Umedecimento do Substrato e Temperatura na Germinação de Sementes de Leucaena leucocephala Lam Edson de Almeida Cardoso (1) ; Adriana Ursulino Alves (2) ; Regiana dos Santos Moura (3) 1 Eng. Agrônomo, Mestre e Doutorando em Agronomia-Fitotecnia, CCA - UFPB; Rodovia BR 135, Km 03, CEP: 58397-000, Areia PB, edsonagro@hotmail.com; 2 Prof a. Adjunta do Departamento de Engenharias, CPCE - UFPI; Rodovia BR 135, Km 03, CEP: 64900-000, Bom Jesus - PI, adrianaursulino@ufpi.edu.br; 3 Estudante de Mestrado, UFPI/Universidade Federal do Piauí, Campus Universitário Professora Cinobelina Elvas-Bom Jesus, regianna.ufpi@gmail.com RESUMO A disponibilidade de água e a temperatura devem ser adequadas para permitirem as atividades metabólicas durante o processo de germinação. Por isso, que em testes realizados em laboratório, o substrato deve estar suficientemente úmido, a fim de suprir as sementes quantidade de água necessária para sua germinação e desenvolvimento. Esse trabalho teve como objetivo avaliar diferentes volumes de água no substrato e temperaturas na germinação das sementes de L. leucocephala. Antes da instalação do teste de germinação, as sementes foram submetidas à escarificação manual com lixa d água nº 80 na região oposta à micrópila, para superação da dormência. Em seguida, foram semeadas em rolos de papel germitest umedecidos com volumes (ml) de água equivalentes a 2,0; 2,5; 3,0; 3,5 e 4,0 vezes o peso do substrato, sem adição posterior de água e mantidas em germinadores (B.O.D) regulados com temperaturas constante de 25 C e alternadas de 20-30 C. As avaliações foram efetuadas aos três e dez dias após a instalação do teste. Avaliaram as seguintes características: a porcentagem de germinação e primeira contagem de germinação. O delineamento experimental foi o inteiramente ao acaso com os tratamentos em esquema fatorial 5 x 2(volumes de água e temperaturas). A temperatura de 20-30 C e o volume de água de 2,7 vezes a massa do substrato seco é a combinação mais perfeita para a condução dos testes de germinação e vigor das sementes de L. leucocephala. Palavras-chave: Leucaena leucocephala, Quantidade de água, Análise de sementes. INTRODUÇÃO A leucena [Leucaena leucocephala (Lam.)] é uma Fabaceae arbórea, originária do México, sendo de grande importância econômica para a agropecuária. Esta espécie é encontrada em toda a região tropical; ela se mantém verde na estação seca, perdendo somente os folíolos em secas muito prolongadas ou com geadas fortes; esta planta apresenta características múltiplas de utilização, com destaque para o reflorestamento de áreas degradadas, alimentação animal e adubação verde (PRATES et al., 2000). - Resumo Expandido - [1240] ISSN: 2318-6631-
A utilização de leguminosas arbustivas ou arbóreas como a leucena em áreas isoladas ou em consórcio com gramíneas tem se mostrado viável para preservar características importantes do solo. Além disso, leucena possui a capacidade de manter-se verde, mesmo durante a maior parte da época seca, por apresentar sistema radicular profundo, que propicia a reciclagem dos nutrientes do subsolo além de proporcionar absorção de água das camadas profundas do solo. A disponibilidade de água no substrato é um dos fatores mais importantes para a germinação. O tipo de substrato utilizado é fundamental, principalmente em função de fatores como estrutura, aeração e capacidade de retenção de água. Portanto, o conhecimento sobre a influência desses componentes na germinação de cada espécie é de importância fundamental (MONDO et al., 2008). Principalmente, em se tratando de espécies florestais de uso múltiplo, a exemplo da L. leucocephala. Nos testes de germinação conduzidos em laboratório, o substrato deve permanecer suficientemente úmido, a fim de suprir as sementes com a quantidade de água necessária para sua germinação e desenvolvimento inicial das plântulas. A adição de água, no decorrer do teste, deve ser evitada, para não alterar as condições do teste (FIGLIOLIA et al., 1993). O excesso de umidade provoca um decréscimo na germinação, visto que dificulta a respiração e reduz todo o processo metabólico resultante, levando à redução na viabilidade (BORGES & RENA, 1993), além de contribuir para a proliferação de patógenos (PACHECO et al., 2006). A temperatura apresenta grande influência tanto na porcentagem como na velocidade de germinação das sementes, estando relacionada às reações bioquímicas que regulam o metabolismo necessário para iniciar o processo de germinação (CARVALHO &NAKAGAWA, 2000). Os limites da temperatura de germinação de sementes das espécies fornecem subsídios de interesse biológico e ecológico, auxiliando