EFETIVIDADE DE DUAS MODALIDADES DE TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA NA REDUÇÃO DOS SINTOMAS VOCAIS EM PACIENTES DISFÔNICOS

Documentos relacionados
EDUCAÇÃO EM SAÚDE VOCAL: UMA EXPERIÊNCIA DE INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM GRUPO

COMPORTAMENTO DE AUTORREGULAÇÃO E SINTOMAS VOCAIS

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

pressão interna que favorece a percepção do diafragma, da parede abdominal e da própria laringe 3. Uma das variações dos ETVSO consiste no uso dos

ÍNDICE DE DESVANTAGEM VOCAL NOS LARINGECTOMIZADOS TOTAIS

EDUCVOX - EDUCAÇÃO EM SAÚDE VOCAL: QUEIXAS E IMPRESSÕES VOCAIS DE PACIENTES PRÉ E PÓS INTERVENÇÃO EM GRUPO

Palestrantes: Amábile Beatriz Leal (2º ano) Jéssica Emídio (4º ano) Orientação: Fga. Ms. Angélica E. S. Antonetti

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE MEDICINA

Análise dos aspectos de qualidade de vida em voz. após alta fonoaudiológica: estudo longitudinal

CONTRIBUIÇÕES DA TERAPIA VOCAL PARA PRESBIFONIA COM USO DA TÉCNICA DO TUBO DE RESSONÂNCIA

Palavras-chaves: Qualidade da voz; Qualidade de vida, docente. (4). Um importante aspecto a ser avaliado em processos

RESUMO SIMPLES. AUTOPERCEPÇÃO DA VOZ E INTERFERÊNCIAS DE PROBLEMAS VOCAIS: um estudo com professores da Rede Pública de Arari MA

1. Distúrbios da voz 2. Fatores de risco 3. Condições do trabalho

SOBRECARGA DO CUIDADOR DE DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL E DOENÇA DE ALZHEIMER.

TÍTULO: DESVANTAGEM VOCAL EM CANTORES POPULARES PROFISSIONAIS E AMADORES COM E SEM TREINAMENTO

Correlações entre idade, auto-avaliação, protocolos de qualidade de vida e diagnóstico otorrinolaringológico, em população com queixa vocal

adolescentes A agradabilidade de vozes disfónicas em Ana Catarina Bastos; Aldora Quintal; Paula Correia; Ana Paula Martins

DESCRIÇÃO DO PERFILVOCAL DE PROFESSORES ASSISTIDOS POR UM PROGRAMA DE ASSESSORIA EM VOZ

SEMINÁRIO TRANSDISCIPLINAR DA SAÚDE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE VOCAL DO LOCUTOR DE RÁDIO: UMA AÇÃO DE PROTEÇÃO VOCAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE MEDICINA. Alice Braga de Deus MEDIDAS AERODINÂMICAS DE FALANTES DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

Luciana Lourenço Ana Paula Dassie Leite Mara Behlau. Correlação entre dados ocupacionais, sintomas e avaliação vocal de operadores de telesserviços

VOZ E CONDIÇÕES DE TRABALHO EM PROFESSORES

Escore Máximo. Masculino 50,63 17, , Feminino 52,21 18, ,27 29, Total 51,86 18, ,18 27,

QUEIXAS E SINTOMAS VOCAIS PRÉ FONOTERAPIA EM GRUPO

Sinais e sintomas da disfunção autônoma em indivíduos disfônicos

Sintomas vocais e desvantagem vocal em adultos usuários de implante coclear

AVALIAÇÃO VOCAL EM CRIANÇAS DISFÔNICAS ANTES E APÓS INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM GRUPO

Anexo 1: Fig. 1 Cartilagens da laringe. (McFarland, D. [2008]. Anatomia em Ortofonia Palavra, voz e deglutição. Loures: Lusodidacta)

Milany de Souza Barroso. Recordação da informação pelo paciente com disfonia na terapia da voz BELO HORIZONTE

Desvantagem vocal de pacientes disfônicos pré e pós-terapia fonoaudiológica em grupo

ANÁLISE COMPARATIVA DOS PARÂMETROS ESPECTROGRÁFICOS DA VOZ ANTES E DEPOIS DA FONOTERAPIA

PALAVRAS-CHAVE: Ansiedade; Voz; Aromaterapia

CONTRIBUIÇÕES DE UM PROGRAMA DE ASSESSORIA EM VOZ PARA PROFESSORES

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES DISFÔNICOS ACOMPANHADOS PELO PROVOX

