A INICIAÇÃO CIENTÍFICA COMO ATIVIDADE OBRIGATÓRIA NO CURSO DE ENGENHARIA

Documentos relacionados
SÍNTESE PROJETO PEDAGÓGICO

PLANO DE ENSINO. Curso: Pedagogia. Disciplina: Metodologia da Pesquisa Aplicada à Educação IV. Carga Horária Semestral: 40 Semestre do Curso: 8º

PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓCIO: Carga Horária Semestral: 40 Semestre do Curso: 7º

A CRIAÇÃO DE UM NÚCLEO DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA PARA ENGENHEIROS BACHAREIS NOS CURSOS DE ENGENHARIA

Diretrizes curriculares nacionais e os projetos pedagógicos dos cursos de graduação

ATIVIDADES DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA: EXPERIÊNCIA DE MONITORIA DA DISCIPLINA METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO

REGULAMENTO DE ATIVIDADES COMPLEMENTARES

O futuro da graduação na UNESP: planejamento e expectativas Iraíde Marques de Freitas Barreiro

Síntese do Projeto Pedagógico do Curso de Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Coração Eucarístico 1) Perfil do curso:

PLANO DE ENSINO. Curso: Pedagogia. Disciplina: Planejamento e Avaliação Educacional. Carga Horária Semestral: 40 Semestre do Curso: 6º

PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓGICO: 2010

Curso de Bacharelado em Administração do IFSP, Câmpus São Roque MANUAL DE ATIVIDADES COMPLEMENTARES

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CONSELHO SUPERIOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO RESOLUÇÃO N , DE 27 DE ABRIL DE 2011

Apresentação da Proposta Político-Pedagógica do Curso e Grade de Disciplinas

PLANO DE ENSINO. Curso: Pedagogia. Disciplina: Coordenação Pedagógica. Carga Horária Semestral: 40 h/a Semestre do Curso: 7º

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES

O RELACIONAMENTO ENTRE O ENSINO E A PESQUISA NA UPM

EDUCAÇÃO 4.0: conheça quais são as mudanças da nova educação

FIGURAS PLANAS E ESPACIAIS

Resolução do Colegiado n 001, de 11 de abril de 2017

A Prática Profissional terá carga horária mínima de 400 horas distribuídas como informado

CARGA HORÁRIA SEMANAL: CRÉDITO: CARGA HORÁRIA SEMESTRAL: 45 NOME DA DISCIPLINA: MATEMÁTICA BÁSICA NOME DO CURSO: PEDAGOGIA

VISÃO DO ALUNO DE ENGENHARIA DA PUCRS SOBRE SUAS HABILIDADES MAIS IMPORTANTES

PLANO DE ENSINO. Disciplina: Fundamentos e Metodologia na Educação de Jovens e Adultos II

ENGENHARIA ELÉTRICA EESC-USP. CURSOS DE ENG. ELÉTRICA Ênfase em Eletrônica Ênfase em Sist. De Energia e Aut.

SÍNTESE DO PROJETO PEDAGÓGICO Engenharia Mecatrônica

PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA FACULDADE MUNICIPAL DE BARUERI FMB/FIEB

FORMULÁRIO N 05 ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CONSELHO SUPERIOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO CÂMARA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO

REGULAMENTO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

PLANO DE ENSINO Projeto Pedagógico: 2017

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA DIRETORIA DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

RESOLUÇÃO Nº 2, DE 24 DE ABRIL DE 2019 (*)

PLANO DE ENSINO. Curso: Pedagogia. Disciplina: Conteúdos e Metodologia de Língua Portuguesa. Carga Horária Semestral: 80 Semestre do Curso: 6º

PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓGICO Carga Horária Semestral: 40 Semestre do Curso: 7º

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO

PLANO DE ENSINO E APRENDIZAGEM. CH Teórica: 40h CH Prática: CH Total: 40h Créditos: 02 Pré-requisito(s): - Período: I Ano:

Professor ou Professor Pesquisador

PLANO DE ENSINO. Disciplina: Fundamentos da Ação Educativa em Espaços não Escolares

