2- Os órgãos da Associação, funcionam democraticamente e segundo a regra da maioria na tomada de decisões;

Documentos relacionados
Parecer CFJN nº 10/08 : Flor de Lis

Parecer CFJN nº 13/08 : Entrega dos Censos e pagamento de quotas e. seguros

2 O licenciamento dos veículos depende da prova de que a actividade principal da entidade requerente ( CNE) implica a deslocação de crianças;

Acordam no Conselho Fiscal e Jurisdicional Nacional

Parecer CFJN nº 11/08 : Deliberação do C.R. sobre o Plano de Actividades e Orçamento Regional

Acordam no Conselho Fiscal e Jurisdicional Nacional

O processo foi documentalmente instruído e procedeu-se á sua análise seguida de debate e deliberação deste Conselho Fiscal e Jurisdicional Nacional.

Acordam no Conselho Fiscal e Jurisdicional Nacional

O recorrente em síntese fundamenta o seu recurso da seguinte forma:

Acordam no Conselho Fiscal e Jurisdicional Nacional

Junta Regional de Braga Normas Regionais de Formação

Parecer CFJN nº 16.08:

REGULAMENTO DO C0NGRESSO

REGIMENTO DOS CONSELHOS NACIONAIS

DOCUMENTO DE REVISÃO DE ESTATUTOS ASSOCIAÇÃO DE ESTUDOS DO ALTO TEJO ESTATUTOS. CAPÍTULO I Princípios Fundamentais

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS PÓVOA DE SANTA IRIA ESCOLA BÁSICA E SECUNDÁRIA D. MARTINHO VAZ DE CASTELO BRANCO

CONSELHO TÉCNICO-CIENTÍFICO REGULAMENTO

CAPÍTULO I Princípios Gerais. ARTIGO 1.º Denominação, âmbito e sede

ESTATUTOS. Artigo 1.º NOME E SEDE

REGULAMENTO DO CONSELHO DE DIRECÇÃO REG.03_

a. O Conselho Pedagógico é composto por docentes e discentes, eleitos pelos membros de cada um dos respectivos cursos.

Corpo Nacional de Escuteiros Escutismo Católico Português ESTATUTOS = SOMENTE ALTERAÇÕES, ADITAMENTOS E ELIMINAÇÕES =

REGULAMENTO Conselho Científico do ISCSEM Data 14/04/2014 Revisão 00 Código R.EM.CCI.01

ASSOCIAÇÃO DOS MÉDICOS AUDITORES E CODIFICADORES CLINICOS ESTATUTOS

Regulamento do Conselho Pedagógico do ISPAJ

REGULAMENTO DO DEPARTAMENTO DE QUÍMICA CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS

REGIMENTO CONSELHO ADMINISTRATIVO. Agrupamento de Escolas Tomás Cabreira Manual de Controlo Interno - Página 29 de 110

Comissão de Coordenação da Avaliação de Desempenho (CCAD)

REGULAMENTO DO CONSELHO DE COORDENAÇÃO DA AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA CÂMARA MUNICIPAL DE ARMAMAR

CORPO NACIONAL DE ESCUTAS Escutismo Católico Português CONSELHO FISCAL E JURISDICIONAL NACIONAL

REGULAMENTO INTERNO 1 ASSOCIAÇÃO DE PAIS E ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO DOS ALUNOS DAS ESCOLAS DOS CORREIOS DE VILA DO CONDE. Capítulo I.

Estatutos Arco Ribeirinho Sul, S. A.

Exemplo de Estatutos. "Nome do Clube" ESTATUTOS. Artigo 1.º NOME E SEDE

ESTATUTOS DA ASSOCIAÇÃO DE PAIS E ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO DA ESCOLA BÁSICA JARDIM INFÂNCIA DA MALVA ROSA

Associação Miacis Protecção e Integração Animal. Estatutos. CAPÍTULO I (Denominação, duração, natureza, sede e fins)

Corpo Nacional de Escutas Escutismo Católico Português NÚCLEO DE S. MIGUEL

Capítulo I Natureza e fins. Artigo 1.º Denominação e duração

CÂMARA MUNICIPAL DE MOURA EDITAL

ESTATUTOS DO INSTITUTO DE ESTUDOS MEDIEVAIS - 18 DE JUNHO DE

ESCUTISMO CATÓLICO PORTUGUÊS. Regulamento

Regulamento do Conselho Coordenador da Avaliação e Secção Autónoma do Sistema Integrado de Gestão e Avaliação do Desempenho do Município de Gondomar

Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Básica 2,3 de Corroios

ESTATUTOS DA ASSOCIAÇÃO DE ESTUDANTES DA ESCOLA BÁSICA DE BRANCA

Conselho Técnico das Profissões de Diagnóstico e Terapêutica do Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE REGULAMENTO

DESPACHO ISEP/P/48/2010 REGULAMENTO PARA CARGOS DE DIRECÇÃO INTERMÉDIA DO INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DO PORTO

ESTATUTOS -- ANEL. Capítulo I Nome, Sede, Âmbito e Projecto

REGULAMENTO INTERNO DO CONSELHO MUNICIPAL PARA OS ASSUNTOS DA JUVENTUDE CAPÍTULO I. Art.º 1.º (Definição)

SOCIEDADE PORTUGUESA PARA O ESTUDO DAS AVES

Revisão aprovada pela Assembleia Regional em 17 de novembro de 2016

ESTATUTOS DO GRUPO DESPORTIVO SANTANDER TOTTA. CAPÍTULO I SEÇÃO I CONSTITUIÇÃO ART.º 1.º (Denominação e Natureza)

REGULAMENTO GERAL INTERNO

UNIVERSIDADE DOS AÇORES CONSELHO CIENTÍFICO REGIMENTO DO CONSELHO CIENTÍFICO

Regimento do Grupo de Recrutamento Matemática

Associação de Pais e Encarregados de Educação de Moncorvo, APEEM. Capítulo Primeiro Da denominação, natureza e fins

REGULAMENTO INTERNO COMISSÃO DE GOVERNO SOCIETÁRIO, AVALIAÇÃO E NOMEAÇÕES CTT Correios de Portugal, S.A.

REGULAMENTO DO CONSELHO CIENTÍFICO DO ISPAJ

Estatutos da Associação dos Médicos Católicos Portugueses

JUNTA DE FREGUESIA DE COVA DA PIEDADE. SIADAP Sistema Integrado de Avaliação de Desempenho da Administração Pública

agrupamento de escolas da abelheira VIANA DO CASTELO REGIMENTO INTERNO conselho administrativo CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS 2

ESTATUTOS DA ASSOCIAÇÃO JUVEMEDIA

ESTATUTOS DA ASSOCIAÇÃO DE PAIS E ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO DA ESCOLA EB1 O LEÃO DE ARROIOS

ESTATUTOS DO CENTRO DE CULTURA E DESPORTO DOS TRABALHADORES DA TRANQUILIDADE SEGUROS 2012

REGIMENTO INTERNO DO DEPARTAMENTO DA EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR

Escola de Direito Conselho Científico. Regulamento Eleitoral para a Eleição do Conselho Científico da Escola de Direito

Regulamento do processo Eleitoral para o Conselho Geral do. Agrupamento de Escolas da Damaia

REGULAMENTO DO CONSELHO COORDENADOR DE AVALIAÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE MONDIM DE BASTO (CMMB) Preâmbulo

Normas Regulamentares do Mestrado em Educação Pré-Escolar

Artigo 1 Objecto. Artigo 2 Âmbito

III ACAMPAMENTO DE NÚCLEO NÚCLEO TERRAS DE SANTA MARIA REGIÃO DO PORTO

Portaria n.º 57/2005, de 20 de Janeiro Aprova a composição, funcionamento e financiamento da Comissão de Ética para a Investigação Clínica (CEIC)

Regimento do Conselho Cientifico da Faculdade de Belas- Artes. Capítulo I Disposições Gerais. Artigo 1.º (Natureza)

ESTATUTOS. (Aprovados em Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa em 30 de abril de 1992) METANOIA MOVIMENTO CATÓLICO DE PROFISSIONAIS

Regulamento. Reconhecimento do Mérito Profissional do Pessoal Docente e Não Docente

REGULAMENTO INTERNO DA AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DOS DOCENTES DO ENSINO PORTUGUÊS NO ESTRANGEIRO. CAPÍTULO I Disposições Comuns