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO DE PACIENTES TRATADOS DO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO

Tempo Máximo de Fonação: influência do apoio visual em crianças de sete a nove anos

Análise dos instrumentos de avaliação autoperceptiva da voz, fonoaudiológica da qualidade vocal e otorrinolaringológica de laringe em professores.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE FONOAUDIOLOGIA ANA CLARA SOTERO ALVES

Análise da comunicação oral, condições de trabalho e sintomas vocais de professores de curso pré-vestibular.

Questionário Condição de Produção Vocal Professor (CPV-P): comparação. Autores: SUSANA PIMENTEL PINTO GIANNINI, MARIA DO ROSÁRIO DIAS

A disfonia é um processo multifatorial sendo definida como qualquer. dificuldade ou alteração na emissão natural da voz. Aspectos biológicos,

Título: Perfil de Extensão vocal em cantores com e sem queixas de voz

Nathália Pôrto Martins da Costa IMPACTO DO SUPORTE SOCIAL NO PERFIL DE PARTICIPAÇÃO E ATIVIDADES VOCAIS DE PROFESSORAS

Sintomas Vocais, Perfil de Participação e Atividades Vocais (PPAV) e Desempenho Profissional dos Operadores de Teleatendimento

Revista CEFAC ISSN: Instituto Cefac Brasil

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Faculdade de Medicina

AVALIAÇÃO VOCAL NA PERSPECTIVA DE PROFESSORES E FONOAUDIÓLOGOS: SIMILITUDES RELACIONADAS À QUALIDADE VOCAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE MEDICINA

Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc

LESÕES DE BORDA DE PREGAS VOCAIS E TEMPOS MÁXIMOS DE FONAÇÃO

Autopercepção da Qualidade Vocal Estado de Saúde e Efeitos na Comunicação Diária Pós - laringectomia Parcial

DISFONIAS DE BASE COMPORTAMENTAL E ORGÂNICAS POR NEOPLASIAS: ANÁLISE DE DIAGRAMAS DE DESVIO FONATÓRIO

AUTOPERCEPÇÃO DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA GLOBAL DE USUÁRIOS DE UM AMBULATÓRIO DE FONOAUDIOLOGIA

SAÚDE VOCAL E O PROFESSOR DE ENSINO FUNDAMENTAL DO PRIMEIRO AO QUINTO ANO

Revista CEFAC ISSN: Instituto Cefac Brasil

Fisioterapia e Fonoaudiologia no uso da TENS

RELAÇÃO ENTRE RUÍDO AUTORREFERIDO EM SALA DE AULA E SUAS CONSEQUÊNCIAS SOBRE A VOZ

INVESTIGAÇÃO DE SINTOMAS VOCAIS EM DOCENTES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO

PANORAMA DA DEMANDA EM FONOAUDIOLOGIA EM JOÃO PESSOA/PB

ACURÁCIA DAS MEDIDAS DE ENTROPIA E ENERGIA DA TRANSFORMADA WAVELET NA AVALIAÇÃO DE VOZES INFANTIS

15 Congresso de Iniciação Científica GRUPOS DE VIVÊNCIA DE VOZ COM PROFESSORES DA REDE PARTICULAR DE ENSINO

VOZ E PROCESSAMENTO AUDITIVO: TEM RELAÇÃO??

SINTOMAS VOCAIS RELACIONADOS À HIDRATAÇÃO MONITORADA

Diagrama de desvio fonatório na clínica vocal

Metodologia III METODOLOGIA. Universidade da Beira Interior 51

Um Estudo das Funções Executivas em Indivíduos Afásicos

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE MEDICINA. Renata Mattar de Brito

Efeito da Oscilação Oral de Alta Frequência Sonorizada na voz e na propriocepção de disfônicos

Disfonia e Lócus de Controle

Estratégias em Telesserviços. Josimar Gulin Martins 1

Nome: F.F.D. Data de nascimento:20/04/2000. Idade : 12 anos e 11 meses. Encaminhado por: Clínica de Linguagem Escrita em 2011.