CURRÍCULO DO CURSO DE PSICOLOGIA

OBJETIVOS DO CURSO DE ENFERMAGEM

PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓCIO: 2010

INOVAÇÃO NA EDUCAÇÃO: DESENVOLVENDO E AVALIANDO CRIATIVIDADE E O PENSAMENTO CRÍTICO CHAPECÓ/SC

Regulamento. Projeto Integrador PI FACEQ

EDUCAÇÃO INFANTIL: UM CAMPO A INVESTIGAR. Leila Nogueira Teixeira, Msc. Ensino de Ciências na Amazônia Especialista em Educação Infantil

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ CONSELHO SUPERIOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PLANO DE ENSINO. Curso: Pedagogia. Disciplina: Filosofia da Educação I. Carga Horária Semestral: 40 Semestre do Curso: 1º

Índice. 1. Professor-Coordenador e suas Atividades no Processo Educacional Os Saberes dos Professores...4

PLANO DE ENSINO. Curso: Pedagogia. Disciplina: Conteúdos e Metodologia de Alfabetização. Carga Horária Semestral: 80 horas Semestre do Curso: 5º

Ingrid Janaína dos Santos Ferreira 1 ; Paulo Cézar Pereira Ramos 2 ; Maria Aparecida dos Santos Ferreira 3 INTRODUÇÃO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

ANEXO I REGULAMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE MONITORIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO - EDIÇÃO

EXPLICAÇÕES SOBRE ESTRUTURA CURRICULAR E SEUS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS

PLANO DE ENSINO. Curso: Pedagogia. Disciplina: Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem. Carga Horária Semestral: 40 Semestre do Curso: 3 º

Portaria Inep nº 245 de 04 de agosto de 2011 Publicada no Diário Oficial de 05 de agosto de 2011, Seção 1, págs. 55 e 56

A ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA PARA CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL CONGÊNITA E ADQUIRIDA ATRAVÉS DE JOGOS PEDAGÓGICOS.

CRITÉRIOS GERAIS DE AVALIAÇÃO 1º Ciclo (2.º Ano) Atitudes e Valores (saber ser/saber estar) 20%

PLANO DE ENSINO Projeto Pedagógico: Disciplina: Legislação e Política Educacional Carga horária: 80

Habilidades Cognitivas. Prof (a) Responsável: Maria Francisca Vilas Boas Leffer

4 Ano Curso Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem

SÍNTESE DO PROJETO PEDAGÓGICO ENGENHARIA CIVIL POÇOS DE CALDAS

PLANO DE ENSINO. Curso: Pedagogia. Disciplina: Metodologia da Pesquisa Aplicada a Educação II. Carga Horária Semestral: 40 horas Semestre do Curso: 5º

Manual de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)

PLANO DE ENSINO. Curso: Pedagogia. Disciplina: Teoria e Planejamento Curricular I. Carga Horária Semestral: 40 horas Semestre do Curso: 5º

PLANO DE ENSINO

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 1.º CICLO

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

EDUCAÇÃO, CONTEÚDO DISCIPLINAR, CURRÍCULO E ATITUDE CRÍTICA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES RESUMO ABSTRACT 1 - INTRODUÇÃO

PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓCIO: Carga Horária Semestral: 40 h Semestre do Curso: 3º

TÍTULO: ENSINO E CONTABILIDADE: A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DO DOCENTE DE CONTABILIDADE E SEUS REFLEXOS NO ENSINO/APRENDIZAGEM DOS DISCENTES.

REGULAMENTO DE ATIVIDADES COMPLEMENTARES ENGENHARIA CIVIL

BENEFÍCIOS DO USO DA REALIDADE VIRTUAL NA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA Toda época formata o conhecimento, procurando atender as necessidades próprias de cada

Prof. Renato da Anunciação REITOR Profª Aurina Oliveira Santana DIRETORA GERAL Prof. Durval de Almeida Souza DIRETOR DE ENSINO Prof.

