Abdominoplastias: neo-onfaloplastia sem cicatriz e sem excisão de gordura

Documentos relacionados
Neo-onfaloplastia no decurso das abdominoplastias em âncora em pacientes pós-cirurgia bariátrica

Plicatura da base umbilical: proposta técnica para tratar protrusões e evitar estigmas pós-abdominoplastia

Abdominoplastia e lifting do púbis

Umbilicoplastia por incisão vertical: descrição da técnica e avaliação da satisfação

External oblique muscle flaps

Autonomização da cicatriz umbilical: técnica segura para abdominoplastias secundárias

Dermolipectomia abdominal pós-gastroplastia: avaliação de 100 casos operados pela técnica do peixinho

Artigo Original. Análise retrospectiva de pacientes pós-bariátrica submetidos à abdominoplastia com neo-onfaloplastia: 70 Casos

TIPOS DE SUTURAS. Edevard J de Araujo -

ABDOMINOPLASTIA: ESTUDO RETROSPECTIVO

Onfaloplastia: estudo comparativo de técnicas

Neo-onfaloplastia com incisão em X em 401 abdominoplastias consecutivas

Abdominoplastia vertical para tratamento do excesso de pele abdominal após perdas ponderais maciças

Gravitational cervical lifting

Padronização cirúrgica das abdominoplastias em âncora pós-gastroplastia

Abdominoplastia Associada à Cirurgia Ginecológica Cavitária

SUTURAS DESCONTÍNUAS

RETALHOS ÂNTERO-LATERAL DA COXA E RETO ABDOMINAL EM GRANDES RECONSTRUÇÕES TRIDIMENSIONAIS EM CABEÇA E PESCOÇO

Suturas. Carlos Mesquita. Hospitais da Universidade de Coimbra

Minilipoabdominoplastia com desinserção umbilical: indicações e comparação de táticas cirúrgicas para reinserção de umbigo, estudo prospectivo

Emprego de um algoritmo na escolha de técnicas de abdominoplastia

Mini lipoabdominoplastia

Reverse cervical rhytidectomy

Departamento de Clínica Cirúrgica

ANEXO A: TÉCNICA CIRÚRGICA

Cirurgia plástica após grande perda ponderal

Parede abdominal Ântero-lateral. Anatomia Aplicada a Medicina IV Prof. Sérvulo Luiz Borges

Como obter melhor cicatrização nas incisões das cirurgias estéticas corporais

PLANILHA GERAL - CIRURGIA I - 1º 2014

especial verão 44 Plástica & Beleza

Carlos Del Piíío Roxo? Orido Pinheiro! Dilia Almeida"

Routine neoomphaloplasty during abdominoplasties

Marcação dos retalhos da neo-onfaloplastia com emprego de molde padronizado na abdominoplastia em âncora

A Regional Minas encerra as atividades do ano com formatura dos residentes e homenagens a cirurgiões plásticos mineiros

irurgia Revista Portuguesa de Órgão Oficial da Sociedade Portuguesa de Cirurgia II Série N. 12 Março 2010

Idade e indicações de osteotomias para avanço frontofacial em pacientes com craniossinostoses sindrômicas

Lifting do púbis após grande perda ponderal

Lipoabdominoplastia - Tecnica Saldanha

CIRURGIAS DO TRATO URINÁRIO

FERIMENTOS SIMPLES. Edevard J de Araujo

DISCIPLINA DE OTORRINOLARINOGOLOGIA UNESP- BOTUCATU

Estéfane Lorraine Martins Vasconcelos

PLANILHA GERAL - CIRURGIA I 6º Periodo 1º 2018

Realocação vertical da cicatriz umbilical em abdominoplastias do grupo IV de bozola e psillakis - padronização tática

Correção da deformidade da cartilagem alar com cartilagem conchal em pacientes fissurados unilaterais

RESUMO EXPANDIDO. Arquivos Catarinenses de Medicina. Retalho em Porta Giratória na Reconstrução do Pavilhão Auricular

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ Hospital Walter Cantídio Serviço de C.C.P

SISTEMÁTICA CIRÚRGICA EM PACIENTES EX-OBESOS

Protocolo Pós-Cirúrgico Corporal La Vertuan.

