto, atingindo toda a atenção primária (atendimentos em postos de saúde), diabetes, hipertensão etc. Em apresentação do PL à presidente Dilma, o próprio ministro da Saúde à época, Alexandre Padilha, sugeriu algumas áreas que poderão vir a ser afetadas por essas exceções: Acolhimento com classificação de risco na urgência e na emergência, procedimentos do SUS no tratamento de doenças sexualmente transmissíveis, tratamento de Alerta: entidades estão atentas ao projeto que tramita na Câmara tuberculose e hanseníase, abordagem de transtornos comportamentais, procedimentos em cuidados paliativos e em atenção domiciliar, por exemplo. A prerrogativa dos médicos para realizar procedimentos invasivos é também questionada. O projeto quer adicionar mais exceções, além das já previstas no texto sancionado, para que esses procedimentos sejam realizados por profissionais de saúde, notoriamente os enfermeiros, segundo protocolos e diretrizes clínicas do SUS. O PL também quer que a direção de serviços médicos se constitua como atividade privativa do profissional médico, mas apenas nos casos em que se caracterizem como serviços eminentemente técnicos. Por 11 anos médicos lutaram pela aprovação da lei: veja os destaques dessa jornada 1 SENADO 10/2001 a 12/2006 2002 Em fevereiro, o senador Geraldo Althoff (PFL-SC), médico pediatra, apresenta o Projeto de Lei do Senado (PLS) 25/02, que delimita o campo de atuação do profissional médico. 2004 Em setembro, a matéria passa a tramitar em conjunto com o PLS 268/02, de autoria do senador Benício Sampaio (PPB/PI). 2006 Em junho, as entidades médicas entregam 1,5 milhão de assinaturas de apoio à regulamentação da medicina para a Presidência do Senado e líderes partidários. Em dezembro, a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) aprova o substitutivo da senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO). O PLS 268/02 (sob relatoria da própria senadora), aprovado, vai à Câmara dos Deputados. O PLS 25/02, rejeitado, é arquivado. 2 CÂMARA 12/2006 a 10/2009 2006 Em dezembro, o PLS 268/02 chega à Câmara dos Deputados como PL 7.703/06 2009 O projeto passa pelas comissões de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP), Educação e de Cultura (CEC) e Seguridade Social e Família (CSSF). Prevalece o substitutivo do deputado Edinho Bez (PMDB-SC). Em outubro, o PL é aprovado por unanimidade no plenário da Câmara. A matéria retorna ao Senado Federal. 3 SENADO 10/2009 a 7/2013 2009 Em outubro, a matéria retoma como substitutivo da Câmara dos Deputados e é encaminhada para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). A proposta passa ainda pelas comissões de Assuntos Sociais (CAS) e de Educação, Cultura e Esporte (CE). 2010 Maioria dos votos em enquete do site do Senado é favorável ao texto do projeto que regulamenta exercício da medicina. Com 545.625 votos, registrou 62% dos votantes favoráveis ao PL. 2011 O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), relator da matéria na CCJ, apresenta parecer favorável. Mas pedido de vista coletiva adia a votação. 2012 Em fevereiro, a CCJ aprova o substitutivo. O relator da matéria, senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), rejeita duas emendas e mantém seu voto lido em dezembro de 2011. Neste mesmo mês, a CE aprova o substitutivo da CCJ e a CAS aprova o parecer da senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO). Proposta segue para o plenário. 2013 Em junho, o plenário do Senado aprova o PLS 268/02. Texto vai à sanção presidencial. No mês seguinte, a lei que disciplina o exercício da medicina no país Lei 12.842/13 é sancionada pela presidente Dilma Rousseff com dez vetos, mantidos pelo Congresso.