APOIO AO ESTUDO 1º CICLO LINHAS ORIENTADORAS 2015/ INTRODUÇÃO

CURRÍCULOS E PROGRAMA

PLANO DE ENSINO Projeto Pedagógico: Disciplina: Avaliação Educacional e Institucional Carga horária: 40

Componente Curricular: Trabalho de Conclusão de Curso I. Titulação: Doutora em Ciências da Saúde/ Pós-doutora em Saúde Pública PLANO DE CURSO

PLANO DE ENSINO. Curso: Pedagogia. Disciplina: Estrutura e Funcionamento da Educação Básica I. Carga Horária Semestral: 40 Semestre do Curso: 3º

PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓCIO: 2010

PLANO DE ENSINO. Curso: Pedagogia. Disciplina: Didática III. Carga Horária Semestral: 40 Semestre do Curso: 6º

Proposta de melhoria da formação de professores da educação básica através da criação de clube de ciências e cultura

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA

PLANO DE ENSINO DIA DA SEMANA PERÍODO CRÉDITOS. Segunda-Feira Vespertino 03

A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAS: DISCIPLINA PARA O DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MENTAIS

ESCOLA NO. Gestão, Inovação e Tecnologia Educacional

PLANO DE TRABALHO DO PROFESSOR

A ANÁLISE DE ERROS NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA. Autor: José Roberto Costa 1 (Coordenador do projeto)

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO: AVALIANDO A AVALIAÇÃO DA PESQUISA CIENTÍFICA

REGULAMENTO ATIVIDADES COMPLEMENTARES FACULDADE CNEC RIO DAS OSTRAS. Página 1 de 9. Faculdade CNEC Rio das Ostras

Critérios de avaliação 1º Ciclo - Português

DIFICULDADES RELATADAS POR ALUNOS DO ENSINO MÉDIO NO PROCESSO DE ENSINO DE QUÍMICA: ESTUDO DE CASO DE ESCOLAS ESTADUAIS EM GRAJAÚ, MARANHÃO 1

Transcrição:

A INICIAÇÃO CIENTÍFICA COMO ATIVIDADE OBRIGATÓRIA NO CURSO DE ENGENHARIA Mírian Ramos Quebaud mquebaud@usu.br Mônica Costa Joaquim joaquimmcj@aol.com Stéphane Quebaud squebaud@usu.br Universidade Santa Úrsula, CCET, Eng. Civil Rua Fernando Ferrari, 75 Botafogo 2223-040 Rio de Janeiro - RJ Resumo: Visando desenvolver a capacidade de investigação e o espírito crítico do estudante do curso de Engenharia Civil da Universidade Santa Úrsula, a Iniciação Científica foi introduzida, há cerca de dez anos, como atividade obrigatória. Este artigo tem por objetivo apresentar as atividades desenvolvidas nestes laboratórios de Iniciação Científica, nos quais o estudante desempenha um papel ativo na construção do seu conhecimento, privilegiando o papel do professor orientador. Os mecanismos de acompanhamento adotados pelo professor orientador e os benefícios desta atividade na formação integral dos estudantes também são analisados. Palavras-chave: Iniciação Científica, Investigação, Pesquisa

1. INTRODUÇÃO Se por um lado, as Instituições de Ensino Superior, sobretudo os estabelecimentos privados, enfrentam grandes dificuldades para desenvolver pesquisa e associá-la ao ensino de graduação, por outro lado questiona-se a universidade renovada, restringindo-se à formação de profissionais para o mercado de trabalho, esquecendo-se da construção do conhecimento, uma das funções da universidade, com impacto restritivo ao ensino de qualidade [ENGERS 2000]. Demo afirma que a alma da vida acadêmica é constituída pela pesquisa, como princípio científico e educativo, ou seja como estratégia de geração de conhecimento e de promoção de cidadania. Para ele, pesquisa implica diálogo crítico e criativo com a realidade, culminando na elaboração própria e na capacidade de intervenção. Ainda, diz que em tese, pesquisar é a atitude de aprender a aprender [DEMO 1993]. A Declaração Mundial sobre Educação Superior no Século XXI: Visão e Ação, no seu artigo 5 chama a atenção para a relevância da pesquisa na construção do saber [UNESCO 1999]. A implantação da Iniciação Científica como atividade obrigatória em um curso de graduação, além de permitir um maior engajamento dos corpos discente e docente em atividades de pesquisa, contribui para uma alavancagem da pesquisa institucional, permitindo inclusive que a instituição conheça seus pontos fortes, e invista em programas de pósgraduação. 2. DESENVOLVIMENTO DOS LABORATÓRIOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA Visando desenvolver a capacidade de investigação e o espírito crítico dos nossos estudantes e associar a pesquisa ao ensino, foram criados há cerca de 10 anos, no curso de Engenharia Civil da Universidade Santa Úrsula (USU), os Laboratórios de Iniciação Científica (LIC) [CAVALCANTI 1996]. Nos LIC, mediante a orientação de um professor, os estudantes desenvolvem um projeto de pesquisa, onde são levados a refletir sobre uma problemática, as soluções e as formas de análise e interpretação dos resultados. Esta atividade é obrigatória em pelo menos 2 semestres do curso, podendo ser estendida como atividade complementar. No desenvolvimento das atividades, o trabalho pessoal do aluno é estimulado; procura-se que o estudante desempenhe um papel ativo na construção do seu conhecimento, privilegiando o papel do professor orientador. Os estudantes são divididos em grupos de no máximo 6 alunos, segundo as suas áreas de interesse, e desenvolvem individualmente um projeto de Iniciação Científica. Os temas desenvolvidos num mesmo grupo podem estar relacionados, de maneira a estimular a discussão entre os estudantes.