Da Atividade da Associação. Dos Sócios

ESTATUTOS CAPÍTULO I NATUREZA, DENOMINAÇÃO, SEDE E OBJECTO

Proposta de alteração aos Estatutos

TEXTO DE APOIO PARA O FORMANDO

DESPACHO. Assim, ao abrigo do disposto no nº 2 e 4 do artigo 12º do Decreto Regulamentar nº 2/2008, de 10 de Janeiro, determino o seguinte:

ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DO PORTO

ESTATUTOS DA ASSOCIAÇÃO DE PAIS E ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS CASTRO MATOSO CAPITULO I DENOMINAÇÃO, NATUREZA E FINS

Fraternidade de Nuno Álvares

REGULAMENTO DA ASSEMBLEIA GERAL DA ASSOCIAÇÃO DISTRITAL DE ATLETISMO DE COIMBRA

Estatutos da Musikarisma Associaça o

ANEXO 1.1 Regulamento Interno. Regimento Interno do Conselho Geral (com as alterações aprovadas em Conselho Geral no quadriénio 2011/15)

Artigo 3.º Os Presidentes dos Sectores serão nomeados pela Direcção, de entre os seus membros.

REGULAMENTO INTERNO DO CONSELHO NACIONAL MEMBROS DO CONSELHO NACIONAL

REGULAMENTO DO CONSELHO TÉCNICO-CIENTÍFICO DA ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE DA UNIVERSIDADE DO ALGARVE

s. R. TRIBUNAL DA COMARCA DE LISBOA Rua Marquês de Fronteira - Palácio da Justiça de Lisboa - Edifício Norte (Piso 4) Lisboa

SOCIEDADE PORTUGUESA PARA O ESTUDO DAS AVES ESTATUTOS

ESTATUTOS DA ASSOCIAÇÃO DE PAIS E ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO DA ESCOLA BÁSICA UM DE CAMPO. Capítulo Primeiro Da denominação, natureza e fins

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO BANCO BPI, S.A. REGULAMENTO

UNIVERSIDADE DE AVEIRO DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E ARTE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

ESTATUTOS DA ASSOCIAÇÃO JUVENIL

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA PARA A SALVAGUARDA DO PATRIMÓNIO CULTURAL IMATERIAL

REGULAMENTO DO CONSELHO PEDAGÓGICO DA ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE. Artº1º. Composição

CENTRO DE FORMAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DE ESCOLAS DO CONCELHO DA AMADORA (CFAECA) REGULAMENTO INTERNO

ESTATUTOS CLUBE DE CAMPO DA AROEIRA

Transcrição:

CORPO NACIONAL DE ESCUTAS Escutismo Católico Português CONSELHO FISCAL E JURISDICIONAL NACIONAL PARECER CFJN nº 001 / 09 P O Conselho Fiscal e jurisdicional Regional do questiona o CFJN sobre a existência estatutária e regulamentar em geral de um direito de veto e em especial por parte do assistente em reunião de Direcção de Agrupamento na admissão de um qualquer associado.. Conclusões: 1- Nem os ECNE nem os Regulamentos e Actos Normativos atribuem a qualquer órgão ou titular de órgão da Associação, um direito de veto sobre qualquer decisão ou matéria, sem prejuízo da concessão de poderes de coordenação e atribuições funcionais, nos órgãos executivos; 2- Os órgãos da Associação, funcionam democraticamente e segundo a regra da maioria na tomada de decisões; 3- Apenas fogem a esta regra a necessidade de homologação dos nomes dos candidatos às eleições da Junta Central e das Juntas Regionais e as alterações estatutárias e regulamentares; 4- Os aspirantes (associados não dirigentes) são admitidos na associação por decisão da Direcção do Agrupamento sob proposta do Chefe de Unidade, de acordo com as regras democráticas; 5- Dada a ausência de outras normas, por maioria de razão, igual modo de proceder deve ser adoptado, para o aspirante ser admitido á realização da Promessa Escutista e á consequente admissão como escuteiro; 6- pelo que a admissão de associado não dirigente é da competência da Direcção de Agrupamento, em funcionamento democrático, e qualquer divergência deverá apenas decorrer por não reunir ou não reunir ainda os requisitos necessários (ou não pretender reunir) para fazer a Promessa Escutista. 7- Os adultos, em face das normas da Politica de Recurso de Adultos são convidados a ingressar na Associação pelo Chefe de Agrupamento, após levantamento das necessidades do Agrupamento e em vista á sua satisfação e de acordo com o perfil de adulto estabelecido pelo CNE; 1