8 PLENÁRIO E COMISSÕES Segmento tem direito a acumular cargos De acordo com a PEC 77, os médicos militares poderão ter postos nas iniciativas pública e privada, beneficiando a população Foi promulgada no dia 11 de fevereiro a Emenda Constitucional 77/13, que permite aos militares profissionais de saúde trabalhar também nas iniciativas privada ou pública. Para Hiran Gallo, tesoureiro do Conselho Federal de Medicina (CFM), a mudança constitucional era uma necessidade. Quem é de um estado de fronteira, como o meu, sabe que em algumas localidades existem apenas médicos das Forças Armadas, que não estavam podendo atuar. Agora, poderão trabalhar. E o que é melhor, são médicos com capacidade profissional reconhecida, ressaltou. O conselheiro do CFM avalia que a entrada dos militares no mercado de trabalho desmascara o discurso do governo de que faltam médicos no Brasil. De acordo com a imprensa, cerca de 8 mil médicos estão aptos a atuar em um segundo trabalho. Ora, hoje, no Mais Médicos, trabalham atualmente 6.658 profissionais. Ou seja, já é possível atender a demanda, argumenta Gallo. Na avaliação do secretário-geral do CFM, Henrique Silva, que representou a entidade na sessão solene de promulgação da EC 77/13 no Congresso Nacional, a emenda atende Saúde da mulher O Conselho Federal de Medicina (CFM) ingressou no dia 14 de fevereiro, na Justiça Federal, em Brasília, com uma ação civil pública com pedido de tutela antecipada contra a União para que seja considerada ilegal a Portaria 1.253/13 do Ministério da Saúde (MS), que restringiu o acesso à mamografia para as mulheres com menos de 50 anos. Antes de ajuizar a ação, no dia 5 de fevereiro, o CFM, o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) divulgaram nota pública de repúdio à portaria. Pela portaria, a União só custeará os exames em mulheres assintomáticas com mais de 50 e até 69 anos. Os municípios terão de arcar sozinhos com o custeio de exame em mulheres com até 49 anos, podendo remunerar somente a mamografia unilateral, método não eficiente na prevenção do câncer de mama. Para as entidades médicas, a portaria é ilegal por contrariar a Lei 11.664/08 a qual afirma que o Sistema Único de Saúde (SUS) deve assegurar a realização de exame mamográfico a todas as mulheres a partir dos 40 anos de idade e deve ser questionada na Justiça. Médicos militares a um pleito dos médicos e beneficiará os brasileiros mais desassistidos. Esta mudança constitucional permite aos médicos das Forças Armadas atender, especialmente, as populações em áreas sem assistência médica, como também estende aos médicos militares a possibilidade de colocar seus serviços profissionais em benefício da população. Agora, a população brasileira poderá contar com a assistência de médicos com comprovada capacidade técnica, somado ao fato da histórica dedicação dos militares ao Brasil, ressaltou o conselheiro. SUS diminui prevenção ao câncer de mama Alto risco: a falta de prevenção contribui para a mortalidade por câncer Apesar de afirmar que as críticas das entidades eram infundadas, o Ministério da Saúde informou que iria mudar a portaria. Para o 1º vice-presidente do CFM, Carlos Vital, excluir as mulheres com até 49 anos de realizarem mamografia diagnóstica no SUS é um retrocesso social, ferindo um dos princípios constitucionalmente protegidos. A proteção dos direitos sociais deve considerar o direito adquirido e combater as medidas restritivas aos direitos fundamentais, preservando todas as conquistas existentes, ressaltou. A Portaria 1.253/13 também foi questionada pelo Ministério Público Federal de Goiás, o qual, por meio de inquérito civil, requisitou ao MS explicações sobre as restrições para a realização de mamografias em mulheres com menos de 50 anos. Pesquisas internacionais concluíram que quase 20% das mortes por câncer de mama e 34% dos anos de expectativa de vida perdidos por câncer de mama ocorreram em mulheres com menos de 50 anos. Batista: lei atende pleito médico e beneficia pacientes do interior CAP atua por interesses do CFM Formada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Médica Brasileira (AMB), a Comissão de Assuntos Políticos (CAP) já trabalha para que as proposições de interesse da categoria médica e da sociedade progridam na esfera parlamentar em 2014. A nossa expectativa para este ano é continuar em contato com senadores e deputados para que possamos nos posicionar e trabalhar em projetos que interfiram na Medicina, na saúde e na educação do país adianta o coordenador da CAP e conselheiro federal Alceu Pimentel. Ele avalia