AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE PARANAVAÍ AGRAVANTE:

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Transcrição:

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 675.680-1 DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE PARANAVAÍ AGRAVANTE: JORELLI COMÉRCIO DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS LIMITADA AGRAVADA: UNIDAS DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS LIMITADA RELATOR: DES. LAURI CAETANO DA SILVA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. AÇÃO CAUTELAR DE ARRESTO. LIMINAR DEFERIDA E CUMPRIDA. PEDIDO DE REVOGAÇÃO DA LIMINAR COM BASE NO ART. 6º, 4º DA LRE. INDEFERIDO. RECURSO DESPROVIDO. 1. O simples deferimento do processamento do pedido de recuperação judicial, por si só não é causa para a revogação de medida liminar deferida em cautelar de arresto pleiteada pelo credor de título líquido, certo e exigível. 2. A suspensão das ações e execuções na forma do art. 6º, 4º da LRE não alcança a eficácia da medida cautelar anteriormente deferida. Inteligência do art. 807, único do CPC. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento n.º 675.680-1, da 2ª Vara Cível da Comarca de Paranavaí, em que é agravante Jorelli Comércio de Produtos Alimentícios Limitada e agravada Unidas Distribuidora de Bebidas Limitada. Página 1 de 9

ACORDAM os Desembargadores integrantes da 17ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. I RELATÓRIO 1. Trata-se de Agravo de Instrumento - com pedido de efeito suspensivo (leia-se antecipação dos efeitos da tutela recursal) - interposto por Jorelli Comércio de Produtos Alimentícios Limitada, contra a decisão proferida pelo MM. Dr. Juiz da 2ª Vara Cível da Comarca de Paranavaí, à f. 96 dos autos nº 2673-94.2010.8.16.0130, de Ação Cautelar de Arresto, movida por Unidas Distribuidora de Bebidas Limitada, que indeferiu o pedido de revogação da liminar de arresto anteriormente concedida. A sociedade empresária agravante - diante do deferimento do processamento de sua recuperação judicial pleiteou a revogação da liminar, com a imediata devolução das mercadorias arrestadas. Da decisão consta o seguinte: O pedido de fls. 86/95 equivale a pedido de reconsideração da decisão judicial que determinou o arresto dos bens do devedor. Como inexiste no Direito Processual Civil a figura jurídica do pedido de recuperação, a única possibilidade de reforma da decisão interlocutória seria através de juízo de retratação mediante a interposição de agravo (CPC, artigo 523, 2º) Página 2 de 9 2

Desta forma, em atenção ao principio da fungibilidade dos recursos e em razão da tempestividade da petição apresentada, acolho-a como agravo retido. Mantenho a decisão agravada por seus próprios fundamentos, pois os argumentos expostos pelo recorrente, ao meu ver, não são suficientes para modificá-la. A decisão que defere o processamento da recuperação judicial e, por conseqüência, implica na suspensão das ações que correm contra o devedor, não afeta os atos processuais realizados antes de sua prolação. No caso dos autos, a decisão que deferiu liminarmente o arresto de bens do devedor foi proferida em 8.4.2010 e executada na mesma data. O processamento da recuperação judicial, por sua vez, foi deferido somente em 9.4.2010 Ademais, não há falar em perda do objeto do arresto ou em impossibilidade jurídica do pedido de execução, pois a suspensão de ações de que trata a Lei de Recuperação Judicial é temporária, sendo que findo o prazo legal de suspensão os credores podem continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial (art. 6º, 4º) 2. Inconformada, aduz a sociedade empresária agravante, em síntese, que: a) após a concessão e cumprimento da liminar de arresto, foi deferido o processamento de sua recuperação judicial (autos 113/2004 ação de recuperação judicial distribuída perante a 1ª Vara Cível da Comarca de Paranavaí); b) sendo assim, o quadro fático que alicerçou a concessão da liminar se alterou, justificando a revogação da medida, com fulcro no artigo 807 do CPC; c) o pedido de recuperação judicial afasta o fumus boni iuris e periculum in mora da medida cautelar de arresto; d) com o processamento da recuperação judicial, a ação principal acautelada pelo arresto fatalmente seria extinta, diante da novação da dívida ensejada pela recuperação Página 3 de 9 3

