Relatório de avaliação das do efeito das cheias de 2007 na regiõa de caia, província de Sofala, Moçambique.

Documentos relacionados
Ficha de Avaliação Rápida de Danos em Zonas Urbanas e Rurais (cheias e ventos fortes) Sector de Abrigo - Cheias na Província de Gaza Fevereiro 2013

Informação Nº 16/IS/CM/2010. Dar a conhecer as ocorrências relacionadas com calamidades e acções de resposta realizadas e em curso

Ficha de Avaliação Rápida de Danos em Zonas Urbanas e Rurais (cheias e ventos fortes) Sector de Abrigo - Cheias na Província de Gaza Fevereiro 2013

Informação Nº 15/IS/CM/2010. Período de Referência: 09 de Março a 14 de Março de 2010

ANTECEDENTES MOÇAMBIQUE É ALTAMENTE PROPENSO À DESASTRES NATURAIS DE ORIGEM METEOROLÓGICA, ENTRE ELAS: SECAS, CHEIAS E DEPRESSÕES TROPICAIS.

Seminário Barragens no espaço da CPLP

Anexo IV FICHA DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL PRELIMINAR. Projecto de reabilitação e expansão da Barragem de Nacala

Informação CTGC Nrº 15 INGC/CENOE 2013_2014

BOLETIM HIDROLÓGICO NACIONAL

Actualização da Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE Janeiro 2008

Custo das Actividades PEC-Zonal em Moçambique Análise dos Custos dos Contractos de 2008 a 2011

Vem aí a nova época de chuvas e há previsão de cheias, novamente nas bacias do Púnguè e Licungo

PLANO MUNICIPAL DE EMERGÊNCIA DE PROTECÇÃO CIVIL DE CAMPO MAIOR

CONTRIBUIÇÃO INFRAESTRUTURAL DA GUINÉ BISSAU NO PROCESSO DA INTEGRAÇÃO SUB REGIONAL

Avaliação Rápida de Moçambique. Nº dos locais avaliados segundo o tipo de acesso no momento da avaliação:2

BOLETIM HIDROLÓGICO NACIONAL

ACESSIBILIDADES ENTRE A A26 E CAMINHOS RURAIS

Relatório do Curso Desastres e Desenvolvimento- Maputo, 4 a 8 de Abril 2009

ANÁLISE DA VARIAÇÃO PLUVIOMÉTRICA DO MUNICÍPIO DE CAJAZEIRINHAS PB A PARTIR DE SÉRIES HISTÓRICAS

Avaliação Rápida de Moçambique. Nº dos locais avaliados segundo o tipo de acesso no momento da avaliação:2

INFORME SOBRE PONTO DE SITUAÇÃO DO CICLONE IDAI NA PROVÍNCIA DE MANICA

República de Moçambique MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS E HABITAÇÃO DIRECÇÃO NACIONAL DE ÁGUAS


1. SITUAÇÃO HIDROLÓGICA PREVALECENTE ATÉ O DIA 10 DE MARÇO DE 2014

Ciclones Tropicais Idai e Kenneth Moçambique

Oportunidades de Investimento nos principais setores em Moçambique Rui Andrade Maputo, 8/12/12

"Internacionalização: Oportunidades de Negócio em Moçambique. OEIRAS, 13 de Março 2012

INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA Delegação Provincial de Sofala

República de Moçambique MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS E HABITAÇÃO DIRECÇÃO NACIONAL DE ÁGUAS

BOLETIM HIDROLÓGICO NACIONAL

OS RECURSOS HÍDRICOS E A BIODIVERSIDADE MOÇAMBIQUE

MUNICÍPIO DE LONDRINA Plano Municipal de Saneamento Básico Relatório de Diagnóstico da Situação do Saneamento

TERMOS DE REFERÊNCIA PARA CONTRATAÇÃO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA PARA A ELABORAÇÃO DE UMA ANÁLISE SOBRE A FUNÇÃO DO ABRIGO COLECTIVO NAS EMERGENCIAS

Belarmino M. Chivambo Chefe do Departamento de Gestão de Recursos Hídricos

BOLETIM HIDROLÓGICO NACIONAL

APRESENTAÇÃO DO CONCURSO

Quem será afectado e como serão afectados pelo Reassentamento?

FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO RAPIDA MULTI SECTORIAL DAS CALAMIDADES

BOLETIM HIDROLÓGICO NACIONAL

Eixo Prioritário III - Valorização e Qualificação Ambiental e Territorial

Relatório Técnico Campanha MOLINES IV 09/09/2014, 10/09/2014, 11/09/2014

Este documento constitui um instrumento de documentação e não vincula as instituições

Relatório da Análise de IPC Insegurança Alimentar Aguda

PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE. Servidores municipais: Resp. SASB:

Praia da Foz do Arelho. Relatório da campanha de monitorização da Praia da Foz do Arelho realizada em Agosto de 2006

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA SAÚDE DIRECÇÃO NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA. Situação da epidemia de Cólera em Moçambique em 2009

A História das Cheias em Portugal

2009 a 2014: Licenciatura em Engenharia do Ambiente na Universidade Eduardo Mondlane.

O papel da Protecção Civil na Defesa contra as Cheias

BOLETIM HIDROLÓGICO NACIONAL

MUNICÍPIO DE AZAMBUJA REGULAMENTO DO SERVIÇO MUNICIPAL DE PROTECÇÃO CIVIL

LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA

Rede de Sistemas de Aviso Prévio Sobre a Fome 15 de Dezembro 2003

República de Moçambique MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS E HABITAÇÃO DIRECÇÃO NACIONAL DE ÁGUAS

BOLETIM HIDROLÓGICO NACIONAL

Eixo Prioritário III - Valorização e Qualificação Ambiental e Territorial

Relatório Técnico Campanha MOLINES VI 28 e 29/09/2015 e 02/10/2015

As Cheias em Portugal. Trabalho realizado por: Andresa Trindade nº4 Catarina Carmo nº7 Emanuel Martins nº8

0 1 2 Km MAPA DO ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO DO MUNICÍPIO DE SOBRAL DE MONTE AGRAÇO LIMITES ADMINISTRATIVOS ENQUADRAMENTO NACIONAL

Plano Estratégico de Desenvolvimento da Província de Tete,

BOLETIM HIDROLÓGICO NACIONAL

Caso Modelo. Docente: Professor Doutor Fernando Gaspar Disciplina: Distribuição

Avaliação Inter-agência do tempo real da resposta as cheias e ciclone ocorridos em Fevereiro de 2007 em Moçambique: Sumário Executivo

BOLETIM HIDROLÓGICO NACIONAL

CONSERVAÇÃO PÓS COLHEITA. DNPDR Promove Celeiros Tipo Gorongosa no Vale do Zambeze

Saneamento Urbano I TH052

EBI/JI da Barranha. Alunos: Ana Rita Daniela Silva, 9º A Prof: Isabel Allen, Sérgio Queirós

Saneamento Urbano I TH052

BOLETIM HIDROLÓGICO NACIONAL

DESAFIOS E O IMPACTO DAS GRANDES OBRAS PÚBLICAS NA GOVERNAÇÃO

REBUSCAR A PROBLEMÁTICA DO REASSENTAMENTO DAS POPULAÇÕES VÍTIMAS DAS CHEIAS EM MOÇAMBIQUE

14. Usinas Hidrelétricas

POBREZA E BEM-ESTAR EM MOÇAMBIQUE:

PLANEJAMENTO E MONITORAMENTO DE EVENTOS HIDROMETEOROLÓGICOS EXTREMOS

Delimitações, Planos de Uso da Terra e Desenvolvimento Local. Paul De Wit Nampula 9-11 Março 2010

Censos 2001: Resultados Provisórios

CÂMARA TÉCNICA DE MONITORAMENTO HIDROLÓGICO - CTMH

República de Moçambique MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS E HABITAÇÃO DIRECÇÃO NACIONAL DE ÁGUAS

