PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO COORDENAÇÃO DE ADMISSÃO DISCENTE Processo Seletivo 2015/2 - Social INSTRUÇÕES



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Transcrição:

O início da prova está previsto para as 13h e o seu encerramento para as 16h30. Você somente poderá sair duas horas após o início da prova. Não se comunique, em hipótese alguma, com outros candidatos. Não é permitido consulta a apontamentos, livros ou dicionários. Solicite a presença do fiscal apenas em caso de extrema necessidade. A Prova 1 é objetiva, com 20 questões de múltipla escolha, com quatro alternativas cada. Dessas quatro, apenas uma é correta. A Prova 2 Redação em Língua Portuguesa é discursiva, portanto deverá ser manuscrita, com letra legível, sendo obrigatória a utilização de caneta esferográfica de tinta azul ou preta. Ao utilizar o Cartão-Resposta, primeiro confira o número de sua inscrição e o seu nome. Depois, assine no retângulo adequado (não faça outras anotações ou marcas). PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO COORDENAÇÃO DE ADMISSÃO DISCENTE Processo Seletivo 2015/2 - Social Edital 26/2015 - PROGRAD - 16/05/2015 PROVA 1 Linguagens e Códigos Ciências Sociais Ciências da Natureza Matemática Língua Estrangeira PROVA 2 Redação em Língua Portuguesa INSTRUÇÕES Para marcar as respostas no Cartão-Resposta, utilize caneta esferográfica azul ou preta. A resposta final de cada questão deverá ser transportada para o Cartão-Resposta, sem rasuras. Não serão consideradas as respostas que não forem transportadas para o Cartão-Resposta. Em nenhuma hipótese será distribuída duplicata do Cartão-Resposta, cuja numeração é única, personalizada e gerada automaticamente. Ao terminar as provas, o candidato terá de devolver para o fiscal: 1) o Cartão-Resposta; 2) a Folha de Redação definitiva. Apenas os candidatos que saírem após as 16h poderão levar o Caderno de Provas. RESULTADO -26/05/2015 - publicação na internet (www.pucgoias.edu.br). MATRÍCULA - A matrícula da primeira chamada poderá ser efetuada em 29/05, 1 e 2/06/2015 pelo próprio aluno ou por seu procurador legal, que deverá dirigir-se à Secretaria Departamental do curso. ENTREVISTA SOCIOECONÔMICA - O candidato aprovado em 1 a chamada e matriculado deverá comparecer à Coordenação de Assuntos Estudantis (CAE), para entrevista socioeconômica, de 29/05 a 26/06/2015, conforme item 1.5 do Edital 26/2015 - PROGRAD, de posse dos documentos listados no Anexo I do referido Edital. Candidatos aprovados em 2 a chamada, ou chamadas posteriores, de 30/06 a 10/07/2015. RESULTADO FINAL - O resultado da entrevista socioeconômica será publicado no dia 30/06/2015, para os candidatos aprovados em 1 a chamada, e 15/07/2015, para os aprovados em 2 a chamada, ou chamadas posteriores, no site www.pucgoias.edu.br. Documentos - O aluno deverá apresentar, na matrícula, os seguintes documentos: 1 foto 5x7 recente; 1 fotocópia da carteira de identidade; 1 fotocópia do título eleitoral; 1 foto cópia do certificado de reservista; 1 fotocópia da certidão de nascimento ou de casamento; 1 fotocópia do CPF; 1 fotocópia autenticada do certificado ou do diploma de conclusão do Ensino Médio devidamente registrado; 1 fotocópia autenticada do histórico escolar do Ensino Médio e 1 fotocópia de comprovante de endereço. Para o curso de Educação Física: o candidato deverá apresentar, no ato da matrícula, um relatório médico atestando sua saúde física. Em caso de Ensino Médio cursado no exterior: 1 fotocópia autenticada do diploma ou do certificado e 1 fotocópia autenticada do histórico escolar, ambos com legalização da embaixada ou do consulado brasileiro no país de origem, bem como 1 fotocópia autenticada de sua tradução oficial; 1 fotocópia autenticada da revalidação desses documentos emitida pelo Conselho Estadual de Educação (CEE).

2 PROCESSO SELETIVO 2015/2 - SOCIAL Tendo em vista a característica desta prova a integração das áreas de conhecimento, você encontrará questões de diferentes disciplinas explorando um eixo temático ou uma referência inicial comum. ATENÇÃO As questões com numeração repetida são de Língua Estrangeira e estarão incluídas no decorrer da prova. Você deverá resolver APENAS as questões da Língua Estrangeira que assinalou como opção em sua ficha de inscrição. TEXTO 1 Canto da desaparição I Aqui é o fim do mundo, aqui é o fim do mundo em que até aves vêm cantar para encerrá-lo. Em cada poço, dorme um cadáver, no fundo, e nos vastos areais ossadas de cavalo. Entre as aves do céu: igual carnificina: se dormires cansado, à face do deserto, quando acordares hás de te assustar. Por certo, corvos te espreitarão sobre cada colina. E, se entoas teu canto a essas aves (teu canto que é debaixo dos céus a mais triste canção) vem das aves a voz repetindo teu pranto. E, entre teu angustiado e surpreendido espanto, tangê-las-ás de ti, de ti mesmo, em que estão esses corvos fatais. E esses corvos não vão. II Heróis existem os como: meninos, lírios, pomares, bonanças de vário tomo, calmos montes, doces ares, naves, mãos, mesas unidas, berços, ninhos, mansas lidas: heróis existem os como: esse ladrão que precisa, esse operário que luta, essa luta que se igniza, essa santa prostituta, esses simples puros sóis, precisar esses heróis esse poema precisa enforcar quem hoje enforca quem destruiu continentes: essa Lídice, esse Lorca, quem inventou as sementes das estrelas venenosas uranadas rubras rosas, enforcar quem hoje enforca não só com laços de corda, mas apagar esse mundo do mundo que hoje acorda, e dar-lhe um canto jocundo de guerra contra guerreiros, de poetas e cordeiros, cordeiros que fazem corda para unir os corações, cordeiros das horas calmas, ponteiros de carrilhões, cordas perenes das almas, almas em Cristo acordadas, prudentes chamas moldadas em forma de corações; corações existem como os pomos desses pomares da forma de um mesmo pomo nascido nos mesmos ares servido numa só mesa, um só pomo com certeza, comemos, comeste, como. (LIMA, Jorge de. Melhores poemas. São Paulo: Global, 2006. p. 215-217.) QUESTÃO 01 O Texto 1 fala de cadáveres, ossadas de animais, carnificina e desaparições. Isso nos remete a pensar o cenário traumático da Segunda Guerra Mundial para muitos povos e nações. Sobre esse conflito da história mundial do século XX, marque a alternativa correta: A ( ) A América Latina, assim como todos os países independentes do mundo, participou de forma efetiva dos episódios da Segunda Guerra, com inúmeras baixas nos seus exércitos nacionais nos campos de batalha. B ( ) O Tratado de Versalhes, defendendo o argumento de que o Estado alemão era o único responsável pela guerra e todas as suas consequências, impôs àquele país uma paz vigiada e punitiva. C ( ) A grande mortandade de milhares de homens durante as batalhas da Segunda Guerra Mundial foi o resultado da grande inovação da época: a guerra de trincheiras. D ( ) Os soldados franceses, devido à superioridade humana e militar do seu exército, saíram da guerra com poucas baixas de vidas.