8- A formação necessária do candidato a dirigente é, em face das Normas para a Formação de Dirigentes, da responsabilidade da Direcção e do Conselho de Agrupamento, e compreende o CIP e eventualmente o CI; 9- A organização, realização, controlo e avaliação do CIP compete á Junta Central que a pode delegar nas Juntas Regionais ( e estas nas Juntas de Núcleo) 10- A qualificação (conclusão com aproveitamento) no CIP constitui condição necessária a acrescer às demais, para a admissão á categoria de associado dirigente, e constitui o reconhecimento de que está apto a fazer a Promessa Escutista; 11- Essa qualificação é da exclusiva competência da Junta Central, que a pode delegar nas Juntas Regionais, e manifesta-se pela emissão de diploma próprio; 12- Na admissão de associados dirigentes intervêm todos os níveis da Associação, e obtida a qualificação no CIP, há que verificar se se encontram preenchidos os demais requisitos para a admissão á Promessa escutista (com especial destaque para o bom comportamento moral e cívico, e professar e praticar a religião católica) 13- Só depois de feita a Promessa escutista e efectuada a publicação em O.S.N. na Flor-de-lis, da competência do Chefe Nacional, o candidato adquire o estatuto de dirigente da associação. 14- A intervenção da Direcção do Agrupamento, na admissão dos associados dirigentes traduzir-se-á para além da aprovação do recrutamento inicial, na verificação ou não do preenchimento dos requisitos gerais e específicos, com vista á realização da promessa escutista 15- Competirá sempre e em última linha á Junta Central a decisão de admissão ou não de associado dirigente; 16- Qualquer decisão sobre a admissão de associados do CNE pode ser objecto de reclamação para o órgão que a proferiu e para o órgão imediatamente superior em caso de indeferimento, e de posterior impugnação/ recurso para o Conselho Fiscal e Jurisdicional respectivo; 17- Como Associação de Juventude e Movimento da Igreja Católica, no recrutamento e admissão de dirigentes, devem ser especialmente ponderadas as razões de oposição manifestadas por qualquer dirigente (assistente ou não), por poder, entre outros, por em causa o correcto e bom funcionamento da Associação e a sua reputação; 18- Não existe por parte de qualquer candidato a dirigente, o direito de pertencer á Associação, sendo que a expectativa gerada, com o convite pode não se concretizar, por entre outros, ter ocorrido uma alteração relevante nas necessidades de recrutamento, quer porque não reúne ou deixou de reunir o perfil adequado; Texto integral: Âmbito do parecer: 2