Alterações vocais no Parkinson e método Lee Silverman

Autoavaliação vocal, avaliação perceptivo-auditiva da voz e qualidade de vida em pacientes com suspeita de câncer tireoidiano: existe correlação?

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO CERRADO PATROCÍNIO Graduação em Fonoaudiologia RAPHAELA LÍSSEA DE OLIVEIRA ESTEVES

Fonoaudióloga Mestranda Ana Paula Ritto Profa. Dra. Claudia Regina Furquim de Andrade

Thalita Evaristo Couto Dias

FONOAUDIOLOGIA NA NUTRIÇAO ENTERAL. Fga Ms Lúcia Inês de Araújo

A deglutição é definida como processo que resulta no transporte do alimento da boca ao estômago. Preparatória

ESGOTAMENTO PROFISSIONAL DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA DA CIDADE DE MONTES CLAROS

Avaliação eletromiográfica e intervenção fisioterapêutica em sujeitos disfônicos

XII ENCONTRO DE EXTENSÃO, DOCÊNCIA E INICIAÇÃO CIENTÍFICA (EEDIC)

Protocolos de Eficácia Terapêutica e Avaliação. M.Sc. Profª Viviane Marques

PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DE PACIENTES COM DISTURBIOS DO MOVIMENTO EM GOIÂNIA, GOIÁS, BRASIL.

Plano de Formação 2018/2021

Características vocais, queixa e saúde vocal em mulheres idosas de diferentes faixas etárias

AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS VESTIBULARES NA CRIANÇA ATRAVÉS DA POSTUROGRAFIA DINÂMICA COMPUTADORIZADA: RESULTADOS PRELIMINARES

AUTOAVALIAÇÃO VOCAL DE PROFESSORES DE SANTA MARIA/RS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE MEDICINA. Maruza Souza Ramos Nívia Dayane Fernandes Silva

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM MULHERES MASTECTOMIZADAS QUALITY OF LIFE ASSESSMENT IN WOMEN MASTECTOMIZED RESUMO

Protocolo de Anamnese Estandardizado na Área da Voz

5º Simposio de Ensino de Graduação

TRAÇANDO O PERFIL VOCAL DE DOCENTES COM DISTÚRBIO DE VOZ: UM OLHAR PARA A EDUCAÇÃO VOCAL.

TÍTULO: ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DO QUESTIONÁRIO HOLANDES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR

INFLUÊNCIA DO SEXO, IDADE, PROFISSÃO E DIAGNÓSTICO FONOAUDIOLÓGICO NA QUALIDADE DE VIDA EM VOZ

GESTÃO DO CONHECIMENTO EM ORGANIZAÇÕES DE SAÚDE: REVISÃO SISTEMÁTICA E LITERATURA

A PTHi PODE PREVER AS VARIAÇÕES DO CÁLCIO APÓS TIROIDECTOMIA TOTAL?

Desenhos e Depoimentos sobre a Voz Explorando a Percepção e o Conhecimento Vocal nos Grupos de Vivência de Voz

Eficiência e valores de corte do Perfil de Participação e Atividades Vocais para não professores e professores

Revista CEFAC ISSN: Instituto Cefac Brasil

FATORES ASSOCIADOS À DESISTÊNCIA DE PROGRAMAS MULTIPROFISSIONAIS DE TRATAMENTO DA OBESIDADE EM ADOLESCENTES

Transcrição:

EFETIVIDADE DE DUAS MODALIDADES DE TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA NA REDUÇÃO DOS SINTOMAS VOCAIS EM PACIENTES DISFÔNICOS Autores: ANNA ALICE FIGUEIREDO DE ALMEIDA, PRISCILA OLIVEIRA COSTA SILVA, SAUANA ALVES LEITE DE ALENCAR, ANDRÉ FELIPE EMÍLIO LIMA DOS SANTOS, LEONARDO WANDERLEY LOPES, PALAVRAS-CHAVE: Sinais e sintomas; Voz; Terapêutica INTRODUÇÃO A voz é um fenômeno multidimensional e, provavelmente, o sistema mais elaborado da comunicação humana. Dessa forma, é compreensível que seja avaliada a partir de diversos métodos, como a avaliação perceptiva da voz, exame visual laríngeo, análise acústica e autoavaliação vocal (1-3). A avaliação vocal torna-se ineficiente, incompleta e sujeita a equívocos quando baseada apenas na documentação laringológica ou em exames isolados. Logo, uma avaliação vocal definida tanto pelo paciente quanto pelo profissional da saúde evidencia-se mais completa, segura e efetiva. Essa avaliação multidimensional da voz revela uma essencial importância para uma melhor compreensão do comportamento vocal do paciente, considerando os protocolos de autoavaliação vocal que se revelam uma estratégia rápida, não invasiva e de fácil manejo (3-5). A autoavaliação oferece dados importantes para o diagnóstico vocal e fornecer suporte para o direcionamento do planejamento terapêutico e o monitoramento da intervenção (6). Diante disso, é necessária a valorização da autoavaliação e autopercepção vocal do sujeito, como complemento dos dados coletados na avaliação do clínico (7).