PROCESSO SELETIVO 2015/2 - SOCIAL 3 QUESTÃO 02 Na terceira estrofe da parte II do Texto 1, os versos quem inventou as sementes / das estrelas venenosas fazem alusão a sementes, importantes estruturas reprodutivas das plantas, obtidas pela fecundação dos gametas. As plantas que possuem sementes são conhecidas como espermatófitas. Nos itens a seguir, identifique os que se referem a grupos de plantas que possuem sementes: I - Angiospermas. II - Pteridófitas. III - Briófitas. IV - Gimnospermas. Marque a alternativa correta: A ( ) I e IV. B ( ) II e III. C ( ) II e IV. D ( ) III e IV. TEXTO 2 XXII Na planície desolada do meu ser, há muito um anjo me incomoda no seu modo de alar o verbo a plumagem e transmutar-se a duras penas; há muito questiono absolto na descomunal paisagem dos conflitos; e meu coração, tambor ribombando à luz da esfera, a tudo diz que não é tudo nem primavera, mas apenas o se (lenço) de um assombro explodindo na janela! (VIEIRA, Delermando. Os tambores da tempestade. Goiânia: Poligráfica, 2010. p. 45.) QUESTÃO 03 Considere as seguintes afirmações sobre os aspectos linguísticos do Texto 2: I - o adjunto adverbial na planície desolada do meu ser delimita um espaço metafórico que se traduz no estado de espírito do enunciador. II - o tambor ribombando à luz da esfera tem a função de esclarecer no texto o significado de descomunal paisagem dos conflitos. III - a partícula se, seguida da palavra lenço entre parênteses, cria no texto um jogo sonoro com a palavra silêncio. Em relação às proposições analisadas, assinale a única alternativa cujos itens estão todos corretos: A ( ) I e II. B ( ) I, II e III. C ( ) I e III. D ( ) II e III. QUESTÃO 04 O trecho Na planície desolada do meu ser, / há muito um anjo me incomoda [...], constante do Texto 2, faz uma analogia da profundeza solitária do ser humano com uma das formas do relevo da superfície terrestre: a planície. A respeito das características dessa e de outras formas do relevo, marque o item correto entre os apresentados a seguir: A ( ) As formas de relevo são resultado de processos externos que agem sobre a superfície terrestre, como a tectônica de placas, a epirogênese, a orogênese, os vulcanismos, os terremotos. B ( ) As principais formas do relevo são: montanhas, planícies, depressões, inundações e erosões. C ( ) Nos planaltos predominam os processos de sedimentação, porque eles funcionam como uma barreira orográfica ao transporte de sedimentos pelos ventos. D ( ) As formas de relevo caracterizadas como planície e depressão tendem a apresentar as menores altitudes, inclusive com depressões encontradas abaixo do nível do mar. QUESTÃO 05 Em O arco e a lira (1982), Octavio Paz expõe a propriedade que tem o discurso literário no desvelamento das dores do homem: A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de transformar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual é um método de libertação interior. A poesia revela este mundo; cria outro. Pão dos eleitos; alimento maldito. [...]. Oração, litania, epifania, presença. Exorcismo, conjuro, magia. Sublimação, compensação, condensação do inconsciente (PAZ, 1982, p. 15). A reflexão de Paz aplica-se bem à poesia de Delermando Vieira, poeta representante da melhor poesia produzida em Goiás, de um lirismo existencial que mostra o estar no mundo e a consciência da fugacidade das coisas e da vida. No Texto 2, o instante é sentido e a poesia reflete as sensações do existir com seus conflitos, suas dores e sua finitude. Sobre o texto selecionado, marque a alternativa correta: (PAZ, Octavio. O arco e a lira. Rio de Janeiro: Agir, 1982, p. 15.) A ( ) O poema apresenta uma dúvida suprassensível que filosofa sobre a essência dos seres. B ( ) Esses versos fazem uma pintura impressionista da dor do homem inserido na modernidade. C ( ) Ao filosofar sobre a existência, o eu poético transfigura as mudanças, transformações e constatações que estão expressas na relatividade dos acontecimentos e nas incertezas do mundo.

4 PROCESSO SELETIVO 2015/2 - SOCIAL D ( ) O eu lírico mergulha no reino infinito do espírito, que é o objeto da poesia e, nessa inclinação sobre a linguagem literária, encontra imagens, lembranças e fica marcado por incertezas acerca da realidade de um fato ou da verdade de uma asserção. TEXTO 3 Olhar vítreo Durante toda a conferência seus olhos se mantiveram fixados na minha figura. Não estou falando do olhar de quem ouve uma conferência e se mantém ligado ao que está sendo dito. Esse olhar é um olhar comum, situacional, que faz corresponder a que veio. É de aluno, se está numa sala de aula; é de secretária se está no escritório; é de vendedor se pretende vender um produto. Mas aquele olhar era vítreo. Não se alterava com a situação. Não se expressava como os olhares dos demais ouvintes. Não sorria quando era para sorrir, não se manifestava insatisfeito, não demonstrava impaciência ou raiva. E começava a interferir na minha fala. Em princípio, tentei eliminar mentalmente sua presença, mas o que ocorre de fato, é o contrário. Passamos a olhar mais para ele do que para os outros. Tornamo-nos presas de um inferno vítreo do qual não conseguimos nos livrar. E ele estava lá me dizendo alguma coisa que não conseguia decifrar. Sua impassibilidade forçava a minha mobilidade insegura. Sua constância ia interferindo nas minhas oscilações de tom de voz e de movimento dos gestos. Conforme foi passando o tempo, foram evoluindo as consequências desastrosas daquele fenômeno. Fui me sentindo oco, com intervalos sensoriais que me atormentavam. Parece que fui deixando de acreditar na veridicção do que falava. E eu estava sozinho, sem testemunha ocular. A não ser aqueles olhos que geravam tudo aquilo e geriam meus procedimentos. Em momento algum acompanhou o movimento do auditório. A impressão que eu tinha é de que ele sabia de tudo. Sabia que estava me deteriorando pouco a pouco. Que estava triturando o último fio de segurança que me restava. Esquálido, fui perdendo o gosto pelo que falava, tentei arrumar uma conclusão e diminuí uns bons minutos para me livrar daquilo. Mal encerrei a última fala, antes dos aplausos de praxe, ele se levantou e saiu. (GONÇALVES, Aguinaldo. Das estampas. São Paulo: Nankin Editorial, 2013. p. 131-132. Adaptado.) QUESTÃO 06 No Texto 3, o enunciador (assinale a alternativa correta): A ( ) narra, por meio de verbos de ilocução, as intenções de uma pessoa desconhecida que lhe fixou um olhar de condenação. B ( ) descreve, por meio de signos linguísticos diversos, as impressões e o desconforto deixados por um olhar profundo durante uma conferência. C ( ) avalia, por meio de adjetivos, o comportamento inadequado de pessoas que vão a eventos formais para perturbar o sossego dos palestrantes. D ( ) aponta, por meio de construções contrastivas, a diferença entre personalidades, revelada pelo olhar que as pessoas têm em situações específicas. QUESTÃO 07 Mas aquele olhar era vítreo. Não se alterava com a situação. Não se expressava como os olhares dos demais ouvintes. (fragmento do Texto 3). A matéria prima para a fabricação do vidro é o SiO 2. Ele é fundido a altas temperaturas e nele podem ser adicionadas outras substâncias, como CaCO 3, B 2 O 3, Al 2 O 3, PbO e P 2 O 5. Após ser moldado e resfriado, o vidro ganha forma rígida. Os vidros mais comuns em nosso cotidiano são materiais amorfos com a superfície repleta de grupos hidroxila. Dependendo da necessidade, pode- -se adicionar outros produtos químicos no processo de fabricação, dando origem a materiais com outras características e aplicações. Analise as afirmativas a seguir: I - A água terá maior interação com a superfície do vidro (devido aos grupos hidroxila) que o querosene. II - A molécula de PbO apresenta ligações covalentes de geometria angular. III - Os íons cálcio e alumínio apresentam número de oxidação +2 e +3, respectivamente. IV - A nomenclatura de SiO 2, B 2 O 3 e P 2 O 5 é: dióxido de silício, trióxido de diboro e óxido de potássio V, respectivamente. Em relação às proposições analisadas, assinale a única alternativa cujos itens estão todos corretos: A ( ) I e III. B ( ) I e IV. C ( ) II e III. D ( ) II e IV. RASCUNHO

