IMPORTÂNCIA DO GATO NO CICLO DA LEISHMANIOSE THE ROLE OF CATS IN CYCLE OF LEISHMANIASIS

Documentos relacionados
Leishmanioses. Zoonoses e Administração em Saúde Pública Universidade Federal de Pelotas. Prof. Fábio Raphael Pascoti Bruhn

Agente etiológico. Leishmania brasiliensis

AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DE LEISHMANIOSE VISCERAL EM GATOS DOMÉSTICOS (Felis catus domesticus).

RELATO DE UM CASO CLÍNICO DE LEISHMANIOSE EM UM FELINO NA CIDADE DE SOUSA, PARAÍBA - BRASIL

Portaria de Instauração de Procedimento Administrativo

Gênero Leishmania. século XIX a febre negra ou Kala-azar era temida na Índia. doença semelhante matava crianças no Mediterrâneo

NOVO CONCEITO. Nova proposta para a prevenção da Leishmaniose Visceral Canina UMA DUPLA PROTEÇÃO PARA OS CÃES. CONTRA O VETOR E O PATÓGENO!

SITUAÇÃO ATUAL DA LEISHMANIOSE VISCERAL NO ESTADO DO CEARÁ

Relações Parasitas e Hospedeiros. Aula 06 Profº Ricardo Dalla Zanna

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Leishmaniose visceral canina no município de São Vicente Férrer, Estado de Pernambuco, Brasil

Universidade de São Paulo -USP. Leishmanioses. Luciana Benevides. Ribeirão Preto- 2013

INFECÇÃO SIMULTÂNEA POR Leishmania chagasi E Ehrlichia canis EM CÃES NATURALMENTE INFECTADOS EM SÃO LUÍS, MARANHÃO, BRASIL

Leishmanioses. Silvia Reni B. Uliana ICB - USP

do Vale do Araguaia UNIVAR - LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA HUMANA NO MUNICÍPIO DE GENERAL CARNEIRO MATO GROSSO

SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA LEISHMANIOSE VISCERAL NA PARAÍBA: UMA QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA

Nélio Batista de Morais Presidente da Comissão Nacional de Saúde Publica Veterinária

TÍTULO: OCORRÊNCIA DE LEISHMANIA SP DETECTADA POR PCR EM LABORATÓRIO DE PATOLOGIA CLÍNICA PARTICULAR DE SP

11 a 14 de dezembro de 2012 Campus de Palmas

Ocorrência de leishmaniose em gatos de área endêmica para leishmaniose visceral

BIOLOGIA. Qualidade de Vida das Populações Humanas. Principais doenças endêmicas no Brasil. Prof. ª Daniele Duó.

DISTRIBUIÇÃO DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA NA CIDADE DE PRESIDENTE PRUDENTE, ESTADO DE SÃO PAULO.

Doutoranda em Biodiversidade e Biotecnologia da Universidade Federal do Maranhão (BIONORTE-UFMA) 4 Professor do Departamento de Patologia UEMA.

Audiência Pública 17/08/2015. Projeto de Lei 1.738/2011

LEISHMANIOSE HUMANA E CANINA

COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DOS MÉTODOS DE IMUNOFLUORESCÊNCIA INDIRETA E ELISA INDIRETO NO DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO DA LEISHMANIOSE FELINA

ASSOCIAÇÃO DA CARGA PARASITÁRIA NO EXAME CITOLÓGICO DE PUNÇÃO BIÓPSIA ASPIRATIVA DE LINFONODO COM O PERFIL CLÍNICO DE CÃES COM LEISHMANIOSE VISCERAL.

LEISHMANIOSE EM GATOS (Felis catus) NO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS, MARANHÃO. LEISHMANIASIS IN CATS (Felis catus) IN THE CITY OF SÃO LUIS, MARANHÃO.

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

Leishmaniose visceral: Complexidade na relação Homemanimal-vetor-ambiente

INFORME TÉCNICO PARA MÉDICOS VETERINÁRIOS LEISHMANIOSE VISCERAL AMERICANA

Aprimorando em Medicina Veterinária, Fundação Educacional de Ituverava Faculdade Dr. Francisco Maeda (FAFRAM),

MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA

Estudo retrospectivo da epidemiologia da leishmaniose visceral no Rio Grande do Sul: revisão de literatura

LEISHMANIOSE VISCERAL EM CÃES: RELATO DE CASO

Palavras- chave: Leishmaniose; qpcr; cães. Keywords: Leishmaniases; qpcr; dogs.