A aula expositiva é sem dúvida o método de ensino mais amplamente usado, mas também um dos mais exigentes da preparação e performance do professor. Pesquisas comparativas mostram que a aula expositiva é apenas tão eficiente quanto outros métodos, como meio de transmissão dos conhecimentos [LUCE 2001]. Acreditamos que uma prática acadêmica que estimule aprendizagens ativas, que encoraje os estudantes a serem pensadores críticos e criativos é uma das formas de construção do conhecimento de qualidade [USU 2002]. 2.1 Atividades desenvolvidas As atividades desenvolvidas nestes Laboratórios são diversas; procura-se privilegiar temas que incentivem a criatividade, a autonomia e a iniciativa dos estudantes. Atualmente, os projetos desenvolvidos dizem respeito às áreas de: Estruturas de Concreto Armado e Aço, Fundações e Obras de Terra, Mecânica dos Solos, Materiais de Construção Civil e Durabilidade das Construções, mas pretende-se contemplar todas as áreas da Engenharia Civil. No final de cada semestre todo o corpo discente é convidado a assistir às apresentações dos trabalhos desenvolvidos pelos estudantes. São amplamente divulgadas as datas das apresentações e tem sido cada vez maior o número de alunos participantes. 2.2 O papel do estudante No desenvolvimento do seu trabalho de Iniciação Científica, o estudante assume um papel ativo na construção do seu conhecimento, ele é o protagonista principal da sua aprendizagem. Quanto às atribuições do estudante durante o desenvolvimento do LIC, este deverá: - Escolher o tema a ser desenvolvido; - Desenvolver uma pesquisa bibliográfica (fundamentação teórica do tema estudado); - Desenvolver um programa computacional que modelize o problema, ou elaborar uma campanha de ensaios em laboratório (dependendo da especificidade do tema); - Fazer uma análise critica dos resultados obtidos; - Redigir, sob a forma de monografia, os resultados da sua pesquisa; - Apresentar oralmente o seu Trabalho de Iniciação Científica. Durante o desenvolvimento do seu trabalho, o estudante tem um professor e um laboratorista (quando necessário) à sua disposição para orientá-lo. 2.3 O papel do Professor - Orientador O Professor-Orientador deve estimular o estudante durante o desenvolvimento do seu trabalho; cada professor deve orientar no máximo seis alunos.