PROCESSO SELETIVO 2015/2 - SOCIAL 5 QUESTÃO 08 A linguagem de Olhar vítreo (Texto 3) reflete o trabalho realizado pelo autor de Das estampas: em sua diversidade temática, revela o cotidiano em seus detalhes pouco palpáveis. Nesse sentido: I - As marcas de subjetividade e a presença da função emotiva da linguagem encerram em Olhar vítreo uma singular percepção acerca da alteridade. II - Olhar vítreo pode ser compreendido como metáfora de um sentimento único vivido pelo narrador personagem em momento de angústia existencial. III - O olhar do outro, como forma de construção do ser, é temática recorrente em Das estampas. Assinale a alternativa que apresenta todos os itens corretos: A ( ) I e II. B ( ) I, II e III. C ( ) I e III. D ( ) II e III. TEXTO 4 Remédio?! Que mané remédio que nada, já fui dependente, venci o medo que leva ao vício. A cura está na disposição de dar o salto nas trevas, no mergulho interior. Depois de ter sido obrigada a renunciar ao Vítor pela segunda vez, pensei que talvez fosse sensato procurar refúgio na sabedoria, a genuína, aquela que nasce do sofrimento compreendido, aceito. Meu remédio, Aninha, é a solidão. A solidão positiva, porque vem da decisão. Se, durante esses anos todos de isolamento, eu não tivesse aprendido a me conhecer, a administrar meus sentimentos, de que teria me servido a reclusão? Já fui dada como louca completa, hoje deixaram pela metade, agora sou a velha meio louca. Não posso afirmar com toda certeza, mas acho que encontrei o troféu cobiçado pela humanidade: a paz. A paz possível para um temperamento arrebatado feito o meu. O sofrimento acabou. A paixão. Quanto ao amor, não sei o que dizer. O amor é calmo, é passivo, livre de arrebatamentos. Vítor é e será sempre minha lembrança mais querida. Talvez, Aninha, ainda seja muito cedo pra você compreender e, principalmente, aceitar que o desgaste, o desbotamento que leva à decomposição total é parte intrínseca das coisas. Tudo, tudo o que um dia existiu acaba em pó, sem que isso necessariamente resulte em sofrimento. Mudanças ocorrem em todos os segmentos da vida, quer queiramos quer não. O que ainda me incomoda espero que, depois da confissão, deixe de me aborrecer é a pira renitente do crime inconfesso. Falar não só com o rio, mas com alguém de carne, osso e defeitos feito a gente, ajuda. Lançar no impulso incontrolável do vômito as cinzas do que um dia foi vulcão. Vomitar a ira, a revolta. Tudo aquilo que apodreceu e continuava guardado dentro de mim. Foi para isso que eu a esperei. Sabia que você vinha. Desde que soube de seu casamento, tenho esperado sua vinda, tinha certeza de que a cobrança, o dedo em riste, viria de você. Temia não por mim, mas por você, tinha pena, sofria com a demora, mas a iniciativa só podia vir de sua parte, por isso esperei. Pena de mim?! a senhora é mesmo abusada, retruquei raivosa. Quer dizer que pra senhora eu não passo de uma pobre coitada, digna de piedade? (BARROS, Adelice da Silveira. Mesa dos inocentes. Goiânia: Kelps, 2010. p. 24-25. Adaptado.) QUESTÃO 09 O fragmento do Texto 4 tudo, tudo o que um dia existiu acaba em pó, sem que isso necessariamente resulte em sofrimento, no contexto em que aparece, refere-se mais especificamente (assinale a alternativa correta): A ( ) à presença de Aninha, que deveria ser aproveitada de forma intensa, uma vez que em breve ela não estaria mais lá. B ( ) à dependência química de remédios, vencida pela enunciadora e à vitória sobre o medo que leva ao vício. C ( ) aos anos de reclusão vividos pela narradora para conhecer a si mesma e para administrar melhor seus sentimentos. D ( ) ao fim da relação com Vítor, que resultou na compreensão de que a solidão é necessária para se encontrar a paz e preservar as lembranças. TEXTO 5 Coisas estúpidas acontecem, mas como aquela, da década de setenta, Rodolfo, que nem havia nascido, não havia visto ainda. Quanto mais ele estudava a recente história da Amazônia, mais indignado ficava. Levar terra sem homens para homens sem terra foi o começo da desgraça pra toda essa gente balbuciava, socando o ar com veemência. O presidente da época, Emílio Médici, em grandes poses, oferecia lotes da Amazônia a quem chegasse de outros cantos do país desempregados e sem terra, vindos do Nordeste, do Sudeste, ou a especuladores egressos especialmente do Espírito Santo, da Bahia, de Minas Gerais e do Sul. Todos sedentos por terra nova e de graça. A massa humana avançou pela fronteira da mata, os sonhos de riqueza fácil florescendo na cabeça.

6 PROCESSO SELETIVO 2015/2 - SOCIAL Quem chegava primeiro? Os madeireiros, já capitalizados com a destruição quase completa da Mata Atlântica. Saqueavam toda a madeira que encontravam pela frente, verdadeiros gafanhotos famintos. Árvores milenares tombavam, as motosserras gemiam, os índios fugiam atônitos. Em seguida, queimado o que restava e acomodando os bois, os criadores de nelore entravam, semeando o capim, criando imensas cercas, com palanques e piquetes de madeira de lei. Peões e vaqueiros circulavam pelos povoados recém-formados, com botas e chapéus de couro, armados, sujos de terra, bebericando cachaça e olhando as meninas que circulavam pelas ruelas quase nuas. Aquilo parecia mais um faroeste verde. Depois, quando as pastagens enfraqueciam, as áreas davam lugar à agricultura intensiva. Veio, então, o reino da soja. Tratores e colheitadeiras urraram nos campos planos. Novos ricos circulavam em caminhonetes caras, com chapelões e música sertaneja para estourar os tímpanos. Havia outra estupidez: um quarto do território era de áreas griladas. Mais ou menos o equivalente da área da Itália. A grilagem passava pela corrupção de cartórios, pela conivência dos institutos de terras federais e estaduais e pela pistolagem. Bandidos enriqueceram e também andavam de caminhonetes, arrotando ganhos e novas posições sociais. Pistoleiros de aluguel não tinham vergonha de mostrar sua profissão. Todo mundo na região sabia de seu ofício. Os processos se amontoavam nos fóruns: uma única área era reivindicada por vários donos. Quem vencia a batalha? Quem tinha mais poder de fogo. Mas a coisa não parava por aí: depois de legalizar a terra, os grileiros, cada vez mais famintos, costumavam aumentar o seu tamanho. A cobiça crescia como se tivesse fermento. Por que não estender as divisas para além do horizonte? (GONÇALVES, David. Sangue verde. Joinville: Sucesso Pocket, 2014. p.160-161.) QUESTÃO 10 Uma das principais características do Texto 5 é a associação da descrição do processo de ocupação de uma região a um contexto histórico. Isso ocorre graças à descrição das reações de um personagem frente à leitura dos fatos e às atitudes tomadas pelos governantes da época, que culminavam em resultados desastrosos para o ambiente em questão. Acerca desse processo, analise as alternativas a seguir: I - O que se depreende do texto, bem como da história de ocupação da região amazônica, é a ocupação planejada, tendo em vista as várias formas de distribuição e, principalmente, dos tipos de uso. II - Embora pareça contraditória, a integração da região Amazônica às demais regiões brasileiras tem-se mostrado necessária, tendo em vista as constantes disputas territoriais que ocorrem no mundo. III - Após a intensificação da ocupação do Cerrado na década de 1980, o que se cogita atualmente é a transformação da região amazônica na próxima fronteira agrícola. IV - Entre os fatores que contribuem para a ocupação da região amazônica destacam-se o clima e o solo favoráveis à agricultura, bem como a proximidade dos grandes centros de consumo e distribuição. Dos itens apresentados, assinale a alternativa em que todos estão corretos: A ( ) I e II. B ( ) I, II e III. C ( ) II e III. D ( ) II, III e IV. QUESTÃO 11 No Texto 5, afirma-se que as terras griladas equivaliam à área do território da Itália. Sabe-se que a área da Itália é de 301.268 km². Então, as terras griladas correspondem a (assinale a única alternativa correta): A ( ) 301.268 hectares. B ( ) 3.012.680 hectares. C ( ) 30.126.800 hectares. D ( ) 301.268.000 hectares. RASCUNHO RASCUNHO