judicial; e) outrossim, o processamento de sua recuperação judicial tornou o pedido de arrestou juridicamente impossível, na medida em que somente se admite o arresto se for possível penhora na ação principal, o que não é possível no presente caso, tendo em vista que o art. 49, 3º da LRE impossibilita a penhora de seus bens; f) sob outro enfoque, a liminar de arresto deve ser revogada diante da indispensabilidade das mercadorias arrestadas para a continuidade de sua atividade econômica; g) a manutenção do arresto a impedirá de pagar a folha de pagamento dos empregados e as demais obrigações assumidas, frustrando a própria recuperação judicial; h) não ficou demonstrado que realizou atos fraudulentos ou de maneira a frustrar a satisfação dos credores, razão pela qual não há enquadramento nas hipóteses de cabimento do arresto, elencados no artigo 813 do CPC; i) o pedido de recuperação judicial demonstra sua boa-fé e vontade de cumprir seus compromissos com os credores; j) o processamento da recuperação judicial implica em suspensão de todas as ações e execuções movidas contra o devedor, exceto as execuções fiscais e as ações que demandem quantia ilíquida; k) no caso, tratando-se de medida cautelar de arresto atrelada a execução de título extrajudicial, evidente que deve ser suspensa com o processamento da recuperação judicial, considerando, ainda, que todos os créditos existentes à data do pedido de recuperação se submetem ao seu regramento; l) a manutenção da liminar de arresto viola o princípio da unicidade de tratamento concursal dos credores e viola a competência do juízo da recuperação, para decidir acerca do patrimônio da empresa em recuperação; m) as mercadorias arrestadas têm prazo de validade, razão pela qual sua manutenção nos depósitos da agravada implicaria no perecimento dos bens, causando prejuízo para ambas as partes. Página 4 de 9 4

3. Pela decisão de f. 139/145-TJ, o recurso foi admitido e indeferida a antecipação dos efeitos da tutela recursal. 4. O MM. Juiz a quo manteve a decisão agravada por seus próprios fundamentos (f. 151-TJ). Não foram apresentadas contrarrazões. É o relatório. II VOTO 5. Da leitura das peças trasladadas, depreende-se como relevante que: (i) em 08.04.2010, a agravada ajuizou perante a 2ª Vara Cível da Comarca de Paranavaí ação cautelar de arresto alegando que a mesma estaria dilapidando seu patrimônio; (ii) a liminar de arresto foi deferida (f. 81/82-TJ), foi prestada caução pela agravada (f. 83-TJ) e a liminar foi cumprida, tendo sido arrestados diversas mercadorias existentes no seu estabelecimento (f.107/112-tj); (iii) em 09.04.2010, o MM. Juiz da 1ª Vara Cível da Comarca de Paranavaí deferiu o processamento da recuperação judicial da sociedade empresária Jorelli Comércio de Produtos Alimentícios Limitada, determinando a suspensão, por 180 dias, de todas as ações e execuções existentes; (iv) a recuperanda e ré da ação cautelar apresentou contestação ao arresto, sustentando, basicamente, que a liminar deveria ser revogada, diante do processamento da recuperação judicial, bem como argumentando que não estavam Página 5 de 9 5