Palavras-chaves: Doença cutânea, mosquito-palha, doenças tropicais, Leishmania.

Toxoplasma gondii em Tamanduá Bandeira (Myrmecophaga tridactyla, Linnaeus 1758) da região Noroeste do Estado de São Paulo

Semi-Árido (UFERSA). 2 Farmacêutico bioquímico, Mestre em Ciência Animal. UFERSA 3

Vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana no estado do Rio de Janeiro 01/01/2007 a 07/11/2017

PERFIL DA POPULAÇÃO CANINA DOMICILIADA DO LOTEAMENTO JARDIM UNIVERSITÁRIO, MUNICÍPIO DE SÃO CRISTÓVÃO, SERGIPE, BRASIL

AVALIAÇÃO DA FREQUÊNCIA DE CASOS DE LESISHMANIOSE VISCERAL CANINA NA REGIÃO DE BEBEDOURO

LEISHMANIOSE VISCERAL REVISÃO DE LITERATURA VISCERAL LEISHMANIASIS REVIEW

RESPONSABILIDADE NA CONDUTA TERAPÊUTICA EM CASOS DE LVC. Dra Liliane Carneiro Diretora do CENP/IEC/MS CRMV/PA Nº 1715

PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA MEDICINA VETERINÁRIA

LEISHMANIOSE VISCERAL EM ANIMAIS E HUMANOS

Ciclo. A Leishmaniose. Leevre. A Leishmaniose canina é causada, no Brasil, pela Leishmania infantum chagasi (L. chagasi), um protozoário intracelular

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA NO MUNICÍPIO DE SELVÍRIA/MS DE 2011 A 2015

RELAÇÃO ENTRE A LEISHMANIOSE CANINA E HUMANA NO ESTADO DO CEARÁ.

ESTUDO DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA LEISHMANIOSE VISCERAL NA REGIÃO NORDESTE

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA - UNIR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA EXPERIMENTAL - PGBIOEXP. [Autor] [Título]

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL EM CÃES COM LEISHMANIOSE VISCERAL Cristiane Rodrigues Alves Araújo 1 ; Marlos Gonçalves Sousa 2

Lamentável caso de Mormo, em Minas Gerais

ANÁLISE ESPACIAL DE LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA (LVC) EM URUGUAIANA, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL ( ).

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Instituto de Veterinária Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL

LEISHMANIOSE CANINA Prof. Rafael Fighera

Toxoplasmose. Zoonoses e Administração em Saúde Pública. Prof. Fábio Raphael Pascoti Bruhn

LEISHMANIOSE CANINA (continuação...)

Resumo. Introdução. Raquel Martins LUCIANO 1 Simone Baldini LUCHEIS 1 Marcella Zampoli TRONCARELLI 1 Daniela Martins LUCIANO 1 Hélio LANGONI 1

Lucas B. S. De Oliveira¹; Pâmela K. F. De Souza¹; Sayd K. Silva¹; Vitor M. Ribeiro¹

Módulo: Nível Superior Dezembro/2014 GVDATA

Vestibular1 A melhor ajuda ao vestibulando na Internet Acesse Agora! Leishmaniose

Análise dos casos de leishmaniose humana e sua relação com a eutanásia de animais recolhidos pelo centro de controle de zoonoses de Mossoró- RN.

LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DA LEISHMANIOSE VISCERAL EM CÃES VADIOS DA CIDADE DE FORTALEZA,CEARÁ

Universidade Federal de Pelotas Departamento de Veterinária Preventiva Toxoplasmose Zoonoses e Administração em Saúde Pública

Leishmaniose. Família: Trypanosomatidae (da mesma família que o Trypanosoma cruzi, causador de Chagas).

DOMÉSTICOS FREQUENTADORES DE CLÍNICAS E HOSPITAIS VETERINÁRIOS DA CIDADE DE CASCAVEL, PARANÁ, BRASIL

Nota Técnica nº 13 LEISHIMANIOSE VICERAL

Leishmaniose, controle e educação em saúde

Palavras-chave: Trypanosoma, Leishmania, citologia, cão, Barão de Melgaço.