Reconstrução tardia da região abdominal inferior e vulvar como tratamento complementar para sequelas pós-correção de extrofia vesical

DRENAGEM LINFÁTICA NO PÓS-OPERATÓRIO EM ABDOMINOPLASTIA. Eliete Ferreira Batista 1 Dayana Priscila Maia Mejia 2

Dispositivo de Fechamentos de Ferida CURAZIP

LIPOASPIRAÇÃO 01) P: QUANTOS QUILOS VOU EMAGRECER COM A LIPOASPIRAÇÃO?

CIRURGIAS RESPIRATÓRIO CICATRIZAÇÃO RESPIRATORIO CRIPTORQUIDECTOMIA

BLEFAROPLASTIA SUPERIOR ASCENDENTE OU LIFTING PALPEBRAL SUPERIOR

PATOLOGIA E CLÍNICA CIRÚRGICA

RESUMO EXPANDIDO. Arquivos Catarinenses de Medicina. Reconstrução nasal complexa: Série de 10 casos. Complex Nasal Reconstruction: Series of 10 cases

PNEUMOPERITÔNEO PROGRESSIVO NO PRÉ-OPERATÓRIO DE HÉRNIAS INCISIONAIS VOLUMOSAS

PLANILHA GERAL - CIRURGIA I 6º Período 1º 2019

Tailored Solutions for Visceral Surgery by FEG Textiltechnik mbh CICAT. EndoTORCH. DynaMesh -CICAT. milo. Técnica Mini Less Open Sublay

DIVERTÍCULO DE ZENKER. R1 Jean Versari - HAC

INCISÕES CIRÚRGICAS LAPAROTOMIA

Normalmente, as seguintes perguntas são feitas pelos(as) pacientes ao seu cirurgião plástico, por ocasião da consulta inicial:

CIRURGIA PEDIÁTRICA HÉRNIAS

PLANILHA GERAL - CIRURGIA I 6º Período 2º 2018

Expansão do Couro Cabeludo

Cistostomia. Cistostomy. 1. Considerações Gerais. "O ideal custa uma vida, mas vale a eternidade"

Artigo Original. Reconstrução imediata de mama com uso de expansores permanentes. Immediate breast reconstruction using permanent expanders

Mastoplastia de aumento com inclusão de implante de silicone associado a mastopexia com abordagem inicial periareolar (safety pocket)

Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Clínica Cirúrgica

"Nova" abdominoplastia ensaiada no S. João é referência no mundo

Tratamento das hérnias incisionais nas abdominoplastias multifuncionais

Original Article. Onphaloplasty: comparative study of techniques. Onfaloplastia: estudo comparativo de técnicas

CELIOTOMIA 2/9/2016 CELIOTOMIA. CELIOTOMIA (laparotomia mediana) DEFINIÇÃO CLASSIFICAÇÃO:

UNIDADE ELETROCIRÚRGICA. Maria da Conceição Muniz Ribeiro

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE CLÍNICA E CIRURGIA VETERINÁRIAS. Disciplina:

Avaliação estética da cicatriz umbilical em duas técnicas de onfaloplastia

por LIPOENXERTIA GLÚTEA: O QUE NINGUÉM TE CONTA

tratamento, estabilização do peso, diagnóstico de obsidade mordida e alterações associadas)

EFEITOS ESTÉTICOS CAUSADO PELA LIPOASPIRAÇÃO E INTRADERMOTERAPIA CAPILAR

LASER DE BAIXA INTENSIDADE NA CICATRIZ DE ABDOMINOPLASTIA. Rivaneide Fernandes Silva Capella 1 Dayana Priscila Maia Mejia 2

Lifting da Face - Terço Médio

Departamento de Clínica Cirúrgica

Tratamento primário do nariz fissurado bilateral: uma nova abordagem técnica

CONSENTIMENTO INFORMADO PARA PIELOLITOTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA (CALCULOSE RENAL).

Afastador de AL HAGR ORL /2018-PT

Tailored Implants made of PVDF. by FEG Textiltechnik mbh. PRS Sacrocolpopexia MRI. visible. Próxima geração em PVDF

CIRURGIAS OFTÁLMICAS ENUCLEAÇÃO 10/8/2018 CIRURGIAS OFTÁLMICAS CIRURGIAS OFTÁLMICAS CIRURGIAS OFTÁLMICAS CIRURGIAS OFTÁLMICAS PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS

ANATOMIA APLICADA. Roteiro de Dissecação do Abdome. 1- Região Abdominal Ventral

José Assunção Centro Hospitalar de Setúbal E.P.E. Assistente Graduado de Nefrologia