A competência do CFJN é definida nos artºs 27º ECNE e 39º RG de acordo com o qual lhe compete elaborar parecer sobre questões de âmbito estatutário e regulamentar, e fora disso quando os regulamentos do CNE o impõem, e apenas nessa medida, deixando de fora questões de diversa natureza que a questão suscita. A questão suscitada deverá ser analisada numa perspectiva geral sobre a existência ou não de um direito de veto e numa perspectiva concreta de como se processa a admissão dos associados (dirigentes e não dirigentes). Apreciando. Percorrendo os ECNE, os Regulamentos e os Actos Normativos (artº 10º RG), em lado algum é atribuído de modo directo, a qualquer órgão ou membro de um órgão um direito de veto sobre qualquer assunto ou matéria. Apenas são atribuídos poderes de coordenação (artº 38º2 RG, ao Chefe Nacional na JC, artº 43º3 RG, ao C.R. na JR, artº 49º3 RG ao CN na JN, etc.) dos órgãos do CNE, sem prejuízo de por vezes serem atribuídos poderes específicos aos respectivos membros, como é o caso do Chefe de Agrupamento, Secretário, Tesoureiro e Assistente artº 56º4, 5, 6 e 7 RG, mas que não são mais do que uma descrição das suas funções, sempre subordinadas á Direcção do Agrupamento, de que fazem parte e que é o órgão executivo (artº 46º1, 2 e 8 RG). Tal como se encontra estruturado o CNE e a personalidade jurídica de que goza, como associação de direito civil, dotada necessária e legalmente de órgãos colegiais e porque está inserido num Estado de Direito Democrático, cujas normas lhe são aplicáveis e por si aceites (artº 1º3 RG), os seus órgãos funcionam democraticamente pelo que as suas decisões estão sujeitas á regra da maioria (sem prejuízo da liberdade de estipulação quando a lei lha concede ou de regras especificas de aprovação de determinadas matérias, como vg. a alteração estatutária artº 75º RG), que assim expressa a vontade do órgão, através dos seus membros. Assim qualquer membro de um órgão no caso especifico a Direcção do Agrupamento de que fazem parte o C.A., o C.A.Adj, o Secretário, Tesoureiro, o Ch. de cada Unidade, e o Assistente (que é dirigente com uma função especifica e com os mesmos direitos e deveres dos demais dirigentes artº 26º e 27º RG), têm o mesmo poder de voto. Dessa situação apenas diverge, como é, nos termos gerais comummente reconhecido o voto de qualidade de quem preside (sendo que na Direcção do Agrupamento é o CA) em caso de empate, com vista a obviar a uma situação de impasse inultrapassável de outro modo, ou o carácter persuasivo da posição assumida pelo chefe que preside ao órgão, por a sua demissão implicar a queda de todo o órgão e novas eleições ( v.g. artº 38º 7, 39º7, 43º5, RG e outros, nos mesmos moldes). A única situação de controlo, por parte da hierarquia eclesiástica, é a que resulta da necessidade de homologação dos nomes dos candidatos às eleições para a Junta Central e Juntas Regionais artº 45º1 ECNE mas que em nada se assemelha ao ingresso na Associação de novos membros. Podemos assim concluir que a nenhum dirigente, incluindo o assistente é concedido, direito de veto sobre qualquer matéria, incluindo por isso sobre a admissão de associados. 3

Mas como se processa a admissão de associados no CNE? O artº 8º ECNE diz-nos que associados do CNE são todos os indivíduos maiores de 6 anos que tenham feito a promessa escutista, estabelecendo o artº 9º ECNE os requisitos sobre a admissão á promessa, e o artº 10º ECNE a autorização para os associados menores. Neste âmbito há que distinguir entre associados dirigentes e associados não dirigentes ( artºs 22º3, 23º e 26º RG), não interessando agora os aspirantes ( candidatos a associados não dirigentes) e os candidatos a dirigente artºs 22º4, 24º, e 26º6 RG). No que aos associados não dirigentes (crianças e jovens escuteiros) se refere diz-nos o artº 56º 8 d) RG, que compete á Direcção do Agrupamento admitir aspirantes sob proposta do chefe de Unidade. Daqui, e porque aspirante é aquela criança ou jovem que pretende adquirir a qualidade de Escuteiro pela primeira vez ingressando numa das Secções de acordo com a sua idade ( artº 24º1 e 2 RG), decorre que a sua admissão é proposta pelo chefe da Unidade onde vai ingressar, e a Direcção do Agrupamento decide de acordo com as regras democráticas. Se é assim, no que se refere á admissão como aspirante ( para o que tem de cumprir os requisitos do artº 24º2 RG), o mesmo modo de proceder deve ser adoptado para ser admitido como escuteiro, através da admissão á promessa para o que tem de cumprir os requisitos do artº 9º ECNE, condição indispensável para ser associado ( artº 8º ECNE, e artº 22º1 RG), pois que é esse o espírito que flui dos Estatutos, por competir ao Chefe de Unidade a formação dos seus escuteiros incluindo a preparação para a Promessa e estar nas condições previstas no artº 23º2 RG. Assim não prevendo os ECNE e os RG, directamente uma norma relativa á competência sobre a admissão dos associados não dirigentes do CNE, de acordo com o espírito dos Estatutos, essa admissão deve processar-se do mesmo modo que se processa a sua admissão como aspirante: proposta do Chefe de Unidade e decisão da Direcção do Agrupamento, competindo-lhes assegurar que estão preenchidos todos os requisitos previstos para a obtenção dessa qualidade e em condições de realizar a Promessa escutista, sem a qual não adquire a qualidade de associado do CNE; No que respeita aos associados dirigentes os ECNE e os Regulamentos não têm de igual modo uma resposta directa. Apenas no artº 49º RG os Regulamentos se referem á admissão de associado dirigente, ao estabelecer no nº 3 al. c) que compete á Junta de Núcleo dar parecer á admissão de dirigentes para os Agrupamentos. Existem todavia um conjunto de normas, que devidamente interpretadas e conjugadas, nos podem levar ao encontro da solução adequada e vigente. 4