DÚVIDAS FREQUENTES: LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA

Programa de educação para prevenção e controle de artrópodes transmissores de doenças no município de Viçosa, Alagoas RESUMO Palavras-chave ABSTRACT

Eficiência da PCR convencional na detecção de Leishmania spp em sangue, pele e tecidos linfoides

Detecção de Leishmania infantum em esfregaço de sangue periférico e linfonodo de um felino doméstico

FORMULÁRIO DE APRESENTAÇÃO DE DISCIPLINA. Nome da Disciplina: BIOSSEGURANÇA E BIOCONTENÇÃO EM LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA

ENFERMAGEM DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS. OUTRAS DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS Aula 3. Profª. Tatiane da Silva Campos

ASPECTOS GERAIS DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA E SITUAÇÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA DOS ESTUDANTES DE MEDICINA VETERINÁRIA DA FACULDADES UNIDAS DO VALE DO ARAGUAIA (UNIVAR)

LEISHMANIOSES 31/08/2015. Leishmanioses: etiologia. Leishmanioses: distribuição mundial

Palavras-chave: canino, tripanossomíase, Doença de Chagas Key-words: canine, trypanosomiasis, chagas disease

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA. NECESSIDADE DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA PARA Leishmania

REDUÇÃO DO RISCO DE DOENÇAS TRANSMITIDAS POR VETORES (CVBD*), EM CÃES JOVENS COM SISTEMA IMUNOLÓGICO EM DESENVOLVIMENTO

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

DEMODICOSE CANINA: REVISÃO DE LITERATURA

PROJETO TURMINHA DA SAÚDE. Ronaldo Kroeff Daghlawi. São Luís-MA

Leishmaniose Tegumentar Americana no Estado de São Paulo: Situação Epidemiológica

26 a 29 de novembro de 2013 Campus de Palmas

AVALIAÇÃO EPIDEMIOLOGICA DA LEISHMANIOSE VISCERAL NA CIDADE DE IMPERATRIZ, MARANHÃO. Natã Silva dos Santos 1 Graduando em Enfermagem

LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA NA MESORREGIÃO DO SERTÃO PARAIBANO

Perfil Epidemiológico da Leishmaniose Visceral no Estado de Roraima Visceral Leishmaniasis Epidemiologic Profile in Roraima State

Avaliação do conhecimento sobre a toxoplasmose em mulheres na região metropolitana de Goiânia, Goiás

AVALIAÇÃO ECODOPPLERCARDIOGRÁFICA EM CÃES COM LEISHMANIOSE VISCERAL Vinícius Bentivóglio Costa Silva 1 ; Marlos Gonçalves Sousa 2

Resumo. Introdução. Palavras Chave: Saúde Animal, Saúde Pública Veterinária, Raiva. Keywords: Animal Health, Veterinary Public Health, Rabies.

A IMPORTÂNCIA DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA PARA A SAÚDE PÚBLICA: UMA ZOONOSE REEMERGENTE

RESSALVA. Atendendo solicitação do autor, o texto completo desta tese será disponibilizado somente a partir de 04/04/2016.

ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS EM CÃES POSITIVOS PARA LEISHMANIA spp. NA MICRORREGIÃO DE ARAGUAÍNA-TO.

Unir forças para não expandir

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE LEISHMANIOSE EM HUMANOS E CÃES NO MUNICÍPIO DE MINEIROS GOIÁS

Transcrição:

IMPORTÂNCIA DO GATO NO CICLO DA LEISHMANIOSE THE ROLE OF CATS IN CYCLE OF LEISHMANIASIS PIRAJÁ, Gabriela Villa Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Publica da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia UNESP Campus Botucatu LUCHEIS, Simone Baldini Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Publica da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia UNESP Campus Botucatu

