CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE UM INSTRUMENTO PSICOLÓGICO: Escala de Auto-eficácia Para a Aprendizagem (EAPA)

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Transcrição:

CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE UM INSTRUMENTO PSICOLÓGICO: Escala de Auto-eficácia Para a Aprendizagem (EAPA) João Henrique de Sousa Santos 1 Rebecca de Magalhães Monteiro 2 Este trabalho é resultado de um projeto decorrente do estágio supervisionado V do curso de Psicologia da PUC Minas São Gabriel. Trata-se de uma prática na área da construção de instrumentos psicológicos e da aplicação dos parâmetros psicométricos. Tendo em vista a relevância do tema auto-eficácia nos processos de aprendizagem, este projeto teve como objetivo construir um instrumento capaz de mensurar a auto-eficácia em relação à aprendizagem, em um grupo de alunos do Ensino Superior. O conceito de auto-eficácia foi formulado por Bandura em 1977, integrado em sua teoria sobre o comportamento. Bandura (1977) refere-se à auto-eficácia como o quão o indivíduo se percebe competente diante de atividades específicas. O autor acredita que a auto-eficácia pode ser definida como a crença do indivíduo em relação às suas capacidades de desempenho e execução de ações necessárias para conduzir determinadas situações e atingir certos objetivos. A crença de auto-eficácia é composta pelas expectativas de auto-eficácia e de resultados. Expectativa de auto-eficácia é a convicção de que se pode apresentar o comportamento necessário para se atingir determinados resultados e expectativa de resultados é a crença pessoal de que dado comportamento levará a determinados resultados. As crenças emergem da experiência pessoal, resultado de aprendizagens contínuas, sendo simultaneamente demonstrativas das tendências individuais dos objetivos pessoais, em termos de iniciativas e direções (BANDURA, 1977). Para Bzuneck (2001) esse conceito não se refere a possuir ou não determinadas capacidades, mas ao individuo acreditar que as possua. Nesse sentido trata-se da 1 Discente da Faculdade de Psicologia da PUC Minas. 2 Professora Substituta na Faculdade de Psicologia da PUC Minas. Mestre em Psicologia pela Universidade São Francisco.

percepção de competência dentro de um enquadramento específico, incidindo a avaliação de capacidades para realizar tarefas específicas em relação aos seus objetivos. De acordo com Bandura citado por Vazquez (2005), a auto-eficácia requer não apenas habilidades, mas também força de vontade em acreditar na capacidade de exercer uma determinada conduta, o que é um importante elo entre o saber e o fazer. Assim, a autoeficácia refere-se às crenças que o indivíduo possui sobre seu valor e suas potencialidades. A literatura evidencia alguns estudos relacionados à auto-eficácia. Yassuda e colaboradores (2005) se propõem a validar um questionário de auto-eficácia (MSEQ) relacionada à memória e envelhecimento, adaptado à cultura brasileira e submetido à 33 jovens e 27 idosos. Os resultados das análises realizadas sugeriram boas características psicométricas. Leite (2002) desenvolveu uma escala de expectativa de auto-eficácia para seguir prescrição anti-retroviral em situações difíceis. Nas análises realizadas a escala demonstrou validade de construto e confiabilidade para medir auto-eficácia para tratamento anti-retroviral em pacientes que estavam em tratamento ou que o abandonaram. Com relação à avaliação da auto-eficácia acadêmica para a aprendizagem é necessário considerar a escassez na literatura brasileira. Evidencia-se a Escala de Auto-eficácia Acadêmica (EAEA), instrumento elaborado por Neves e Faria (2006) com o intuito de investigar as percepções e crenças de eficácia pessoal no domínio escolar. Esse instrumento é composto por 3 fatores, a saber, auto-eficácia em Matemática, autoeficácia em Português e auto-eficácia escolar geral. Neves e Faria (2006), descrevem em seu artigo as várias fases da construção da EAEA. No estudo os autores realizaram entrevistas com alunos e professores no contexto escolar, a fim de coletar informações para construção do instrumento. Foi desenvolvido um instrumento com 28 itens, dos quais 9 se reportam à auto-eficácia escolar geral, 8 à auto-eficácia em Português e 11 à auto-eficácia em Matemática. A escala foi submetida a um pré-teste, com a amostra de 207 alunos, não se observando dificuldades no seu