Essas normas são desde lodo o Acto Normativo constante da Politica de Recurso de Adultos que superintende nesta matéria, atribuindo ao Chefe de Agrupamento, a tarefa de convidar / recrutar os adultos (interna e externamente) de acordo com as necessidades do Agrupamento (após o levantamento destas necessidades) e seguindo o perfil básico do adulto que o CNE necessita, ali estabelecido. Mas não basta esse convite para ingressar na Associação, pois mesmo que o aceite, não passará de simples candidato a dirigente ( artº 26º6 RG) por não terem a adequada preparação nem terem feito a promessa escutista (sem a qual não são nunca associados dirigentes artº 8º ECNE) Por isso e de igual modo, como Acto Normativo, existem as Normas para a Formação de Dirigentes, que estabelecem que a responsabilidade para a formação de dirigentes (a este nível) são o Conselho de Agrupamento e a Direcção de Agrupamento (artº 12º al. c) e h)), na qual se inclui e é necessário, para além do Curso de Iniciação CI ( artº 37º1), o Curso de Iniciação Pedagógica ( CIP) artº 38º1 e 3b) destinado aos candidatos a dirigente, cuja organização, realização, controlo e avaliação compete á Junta Central, que a pode delegar nas Juntas Regionais ( e estas com faculdade de delegação nas Juntas de Núcleo). Não apenas a frequência, mas a qualificação em tal Curso (CIP) constitui condição necessária (a acrescer ás demais) para a admissão á categoria de associado dirigente ( artº 50º1 ) Essa qualificação (que constitui in casu o reconhecimento de que está apto a fazer a promessa de dirigente artº 65º1ª) é da exclusiva competência da Junta Central, que no caso do CIP a pode delegar nas Juntas Regionais e manifesta-se pela publicação em Actos Oficiais ( na Flor de Lis artº 16º6 d) e 73º 7 RG) e emissão de diploma próprio - artº 65º 4. Daqui resulta, que na admissão de associado dirigente intervêm todos os níveis da associação (desde o Agrupamento no recrutamento e sua Direcção e Conselho na formação, o Núcleo na emissão de parecer, a Região por delegação da Junta Central na formação, e esta ainda na publicação com efeitos executivos); Assim feito o recrutamento, realizada e qualificada a formação, há que verificar se estão reunidos todos os requisitos necessários e exigidos para fazer a Promessa escutista, que no seu caso adquire maiores exigências, expressas não apenas no cerimonial respectivo, mas também traduzido na exigência de um bom comportamento moral e cívico e na necessidade de professar e praticar a religião católica artº 9º ECNE e 26º RG. Verificados todos aqueles requisitos é o candidato a dirigente admitido á realização da Promessa escutista e feita esta, e executada a sua publicação em Ordem de Serviço Nacional, na Flor-de-lis adquire o estatuto de dirigente da Associação. Daqui decorre também que em última linha, na admissão de associados dirigentes intervém a Junta Central através do Chefe Nacional, a quem compete representar a Associação artº 25º a) e g) ECNE e artº 38º2 a) e g) RG. 5