os estudos ecofisiológicos e de sucessão vegetal (FIGLIOLIA et al., 1993), uma vez que afeta a porcentagem, velocidade e uniformidade de germinação e está relacionada com os processos bioquímicos (CARVALHO & NAKAGAWA, 2000). A uniformização do volume de água favoreça a germinação, conforme a espécie, provavelmente minimizaria as variações nos resultados dos testes de germinação. Embora, algumas pesquisas sobre as exigências de água em sementes são pioneiras, estando disponíveis poucas informações sobre espécies florestais, tais como: Solanum sessiliflorum Dunal (PEREIRA et al., 2011), Amburana cearensis (Allemão) A.C. Smith. (GUEDES et al., 2010), Schizolobium amazonicum Huber ex Ducke (RAMOS et al., 2006) e Dinizia excelsa Ducke (VARELA et al., 2005). Porém, não existem informações referentes a influência da quantidade de água no substrato e da temperatura sobre a germinação desta espécie. Consideração sua importância ecológica, bem como sua potencialidade econômica na região, o presente trabalho teve como objetivo avaliar diferentes volumes de água no substrato e temperaturas na germinação das sementes de L. leucocephala. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Laboratório de Tecnologia de Sementes da Universidade Federal do Piauí (UFPI), município de Bom Jesus, PI, entre junho e julho 2012. Os frutos de L. leucocephala foram colhidos diretamente de doze matrizes localizadas no município de Bom Jesus - PI. Após a colheita, os frutos foram beneficiados manualmente por meio de debulha para extração das sementes. Antes da semeadura, as mesmas foram submetidas à escarificação manual com lixa d água nº 80 na região oposta à emissão da radícula, para superação da dormência. No teste germinação as sementes foram distribuídas no substrato papel toalha, o qual foi organizado na forma de rolo e umedecido com volumes de água equivalentes a 2,0; 2,5; 3,0 e 3,5 vezes a massa do papel seco, sem adição posterior de água, sendo utilizadas três folhas por rolo. Para cada tratamento, utilizaram-se quatro repetições de 25 sementes. Os rolos foram acondicionados em - Resumo Expandido - [1241] ISSN: 2318-6631-
sacos de plástico, transparente, de 0,04 mm de espessura, com a finalidade de evitar a perda de água por evaporação. O teste de germinação foi realizado com quatro repetições de 25 sementes foram semeadas em rolos de papel toalha, umedecidos com volumes (ml) de água equivalentes a 2,0; 2,5; 3,0 e 3,5 vezes a massa do substrato seco, sem adição posterior de água. Os rolos foram acondicionados em sacos plásticos transparentes, com 0,04 mm de espessura para evitar a perda de umidade e, mantidos em germinador tipo Biochemical Oxigen Demand (B.O.D.), regulados para os regimes de temperaturas constantes de 25 e alternada de 20-30 C, com período de oito horas. O critério utilizado nas avaliações foi o de plântulas normais, ou seja, aquelas com as estruturas essenciais perfeitas (BRASIL, 2009). A primeira contagem de germinação o teste foi conduzido juntamente com o de germinação, as avaliações foram realizadas do quarto ao décimo dias após a semeadura. Análise estatística O delineamento estatístico foi inteiramente ao acaso, em esquema fatorial 5 x 2 (volumes de água no substrato x temperatura), com 4 repetições. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância através do programa ASSISTAT, Versão 7.6 beta (2012), cujos dados foram submetidos à análise de variância e de regressão polinomial. RESULTADOS E DISCUSSÃO Figura 1: Germinação (%) de sementes de L. leucocephala obtidas em diferentes temperaturas e volumes de água no substrato. Para os resultados de germinação, constatou-se que na temperatura de 25 C, houve um comportamento linear, ou seja, à medida que aumentou a volume de água utilizado para umedecer o substrato houve uma redução à germinação (Figura 1). No entanto, para temperatura de 20-30 C foi necessário o volume de água igual a 2,7 vezes o peso do papel para se obter uma máxima germinação (100%). No entanto, a partir deste volume a germinação foi afetada negativamente. Uma vez que o excesso de umidade provoca decréscimos na germinação, dificultando a respiração e reduz todo o processo metabólico resultante, levando à redução da viabilidade (BORGES & RENA, 1993). Segundo Pacheco et al. (2007) esse fato acarretar na proliferação de patógenos, o que explicar as - Resumo Expandido - [1242] ISSN: 2318-6631-