RESUMO EXPANDIDO. Arquivos Catarinenses de Medicina. Cervicoplastia anterior direta: indicações e resultados em homens

Princípios básicos de Cirurgia

INSTRUÇÃO DE TRABALHO

FIOS CIRÚR Ú GI G C I OS

Introdução à Medicina I. Princípios básicos de Técnica Cirurgia

CONDUTA NO TRAUMA DE EXTREMIDADE DISTAL DOS DEDOS

Transcrição:

RTIGO ORIGINL bdominoplastias: neo-onfaloplastia Vendramin Franco sem T FS et cicatriz al. et al. e sem excisão de gordura bdominoplastias: neo-onfaloplastia sem cicatriz e sem excisão de gordura bdominoplasty: neoomphaloplasty without scar or fat excision Joseph lexander breu Ng 1 Trabalho realizado no Perfecta ay Hospital, iadema, SP, rasil. rtigo submetido pelo SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da RP. rtigo recebido: 7/4/2010 rtigo aceito: 11/8/2010 RESUMO Introdução: cicatriz do umbigo é a única do corpo aceita culturalmente, cuja dismorfia ou ausência chama a atenção negativamente. s distorções dessa cicatriz, que ainda ocorrem com frequência nas abdominoplastias, determinaram a elaboração de inúmeros procedimentos técnicos com a finalidade estética de imitar o seu aspecto natural. presentamos mais uma opção sobre neo-onfaloplastia no decurso das plásticas de abdome, mediante uma técnica de fácil execução, com efeito estético próximo ao umbigo natural e sem cicatrizes cutâneas. Método: No decurso da abdominoplastia, o umbigo e o seu pedículo são amputados e a derme da pele na área de projeção do neoumbigo é suturada diretamente no plano da fáscia muscular abaixo, após divulsão tecido adiposo local para produzir a necessária umbilicação sem cicatriz. Resultados: No período de nove anos, foram operados 316 pacientes com a utilização desta técnica, com constante aspecto natural e mínimos efeitos pouco estéticos. escritores: bdome/cirurgia. Umbigo/cirurgia. irurgia plástica. SUMMRY Introduction: Under the cultural aspect the umbilicus is the only scar accepted in the body, its dysmorphia or absence is noted negatively. istortions of this scar are still frequent in the abdominoplasties determined by several different aesthetic technical procedures to imitate its natural aspect. The scope of this presentation is another attempt to obtain a neoomphaloplasty based on an easy technical procedure, with a quite natural final aspect and without scars. Methods: uring the abdominoplasty, the umbilicus and its stalk are amputated and the dermis of the skin over the future projection is sutured directly to the fascia below, after the local fat excesses be divulsioned to produce the natural navel aspect without scar. Results: long the last nine years, 319 patients were operated by this technique, with a natural aspect and minimal unaesthetic effects. escriptors: bdomen/surgery. Umbilicus/surgery. Surgery, plastic. 1. irurgião Plástico; Membro titular da Sociedade rasileira de irurgia Plástica. Rev. ras. ir. Plást. 2010; 25(3): 499-503 499