PROCESSO SELETIVO 2015/2 - SOCIAL 7 TEXTO 6 [...] Selminha (um pouco contagiada pelo medo) No vizinho! (com súbito desespero, agarrando o marido) Mas que piadinhas? Arandir (de costas para a mulher e com a voz nítida e vibrante) Eles me chamaram de viúvo! Selminha De quê? Arandir (com desesperado cinismo) Viúvo! Do rapaz que morreu! Entende? Você acha que depois disso? Selminha (atônita) E você? Arandir Eu? Selminha (fora de si) Você reagiu? Arandir Eu não podia! Eu não! Selminha (furiosa) Você devia lhe ter quebrado a cara! Arandir Até o chefe. Falou comigo, e olhava para mim. Estava espantado. Espantado. Eu tive a impressão. É um bom sujeito. Um homem de bem. Não sei, mas tive a impressão de que tinha nojo de mim, como se eu! Selminha (segurando-o com energia) Arandir! Arandir Querida! Selminha Como tua mulher, eu te peço. Você vai lá amanhã e quebra. Quebra mesmo! A cara do sujeito! Arandir Eu acho, entende? Acho que, nunca mais, em emprego nenhum. Acho que em todos os empregos, os caras vão me olhar como se. As mesmas piadinhas, em toda a parte. Selminha (frenética) Ao menos, responde! Arandir Senta comigo. Selminha É verdade que? Arandir Um beijo. Selminha (com surda irritação) Primeiro, responde. Preciso saber. O jornal botou que você beijou. Arandir Pensa em nós. Selminha Com outra mulher. Eu sou tua mulher. Você beijou na... Arandir (sôfrego) Eu te contei. Propriamente, eu não. Escuta. Quando eu me abaixei. O rapaz me pediu um beijo. Um beijo. Quase sem voz. E passou a mão por trás da minha cabeça, assim. E puxou. E, na agonia, ele me beijou. Selminha Na boca? Arandir Já respondi. Selminha (recuando) E por que é que você, ontem! Arandir Selminha. [...] (RODRIGUES, Nelson. O beijo no asfalto. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995. p. 64-65.) QUESTÃO 12 Arandir e Selminha são duas personagens que, na trama (Texto 6), enfrentam grandes transformações. Embora seja uma esposa dedicada e amorosa, ela se sente insegura diante das notícias sobre o marido, o que encerra, na obra, a temática da dúvida. No excerto em estudo, isso fica evidenciado nos seguintes fragmentos selecionados: I - Selminha (fora de si) Você reagiu? Arandir Eu não podia! Eu não! Selminha (furiosa) Você devia lhe ter quebrado a cara! II - Selminha É verdade que? Arandir Um beijo. Selminha (com surda irritação) Primeiro, responde. Preciso saber. O jornal botou que você beijou. III - Selminha (recuando) E por que é que você, ontem! Arandir Selminha. Assinale o item que apresenta todas as respostas corretas: A ( ) I e II. B ( ) I, II e III. C ( ) I e III. D ( ) II e III. TEXTO 7 A vaca Numa noite de temporal, um navio naufragou ao largo da costa africana. Partiu-se ao meio, e foi ao fundo em menos de um minuto. Passageiros e tripulantes pereceram instantaneamente. Salvou-se apenas um marinheiro, projetado a distância no momento do desastre. Meio afogado, pois não era bom nadador, o marinheiro orava e despedia-se da vida, quando viu a seu lado, nadando com presteza e vigor, a vaca Carola. A vaca Carola tinha sido embarcada em Amsterdam. Excelente ventre, fora destinada a uma fazenda na América do Sul. Agarrado aos chifres da vaca, o marinheiro deixou-se conduzir; e assim, ao romper do dia, chegaram a uma ilhota arenosa, onde a vaca depositou o infeliz rapaz, lambendo-lhe o rosto até que ele acordasse. Notando que estava numa ilha deserta, o marinheiro rompeu em prantos: Ai de mim! Esta ilha está fora de todas as rotas! Nunca mais verei um ser humano!. Chorou muito, prostrado na areia, enquanto a vaca Carola fitava-o com os grandes olhos castanhos.

8 PROCESSO SELETIVO 2015/2 - SOCIAL Finalmente, o jovem enxugou as lágrimas e pôs- -se de pé. Olhou ao redor: nada havia na ilha, a não ser rochas pontiagudas e umas poucas árvores raquíticas. Sentiu fome; chamou a vaca: Vem, Carola!, ordenhou-a e bebeu leite bom, quente e espumante. Sentiu-se melhor; sentou-se e ficou a olhar o oceano. Ai de mim gemia de vez em quando, mas já sem muita convicção; o leite fizera-lhe bem. Naquela noite dormiu abraçado à vaca. Foi um sono bom, cheio de sonhos reconfortantes; e quando acordou ali estava o ubre a lhe oferecer o leite abundante. Os dias foram passando e o rapaz cada vez mais se apegava à vaca. Vem, Carola! Ela vinha, obediente. Ele cortava um pedaço de carne tenra gostava muito de língua e devorava-o cru, ainda quente, o sangue escorrendo pelo queixo. A vaca nem mugia. Lambia as feridas, apenas. O marinheiro tinha sempre o cuidado de não ferir órgãos vitais; se tirava um pulmão, deixava o outro; comeu o baço, mas não o coração etc. Com pedaços de couro, o marinheiro fez roupas e sapatos e um toldo para abrigá-lo do sol e da chuva. Amputou a cauda de Carola e usava-a para espantar as moscas. Quando a carne começou a escassear, atrelou a vaca a um tosco arado, feito de galhos, e lavrou um pedaço de terra mais fértil, entre as árvores. Usou o excremento do animal como adubo. Como fosse escasso, triturou alguns ossos, para usá- -los como fertilizante. Semeou alguns grãos de milho, que tinham ficado nas cáries da dentadura de Carola. Logo, as plantinhas começaram a brotar e o rapaz sentiu renascer a esperança. Na festa de São João, comeu canjica. A primavera chegou. Durante a noite uma brisa suave soprava de lugares remotos, trazendo sutis aromas. Olhando as estrelas, o marinheiro suspirava. Uma noite, arrancou um dos olhos de Carola, misturou-o com água do mar e engoliu esta leve massa. Teve visões voluptuosas, como nenhum mortal jamais experimentou... Transportado de desejo, aproximou-se da vaca... E ainda desta vez, foi Carola quem lhe valeu. [ ] (SCLIAR, Moacyr. Melhores contos. Seleção de Regina Zilbermann. São Paulo: Global, 2003. p. 170-171.) QUESTÃO 13 [...] Sentiu fome; chamou a vaca: Vem, Carola!, ordenhou-a e bebeu leite bom, quente e espumante.[...] (fragmento do Texto 7). Entre as diversas substâncias químicas presentes no leite de vaca, encontram-se: caseína, albuminas e globulinas. Tais compostos são biomoléculas formadas pela união de grande quantidade de aminoácidos. Com base nessas informações, assinale a única alternativa correta: A ( ) O grupo básico de um aminoácido é capaz de doar H +. B ( ) Os chamados aminoácidos essenciais se unem por ligações glicosídicas para formar as moléculas de proteína. C ( ) Caseína, albuminas e globulinas são exemplos de proteínas que têm função de transporte de oxigênio para as células. D ( ) Ao ferver uma amostra de leite com excesso de acidez, dá-se a coagulação, devido ao processo de desnaturação proteica. QUESTÃO 14 Which of these statements is correct according to Text 7? A ( ) The ship split in two and sank in one minute. B ( ) All passengers and crew perished in the accident. C ( ) Carola and the sailor helped each other all the time. D ( ) Carola was able to help the sailor in all his needs. QUESTÃO 14 En el texto de Scliar, se encuentran diversos sintagmas en el plural, algunos con apenas un sustantivo, otros con sustantivo y determinante, otros con sustantivo y adjetivos y otros con los tres elementos juntos. Sobre las reglas de formación de plural en español, es correcto afirmar que (señale la alternativa correcta): A ( ) en los sustantivos, se forma el plural añadiéndose el sufijo -s ; en los adjetivos, el sufijo pasa a ser -es y los determinantes conservan en el plural la misma forma del singular. B ( ) cualquier vocablo, independientemente de su categoría gramatical, puede ser pluralizado, bastando para eso la añadidura del sufijo -s. C ( ) hay dos sufijos para formar el plural de los sustantivos y adjetivos: -s y -es. Además, hay la posibilidad de que algunas palabras permanezcan invariables. D ( ) las palabras terminadas en n, s o vocal hacen plural con el sufijo -s y las terminadas en consonante, excepto n y s, reciben el sufijo -es en su pluralización. RASCUNHO