*Nome/Denominação social *Identificação fiscal nº, *residência/sede em, *Província ; *Município, *Comuna ; *Telefone ; *Telemóvel ; *Fax ; * ;

Exercícios Complementares de Ciências Humanas Geografia Ensino Fundamental. Regiões Brasileiras

COMISSÃO MUNICIPAL DE PROTEÇÃO CIVIL DO BOMBARRAL CENTRO MUNICIPAL DE OPERAÇÕES DE EMERGÊNCIA DE PROTEÇÃO CIVIL DO BOMBARRAL

PLANO MUNICIPAL DE EMERGÊNCIA DE PROTECÇÃO CIVIL DE ELVAS

Eixo Temático ET Saneamento Ambiental ESPACIALIZAÇÃO DO ATENDIMENTO DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO EM MUNICÍPIOS DA PARAÍBA

ZONAS SENSÍVEIS MENOS SENSÍVEIS

APRESENTAÇÃO DO CONCELHO DE PONTA DELGADA

A3 SUBLANÇOS PORTO/ÁGUAS SANTAS/MAIA/SANTO TIRSO/FAMALICÃO/CRUZ/BRAGA

Plano de Acção da Estratégia para a Fiscalização Participativa de Florestas e Fauna Bravia em Moçambique. Primeiro Draft

Gestão de Riscos de Inundações na Bacia Matanza Riachuelo, Argentina

Actualização da Segurança Alimentar em Moçambique: 20 Junho Destaques

BAFATÁ MISTI IAGU ABASTECIMENTO E GESTÃO DE ÁGUA À CIDADE DE BAFATÁ. Miguel Silva Andreia Gonçalves

BOLETIM HIDROLÓGICO NACIONAL

Quarta Avaliação Nacional da Pobreza e Bem-Estar em Moçambique,

Mais Barragens: que soluções e a que custo?

A4 SUBLANÇOS ÁGUAS-SANTAS/ERMESINDE/VALONGO/CAMPO/ BALTAR/PAREDES/GUILHUFE/PENAFIEL/ A4-IP9/AMARANTE

RELATÓRIO DE CONFORMIDADE AMBIENTAL DO PROJECTO DE EXECUÇÃO. Variante Norte de Loulé à EN270 (2ª Fase)

Gabinete da Governadora

Transcrição:

Relatórios e levantamentos Relatório de avaliação das do efeito das cheias de 2007 na regiõa de caia, província de Sofala, Moçambique. Rui Carlos da Maia Universidade Técnica de Moçambique Arsénio Banze Universidade Técnica de Moçambique INTRODUÇÃO Este relatório surgiu no âmbito da visita efectuada ao distrito de Caia durante as cheias que ocorreram no vale do Zambeze no período de 2007/2008. A visita teve duração de cinco dias sendo 5 a 9 de Fevereiro. ÁREA DE ESTUDO Localização, Superfície e População O distrito de Caia é limitado pelo distrito de Chemba a Nordeste e o rio Zambeze a Este, a Noroeste e Oeste faz limite com o distrito de Marínguè, e a Sul limitado pelos distritos de Cheringoma e Marromeu. Com uma superfície de 3.542 Km 2 e uma população recenseada em 2007 de 115.455 habitantes, o distrito de Caia tem uma densidade populacional de 33 hab/km 2. Figure 1 Mapa do Distrito de Caia 1