Um dos mais recentes protocolos validado foi a Escala de Sintomas Vocais (ESV) que é uma versão traduzida e adaptada para o português da Voice Symptom Scale VoiSS. Trata-se de um instrumento que avalia a autopercepção de sintomas vocais e impacto do problema de voz. É considerado o protocolo mais rigoroso e psicometricamente robusto para a autoavaliação vocal, trazendo informações de funcionalidade, impacto emocional e sintomas físicos (8,9). O sintoma vocal é uma queixa em que o indivíduo relata o que sente de diversos modos, abordando sensações relacionadas à fonação, como dor no pescoço ou de garganta após o uso prolongado da voz, rouquidão, entre outros. A presença de sintomas vocais pode ser indicativa de uma alteração vocal(8-10). Os sintomas vocais podem ser agrupados em cinco categorias: fonatórios, sensoriais, dolorosos, vagais e miscelânea. Os fonatórios podem ser a afonia silábica, rouquidão, soprosidade, aspereza, afonia, alteração repentina de frequência, extensão vocal diminuída, fadiga vocal, estridor precoce e pigarro; Sensoriais: secreção pós-nasal, coceira, secura, dor de garganta, garganta apertada, bolo na garganta, pressão no peito e garganta raspando ou queimando; Dolorosos: garganta dolorida, dor na área da cartilagem aritenóidea; dor na base da língua, dor na região cervical posterior, dor reflexa no ouvido, pescoço dolorido, pescoço sensível e dor de cabeça; Vagais, tosse, engasgos noturnos e dificuldade de deglutir; e Miscelânea, edema (músculos e glândulas), hemoptise e dispnéia (11). Uma forma de combater os sintomas e a disfonia é a terapia fonoaudiológica de voz. Existe a terapia de voz tradicional que é conduzida individualmente por fonoaudiólogos, e existe a terapia em grupo que é bem promissora. A abordagem em grupo favorece uma atmosfera mais natural da comunicação do cotidiano, facilita o aprendizado das habilidades motoras das

técnicas, além de um paciente poder gerar um suporte psicológico aos outros ao compartilhar sentimentos e vivências positivas e negativas (12). A terapia fonoaudiológica, em ambas as abordagens, tem como foco principal a reabilitação vocal, que é realizada através de mudança comportamental e, por essa razão, depende da participação ativa do sujeito durante o processo (14,15). OBJETIVOS Avaliar a efetividade das duas modalidades de terapias fonoaudiológicas na redução dos sintomas vocais de pacientes com disfonia. MÉTODOS Trata-se de uma pesquisa descritiva, quantitativa e de intervenção, que consistiu na investigação dos sintomas vocais por meio de um questionário específico pré e pós-intervenção fonoaudiológica de duas modalidades terapêuticas diferentes. Utilizou-se de uma análise quantitativa que é projetada para gerar medidas precisas e confiáveis que permitam uma análise estatística de dados numéricos obtidos por meio dos protocolos utilizados. Participaram da pesquisa 106 pacientes, sendo 80 (75,5%) do sexo feminino e 26 (24,5%) do sexo masculino, com idade média entre 43,7 (±16,1) anos. Esses pacientes foram alocados de forma randômica em dois grupos: TI que foram submetidos à terapia de voz individual e TG que participaram de terapia de voz de grupo. O TI teve 58 participantes e o TG 48 participantes. A pesquisa foi realizada na Clínica-Escola de Fonoaudiologia de uma instituição de ensino superior (IES). Os critérios de elegibilidade para a participação desta pesquisa foram: ser adulto com diagnóstico de disfonia; ter os dados necessários preenchidos pré e pós-terapia vocal; não ter o número de faltas superior a dois; não ter histórico prévio de tratamento fonoaudiológico para