PROCESSO SELETIVO 2015/2 - SOCIAL 9 QUESTÃO 15 Uma passagem do Texto 7 diz: Esta ilha está fora de todas as rotas. A determinação de uma rota pode ser feita através de uma soma de vetores. Na figura a seguir, temos, destacado em um mapa de parte da cidade de Goiânia, um trecho da rota da linha de ônibus 015 (Terminal Praça A/Flamboyant - Via Terminal Isidória), compreendido entre o ponto da Avenida T-63, de frente para a Rua 1.034, no Setor Pedro Ludovico, e a Praça Santos, no Jardim América, com um comprimento total de 4,2 km. Também se destaca um segmento reto, traçado entre os extremos desse trecho da rota, com comprimento total de 3,2 km. Supondo-se que houvesse um túnel ligando diretamente esses dois pontos, formando um trajeto hipotético, teríamos: I - Se um ônibus dessa linha percorrer o trecho do trajeto real em 16 minutos, então o módulo da velocidade escalar média será igual a 15,75 km/h e o módulo da velocidade vetorial média será igual a 12 km/h. II - Se o ônibus se deslocar a uma velocidade escalar média de 15,75 km/h no túnel, o tempo total desse percurso será algo entre 12 min 06 s e 12 min 16 s. III - Se o ônibus partir do ponto da Rua 1.034, seguindo até a Praça Santos, pelo seu trajeto real, e retornar ao ponto de partida pelo túnel hipotético, o módulo da velocidade vetorial média será igual a zero. IV - Se o ônibus partir do ponto da Rua 1.034, seguindo até a Praça Santos pelo seu trajeto real, e retornar a esse ponto pelo túnel hipotético com velocidade escalar média de 15,75 km/h, o tempo total do percurso será algo entre 38 min 10 s e 38 min 13 s. Com base nas sentenças anteriores, marque a alternativa em que todos os itens estão corretos: A ( ) I, II e III. B ( ) I, II e IV. C ( ) I, III e IV. D ( ) II, III e IV. Fonte: Google Maps QUESTÃO 16 No Texto 7, a vaca Carola vinha de Amsterdam para a América do Sul. No século XVII, esse roteiro foi feito continuamente por homens e mulheres que vieram se estabelecer no Nordeste brasileiro. Os holandeses dominaram inicialmente a Bahia, por um período curto, e depois estabeleceram a capital de seus domínios em Recife. Acerca da guerra para expulsá-los da América portuguesa, indique a alternativa que está historicamente correta: A ( ) Os portugueses logo organizaram um poderoso exército, ao qual se somaram grupos oriundos de diversos estados brasileiros. Os holandeses não tiveram apoio dos espanhóis, que colonizavam os demais países da América Latina, e essa guerra durou um quarto de século. B ( ) No conflito contra os holandeses, o motivo religioso foi importante para mobilizar forças militares. Têm destaque, inclusive, os sermões do Padre Antonio Vieira contra aqueles flamengos hereges que haviam tomado injustamente terras e igrejas pertencentes aos católicos lusitanos. C ( ) Os portugueses tentaram resolver o conflito por meio da diplomacia, mas depois de quase duas décadas de negociação infrutífera, optaram por invadir militarmente o Nordeste e reconquistar o Recife, o que ocorreu de maneira rápida. D ( ) A questão econômica foi importante para que os brasileiros não guerreassem diretamente com os holandeses. Contudo, quando estes quiseram impedir a escravidão dos negros, uma ampla rebelião se formou, terminando na expulsão definitiva dos flamengos da América do Sul.

10 PROCESSO SELETIVO 2015/2 - SOCIAL QUESTÃO 17 Com o couro da vaca (Texto 7), nosso personagem fez um toldo para se proteger. Supondo-se que esse toldo tenha a forma de uma calota esférica de 0,4 m de raio e 0,2 m de altura, nessas condições, a área do toldo em questão seria de (assinale a única resposta correta): A ( ) 0,2π. B ( ) 0,3π. C ( ) 0,4π. D ( ) 0,5π. QUESTÃO 18 O Texto 7 narra uma história na qual um dos protagonistas é a vaca Carola. Os bovinos são mamíferos herbívoros que desempenham importante papel como fonte de alimento. Sobre os bovinos, marque a alternativa correta: A ( ) São denominados monogástricos por apresentarem estômago com uma única cavidade rica em bactérias que auxiliam a digestão de nutrientes das pastagens. B ( ) Apresentam um sistema enzimático próprio, secretor de celulase, importante na digestão da celulose. C ( ) O olfato dos ruminantes não desempenha qualquer papel na reprodução, uma vez que a fêmea não produz secreções indicativas do seu período de fertilidade D ( ) Os ruminantes constituem uma peça importante na cadeia alimentar dos ecossistemas em que vivem, pois regulam o crescimento da vegetação nas amplas planícies herbáceas que frequentam e servem de alimento para considerável número de predadores. TEXTO 8 Capítulo CXCIX Capítulos CXCIX-CCI Foi a comadre do Rubião que o agasalhou e mais ao cachorro, vendo-os passar defronte da porta. Rubião conheceu-a, aceitou o abrigo e o almoço. Mas que é isso, seu compadre? Como foi que chegou assim? Sua roupa está toda molhada. Vou dar-lhe umas calças de meu sobrinho. Rubião tinha febre. Comeu pouco e sem vontade. A comadre pediu-lhe contas da vida que passara na Corte, ao que ele respondeu que levaria muito tempo, e só a posteridade a acabaria. Os sobrinhos de seu sobrinho, concluiu ele magnificamente, é que hão de ver-me em toda a minha glória. Começou, porém, um resumo. No fim de dez minutos, a comadre não entendia nada, tão desconcertados eram os fatos e os conceitos; mais cinco minutos, entrou a sentir medo. Quando os minutos chegaram a vinte, pediu licença e foi a uma vizinha dizer que Rubião parecia ter virado o juízo. Voltou com ela e um irmão, que se demorou pouco tempo e saiu a espalhar a nova. Vieram vindo outras pessoas, às duas e às quatro, e, antes de uma hora, muita gente espiava da rua. Ao vencedor, as batatas! bradava Rubião aos curiosos. Aqui estou imperador! Ao vencedor, as batatas! Esta palavra obscura e incompleta era repetida na rua, examinada, sem que lhe dessem com o sentido. Alguns antigos desafetos do Rubião iam entrando, sem cerimônia, para gozá-lo melhor; e diziam à comadre que não lhe convinha ficar com um doido em casa, era perigoso; devia mandá-lo para a cadeia, até que a autoridade o remetesse para outra parte. Pessoa mais compassiva lembrou a conveniência de chamar o doutor. Doutor para quê? acudiu um dos primeiros. Este homem está maluco. Talvez seja delírio de febre; já viu como está quente? Angélica, animada por tantas pessoas, tomou- -lhe o pulso, e achou-o febril. Mandou vir o médico, o mesmo que tratara o finado Quincas Borba. Rubião conheceu-o também; e respondeu-lhe que não era nada. Capturara o rei da Prússia, não sabendo ainda se o mandaria fuzilar ou não; era certo, porém, que exigiria uma indenização pecuniária enorme, cinco bilhões de francos. Ao vencedor, as batatas! concluiu rindo. Capítulo CC Poucos dias depois morreu... Não morreu súbdito nem vencido. Antes de principiar a agonia, que foi curta, pôs a coroa na cabeça, uma coroa que não era, ao menos, um chapéu velho ou uma bacia, onde os espectadores palpassem a ilusão. Não, senhor; ele pegou em nada, levantou nada e cingiu nada; só ele via a insígnia imperial, pesada de ouro, rútila de brilhantes e outras pedras preciosas. O esforço que fizera para erguer meio corpo não durou muito; o corpo caiu outra vez; o rosto conservou porventura uma expressão gloriosa. Guardem a minha coroa, murmurou. Ao vencedor... A cara ficou séria, porque a morte é séria; dois minutos de agonia, um trejeito horrível, e estava assinada a abdicação. Capítulo CCI Queria dizer aqui o fim do Quincas Borba, que adoeceu também, ganiu infinitamente, fugiu desvairado em busca do dono, e amanheceu morto na rua, três dias depois. Mas, vendo a morte do cão narrada em capítulo especial, é possível que me perguntes se