Ng J INTROUÇÃO cicatriz umbilical está posicionada na linha média da parede abdominal anterior, cerca de 18 a 23 cm da comissura vulvar, com variação de 4 cm acima a 2 cm abaixo da linha horizontal que passa pelas duas espinhas ilíacas ânterosuperiores. Toma a forma circular ou discretamente alongada verticalmente, com diâmetro médio de 1 cm e profundidade variável, de acordo com a espessura do panículo adiposo. Sofre modificações nas suas características básicas, de acordo com as alterações da parede na região peri-umbilical e com a flacidez da pele. Não apresenta nenhuma função após o nascimento. s abdominoplastias em uso nas últimas décadas estão baseadas no reimplante do pedículo do umbigo na sua primitiva posição, após a ressecção dos excessos cutâneos. Esta manobra tem determinado uma cicatriz que circunda a ilha de pele deixada na sua extremidade na nova sutura, ao ser exteriorizado. onsiderando-se a exposição da parede abdominal anterior e a maior exposição do umbigo com o uso de trajes de banho exíguos, várias técnicas de umbilicoplastia passaram a ser elaboradas para minimizar a presença de cicatriz visível. Vários autores 1-7 registraram as primeiras tentativas nas décadas de 1960 a 1980, com cicatriz externamente pouco visível. Onfaloneoplastias com retalhos locais de formas diversas, associados ou não com enxertos de pele, foram também realizadas. Kirianoff 8 e Schoeller et al. 9 realizam a umbilicoplastia sem cicatriz, mediante a desepitelização da ilha de pele umbilical, fixando o coto na aponeurose. pós esta manobra, o tecido adiposo no local da posição do novo umbigo é ressecado e quatro pontos cardinais são aplicados, fixando a derme do retalho abdominal ao coto desepitelizado. Santanelli et al. 10, partindo da premissa que o umbigo é uma cicatriz gerada por segunda intenção, amputam o seu pedículo, incisam a pele 1 cm transversalmente, na linha de posicionamento do futuro neoumbigo, suturando as bordas diretamente na linha alba, deixando cicatrizar por segunda intenção. Marconi 11, Onishi et al. 12 e Franco & Franco 13 seguem a linha de onfaloneoplastia com mínimo de cicatriz. Em 2008, mud 14 publica um método de neo-onfaloplastia sem cicatriz. partir de 2001, elaboramos um procedimento para a neo-onfaloplastia, na tentativa de obter um resultado com aspecto semelhante ao do umbigo natural, de fácil execução e sem cicatrizes, com mínimo índice de complicações. MÉTOO No período de abril de 2001 a maio de 2009, foram realizadas 316 abdominoplastias com a utilização desta técnica de neo-onfaloplastia, em pacientes do sexo feminino, com idade entre 32 e 53 anos (Tabela 1). Tabela 1 Relação entre idade e o número total de pacientes e porcentagem. Faixa Etária Nº Pacientes Porcentagem 32-37 anos 51 16,6 38-42 anos 84 27,7 43-47 anos 112 36,1 48-52 anos 69 22,2 Os abdomes operados pertenceram ao grupo IV da classificação de ozola & Psillakis 15, 11% das pacientes apresentavam umbigo com desvio de 5 a 10 mm da linha média e 15%, hérnia umbilical. Técnica Operatória Paciente sob condições operatórias, a abdominoplastia foi realizada mediante incisão pubiana transversal baixa, seguida das etapas de dissecção cutânea até o xifóide e plicatura dos músculos retos. O pedículo do umbigo foi amputado parcialmente e o coto suturado no nível da fáscia dos músculos retos, mediante pontos em U, com o nó voltado para a parte subfacial (Figura 1). Hérnias, quando presentes, foram reduzidas neste tempo operatório. Em seguida, os excessos cutâneos foram ressecados e um ponto de reparo provisório fixou a linha média do retalho cutâneo abdominal ao púbis. Uma pinça longa com tinta na extremidade demarcou na pele a futura posição do neoumbigo (Figura 2). O retalho cutâneo liberado do seu ponto de reparo, mediante manobra digital, foi evertido e a pele pressionada no ponto de transmissão da posição do neoumbigo. inda sob compressão digital externa, foi realizada demarcação em cruz com tinta no celular subcutâneo, seguida da sua divulsão até atingir o derma, sem a sua ressecção, para a seguir serem dados os pontos que fixaram o derma na fáscia imediatamente abaixo (Figura 3). Foram aplicados 6 pontos isolados com fio mononylon 3-0, que uniram o derma na área de fixação do neoumbigo na fáscia imediatamente abaixo, segundo um hexágono com dois tipos de forma: Tipo 1 - pontos equidistantes (Figura 4) e Tipo 2 - com dois pontos na linha vertical mais distantes (Figura 5). seguir, os demais tempos operatórios seguiram a rotina da abdominoplastia até o seu término. RESULTOS avaliação do umbigo submetido a este tipo de procedimento tem confirmado resultados com elevado nível de qualidade estética, pelas suas características naturais, pela ausência de cicatrizes, pela fácil execução e pelo baixo índice de complicações. 500 Rev. ras. ir. Plást. 2010; 25(3): 499-503

bdominoplastias: neo-onfaloplastia sem cicatriz e sem excisão de gordura Figura 1 - : mputação da ilha de pele do pedículo umbilical após plicatura da fáscia dos músculos retos., e : Fixação do pedículo umbilical com fio inabsorvível na linha média com pontos em U. Figura 3 -,, e : etalhes da demarcação em cruz no celular subcutâneo, seguida da divulsão sem ressecção do tecido adiposo até a exposição do derma, e pontos para ancorar o derma à fáscia muscular, mediante pontos isolados com mononylon 3-0. Figura 2 - emarcação cutânea na posição correta do neoumbigo e do tecido adiposo imediatamente abaixo utilizando tinta azul nas extremidades de uma pinça longa. Figura 4 -,, e : plicação de 6 pontos de fixação segundo a forma de hexágono. Quando equidistantes (tipo 1), a fixação determina a forma circular do umbigo. Rev. ras. ir. Plást. 2010; 25(3): 499-503 501