baixas porcentagens de germinação nas maiores quantidades de água disponível durante o teste de germinação. Ramos et al. (2006) verificaram que as temperaturas de 30 C com o volume de água de 1,5 vezes e 35 C, bem como a quantidade de água de 3,0 vezes a massa do papel seco são eficientes para germinação das sementes de Ochroma pyramidale (Cav. Ex Lam.) Urban. Enquanto, que em sementes de Parkia platycephala Benth., (GONÇALVES et al., 2008) verificaram que a utilização de diferentes volumes de água (2,0; 2,5; 3,0 e 3,5 vezes o massa do papel) e temperaturas (25, 30 e 35 C) possibilitaram uma melhor expressão do potencial fisiológico das mesmas. Para sementes de Amburana cearensis (Allemão) A.C. Smith., verificou-se que a utilização do volume de água equivalente a 3,25 vezes o peso do substrato seco e a temperatura de 30 ºC proporcionou maior percentual de germinação (GUEDES et al., 2010). Figura 2: Índice de velocidade de germinação de sementes de L. leucocephala obtidas em diferentes temperaturas e volumes de água no substrato. De acordo os dados referentes ao índice de velocidade de germinação (IVG), Observou-se que houve um comportamento linear, ou seja, à medida que aumentou a volume de água utilizado para umedecer o substrato houve uma redução do índice de velocidade de emergência das plântulas na temperatura de 25 C (Figura 2). Já na temperatura de 20-30 C foi necessário o volume de água igual a 2,7 vezes o peso do papel para se obter o maior (8,3). Para sementes de Parkia platycephala Benth., Gonçalves et al., (2008) verificaram que houve um aumento linear da germinação e do índice de velocidade de germinação com o aumento da quantidade de água no substrato (2,0; 2,5; 3,0 e 3,5 vezes o peso do substrato), quando utilizou a temperatura de 20 C. Porém, em sementes de Largenaria siceraria (Mol.) Standi., a menor velocidade de germinação foi observada quando se utilizou a proporção de água equivalente a 3,0 vezes o peso do substrato (BISOGNIN et al., 1991). Os resultados de índice de velocidade de germinação não apresentaram diferença significativa para os volumes de água no substrato, para sementes de Ochroma pyramidale (Cav. ex Lam.) Urban (RAMOS et al., 2006), bem como para Dinizia excelsa Ducke (VARELA et al., 2005). Contudo, GUEDES et al. (2010) verificaram que a utilização do volume de água equivalente a 3,25 vezes a massa do papel seco e a temperatura de 30 ºC proporcionou maior percentual de germinação em sementes de Amburana cearensis (Allemão) A.C. Smith. - Resumo Expandido - [1243] ISSN: 2318-6631-
CONCLUSÃO A temperatura de 20-30 C e o volume de água de 2,7 vezes a massa do substrato seco é a combinação mais perfeita para a condução dos testes de germinação e vigor das sementes de L. leucocephala. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BISOGNIN, D.A.; IRIGON, D.L.; MARTINAZZO, A.A. Teste de germinação em porongo- Lagenaria siceraria (Mol.) Standi. Ciên. R., 2: 159-167, 1991. BORGES, E.E.L.; RENA, A.B. Germinação de sementes. In: AGUIAR, I.B.; PIÑA-RODRIGUES, F.C.M.; FIGLIOLIA, M.B. (Coord.) Semen. Flor. Trop, Brasília: ABRATES, 83-136, 1993. CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J. Sementes: Ciência, Tecnologia e Produção. 4ed. Jaboticabal: FUNEP, 2000, 588p. FIGLIOLIA, M.B.; OLIVEIRA, E.C.; PIÑA-RODRIGUES, F.C.M. Análise de sementes. In: AGUIAR, I.B.; PIÑA-RODRIGUES, F.C.M.; FIGLIOLIA, M.B (Coord.). Semen. Flor. Trop.. Brasília: ABRATES, 137-174, 1993. GONÇALVES, E.P.; FRANÇA, P.R.C.; ALVES, E.U.; BRUNO, R.L.A.; Potencial fsiológico de sementes de Parkia platycephala Benth. CONGRESSO DE PESQUISA E INOVAÇÃO DA REDE NORTE NORDESTE DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, 3., Anais..., Fortaleza - CE, 2008. (Cd Rom). GUEDES, R.S.; ALVES, E.U.; GONÇALVES, E.P.; VIANA, J.S.; FRANÇA, P.R.C.; LIMA, C.R. MONDO, V.H.V; BRANCALION, P.H.S; CICERO, S.M; NOVEMBRE, A.D.L.C; NETO, D.D. Teste de germinação de sementes de Parapiptadenia rigida (BENTH.) BRENAN. R. Bras. Semen, 2: 177-183, 2008. PACHECO, M.V.; MATOS, V.P.; FERREIRA, R.L.C.; FELICIANO, A.L.P.; PINTO, K.M.S Efeito de temperaturas e substratos na germinação de sementes de Myracrodruon urundevuva Fr. All. (ANACARDIACEAE). R. Árgrá, 3: 359-367, 2006. PEREIRA, M.D.; SANTOS, C.E.M.; M. FILHO, S.M. Germinação de sementes de cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal). R. Bras.Ciênc. Agr, 1: 79-84, 2011. PRATES, H.T. PAES, J.M. V.; PIRES N.M. Efeito do extrato aquoso de leucena na germinação e no desenvolvimento do milho. Pesq. Agro. Brasil, 5: 909-914, 2000. RAMOS, M.B.P.; VARELA, V.P.; MELO, M.F.F. Influência da temperatura e da água sobre a germinação de sementes de paricá (Schizolobium amazonicum Huber ex Ducke - Leguminosae - Caesalpinoideae). R. Brasil. Semen, 1: 163-168, 2006. - Resumo Expandido - [1244] ISSN: 2318-6631-
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