presentes os requisitos da cautelar (f. 91/102-TJ); (v) o MM. Juiz a quo não acolheu o pedido de revogação da liminar, motivando a interposição do presente recurso. 6. No primeiro plano, verificamos que a decisão que deferiu a liminar de arresto foi alicerçada na análise da presença dos requisitos previstos nos artigos 813 e 814 do Código de Processo Civil. É inquestionável que o autor da medida cautelar é detentor de título líquido, certo e exigível, e o simples fato da devedora ingressar com pedido de recuperação judicial, revela a grave situação financeira que enfrentava, justificando a medida extrema. 7. No segundo plano, ressalto que a sociedade empresária recuperanda pleiteia a revogação da liminar alegando basicamente a incompatibilidade da medida em confronto com a regra do artigo 6º da lei de falências. Nos termos do que ficou consignado na decisão que analisou o pleito de antecipação dos efeitos da tutela recursal, há que se ter em mira que, até o momento, somente foi deferido o processamento do pedido manejado pela sociedade empresária agravante, não tendo sido deferida a recuperação judicial (o que somente pode ocorrer após a aprovação do plano pelos credores, apresentação das certidões negativas de débitos tributários e cumprimento dos demais requisitos previstos em lei) 1. Página 6 de 9 6

Daí porque, não há que se falar em muitos dos efeitos relatados nas razões recursais, tais como novação da dívida ou extinção de futura execução de título extrajudicial - os quais a agravante atrelou diretamente ao deferimento do processamento da recuperação judicial, quando são passíveis de ocorrer somente com o deferimento da recuperação judicial. 8. Nesta esteira, destaco que o processamento da recuperação judicial decorre exclusivamente do cumprimento dos requisitos da petição inicial (elencados no artigo 51, LRE), a teor do disposto no artigo 52 da lei de regência. Bem verdade que o artigo 52, inciso III, prevê a suspensão das ações e execuções movidas contra o postulante à recuperação, porém, levando em conta as particularidades do caso concreto arresto cautelar de mercadorias de fácil comercialização temos que, a suspensão da demanda não tem efeitos sobre a liminar de arresto já deferida e cumprida. Isto porque o artigo 807, único do Código de Processo Civil ressalva a eficácia e a conservação da medida cautelar durante o período de suspensão do processo. Portanto, mesmo admitindo que a ação cautelar e eventual ação principal execução de -- 1 Art. 58. Cumpridas as exigências desta Lei, o juiz concederá a recuperação judicial do devedor cujo plano não tenha sofrido objeção de credor nos termos do art. 55 desta Lei ou tenha sido aprovado pela assembléia-geral de credores na forma do art. 45 desta Lei. Página 7 de 9 7

título extrajudicial estejam suspensas por força da lei falimentar, não significa que deve ser revogada a liminar deferida e cumprida na cautelar. Nos parece oportuno registrar que a suspensão das ações e execuções manejadas contra a sociedade empresária, em virtude do deferimento do processamento de sua recuperação judicial, é temporária, a teor artigo 6º, 4º da Lei 11.101/2005. Assim, se os credores podem restabelecer o curso das ações e execuções após o decurso do prazo de 180 dias, é razoável entender que durante esse prazo as liminares eventualmente concedidas em ações cautelares, inclusive o arresto, permaneçam eficazes, de modo a garantir os créditos reclamados. 9. Para arrematar, anoto que o instituto da recuperação judicial visa proteger a atividade econômica diante da crise financeira da empresa. Tal instituto não pode ser utilizado como instrumento exclusivo de defesa do devedor diante da iniciativa do credor para receber o seu crédito. Fazemos esta observação por conta dos Agravos de Instrumentos nºs 672.962-6, 672.965-7, 673.958-6 e 676.406-9, todos de processos originários da Comarca de Paranavaí, com os mesmos objetivos. desprovimento do recurso. Ante o exposto, voto pelo Página 8 de 9 8

III- DECISÃO ACORDAM os Desembargadores integrantes da 17ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. O julgamento foi presidido pelo Desembargador PAULO ROBERTO HAPNER, sem voto, e dele participaram o Desembargador STEWALT CAMARGO FILHO e o Juiz Substituto de 2º grau FRANCISCO CARLOS JORGE. Curitiba, 04 de agosto de 2010. DES. LAURI CAETANO DA SILVA Relator Página 9 de 9 9