Ng J Tabela 2 omplicações. Tipo Nº Pacientes Porcentagem eiscência da sutura 1 0,31 Epiteliose 31 9,53 planamento 5 1,58 Hiperpigmentação 5 1,58 Hipertrofia cicatricial 1 0,31 Figura 5 -,, e : Quando os pontos no eixo longitudinal estão mais afastados alguns milímetros (tipo 2) em comparação ao tipo 1, o umbigo torna-se mais alongado. Figura 6 - e : Paciente de 40 anos de idade, () vista anterior do pré e do pós-operatório () de 24 horas de abdominoplastia tipo pubiana transversal baixa, com neoumbigo (tipo 1) de formato circular, sem curativo e sem os problemas inerentes às suturas cutâneas. Figura 7 - e : Paciente de 44 anos de idade, aspecto pré e pósoperatório de 13 meses de neoumbigo tipo 1, com formato circular. entre as 316 pacientes operadas, 37 apresentaram evolução desfavorável, porém somente 7 necessitaram de reintervenção cirúrgica (Tabela 2). Em um dos casos, a paciente apresentou crises de tosse no pós-operatório imediato, desfazendo a fixação do umbigo, além de dois pontos da plicatura da fáscia dos músculos retos. Foi feita a reintervenção, que consistiu na abertura da incisão abdominal e reaplicação dos pontos de plicatura e refixação do neoumbigo. Este procedimento foi realizado um dia após a cirurgia, teve a duração de 40 minutos, e foi executado sob sedação e anestesia local. Não houve consequências. Em cinco outros casos, houve aplanamento do umbigo; quatro deles tratados com sutura em bolsa no rodete umbilical, e no outro, fizemos nova neo-onfaloplastia. epiteliose peri-umbilical esteve presente em 31 dos casos, manifestando-se por feridas lineares de 1 a 2,5 cm. Estas pacientes foram tratadas apenas com curativo, sendo que, em um caso, a epiteliose evoluiu para hipertrofia cicatricial, e cinco, para hiperpigmentação. tribuímos a presença de epitelióse ao aumento de tensão dos pontos de fixação do retalho na fáscia abdominal e à exposição muito grande da derme. omo prevenção a essa complicação, devemos realizar a incisão em cruz no subcutâneo, o suficiente para distribuir bem a tensão, para que esta não fique concentrada apenas na região umbilical, além de não realizar uma divulsão muito ampla do subcutâneo. ISUSSÃO É significativa a constante qualidade dos resultados desta técnica comparada às demais observadas, em que uma ilha de pele na extremidade do umbigo é suturada na pele. diversificação dos efeitos pouco estéticos, como presença de cicatriz nitidamente visível, dimensões variadas da ilha de pele e falta de umbilicação, mostram as dificuldades de manipulação no uso dessas técnicas, que vão desde as estenoses até amplas moedas cicatriciais na superfície da pele. Outro detalhe na técnica proposta é o conforto e a não necessidade de retirada de pontos, tampouco eventuais riscos de deiscências de sutura, inflamações, secreções ou mesmo 502 Rev. ras. ir. Plást. 2010; 25(3): 499-503