a voz; não ter diagnóstico médico de doença neurológica, genética ou qualquer outra comorbidade que afete a cognição, comunicação e voz. Para a coletada de dados, foram utilizados dados pessoais como idade, sexo, profissão e grau de escolaridade. Utilizou-se a Escala de Sintomas Vocais (ESV) pré e pós-terapia para mensurar dados de autoavaliação vocal. Trata-se um instrumento para avaliar a autopercepção de sintomas vocais e impacto do problema de voz. É considerado com um protocolo mais rigoroso e psicometricamente robusto para a autoavaliação vocal, trazendo informações de funcionalidade, impacto emocional e sintomas físicos que um problema de voz pode acarretar na vida do indivíduo. Contém 30 itens que contemplam 4 escores, limitação, físico, emocional e total (8,9). Cada questão tem possibilidade de resposta dentro de uma escala de Likert que varia de 0 a 4, de acordo com frequência de ocorrência assinalada: (0) nunca, (1) raramente, (2) às vezes, (3) quase sempre, (4) sempre. A marcação máxima é de 120 pontos. Os indivíduos com disfonia apresentam escores totais que são superiores a 16 pontos; 11,5 no domínio limitação; 6,5 no físico e 1,5 no emocional. Esses valores são considerados notas de corte para este instrumento (15). Foram utilizadas duas modalidades de intervenção, a terapia individual e a terapia em grupo. Ambos os grupos (TI e TG) foram submetido à terapia com abordagem eclética, com base na terapia direta e indireta para a voz. Foram realizadas 8 sessões no total, sendo as primeiras e últimas destinadas à avaliação e as demais (segunda a sétima) terapêuticas. Cada sessão no TI tinha duração de 30 minutos, ocorrendo sempre uma vez na semana, durante aproximadamente dois meses. O TG tinha sessões com duração aproximada de 90 minutos, com a mesma abordagem terapêutica. A única diferença para o TI era que no TG, a cada sessão, os temas eram abordados por meio de vivências e dinâmicas, seguidos dos mesmos exercícios vocais do TI. É possível verificar o programa

terapêutico, os temas e exercícios trabalhados a cada sessão no Quadro 1. Foram formados 6 grupos de TG, cada um com a média de 8 participantes por grupo. Todas as terapias, seja do TG ou TI, eram conduzidas por alunos do último ano do curso de Fonoaudiologia de uma IES, sob a supervisão presente de um professor/fonoaudiólogo. Após o término das intervenções, agrupou os dados em uma planilha digital e realizou-se uma análise estatística descritiva a fim de verificar a frequência, média e desvio padrão das variáveis estudadas. Posteriormente, foi realizada uma análise estatística inferencial, com o uso de testes adequados. Utilizou-se o teste t de Student para dados pareados para verificar a comparação entre momento pré e pós-terapia, e o teste t de Student para amostras independentes para a comparação das médias de sintomas vocais pré e pósterapia do TI e TG. Utilizou-se também o teste Qui-quadrado para verificar a associação da modificação dos sintomas vocais pós-terapia com variáveis como sexo, diagnóstico laríngeo, idade e uso profissional da voz. As diferenças foram consideradas significativas quando apresentaram p 0,05. A análise estatística foi realizada por meio do software Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 13.0. RESULTADOS A tabela 1 demonstra que há diferença significativa na média de sintomas vocais pré e pós-terapia individual (ESV total, domínios limitação e emocional ), bem como pré e pós-terapia de grupo em todos os domínios da ESV. Esse dado demostra que as sessões terapêuticas tanto no TI quanto no TG foram efetivas na redução dos sintomas vocais. A tabela 2 exibe que não há diferença significativa ao comparar as médias de sintomas vocais pré e pós-terapia entre os grupos de pacientes que se