RESUMO A leishmaniose é uma doença infecto-contagiosa que é transmitida por um protozoário, e pode ser classificada como uma zoonose pelo fato de ser transmitida do animal para o homem e vice-versa. O mosquito que transmite é o um mosquito do gênero da lutzomia spp. Pode ser encontrado em lugares domiciliares, florestas úmidas com bastante vegetação, e locais que possuem lixos, são os lugares ideais para a criação dos mosquitos. Devido a susceptibilidade do homem e de alguns animais domésticos, em particularmente o cão e o gato se tornam de grande importância no ciclo doméstico. Esta enfermidade em saúde pública, atualmente, vem apresentando crescente disseminação nas diferentes regiões do Brasil em especial no estado de São Paulo. Para conter esta expansão é necessário um trabalho responsável e contínuo, baseado em inquéritos epidemiológicos frequentes da população canina de áreas endêmicas e na possibilidade de outras espécies estarem envolvidas no ciclo biológico da doença. Apesar do gato exercer o papel relevante no ciclo epidemiológico das leishmanioses conforme relatados em vários trabalho, estudos com flebotomíneos associado aos casos de leishmaniose felina tem sido escassos. Este trabalho teve como objetivo estudar o papel do gato no ciclo das leishmanioses. Palavra-chave: ciclo, gato, papel, leishmaniose. ABSTRACT Leishmaniasis is an infectious disease that is transmitted by a parasite, and can be classified as a zoonosis because it is transmitted from animals to humans and vice versa. The mosquito that transmits is a mosquito of the genus lutzomites spp. Can be found in places home, rainforests with lots of vegetation, and sites that have litters, are ideal places for the creation of mosquitoes. Given the susceptibility of humans and some domestic animals, particularly dogs and cats become of great importance in the domestic cycle. This disorder in public health today, is showing increasing spread in different regions of Brazil especially in the state of Sao Paulo. To contain this expansion is necessary to work responsibly and continuous, based on epidemiological investigations of common canine population of endemic areas and the possibility of other species are involved in the biological cycle of the disease. Despite the cat to exercise an important role in the epidemiological cycle of leishmaniasis as related work in various studies with sandflies associated with cases of

feline leishmaniasis have been scarce. This work aimed to study the role of Cat in the cycle of leishmaniasis. Keyword: cycle, cat, paper, leishmaniasis. INTRODUÇÃO A leishmaniose é uma doença infecto-contagiosa causada por protozoário e pode ser classificada como uma zoonose pelo fato de ser transmitido do animal para o homem e vice-versa O mosquito que transmite o micróbio é um flebótomo do gênero Lutzomia spp. O mosquito também é conhecido como mosquito-palha, birigüi, cangalhinha, bererê, tatuquira, asa branca e asa dura. Pode ser encontrado em lugares úmidos, escuros, onde tem muitas plantas, às vezes perto das casas, florestas úmidas, com bastante vegetação, locais com muita umidade e lixo são lugares ideais para a criação do mosquito. A doença era, até recentemente, considerada como rural, típica de ambientes silvestres, mas hoje pode ser também contraída em zonas suburbanas e urbanas. Atualmente surtos e epidemias de leishmaniose visceral têm sido observados em grandes centros urbanos do Brasil (SILVA et al., 2001) Devido grande susceptibilidade do homem de alguns animais domésticos particularmente o cão e o gato, a certas doenças tornou-se de grande importância o estabelecimento de um ciclo doméstico de infecções como a leishmaniose. A doença já foi identificada em cães (Canis familiares), gato (Felis domesticus ), canídeos silvestres (Cerdocyuon thous, Lycalopex), Marsupiais ( Didelphis albiventris),(didelphis marsupialis), e diferentes espécies de roedores silvestres e domésticos. Apesar da ocorrência de infecções esporádicas, os felinos não são considerados, até o momento, um reservatório importante da doença e existem discordâncias na literatura com relação à susceptibilidade dos felídeos domésticos à infecção por Leishmania spp. Acredita-se que gatos infectados possuam certo grau de resistência natural à enfermidade provavelmente relacionada a fatores genéticos. Leishmaniose continua a ser um grave problema de saúde, devido à ineficiência das medidas de controle disponíveis. (KHAMESIPOUR et al., 2006). A utilização de vacinas vivas tem tido muitos problemas, incluindo o desenvolvimento de grandes lesões de pele não-controlada, exacerbação da psoríase e outras doenças de pele, e até mesmo imunossupressão (SEREBRYAKOV et al, 1972;. Modabber, 1975).