bdominoplastias: neo-onfaloplastia sem cicatriz e sem excisão de gordura Figura 8 - e : Paciente de 39 anos de idade, foto aproximada do pré e pós-operatório de 7 dias tipo 2, com aspecto íntegro da pele e formato discretamente alongado no eixo vertical do umbigo. Figura 9 - e : Paciente de 35 anos de idade, foto aproximada de pré e 30º dia de pós-operatório de neoumbilicoplastia tipo 2, com o eixo vertical mais alongado. infecções, com ou sem necrose do pedículo, que podem ou não determinar alterações secundárias na qualidade estética do umbigo. Na análise técnica, a ressecção da ilha de pele na extremidade livre do umbigo é necessária para evitar o aparecimento de cistos e granulomas. seguir, a sutura do seu pedículo juntamente com a aponeurose dos músculos retos na linha alba constitui uma manobra de rotina. divulsão do tecido celular subcutâneo, sem a sua ressecção, após a sua incisão em cruz, permite melhor umbilicação e adesão cicatricial. aplicação dos 6 pontos isolados segundo um hexágono tem dois aspectos: o tipo 1 determina a umbilicação circular quando os pontos são aplicados com precisão nos ângulos do hexágono de lados equidistantes (Figuras 6 e 7); o tipo 2, quando os dois pontos no eixo vertical estão mais afastados, neste último caso, o formato do umbigo fica mais alongado verticalmente (Figuras 8 e 9). Esta dualidade está vinculada ao biótipo das pacientes, sendo aplicado o tipo 1 nas brevilíneas e o tipo 2 nas longilíneas. omparando a lipectomia abaixo da posição do umbigo utilizada por aroudi 16, Ribeiro 17, Massiha et al. 18, López- Tallaj & Gervain 19, acreditamos obter um melhor aspecto estético e melhor umbilicação, preservando a gordura divulsionada. ONLUSÕES neo-onfaloplastia com preservação da continuidade da pele, de fácil execução técnica, sem cicatriz e com umbilicação natural, tem justificado o seu uso rotineiro nos nossos casos operados de abdominoplastia nos últimos nove anos. REFERÊNIS 1. ndrews JM. Nova técnica de lipectomia e onfaloplastia. nais III ongresso Latino-mericano de irurgia Plástica;1956. p.148. 2. velar JM. Umbilical scar: importance and technique for abdominoplasty. Rev ras ir. 1979;2:41. 3. velar JM. bdominoplasty: systematization of a technique without external umbilical scar. esthetic Plast J. 1978;2:141-51. 4. astañares S, Goethel J. bdominal lipectomy: a modification in technique. Plast Reconstr Surg. 1967;40(4):378-83. 5. hicralla. Onfaloplastia pura e nas abdominoplastias. Rev Méd Guanabara. 1972;39:44. 6. ubou R, Ousterhout K. Placement of the umbilicus in an abdominoplasty. Plast Reconstr Surg. 1978;61(2):291-3. 7. Sinder R. Variações técnicas das abdominoplastias. Generalidades sobre cirurgia plástica do abdome. nais do Simpósio rasileiro de bdominoplastias. Rio de Janeiro;1982. p.33. 8. Kirianoff TG. Making a new umbilicus when none exists. Plast Reconstr Surg. 1978;61(4):603-4. 9. Schoeller T, Wechselberger G, Otto, Rainer, Schwabegger, Lille S, et al. New technique for scarless umbilicul reinsertion in abdominoplasty procedures. Plast Reconstr Surg. 1998;102(5):1720-3. 10. Santanelli F, Mazzocchi M, Renzi, igna E. Reconstruction of a natural-looking umbilicus. Scand J Plast Reconstr Surg Hand Surg. 2002;36(3):183-5. 11. Marconi F. Reconstruction of the umbilicus: a simple technique. Plast Reconstr Surg. 1995;95(6):1115-7. 12. Onishi K, Yang YL, Maruyama Y. new lunch box-type method in umbilical reconstruction. nn Plast Surg. 1995;35(6):654-6. 13. Franco T, Franco. Neoomphaloplasty: an old and new technique. esthetic Plast Surg. 1999;23(2):151-4. 14. mud RJM. Neo-onfaloplastia sem cicatriz. Rev ras ir Plast. 2008;23(1):37-40. 15. ozola R, Psillakis JM. bdominoplasty: a new concept and classification for treatment. Plast Reconstr Surg. 1988;82(6):983-93. 16. aroudi R. Umbilicaplasty. lin Plast Surg. 1975;2(3):431-48. 17. Ribeiro L. Tratamento especifico de gordura nas abdominoplastias. nais do Simpósio rasileiro de bdominoplastias. Rio de Janeiro;1982. p.41-3. 18. Massiha H, Montegut W, Phillips R. method of reconstructing a naturallooking umbilicus in abdominoplasty. nn Plast Surg. 1997;38(3):228-31. 19. López-Tallaj L, Gervain J. Restauração umbilical na abdominoplastia: uma simples técnica retangular. Rev Soc ras ir Plast. 2001;16(3):39-46. orrespondência para: Joseph lexander breu Ng Rua São Joaquim, 57 iadema, SP, rasil EP 09911-020 E-mail: alex.ng@ig.com.br Rev. ras. ir. Plást. 2010; 25(3): 499-503 503