PROCESSO SELETIVO 2015/2 - SOCIAL 11 ele, se o seu defunto homônimo é que dá o título ao livro, e por que antes um que outro, questão prenhe de questões, que nos levariam longe... Eia! chora os dois recentes mortos, se tens lágrimas. Se só tens riso ri-te! É a mesma coisa. O Cruzeiro, que a linda Sofia não quis fitar, como lhe pedia Rubião, está assaz alto para não discernir os risos e as lágrimas dos homens. (ASSIS, Machado de. Quincas Borba. São Paulo: Ática, 2011. p. 232-234.) QUESTÃO 19 In Text 8, we are able to note various direct and indirect references to the mental instability of Rubião. Read the following passage on the presence of mentally unstable or mad characters present in many works of literature, then answer the question below: Writers endow their characters with strange behaviors for a variety of reasons. The creative artist has frequently examined contradictory motivations, inner unrest and the highly emotional impulses of mankind. Pathological experience has long obsessed writers. Some characters like Hamlet, Antigone, the Underground Man, Gregor Samsa and Edna Pontellier of Kate Chopin s The Awakening were defined as mad by their own cultural milieu. Some writers like Poe, Dostoyevsky, Browning and Beckett have adopted an abnormal voice and experimented with mad monologues. Since characters are sometimes considered mad, some readers, by means of the autobiographical fallacy, assume that artists are also demented. There are at least three ways in which mad characters can operate in a literary milieu. First, a character can become mad, like an Ophelia, Lady Macbeth, King Lear [ ] Second, non-conformist characters can rebel against a restrictive society by either appearing to be mad or actually going mad [ ] Third, characters can also experience a kind of anomie in which society seems intent on crushing their personalities, which results in the separation from the human community, as experienced by the woman narrator of Charlotte Perkins Gilman s short story, The Yellow Wallpaper, by Emma in Flaubert s Madame Bovary or by Hamlet. (Rieger, Branimir M. Dionysus in literature: essays on literary madness. Ohio: Bowling Green State University Popular Press, 1994. p. 7-8.) In the above text, Branimir Rieger uses the terms cultural milieu and literary milieu when describing literature and literary characters that are labeled as mad. The following terms are possible synonyms for milieu : I - Surroundings. II - History. III - Setting. IV - Environment. From the following options, choose the one in which all of the words are synonyms for the term milieu : A ( ) I and II. B ( ) I and III. C ( ) I, III and IV. D ( ) II and IV. QUESTÃO 19 Observe las palabras relacionadas a los campos semánticos de familiares y de amistad, sacadas del fragmento del texto de Quincas Borba: comadre, compadre, sobrinho, vizinha, irmão. Señale, a seguir, la opción que presenta tales palabras traducidas correctamente al español: A ( ) comadre, compadre, sobrino, vecina, hermano. B ( ) conmadre, compadre, sobriño, viciña, irmano. C ( ) conmadre, compadre, subrino, veciña, hirmano. D ( ) comadre, compadre, sobriño, vicina, ermano. QUESTÃO 20 No trecho do Texto 8, Talvez seja delírio de febre; já viu como está quente?, temos referência à temperatura de uma pessoa. Na Física, a temperatura de um corpo pode estar relacionada à transformação de energia elétrica em térmica por meio de circuitos elétricos. Analise os itens a seguir: I - Um chuveiro com potência de 4000 W ligado durante 30 minutos consome uma energia elétrica de 2 kwh. II - Uma lâmpada com potência de 40 W ligada em uma tensão elétrica de 220 V será percorrida por uma corrente elétrica de 5,5 A. III - Aumentando o fluxo de água que passa por um chuveiro, podemos diminuir a temperatura da água; portanto, o consumo de energia elétrica no chuveiro diminui quando aumentamos o fluxo de água que passa por ele. Considere que a resistência do chuveiro e a tensão elétrica permaneçam constantes durante a variação do fluxo de água. IV - A potência de um chuveiro elétrico depende do valor de sua resistência. Para diminuir a potência do chuveiro devemos aumentar o valor de sua resistência. Considere que a tensão elétrica e o fluxo de água permanecem constantes. Assinale a alternativa em que todos os itens são corretos: A ( ) I e II. B ( ) I e IV. C ( ) II e III. D ( ) III e IV. RASCUNHO

12 PROCESSO SELETIVO 2015/2 - SOCIAL

PROCESSO SELETIVO 2015/2 - SOCIAL 13 Redação EM LÍNGUA PORTUGUESA ORIENTAÇÕES GERAIS Há, a seguir, duas propostas de produção de texto escrito, a partir da concepção de gêneros textuais. Escolha uma delas e desenvolva o seu texto, em prosa, observando atentamente as orientações que acompanham cada proposta. Você deverá se valer das ideias presentes na coletânea desta Prova de Redação (mas sem fazer cópia), bem como de seu conhecimento de mundo e dos fatos da atualidade. Observe que cada proposta se direciona para um gênero específico de texto (artigo de opinião e carta argumentativa). Sua Prova de Redação deverá ter no máximo 30 linhas. Se a sua redação não corresponder ao gênero textual exigido, ela será penalizada. Você pode utilizar o espaço destinado para rascunho, mas, ao final, deve transcrever o texto para a folha definitiva da Prova de Redação em Língua Portuguesa no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. ATENÇÃO Esta prova receberá pontuação ZERO caso a redação apresente: Fuga ao tema; Extensão inferior a sete linhas (incluindo o título); Transcrição para a folha definitiva a lápis; Letra ilegível/incompreensível; Problemas sistemáticos e graves de domínio da norma padrão ou total comprometimento na produção de sentido do texto; Sinais inequívocos de que seja cópia da coletânea apresentada ou de outros textos, exceto se usados como recurso de intertextualidade; Outra identificação do candidato, senão a codificada, previamente impressa na prova; Presença de marcas ou sinais que possam levar à identificação do candidato: nome; prenome; sobrenome; denominação genérica (O Editor, Leitor, Seu fã etc.); apelido; pseudônimo; codinome; rubrica; patronímico; heterônimo; alcunha; epíteto; vulgo; vocatório; cognome; agnome; siglas e/ou formas gráficas de sinalização: números; letras; símbolos; cores; manchas etc. Coletânea TEXTO 1 A escassez de água no Brasil e sua distribuição no mundo Leonardo Boff A atual situação de grave escassez de água potável, afetando boa parte do Sudeste brasileiro, onde se situam grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, nos obriga, como nunca antes, a repensar a questão da água e a desenvolver uma cultura do cuidado, acolitado por seus famosos erres (r): reduzir, reusar, reciclar, respeitar e reflorestar. Nenhuma questão hoje é mais importante do que a da água. Dela depende a sobrevivência de toda a cadeia da vida e, consequentemente, o nosso próprio futuro. Ela pode ser motivo de guerra como de solidariedade social e cooperação entre os povos. Especialistas e grupos humanistas já sugeriram um pacto social mundial ao redor daquilo que é vital para todos: a água. Ao redor da água se criaria um consenso mínimo entre todos, povos e governos, em vista de um bem comum, nosso e do sistema- -vida. Independentemente das discussões que cercam o tema da água, podemos fazer uma afirmação segura e indiscutível: a água é um bem natural, vital, insubstituível e comum. Nenhum ser vivo, humano ou não humano, pode viver sem a água. A ONU, no dia 21 de julho de 2010, aprovou esta resolução: a água potável e segura e o saneamento básico constituem um direito humano essencial. Consideremos rapidamente os dados básicos sobre a água no planeta Terra: ela já existe há 500 milhões de anos; 97,5% são águas dos mares e oceanos, e são salgadas. Somente 2,5% são doces. Mais de 2/3 dessas águas doces encontram-se nas calotas polares e geleiras e no cume das montanhas (68,9%); quase todo o restante (29,9%) são águas subterrâneas. Sobram 0,9% nos pântanos e apenas 0,3% nos rios e lagos. Destes 0,3%, 70% se destina à irrigação na agricultura, 20% à indústria e sobram apenas 10% destes 0,3% para uso humano e dessedentação dos animais. [...] A renovação das águas é da ordem de 43 mil quilômetros cúbicos por ano, enquanto o consumo total é estimado em 6 mil quilômetros cúbicos por ano. Portanto, não há falta de água. O problema é que ela se encontra desigualmente distribuída: 60% em apenas nove países, enquanto 80 outros enfrentam escassez. Pouco menos de um bilhão de pessoas consome 86% da água existente, enquanto para 1,4 bilhões, ela é insuficiente (em 2020 serão três bilhões) e para dois bilhões, não é tratada, o que gera 85% das doenças, segundo a OMS. Presume-se que em 2032 cerca de 5 bilhões de pessoas serão afetadas pela escassez de água.