submeteram às duas modalidades terapêuticas, o que mostra que ambas as intervenções são semelhantes nos benefícios e eficientes na diminuição dos sintomas vocais. A terapia de grupo pode ser uma excelente estratégia terapêutica, sobretudo em serviços públicos que existe grande demanda para atendimento fonoaudiológico. Os resultados da tabela 3 apontam que a variável sexo está associada à modificação dos escores da ESV pré e pós-terapia individual apenas no domínio físico. De acordo com o observado, mais da metade das mulheres (58,1%, n=80) apresentaram redução dos sintomas vocais no domínio físico, enquanto apenas 20% (n=26) dos homens apresentaram essa redução. Não houve associação entre a variável sexo e a modificação dos escores da ESV na modalidade de terapia em grupo. Vale ressaltar ainda que não houve associação entre as variáveis idade, diagnóstico laríngeo e profissão e a modificação dos escores da ESV tanto na modalidade individual, quanto em grupo. CONCLUSÃO Pode-se perceber com os dados obtidos na pesquisa que ambas as modalidades terapêuticas promovem modificações na autopercepção dos pacientes, com redução significativa dos sintomas vocais autorreferidos. Além de ter sido possível observar a influência da variável sexo no domínio físico da ESV, na terapia individual. REFERÊNCIAS: 1. Dejonckere PH, Bradley P, Clemente P, CornutG, Buchman LC, Friedrich G, et al. Abasic protocol for functional assessment of voice pathology, especially for investigating the efficacy of (phonosurgical) treatments and evaluating new assessment techniques. Eur Arch Otorhinolaryngol. 2001;258:77-82.

2. Carding PN, Wilson JA, Mackenzie K, Deary J. Measuring voice outcomes: state of the science review. The journal of Laryngology&Otology. 2009;123(8): 823-829. 3. Guimarães I, Abberton E. An Electrolaryngographic study of Dysphonic Portuguese Speakers, ICPhS, 2003. 4. Meek P, Carding PN, Howard DH, Lennard TWJ. Voice Change Following Thyroid and Parathyroid Surgery. J Voice. 2008;22(6):765-772. 5. Kim SW, Kim ST, Park HS, Lee HS, Hong JC, Kwon SB, Lee KD. Voice Examination in Patients with Decreased High Pitch after Thyroidectomy. Indian J Otolaryngol Head Neck Surg. 2012;64(2):120-130. 6. Costa T, Oliveira G, Behlau M. Validação do Índice de Desvantagem Vocal: 10 (IDV-10) para o português brasileiro. CoDAS 2013;25(5):482-5. 7. Ribeiro, V.V.; Panhoca, I; Dassie-leite, A.P, Bagarollo, M.F. Grupo terapêutico em fonoaudiologia: revisão de literatura. Rev. CEFAC 2012;14(3):544-52. 8. Moreti F, Zambon F Oliveira, G, Behlau M. Equivalência cultural da versão Brasileira da Voice Symptom Scale: VoiSS. J. Soc. Bras. Fonoaudiol. 2011;23(4):398-400. 9. Moreti F, Zambon F, Oliveira G, Behlau M. Cross-Cultural Adaptation, validation, and cutoff values of the Brazilian Version of the Voice Symptom Scale VoiSS. Journal of Voice. 2014; 28: 458-468. 10. Oliveira IB, Augusti ACV, Siqueira DM. Avaliação de voz e qualidade de vida após laringectomia supracricóide. ACR, 2013;18(4):353-60. 11. Behlau M, Madazio G, Feijó D, Pontes P. Avaliação de voz. In: Behlau M. Voz: O livro do especialista. Volume I. Rio de Janeiro: Revinter; 2001 12. Law T, Lee KYS, Ho NY, Vlantis, Van Hasselt AC, Tong MCF. The effectiveness of Group Voice Therapy: A Group Climate Perspective. J Voice 2012; 26:e41-e48.

13. Gama ACC, Bicalho VS, Valentim AF, Bassi IB, Teixeira LC, Assunção AÁ. Adesão a orientações fonoaudiológicas após alta do tratamento vocal em docentes: estudo prospectivo. Rev. CEFAC 2012; 14(4):714-720. 14. Silveira LMC, Ribeiro VMB. Compliance with treatment groups: a teaching and learning arena for healthcare professionals and patients. Interface - Comunic., Saúde, Educ. 2005;9(16):91-104. 15. Behlau M, Madazio G, Moreti F, Oliveira G, Santos LMA, Paulinelli BR, Couto Junior EB. Efficiency and Cutoff Values of Self-Assessment Instruments on the Impact of a Voice Problem. J Voice. 2015 [article in press].