A importância da leishmaniose como zoonose associada a sua crescente disseminação exige que os veterinários e demais profissionais da área da saúde se mantenham atentos a cerca de sua ocorrência. Para conter esta expansão é necessário um trabalho responsável e contínuo, baseado em inquéritos epidemiológicos frequentes da população canina de áreas endêmicas e na possibilidade de outras espécies estarem envolvidas no ciclo biológico da doença. OBJETIVO A literatura e escassa no que diz respeito a qual o papel biológico do gato em áreas onde existem a presença do mosquito flebótomo. Desta forma o presente estudo teve como objetivo, visualizar a possibilidade de infecções em gatos e mosquitos, e seus sinais clínicos respectivos. CONTEÚDO Devido a susceptibilidade do homem e de alguns animais domésticos, em particularmente o cão e o gato se tornam de grande importância no ciclo doméstico. (COUTINHO, et al 1985). De acordo com a organização Mundial da Saúde,a LVA, é uma das 7 endemias mundial afetando de um a dois milhões de pessoas que estejam expostas ao risco da infecção no mundo, ela ocorre em 47 países e tem como agente etiológico 3 espécies, Leishmania donovani, na Índia e norte da África, Leishmania infantum na China, Ásia central, Europa e África, Leishmania chagasi, na Ámérica do sul e Central (CAMARGO et al,2007). A infecção natural de um gato doméstico por Leishmania spp, teve sua primeira descrição em 1912, na Argélia, em um animal de quatro meses de idade, que convivia com um cão e uma criança, portadores de leishmaniose visceral. O diagnóstico baseou-se no achado de formas amastigotas do parasito em medula óssea, sem a identificação da espécie causadora de enfermidade 1. Da descrição do primeiro caso clínico até os dias de hoje, a literatura mundial tem registros de 45 casos positivos pelo exame parasitológico para Leishmania sp. em diversos países como nos Estados Unidos, França, Espanha, Itália, Portugal, Suíça e Brasil. Destes casos, 24 (53,3%) ocorreram no Novo Mundo e 21 (46,6%) no Velho Mundo(COSTA et al, 2006). Segundo PASSOS et al. (1996), é possível que infecções em gatos sejam relativamente comuns em algumas áreas endêmicas. No Brasil o primeiro diagnóstico de

leishmaniose visceral na espécie ocorreu no ano de 2001, no município de Cotia, estado de São Paulo (SAVANI et al., 2004). No município de Araçatuba foram identificados outros três gatos parasitologicamente positivos, encaminhados pelo Centro de Controle de Zoonoses da cidade ao Curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP, campus de Araçatuba, sendo um no ano de 2003 (MIRACELLY, 2004). No sul da Europa, um gato naturalmente infectado com Leishmania infantum ter sido fonte de infecção para um vetor flebotomíneo, comprovado por xenodiagnóstico (MAROLI et al.,2007). De uma maneira geral, o quadro clínico na leishmaniose felina é inespecífico e se assemelha ao quadro clínico observado na espécie canina, dificultando o diagnóstico (SHAW et al., 2001; SIMÕES ). Eventualmente a doença pode assumir uma forma aguda típica e o animal evolui para o óbito em poucas semanas (OZON et al., 1998). As alterações hematológicas e bioquímicas encontradas em gatos doentes também são similares às descritas para a espécie canina (COSTA-DURÃO et al., 1994; LAURELLE-MAGALON; OZON et al., 1998; PENNISI, 1999; HERVÁS et al., 2001). Os sinais clínicos apresentados nos gatos são: depressão, anorexia, emaciação, estomatite, gengivite, êmese, diarreia, desidratação, hipertermia, linfoadenomegalia local ou generalizada,( DENUZIERE, 1977; HERVÁS et al., 1999; PENNISI, 1999; LEIVA et al., 2005),Lesões cutâneas, dermatites seborreicas, alopecia difusa, uveíte e atrofia muscular temporal (SAVANI et al., 2004). Os principais métodos sorológicos utilizados em inquéritos têm sido as técnicas de ELISA e RIFI (PENNISI, 1999; MANCIANTI, 2004; SIMÕES-MATTOS et al., 2004). No Brasil a Portaria Interministerial nº. 1.426, de 11 de julho de 2008, do Ministério da Saúde (MS) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), proíbe o tratamento de cães com a utilização de drogas da terapêutica humana ou não registrados no MAPA. Protocolos de pesquisa de novas drogas para o tratamento canino deverão ser registrados no MAPA e após avaliação no MS dos aspectos de saúde pública poderão liberados. CONCLUSÃO Os escassos relatos, no que concerne aos aspectos clínico-patológicos e epidemiológicos da leishmaniose em felinos, restringem o entendimento sobre estes