METODOLOGIA ADOPTADA NO ESTUDO De uma maneira geral a visita foi efectuada em colaboração com as diferentes organizações envolvidas no processo de apoio e alivio das comunidades afectadas pelas cheias. Durante estas foram efectuadas: Entrevistas: com finalidade de obter informações quanto a dimensão das cheias, ao numero e as condições dos centros de reassentamento, aos aspectos gerais relacionados com a distribuição de ajuda e percepção dos diferentes intervenientes sobre a situação; Levantamento geográfico com o auxilio do GPS de alguns locais visitados pela equipe; Participações em reuniões: do CENOE (briefings diários) que tinham como finalidade dar a conhecer a situação hidrológica e meteorológica, a situação das pessoas afectadas, dos centros de reassentamento, das zonas inundadas no dia. Houve também participação em reuniões do comité locais de de gestão de riscos que serviram para entender o funcionamento dos comités de risco, as dificuldades que eles enfrentam e as suas necessidades Visitas a algumas áreas inundadas (campos agrícolas, Escola EP1 7 de Abril de Murraça-Caia), aos centros de reassentamento (Amílcar Cabral, Tchetcha, Magagade e Inácio Bengala Lole) com finalidade de ver a dimensão real das cheias (observação directa). Estas foram acompanhadas por representantes de algumas organizações que actuavam nas locais/áreas visitadas nomeadamente funcionários da Cruz Vermelha de Moçambique.. DESCRIÇÃO GERAL Centros de Reassentamento De uma forma geral os Centros de Reassentamento visitados são caracterizados por possuir casas de construção precária e uma população proveniente das zonas afectadas 2

pelas cheias. O sistema de abastecimento de água é feito através de fontanários com bombas manuais e o sistema de saneamento apresenta-se de certa forma deficiente havendo problemas (renitência) por parte de alguns membros das comunidades em construir latrinas melhoradas ou porque o nível freático das zonas é elevado. Estes possuem em um posto de primeiros socorros provisório montado pela CVM, com um socorrista que é responsável por dar os primeiros socorros aos membros da comunidade caso estes padeçam de alguma doença. Os centros de reassentamento possuem comités de risco que são responsáveis por sensibilizar as populações para saírem das áreas de risco e na construção de latrinas. Em alguns centros de reassentamento notou-se existência de algumas áreas parcialmente inundadas, e existência de muito capim em sua volta o que contribui de certa forma para o aumento de doenças como a malária. Notou-se que os centros de reassentamento visitados estão próximos das áreas inundadas, acabando por estarem sujeitos ás inundações caso o nível das águas se eleve, mas a linha férrea reduz o impacto das inundações (funciona como um dique de protecção, para a zona) pois esta a uma altura de aproximadamente 2.5m em relação ao nível da estrada. Figure 2 Mapa dos Centros de Reassentamentos vistados 3

Rádio Comunitária de Caia Financiada por um consorcio Italiano, a rádio começou a operar em Novembro 2007, estando de momento em uma fase experimental. Esta funciona com base num gerador e tem um raio de abrangência de 60-70 km. Está de momento com 20 locutores dos quais 10 apresentam em Sena (9 homens e uma mulher) e os restantes 10 em Português (8 homens e duas mulheres). A rádio vem recebendo anúncios de sensibilização trazidos por parte do INGC e do Governo para as populações se retirarem das zonas de risco e repete-os com frequência. Esta também não tem uma programação bem definida e a população tem apelado para os responsáveis para que ponham a rádio a funcionar durante 24 horas por dia e que apostem mais na musica tradicional. Briefing diários do CENOE Estas iniciavam sempre com a apresentação da situação hidrológica do dia em que eram apresentados os níveis dos principais rios na zona do vale do Zambeze e os níveis de descargas da Barragem de Cahora Bassa,. Em seguida apresentava-se a situação meteorológica do dia e a previsão para as 24h seguintes, depois dava-se o ponto de situação dos centros de reassentamento, as entradas do dia as condições da população, informação sobre as novas áreas inundadas. Por últimos os diferentes representantes das diversas organizações apresentavam as suas dificuldades perante a situação. Resultados da visita Como resultado desta visita obtiveram-se os seguintes mapas. 1. Mapa dos centros de reassentamento visitados e as áreas inundadas: 4

Figure 3 Mapa dos Centros de Reassentamentos visitados Vs Areas inundadas 2. Mapa que mostra as áreas afectadas 1 pelas cheias durante o período 2007/2008: 1 Feito apartir de dados colhidos durante a visita. 5

Figure 4 Mapa sobre a situação das cheias no Centro de Moçambique-2007/2008 6