Quadro 1: Descrição das atividades realizadas na TI e TG de acordo com a sessão. Sessão Terapia individual (TI) Terapia de grupo (TG) 1º 2º 3º 4º 5º 6º Aplicação do instrumento de voz Escala de Sintomas Vocais (ESV) Temática: Fundamentos da anatomia e fisiologia da produção vocal Temática: Saúde vocal Temática: Psicodinâmica vocal resistência ou vibração de língua Temática: Voz x emoção resistência ou vibração de língua Sequência articulatória Temática: Informação sobre patologias laríngeas (de acordo com o diagnóstico do paciente). resistência e vibração de língua Sequência articulatória Aplicação de instrumento de voz Escala de Sintomas Vocais (ESV) Temática: Fundamentos da anatomia e fisiologia da produção vocal Temática: Saúde vocal Temática: Psicodinâmica vocal resistência ou vibração de língua Temática: Voz x emoção resistência ou vibração de língua Sequência articulatória Temática: Informação sobre patologias laríngeas (de acordo com o diagnóstico dos pacientes do grupo). resistência e vibração de língua Sequência articulatória

7º 8º Temática: Comunicação não verbal/ Expressividade resistência e vibração de língua Sequência articulatória Exercício de ressonância Aplicação do instrumento de voz Escala de Sintomas Vocais (ESV) Temática: Comunicação não verbal/ Expressividade resistência e vibração de língua Sequência articulatória Exercício de ressonância Aplicação do instrumento de voz Escala de Sintomas Vocais (ESV)

Tabela 1. Comparação dos sintomas vocais pré e pós-terapia (escore total e domínios do ESV) de pacientes submetidos a duas modalidades terapêuticas ESV Média pré Média pós p - valor Total Indi vidual 50, 38 44, 45 0,022* Grupo 49,92 43,65 0,002* Limitação Individual 29,45 25,45 0,017* Grupo 27,83 24,6 0,017* Emocional Individual 10,16 8,33 0,033* Grupo 9,73 8,06 0,052 Físico Individual 11,43 10,67 0,299 Grupo 12, 48 11, 48 0,077 Legenda: ESV= Escala de Sintomas Vocais. Teste Estatístico T de Student pareado. * p 0,05.

Tabela 2. Comparação dos sintomas vocais pré e pós-terapia das modalidades terapêuticas individual e em grupo ESV Média pré p-valor Média pós p-valor Total Individual 50,38 0,929 44,45 0,878 Grupo 49,92 43,65 Limitação Individual 29,45 0,578 25,45 0,766 Grupo 27,83 24,6 Emocional Individual 10,16 0,826 8,33 0,884 Grupo 9,73 8,06 Físico Individual 11,43 0,415 10,67 0,514 Grupo 12,48 11,48 Legenda: ESV= Escala de Sintomas Vocais. Teste Estatístico t de Student para amostras independentes.

Tabela 3. Associação entre a variável sexo e a modificação dos escores da ESV pré e pós-terapia individual e grupo Modalidade individual Total Melhorou 7 (46,7) 27 (62,8) 0,215 Não melhorou 8 (53,3) 16 (37,2) Limitação Melhorou 10 (66,7) 28 (65,1) 0,588 Não melhorou 5 (33,3) 15 (34,9) Emocional Melhorou 7 (46,7) 22 (51,2) 0,500 Não melhorou 8 (53,3) 21 (48,8) Físico Melhorou 3 (20) 25 (58,1) 0,011* Modalidade grupo ESV Sexo p - valor Masculino Feminino Não melhorou 12 (80) 18 (41,9) Total Melhorou 9 (81,8) 24 (64,9) 0,249 Não melhorou 2 (18,2) 13 (35,1) Limitação Melhorou 6 (54,5) 23 (62,2) 0,454 Não melhorou 5 (45,5) 14 (37,8) Emocional Melhorou 4 (36,4) 17 (45,9) 0,418

Tabela 4. Não melhorou 7 (63,6) 20 (54,1) Físico Melhorou 4 (36,4) 21 (56,8) 0,199 Não melhorou 7 (63,6) 16 (43,2) Legenda: ESV= Escala de Sintomas Vocais. Teste Estatístico Qui - quadrado. * p 0,05.