Voltando ao caso em apreciação, vemos assim que apenas a admissão de associado não dirigente (jovem escuteiro) é da competência da Direcção de Agrupamento, a qual funciona democraticamente, não existindo direitos especiais de voto. Assim o voto de qualquer um dos membros da direcção, na qual se inclui o assistente têm igual peso na deliberação de admissão. A oposição de algum ou alguns dos membros da Direcção traduzir-se-á na votação e na aprovação ou não da admissão, á entrada do aspirante e á realização da promessa, e decorrerá do entendimento de que o aspirante não reúne ou ainda não reúne os requisitos necessários (ou nem pretende reunir) para realizar a promessa escutista. E no caso de discordância do assistente, para além daqueles fundamentos, terá certamente a ver com a sua função específica (não reunir os requisitos específicos v.g. não professar a religião católica artº 23º 2 e) RG tendo em conta os seus deveres específicos artº 27º 1 e 10 RG e artº 41º1 ECNE, no que os demais membros da Direcção não concordam, havendo assim uma discordância quanto á verificação dos requisitos para a sua admissão como escuteiro. Realizada a votação, o voto maioritário vence e a decisão está tomada. Todavia, não finda aí o processo de admissão, pois seja qual for a decisão, não havendo unanimidade, pode a mesma decisão/ deliberação ser objecto de reclamação e em caso de indeferimento para o órgão imediatamente superior (artº.34º RG) e de impugnação / recurso para o CFJR ( artº 66º Reg. Justiça), que irão determinar a final da verificação ou não dos requisitos necessários para a sua admissão. No que aos dirigentes respeita, e dado que admissão na associação depende de igual modo da verificação e preenchimento de requisitos, e de uma outra série de actos a culminar com a intervenção do Chefe Nacional, a intervenção do assistente de Agrupamento, como a dos demais membros da Direcção, traduzir-se-á essencialmente, na aprovação do recrutamento inicial e na verificação ou não do preenchimento dos requisitos específicos relativos aos dirigentes bom comportamento moral e cívico e professar e praticar a religião católica artº 9º 2 e 3 ECNE e 26º RG - com vista á realização da promessa escutista. Também aqui, neste âmbito valem as considerações expendidas, com a alteração que competirá sempre e em última linha á Junta Central a decisão, que pode ser objecto de reclamação e posterior impugnação/ recurso. Atenta a natureza especial do CNE, de associação de juventude que tem como missão a formação integral dos jovens segundo o método escutista, e um movimento da igreja católica, que tem por base o estabelecimento de relações educativas não formais há que aplicar aqui algumas regras de bom senso quer no recrutamento dos adultos quer na sua admissão á associação tendo presente que esta parte da adesão voluntária às regras, princípios e leis escutistas que promete cumprir ( artºs 1º a 5º RG), o que implica para estes um assumir de responsabilidades que geram uma mudança de vida, até porque o escutismo constitui um estilo de vida. 6

Assim qualquer oposição á adesão de um adulto terá de partir da base de que há algo que obstará ou porá em causa o cumprimento da missão escutista, quer em relação ao candidato a dirigente, quer na relação com os dirigentes no activo, ou aos jovens. Daí que deva existir um especial cuidado na admissão de novos dirigentes, de modo a que não venha a ser posto em causa o correcto e bom funcionamento da associação, razão pela qual em face da oposição de um dirigente no activo, devam ser devidamente ponderadas as razões dessa oposição, e se possível atendidas, porque a não ser assim provavelmente começarão a existir problemas que antes não existiam. É que ninguém tem, nem o candidato a dirigente, nem o adulto recrutado ou o desejoso de aderir á associação, um direito a pertencer á associação. Depois de admitido como candidato tem apenas uma expectativa de vir a ser investido como dirigente, mas apenas caso venha a cumprir os requisitos de admissão á promessa e a faça, sendo que sempre a sua admissão pode não vir a ser aprovada pela Junta Central, a quem cabe a última palavra. Depois, no final para além de poder vir a considerar-se que o candidato não reúne ou deixou de reunir o perfil adequado (vg. mudou de religião ou deixou de a praticar, etc. ), o certo é que podem ter ocorrido desde o seu inicio até á data da decisão uma alteração relevante das necessidades de recrutamento inicial (ou até porque foi efectuado um mau levantamento ou não houve sequer um levantamento das necessidades), e consequentemente tornar desnecessária essa admissão, ou ser inadequada, em função da tarefa que iria desempenhar (p.ex. foi extinta, por falta de elementos a Unidade onde o candidato iria exercer o cargo, etc ), evitando, como tantas vezes acontece que existam dirigentes a mais para os jovens a formar (quantos mais nem sempre é melhor), o que pode ser fonte de atritos, empecilhos e de incompreensões, tornando difícil, ou impossibilitando um correcto cumprimento da missão escutista, em relação aos jovens, e transformando o caso em exemplo a não seguir. São muitas as razões que podem levar á não admissão de um associado ao CNE, mas nenhuma é por força de um direito de veto atribuído pelos Estatutos e Regulamentos do CNE. Conclusões: 1- Nem os ECNE nem os Regulamentos e Actos Normativos atribuem a qualquer órgão ou titular de órgão da Associação, um direito de veto sobre qualquer decisão ou matéria, sem prejuízo da concessão de poderes de coordenação e atribuições funcionais, nos órgãos executivos; 2- Os órgãos da Associação, funcionam democraticamente e segundo a regra da maioria na tomada de decisões; 3- Apenas fogem a esta regra a necessidade de homologação dos nomes dos candidatos às eleições da Junta Central e das Juntas Regionais e as alterações estatutárias e regulamentares; 7