No desenvolvimento de suas atividades, os professores são motivados a adotar novas tecnologias e metodologias em complementação às práticas habituais de ensino/aprendizagem. O estudante deve ser levado a trabalhar com circunstâncias ou atividades diversas daquelas que lhe tenham sido apresentadas em aulas expositivas. O professor-orientador elabora uma relação de problemas sugeridos, observado o nível de conhecimento do estudante - problemas simples mas férteis em diversidade de soluções. Dá assistência teórica, orienta a leitura de textos de apoio e outras referências bibliográficas, levanta hipóteses que podem conduzir a mesmos resultados trilhando caminhos diferentes. Respeita as decisões do estudante quanto ao caminho a seguir, pois as soluções devem ser procuradas por esforço próprio do estudante. A orientação pode extrapolar o espaço da sala de atendimento e o acompanhamento ser auxiliado com o uso de novas tecnologias de comunicação e informação. A avaliação do estudante é baseada: - No seu empenho durante o desenvolvimento do projeto; - Na realização da experimentação ou na elaboração e funcionamento de um programa computacional; - Na qualidade da monografia apresentada; - Na qualidade da apresentação oral do trabalho. 3. BENEFÍCIOS DESTA ATIVIDADE NA FORMAÇÃO INTEGRAL DO ESTUDANTE Os efeitos benéficos da pesquisa sobre o ensino superior são freqüentemente subestimados, em parte porque os laços entre as duas atividades nem sempre são imediatos e diretamente perceptíveis. Além das aquisições pedagógicas, a participação em projetos de pesquisa ensina os estudantes a aceitar a disciplina inerente a todo empreendimento científico [UNESCO 1999]. Através do desenvolvimento desta atividade de pesquisa, procura-se desenvolver no estudante a capacidade de investigação e espírito crítico, possibilitando-o no futuro uma intervenção em determinados aspectos da sua realidade profissional, não vistos em sala de aula. A partir das pesquisas desenvolvidas no âmbito dos LIC, é possível identificar estudantes com vocação para pesquisa e estimular a sua participação no Projeto Institucional de Iniciação Científica. Uma das conseqüências do desenvolvimento dos LIC é uma melhoria na integração entre as disciplinas do núcleo de conteúdos básicos e as disciplinas dos núcleos de conteúdos profissionalizantes e específicos.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Tentando buscar formas mais flexíveis e diversificadas de fazer a integração entre o Ensino e a Pesquisa, foram desenvolvidos na Universidade Santa Úrsula os Laboratórios de Iniciação Científica como atividade obrigatória para o curso de Engenharia Civil. Através da introdução desta atividade tem sido possível: - Promover atividades de pesquisa, assegurando uma visão científica na formação do profissional graduado; - Formar profissionais capazes de aplicar os conhecimentos matemáticos, científicos, tecnológicos e instrumentais à engenharia; - Formar profissionais capazes de identificar, formular e resolver problemas de engenharia; - Formar profissionais aptos a projetar e conduzir experimentos e interpretar resultados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ENGERS, M. E. A.. A pesquisa no contexto da Universidade: Um novo olhar para a realidade da PUCRS. In Educ. bras., Brasília, v. 22, n. 44, p. 131-154, jan/jun. 2000. CAVALCANTI, C. H. R. Projeto de Produção Acadêmica, Desenvolvimento da disciplina Laboratório de Iniciação Científica, Universidade Santa Úrsula, Rio de Janeiro, 1996. DEMO, P. Desafios Modernos da educação. Petrópolis: Vozes, 1993. LUCE, M. B.. Prática acadêmica: metodologias e tecnologias de ensino em questão. In Educ. bras., Brasília, v. 23, n. 47, p. 103-108, jul/dez. 2001. UNESCO. Tendências da Educação Superior para o Século XXI: visão e ação. Anais da Conferência mundial sobre o Ensino Superior. Tradução de Maria Beatriz Ribeiro de Oliveira Gonçalves. Brasília, UNESCO/CRUB, 1999. USU. Plano USU 2010, Plano de Desenvolvimento Institucional, Universidade Santa Úrsula, Rio de Janeiro, 2002. USU. Projeto Pedagógico do Curso de Engenharia Civil, Universidade Santa Úrsula, Rio de Janeiro, 2002.

THE SCIENTIFIC INITIATION AS AN OBLIGATORY ACTIVITY IN ENGINEERING GRADUATION Abstract: In order to develop research ability and critical attitude in students from the Civil Engineering Graduation of Santa Úrsula University, the scientific initiation has been introduced as an obligatory activity for 10 years. This paper aims to present activities developed in these scientific initiation laboratories, for which the student plays an active part in his knowledge construction, giving importance to the teacher-orientator s role. Orientation mechanisms followed by the teacher-orientator and vantages of this activity in the complete formation of students is analysed too. Key-words: Scientific Initiation, Investigation, Research