14 PROCESSO SELETIVO 2015/2 - SOCIAL O Brasil é a potência natural das águas, com 12% de toda água doce do planeta, perfazendo 5,4 trilhões de metros cúbicos. Mas é desigualmente distribuída: 72% na região amazônica, 16% no Centro-Oeste, 8% no Sul e no Sudeste e 4% no Nordeste. Apesar da abundância, não sabemos usar a água, pois 37% da tratada é desperdiçada, o que daria para abastecer toda a França, a Bélgica, a Suíça e o Norte da Itália. É urgente, portanto, um novo padrão cultural em relação a esse bem tão essencial [...]. [...] Há uma corrida mundial para privatização da água. Aí, surgem grandes empresas multinacionais como as francesas Vivendi e Suez-Lyonnaise, a alemã RWE, a inglesa Thames Water e a americana Bechtel. Criou-se um mercado das águas que envolve mais de 100 bilhões de dólares. Aí estão fortemente presentes na comercialização de água mineral a Nestlé e a Coca-Cola, que estão buscando comprar fontes de água por toda parte no mundo, inclusive no Brasil. Mas há também fortes reações das populações, como ocorreu no ano 2000, em Cochabamba, na Bolívia. A empresa América Bechtel comprou as águas e elevou os preços em 35%. A reação organizada da população botou a empresa para correr do país. O grande debate hoje se trava nestes termos: A água é fonte de vida, ou fonte de lucro? A água é um bem natural, vital, comum e insubstituível, ou um bem econômico a ser tratado como recurso hídrico e cotizado nas bolsas do mercado? Ambas as dimensões não se excluem, mas devem ser retamente relacionadas. Fundamentalmente, a água pertence ao direito à vida, como insiste o grande especialista em águas Ricardo Petrella (O Manifesto da Água, Vozes, 2002). Nesse sentido, a água de beber, para uso na alimentação e para higiene pessoal e dessedentação dos animais deve ser gratuita. Como, porém, ela é escassa e demanda uma complexa estrutura de captação, conservação, tratamento e distribuição, implica uma inegável dimensão econômica. Esta, entretanto, não deve prevalecer sobre a outra; ao contrário, deve torná-la acessível a todos. Mesmo os altos custos econômicos devem ser cobertos pelo Poder Publico. Não há espaço para discutir as causas da atual seca. [...] Uma fome zero mundial, prevista pelas Metas do Milênio da ONU, deve incluir a sede zero, pois não há alimento que possa existir e ser consumido sem água. A água é vida, geradora de vida e um dos símbolos mais poderosos da natureza da Última Realidade. Sem ela não viveríamos. (BOFF, Leonardo. A escassez da água no Brasil e sua distribuição no mundo. Jornal do Brasil. 9 fev. 2015. Disponível em: http://www.jb.com.br/leonardo-boff/ noticias/2015/02/09/a-escassez-de-agua-no-brasil-e-sua- -distribuicao-no-mundo. Acesso em 18 fev. 2015. Adaptado.) TEXTO 2 Crise da água? Eureca! Ana Paula Padrão Alguém aí tem alguma ideia de quanto a Sabesp desperdiça em água no caminho entre os reservatórios e a sua casa? Só em 2013 foram 31,2%! Isso significa que de cada 100 litros de água que saíram das represas de São Paulo, apenas 70 chegaram às nossas torneiras! Essa conta não é minha, é da Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo (Arsesp). E por acaso você sabia que há pelo menos uma década a Sabesp tem informações precisas de que a demanda por água na região metropolitana de São Paulo cresce muito mais do que a capacidade do Sistema Integrado de Abastecimento, que opera oito sistemas de produção? E que para atender os 20 milhões de consumidores seria necessário aumentar em pelo menos 500 litros por segundo ao ano essa entrega de água? Esses números também não foram calculados por mim. Eles são da Seade, a Fundação Estadual de Análise de Dados. Se há tanto desperdício na distribuição e se há anos se produz menos água do que a demanda efetiva da população, você sabe por que não se faz, já há bastante tempo, uma campanha de conscientização para reduzir o consumo na região metropolitana de São Paulo? A conclusão, essa sim, é minha mas poderia ser de qualquer um dos senhores leitores: a Sabesp é uma empresa de economia mista, com ações negociadas em bolsa. Do ponto de vista de resultados, portanto, menos consumo significa faturamento menor e consequentemente menor lucratividade e piores balanços financeiros para a empresa. Eureca! Agora estamos aqui, comprando galões de água por R$10, tomando banhos cronometrados de dois minutos e ainda assim sob a iminência de um racionamento radical. Imaginem a situação de uma indústria que depende de água para produzir e da venda da produção para pagar seus funcionários. Imagine os restaurantes obrigados a comprar água de caminhões-pipa para não fechar as portas. Todo mundo defende que não se deveria usar detergente em excesso nem jogar óleo na pia para não prejudicar o reúso, que não se deveria deixar a torneira aberta ou lavar as calçadas etc., etc. Ok, faz todo sentido ter cidadãos conscientes dos excessos no consumo de água. Mas cada um desses cidadãos, constantemente patrulhado para economizar o líquido precioso e permanentemente bombardeado diante de qualquer deslize no tema, tem o direito de perguntar: por que as ocupações em áreas de mananciais não foram controladas no Estado de São Paulo? Por que há tanto despejo de esgoto in natura em córregos e rios? Por que não há um planejamento urbano mínimo? Por que tudo o que poderia nos poupar do vexame das torneiras estéreis não foi planejado há tempo e de maneira eficiente pelo poder público, que dispunha de todas as informações necessárias, mas