animais como hospedeiro res de Leishmania spp. Não existem trabalhos que evidenciem o real envolvimento desses animais no ciclo biológico do parasito, fazendo com que muitos pesquisadores considerem o gato como um hospedeiro acidental das leishmanias. REFERÊNCIAS COSTA-DURÃO, J. F.; REBELO, E.; PELETEIRO, M. C.; CORRÊA, J. J.; SIMÕES, G. Primeiro caso de leishmaniose em gato doméstico (Felis catus domesticus) detectado em Portugal (Concelho de Sesimbra): nota prelimenar. Revista Portuguesa de Ciência Veterinárias, v.89, N.511, p. 140-144, 1994 DENUZIERE, C. Un chat leishmanien. La Semaine Vétérinaire, v. 32, p. 1-2, 1977. HERVÁS J.; CHACON-MANRIQUE DE LARA, F.; LOPEZ, J.; GOMEZ- VILLAMANDOS, J. C.; GUERRERO, M. J.; MORENO, A. Granulomatous (pseudotumoral) iridociclitis associated with leishmaniasis in a cat. Veterinary Record, v. 149, n.20, p. 624-625, 2001 KHAMESIPOUR A, RAFATI S, DAVOUDI N, MABOUDI F, MODABBER F. Leishmaniasis vaccine candidates for development: a global overview. Indian J Med Res. 2006;123:423-38. LAURELLE-MAGALON, C.; TOGA, I. Un cas de leishmaniose feline. Pratique Médicale Chirurgicale de l Animal de Compagnie, v.31, p.255-261, 1996. LEIVA, M.; LLORET, A.; PEÑA, T.; ROURA, X. Therapy of ocular and visceral leishmaniais in a cat. Veterinary Ophthalmology, v.8, n.1, p.71-75, 2005 MANCIANTI, F. Feline leishmaniasis: what s the epidemiological role of the cat? Parassitologia, v.46, n.1-2, p.203-206, 2004. MIRACELLY, K. Cidade tem primeiro caso de leishmaniose em gato. Folha da Região, Araçatuba, 18 jul. 2004. Disponível em: <http://www.folhadaregiao.com.br/noticia.php?44494>. Acesso em: 21 fev. 2005.

MODABBER F. Vaccines against leishmaniasis. Ann Trop Med Parasitol. 1995;89(suppl 1):83-8. OZON, C.; MARTY, P.; PRATLONG, F.; BRETON, C.; BLEIN, M.; LELIEVRE, A.; HASS, P. Disseminated feline leishmaniasis due to Leishmania infantum in Southern France. Veterinary Parasitology, v.75, n.2-3, p.273-277, 1998. PASSOS, V. M. A.; LASMAR, E. B.; GONTIJO, C. M. F.; FERNANDES, O.; DEGRAVE, W. Natural infection of a domestic cat (Felis Domesticus) with Leishmania (Viannia) in the metropolitan region of Belo Horizonte, State of Minas Gerais, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 91, n. 1, p.19-20, 1996. PENNISI, M.G. Case report of Leishmania spp.. Infection in two cats from Aeolian archipelago (Italy). In: WORD SMALL ANIMAL VETERINARY ASSOCIATION CONGRESS, 24., 1999, LYON. Proceedings Lyon: WSAVA, 1999 SAVANI, E. S. M. M.; OLIVEIRA CAMARGO, M. C. G.; CARVALHO, M. R.; ZAMPIERI, R. A.; SANTOS, M. G.; D AURIA, S. R. M.; SHAW, J. J.; FLOETER- WINTER, L. M. The first Record in the Americas of an autochthonous case of Leishmania (Leishmania) infantum chagasi in a domestic cat (Felis catus) from Cotia County, São Paulo State, Brazil. Veterinary Parasitology, v. 120, n. 3, p. 229-233, 2004. SHAW, S. E.; BIRTLES, R. J.; DAY, M. J. Arthropod-transmitted infectious diseases of cats. Journal of Feline and Surgery, v.3, n.4, p.193-209, 2001 SILVA, E. S.; GONTIJO, C. M.; PACHECO, R. S.; FIUZA, V.O.; BRAZIL, R. S. Visceral leishmaniasis in the metropolitan region of Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.96, n.3, p.285-291, 2001. SIMÕES-MATTOS, L.; BEVILAQUA, C. M. L.; MATTOS, M. R. F.; POMPEUI, M. M. L. Feline leishmaniasis uncommon or unknown? Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias, v. 99, n.550, p.78-87, 2004

SEREBRIAKOV VA, KARAKHODZBAEVA SKH, DZHUMAEV MD. Effect of leishmanial vaccinations on the dynamics of immunity to diphteria in conditions of secondary revaccination with adsorbed pertussis-diphteria-tetanus vaccine. Med Parazitol. (Mosk.). 1972;41:303-9.