que o ano de 2013 foi de avanços e conquistas, apesar de a imprensa ter destacado pontos negativos. Intervimos positivamente em projetos modificando o que era necessário e reduzindo danos como foi o caso do Ato Médico, por exemplo. O CFM tem boa receptividade no Congresso e, neste ano, vamos manter e estreitar os contatos com os parlamentares. Dentre os projetos em tramitação, quatro são destacados pela Comissão de Assuntos Políticos: o Projeto de Lei (PL) 6.964/10, que altera a lei que dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde tornando obrigatória a existência de contratos escritos entre operadoras e prestadores de serviços; o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 39/07, que define critérios para a edição do Rol de Procedimentos e Serviços Médicos (RPSM); a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 454/09, que cria a carreira de Estado para o médico; e a PEC 46/13, que também cria a carreira para o médico, mas via consórcio público. A PEC 454/09 está na Câmara dos Deputados e a PEC 46/13, no Senado Federal. Ambas estão prontas para ser incluídas na pauta dos plenários das casas legislativas. Diante da relevância, o CFM realizou uma pesquisa por amostragem, via instituto Vox Populi, com os médicos brasileiros para que possa se manifestar sobre cada uma das PECs da carreira de Estado e trabalhar no Congresso Nacional defendendo a posição da categoria. Giro médico Piso salarial No final de janeiro, a Federação Nacional dos Médicos (Fenam) divulgou o novo piso salarial dos profissionais médicos, que ficou em R$ 10.991,19 para uma carga de 20 horas semanais de trabalho. Este valor é reajustado anualmente com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e serve para orientar as negociações coletivas da categoria. Em 2013, o índice acumulado foi de 5,5%. Para o CFM, o piso deveria ser pago a todos os médicos, do setor público ou privado.

PLENÁRIO E COMISSÕES 9 Parceria interinstitucional CFM, Cremesp e USP juntarão forças em projeto Conselho Federal de O Medicina (CFM), o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) vão iniciar uma parceria que viabilizará a criação de um observatório nacional sobre a profissão médica. O acordo, anunciado na manhã de 21 de fevereiro em reunião da congregação da FMUSP, prevê cooperação acadêmica e científica no sentido de alavancar estudos que possibilitem traçar um perfil aprofundado da população médica no Brasil. Os termos da cooperação Vital (centro): faltam estrutura e recursos humanos para novos cursos Fórum de Ensino Médico será em MS As diretrizes curriculares dos cursos de medicina serão um dos pontos de debate no V Fórum Nacional de Ensino Médico, a ser realizado em 4 de abril em Campo Grande (MS). Para o evento, está previsto amplo debate sobre prática acadêmica, residência médica e pós-graduação além da ampliação do espaço de participação do médico jovem. A autonomia das universidades em contraponto com interferências na gestão acadêmica é outro tema atual elencado para ser discutido durante o fórum. No momento em que se promovem mudanças de grande repercussão no ensino médico nos níveis de graduação e de pós-graduação, a exemplo das recentes decisões governamentais expressas em leis e portarias, o V Fórum Nacional de Ensino Médico assume características de um espaço mais relevante às discussões e análises críticas que possam contribuir com o aprimoramento do ensino da medicina no Brasil, ressaltou Carlos Vital coordenador da Comissão de Ensino Médico e 1º vice-presidente do CFM. Os interessados em participar desse importante debate podem se inscrever pelo site do CFM (www.portalmedico.org.br). Basta preencher o formulário disponível na seção de eventos. No mesmo local, é possível ter acesso a outras informações sobre a programação. serão definidos nas próximas semanas pelas entidades envolvidas, objetivando-se que os trabalhos sejam iniciados ainda no início do segundo semestre. Um dos pontos a ser contemplado com a parceria é a continuidade e aprofundamento da linha de pesquisa sobre a Demografia Médica no Brasil, desenvolvida sob a coordenação do professor Mário Scheffer, do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP. Um convênio deverá selar o acordo, criando condições necessárias à realização de pesquisas pela integração de diferentes bancos de dados de cadastros de médicos e outras bases secundárias. Trata-se de importante momento para os conselhos de medicina, pois teremos condições de mostrar à sociedade o real perfil dos profissionais, disse na reunião o presidente do