4- Os aspirantes (associados não dirigentes) são admitidos na associação por decisão da Direcção do Agrupamento sob proposta do Chefe de Unidade, de acordo com as regras democráticas; 5- Dada a ausência de outras normas, por maioria de razão, igual modo de proceder deve ser adoptado, para o aspirante ser admitido á realização da Promessa Escutista e á consequente admissão como escuteiro; 6- pelo que a admissão de associado não dirigente é da competência da Direcção de Agrupamento, em funcionamento democrático, e qualquer divergência deverá apenas decorrer por não reunir ou não reunir ainda os requisitos necessários (ou não pretender reunir) para fazer a Promessa Escutista. 7- Os adultos, em face das normas da Politica de Recurso de Adultos são convidados a ingressar na Associação pelo Chefe de Agrupamento, após levantamento das necessidades do Agrupamento e em vista á sua satisfação e de acordo com o perfil de adulto estabelecido pelo CNE; 8- A formação necessária do candidato a dirigente é, em face das Normas para a Formação de Dirigentes, da responsabilidade da Direcção e do Conselho de Agrupamento, e compreende o CIP e eventualmente o CI; 9- A organização, realização, controlo e avaliação do CIP compete á Junta Central que a pode delegar nas Juntas Regionais ( e estas nas Juntas de Núcleo) 10- A qualificação (conclusão com aproveitamento) no CIP constitui condição necessária a acrescer às demais, para a admissão á categoria de associado dirigente, e constitui o reconhecimento de que está apto a fazer a Promessa Escutista; 11- Essa qualificação é da exclusiva competência da Junta Central, que a pode delegar nas Juntas Regionais, e manifesta-se pela emissão de diploma próprio; 12- Na admissão de associados dirigentes intervêm todos os níveis da Associação, e obtida a qualificação no CIP, há que verificar se se encontram preenchidos os demais requisitos para a admissão á Promessa escutista (com especial destaque para o bom comportamento moral e cívico, e professar e praticar a religião católica) 13- Só depois de feita a Promessa escutista e efectuada a publicação em O.S.N. na Florde-lis, da competência do Chefe Nacional, o candidato adquire o estatuto de dirigente da associação. 14- A intervenção da Direcção do Agrupamento, na admissão dos associados dirigentes traduzir-se-á para além da aprovação do recrutamento inicial, na verificação ou não do preenchimento dos requisitos gerais e específicos, com vista á realização da promessa escutista 15- Competirá sempre e em última linha á Junta Central a decisão de admissão ou não de associado dirigente; 16- Qualquer decisão sobre a admissão de associados do CNE pode ser objecto de reclamação para o órgão que a proferiu e para o órgão imediatamente superior em caso 8

de indeferimento, e de posterior impugnação/ recurso para o Conselho Fiscal e Jurisdicional respectivo; 17- Como Associação de Juventude e Movimento da Igreja Católica, no recrutamento e admissão de dirigentes, devem ser especialmente ponderadas as razões de oposição manifestadas por qualquer dirigente (assistente ou não), por poder, entre outros, por em causa o correcto e bom funcionamento da Associação e a sua reputação; 18- Não existe por parte de qualquer candidato a dirigente, o direito de pertencer á Associação, sendo que a expectativa gerada, com o convite pode não se concretizar, por entre outros, ter ocorrido uma alteração relevante nas necessidades de recrutamento, quer porque não reúne ou deixou de reunir o perfil adequado; Tal é o nosso parecer CFJN, / / F. Calado Lopes ( Presidente/ relator) José A. Vaz Carreto ( vogal) F. Saul Mouro ( vogal) Rita Vaz. Luís (Vice Presidente) 9