PROCESSO SELETIVO 2015/2 - SOCIAL 15 parece ter feito pouco mais do que rezar para que as chuvas continuassem em ritmo abundante? E se assim é, gostaria de pelo menos botar os pingos nos is. Se falta água, a culpa não é apenas da falta de chuvas. A culpa não é unicamente do excesso de calor. E, muito menos ainda, a culpa não é minha. Nem sua. Nem de nenhum de nós que está fazendo o possível para reduzir o gasto de água. A culpa, enfim, não é de quem consome o que precisa e paga por isso. TEXTO 3 (PADRÃO, Ana Paula. Crise da água? Eureca! Istoé. n. 2.358, p. 74, 11 fev. 2015. Adaptado.) O problema não é só falta de chuva Milton Correia Jr. e Ricardo Arnt A grande seca que assola o Sudeste do País, a mais severa dos últimos 50 anos, reduziu a 15% a capacidade do reservatório Cantareira, o maior do sistema de abastecimento da região metropolitana de São Paulo, responsável por 47% da água consumida pela população. [...] São Paulo virou o exemplo da crise de abastecimento no Brasil país que detém 12% da água de superfície do planeta. Medidas emergenciais não serão suficientes para superar o cenário de escassez diante de um aumento permanente da demanda. O alerta já foi dado há tempo. Benedito Braga, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e presidente do Conselho Mundial da Água, lamenta que na crise de 2004, quando os reservatórios caíram a 20%, a cidade não tenha se engajado num programa de economia de água. Nos últimos 15 anos o sistema vem recebendo menos água dos rios da sua bacia, e não consegue se recuperar. Entretanto, depois que a crise passa, todo mundo esquece. Quando começa a chover, o risco de desabastecimento é posto de lado e todos voltam a gastar água de forma inconsequente. Marcelo Nakagawa, professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), ressalta que estamos acostumados com o uso da água em abundância porque pagamos pouco por ela. Toda mudança de hábito só ocorre a partir de uma crise aguda. Para evitar o trauma numa conjuntura de complicações climáticas crescentes, o consumo deveria ser reduzido em até 50%, induzido por campanhas de mídia e por uma legislação que aplicasse multas para desperdício. A mentalidade de que o Brasil é um país com fontes naturais inesgotáveis precisa ser mudada, pois a ampliação permanente da oferta e a água tratada custam caro. A última grande ampliação do abastecimento em São Paulo foi feita em 1993, com a implantação dos reservatórios do Sistema Alto Tietê. A próxima, a do Sistema São Lourenço, só estará pronta 25 anos depois, em 2018, e custará R$ 2,2 bilhões. Desperdício espaçoso Na cabeça dos brasileiros, seca só acontece no Semiárido nordestino. A seca no Sudeste evidencia o limite do uso do recurso, nas cidades onde o crescimento populacional e industrial não é acompanhado pelo aumento da oferta de água tratada. Dados da ONU mostram que o uso da água cresceu a uma taxa duas vezes maior do que o aumento da população ao longo do último século. Enquanto a população global evoluirá dos atuais 7 bilhões para 9 bilhões em 2030, até 2025 o gasto de água deverá ser elevado em cerca de 50% nos países em desenvolvimento, e em 18% nos países desenvolvidos. Ainda existem 780 milhões de pessoas no mundo sem acesso a água potável. E até 2025, 2 milhões viverão em regiões com absoluta escassez. Como muitos já sabem, 70% da água disponível no planeta é utilizada para irrigação. No Brasil, o índice chega a 72%, com uma área irrigável de 29,6 milhões de hectares. Mas de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), quase 60% da água em projetos de irrigação é perdida por fenômenos como a evaporação. Uma redução de 10% no desperdício já poderia abastecer o dobro da população atual. O que poucos sabem é que o Brasil é um caso desastroso de desperdício agrícola, uma das maiores ineficiências na irrigação, diz Giulio Boccaletti, autor do relatório Charting Our Water Future, publicado pela International Finance Corporation. O Brasil gasta 14,5 milhões de metros cúbicos de água para cada mil hectares irrigados, muito mais do que a Índia, a África do Sul e a China. Só 11% das terras irrigadas brasileiras usam tecnologias eficientes, diz o especialista. O crescimento das cidades está engolindo os mananciais e poluindo as águas tanto de superfície quanto subterrâneas. Na imensa maioria dos municípios brasileiros com menos de 50 mil habitantes, os sistemas de abastecimento são precários, ressalta Sérgio Ayrimoraes, coordenador do Atlas Brasil de Abastecimento Urbano de Água. Cerca de 73% dos municípios são abastecidos por águas superficiais sujeitas a todo tipo de poluentes. Soluções práticas Não é possível depender só das chuvas. É preciso recarregar as bacias hidrográficas e implementar programas de proteção às nascentes. O planejamento tem que anteceder a crise, diz Frederico Fábio Maud, professor da Escola de Engenharia da USP de São Carlos, Temos tecnologia avançada e técnicos. A questão é de prioridade pública. Vemos o crescimento econômico da cidade e da população, mas não vemos medidas que deveriam ser tomadas sempre, não durante crises. O racionamento é o pior e último recurso. Significa que tudo o que foi planejado e feito deu errado, critica. Para especialistas estrangeiros, como Giulio Boccaletti, a solução requer o amadurecimento da sociedade. Há três campos de ação. Primeiro, é preciso fomentar

16 PROCESSO SELETIVO 2015/2 - SOCIAL a economia no uso, usando incentivos e taxação para reduzir o desperdício de água. Em segundo lugar, é preciso expandir a produção de água de reúso industrial, como faz o Projeto Aquapolo, da Sabesp e da Odebrecht Ambiental, que converte água de esgoto do rio Tietê em insumo para as indústrias do polo petroquímico de Capuava, em Mauá. No Rio de Janeiro, a Estação de Tratamento de Alegria, da Companhia Estadual de Águas, Cedae, também vai converter esgoto em água de reúso para abastecer as obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, e a reurbanização do Porto Maravilha. O uso de água reciclada aumenta a disponibilidade de água tratada para o consumo da população e gera lucros para as empresas. Um terceiro foco de atuação é reduzir as perdas por vazamento nas redes. Em todos os estados há desperdício. [...] Em média, o país perde 37,57% da água que circula pelas redes. Se essas perdas fossem reduzidas, não se cogitaria em racionamento. (CORREIA JR, Milton; ARNT, Ricardo. O problema não é só falta de chuva. Revista Planeta. Ano 42, n. 497, p. 23-26, abril de 2014. Adaptado.) TEXTO 4 PROPOSTA 1 ARTIGO DE OPINIÃO Artigo de opinião é um gênero do discurso argumentativo em que o autor expressa a sua opinião sobre determinado tema, deixando bem marcada uma argumentação que sustente a defesa do ponto de vista apresentado. Imagine que você é articulista de uma revista de circulação nacional que está discutindo a polêmica da crise de água no Brasil. Escreva um artigo de opinião sobre o tema: Água: fonte de vida ou de lucro? em que apresente o seu ponto de vista. Você deverá usar argumentos convincentes e persuasivos. Não se identifique no texto PROPOSTA 2 CARTA ARGUMENTATIVA A carta argumentativa é um gênero textual que permite ao cidadão se manifestar em relação aos problemas sociais. Possui como característica fundamental a persuasão, dada a intenção de o emissor convencer o interlocutor (normalmente uma pessoa responsável ou uma autoridade) a tomar uma atitude para tentar solucionar um determinado problema. Imagine que você seja presidente da associação de moradores de seu bairro, que está enfrentando o racionamento de água. Na tentativa de resolver o problema, você resolve se manifestar perante as autoridades sobre o tema Água: fonte de vida ou fonte de lucro? Como representante de seus vizinhos, posicione-se sobre o assunto e escreva uma carta argumentativa que será enviada ao Presidente da Companhia Estadual de Recursos Hídricos, apresentando o seu ponto de vista. Considere as marcas de interlocução peculiares ao gênero carta na construção do seu texto e apresente argumentos convincentes. Utilize a coletânea e seus conhecimentos prévios sobre o tema. Não identifique o remetente da carta (NANI. Crise hídrica. 23 jan. 2015. Disponível em: http://www.nanihumor.com/2015/01/crise-hidrica. html. Acesso em: 18 fev. 2015.)

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