CFM, Roberto Luiz d Avila. Para o diretor da FMUSP, Giovanni Guido Cerri, a aproximação do CFM e do Cremesp com a academia é importante neste momento em que há grande debate nacional sobre o médico e a qualidade da assistência. A pesquisa deve abranger as informações sobre as especialidades, os tipos de atividade, Diretrizes curriculares CFM faz análise crítica sobre a proposta do governo Em audiência pública realizada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) no dia 26 de fevereiro para analisar a proposta de reformulação das diretrizes curriculares do curso de medicina, o 1º vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Carlos Vital Tavares Corrêa Lima, reafirmou críticas da entidade à proposta de alterar o curso de graduação em medicina. Não há em essência ou em princípios modificações no espírito das normas ou diretrizes curriculares de 2001, elaboradas após uma década de discussões e trabalhos. Durante sua fala, o vicepresidente do CFM enalteceu que a residência médica é também uma reivindicação da categoria, porém é imprescindível a qualidade. São de interesse do CFM que todo cidadão tenha acesso a um qualificado serviço de saúde pública e que todo Perfil: observatório ajudará a identificar o perfil da medicina no Brasil as formas de remuneração e os modos de inserção e de vínculos estabelecidos no mercado profissional. Outros aspectos a serem também alvo de atenção são as jornadas de trabalho, os fatores de produtividade e os movimentos de migração e de mobilidade. Aspectos relacionados ao ensino também foram agregados ao escopo, com avaliação sobre processos de formação dos médicos, desde a egresso de curso de medicina também tenha disponível uma vaga em residência médica. Porém há uma preocupação prioritária com a qualidade do ensino em nível de graduação e pós-graduação. Segundo o conselheiro, faltam estruturas básicas e recursos humanos para a abertura de novos cursos médicos: Não há que se fazer em curto período o incremento de mais 18 mil vagas de residência pela incapacidade da rede hospitalar e preceptorias adequadas. Para Vital, a proposta de ampliação do número de vagas apresentada tem muitas lacunas. Não queremos a formação de um meio médico ou parte de médico para lidar com valores absolutos, saúde, vida e dignidade dos seres humanos, afirmou. Em janeiro, o corpo de conselheiros do CFM e dos presidentes dos conselhos regionais Giro médico graduação até a residência. Segundo o coordenador da linha de pesquisa e do futuro observatório, Mário Scheffer, os resultados podem, inclusive, contribuir para o debate atual sobre acesso a assistência médica no Brasil haja vista que oferecerão subsídios para identificar o real papel dos médicos no sistema de saúde brasileiro, bem como sua distribuição geo gráfica e perfil. de medicina (CRMs) deliberou que as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina devem ser mantidas sem qualquer modificação. Ante este posicionamento, o CFM rejeitou o convite do Ministério da Educação (MEC) para participar de uma reunião da comissão ministerial responsável pela revisão da Resolução CNE/CES 4/2001 à luz das mudanças curriculares previstas na Lei do Mais Médicos (12.871/13). Para os conselhos de medicina, as atuais diretrizes atendem às necessidades do país e foram construídas pela Comissão Interinstitucional de Avaliação do Ensino Médico (Cinaem). Ao longo de dez anos o grupo avaliou as escolas médicas e delineou um diagnóstico que, posteriormente, contribuiu para a formulação da atual base curricular. Órteses e próteses O coordenador da Comissão de Cooperativismo Médico e tesoureiro do Conselho Federal de Medicina (CFM), Hiran Gallo, acompanhado de representantes da Unimed Brasil e de outros membros da comissão, reuniu-se no dia 25 de fevereiro com o deputado federal Ricardo Izar (PSD/SP) para tratar da variação dos preços das órteses e próteses em hospitais públicos e privados. O deputado defende a criação de Proposta de Fiscalização e Controle para avaliar a cadeia produtiva do setor. Na reunião, Gallo afirmou que o CFM apóia qualquer iniciativa que regulamente o setor, já que a situação atual está insustentável, principalmente para as cooperativas médicas. A variação de alguns produtos supera os 500% e alguns produtores cobram, por um mesmo produto, de R$ 500 a 1.500, a depender de quem paga a conta. Devido aos custos crescentes com órteses e próteses, 30% das despesas das cooperativas médicas atualmente são utilizadas para arcar com essas despesas, o que acaba por reduzir os valores dos honorários médicos.