preenchimento. Não detectada a necessidade de modificar os itens, a escala foi submetida ao estudo de adaptação e validação. Foi utilizado como amostra 1.302 alunos pertencentes a escolas públicas do Grande Porto. Ao proceder as análises, foram consideradas a consistência interna, a sensibilidade e a validade do construto. Assim, foi possível perceber que o construto apresentou boa consistência interna, mas uma baixa validade discriminativa. Além do fato de que alguns dos itens da escala podem não ser bons indicadores para a avaliação de auto-eficácia acadêmica. As poucas referências bibliográficas fazem com que o estudo da auto-eficácia no contexto escolar, mais especificamente relacionada à aprendizagem, seja uma questão relevante. Dessa maneira alguns autores como Medeiros e cols. (2000) relacionam a auto-eficácia aos modos de aprendizagem no âmbito acadêmico. Segundo estes autores a auto-eficácia associada a outras crenças e modos para a aprendizagem está fortemente relacionado ao desempenho acadêmico. A auto-eficácia influencia o desempenho acadêmico e, ao mesmo tempo, é influenciada por ele. (MEDEIROS, et al, 2000, p.328). No contexto escolar o aluno dará mais atenção às atividades possíveis de serem realizadas, em contrapartida abandonará aquelas que não lhe forneça incentivos (BZUNECK, 2001). Bzuneck (2001) chama a atenção para o fato de que alunos com fortes crenças de autoeficácia apresentam um melhor desempenho escolar em relação aos alunos cujas crenças são frágeis. Outro aspecto apontado pelo autor é o uso de estratégias eficazes de aprendizagem que podem contribuir para que os alunos com auto-eficácia obtenham bons resultados. Ademais, avaliar o grau de auto-eficácia no processo de aprendizagem se torna relevante devido à inferência que esse construto possui no que se refere ao alcance de um bom desempenho escolar. Processo metodológico A elaboração da Escala de Auto-eficácia para a Aprendizagem (EAPA) foi realizada em três momentos, a saber, fundamentação teórica e construção metodológica;

construção do instrumento e pré-teste e; análise dos dados. A EAPA foi composta por 20 itens relacionados ao senso de auto-eficácia e desenvolvidos com base na fundamentação teórica microanalítica de Bandura. Em todos os itens os estudantes responderam mediante o emprego de escala Likert que varia de um (nada característico) a três (muito característico). Participaram deste estudo 90 universitários do 3 ao 7 período do curso de Psicologia, de ambos os sexos. Os dados coletados na escala de auto-eficácia foram transcritos para fim de análises. Não foram evidenciadas dúvidas ou dificuldades em responder os itens, por parte da amostra. Resultados Análises Estatísticas dos dados Coletados Primeiramente foram realizadas provas de estatística descritivas para melhor caracterizar a amostra. Dos 90 alunos participantes, 21,1% (n=19) eram do sexo masculino e 78,9% (n=71) do sexo feminino com idades entre 17 e 52 anos (M=25,03; DP=7,98). A seguir a Tabela 1 apresenta a distribuição dos alunos segundo o período em que eles estavam matriculados. TABELA 1 Distribuição dos alunos de acordo com o período matriculado Período n % 1 15 16,7 3 46 51,1 4 1 1,1 5 6 6,7 6 18 20,0 8 3 3,3 Total 89 98,9 Não responderam 1 1,1

Análise Estatística Inferencial Para averiguar a evidência de validade por meio da estrutura interna, utilizou-se a análise fatorial exploratória. O primeiro resultado agrupou os itens em 5 fatores diferentes, sendo que fator 1 e 2 representavam os itens com as maiores cargas fatoriais e 42,67% da variância explicada. Dessa forma, optou-se por excluir os itens com carga fatorial menor do que 0,50 e determinar o número de fatores requeridos para a análise fatorial. Mais detalhes serão apresentados na Tabela 2. Tabela 2 Cargas Fatoriais para 2 fatores utilizando a rotação Varimax Itens Fator 1 Fator 2 16 0,902 12 0,861 18 0,845 8 0,776 10 0,717 7 0,775 9 0,754 15 0,646 1 0,532 Considerações Finais Após a análise estatística dos dados coletados e a análise estatística inferencial, foi possível elaborar algumas considerações tendo em vista o aprimoramento da Escala, a fim de se atingir critérios de validade. Dos 20 itens elaborados apenas 9 apresentaram carga fatorial acima de 0,50; A escala foi desenvolvida para ser unidimensional, mas os resultados mostraram a existência de outras dimensões. Avaliando assim, outros fatores que não exclusivamente a auto-eficácia para aprendizagem; O número de sujeitos foi inferior ao considerado pela literatura na área, que diz da necessidade de 10 sujeitos para cada item ao fazer análise fatorial.

Logo, para se atingir resultados consistentes, em referência à escala com 20 itens, era necessário no mínimo n=200; Conclusões Após a análise desses primeiros resultados, novos estudos se fazem necessários para melhor explicar o achado de outra dimensão na escala e também pelo fato do número de sujeitos não atender o mínimo exigido para análises fatoriais. Ao término do estudo levantou-se a hipótese da necessidade de complexificar determinadas questões, a fim de que a escala apresente boa consistência e alta validade discriminativa. Ademais, este estudo propiciou vivenciar a prática da aplicação dos parâmetros psicométricos exigidos a todos os testes psicológicos, pelo Conselho Federal de Psicologia. Referências BZUNECK, J. A. As crenças de auto-eficácia e o seu papel na motivação do aluno. In J. A. Bzuneck & E. Boruchovitch (Org.), A motivação do aluno: contribuições da Psicologia contemporânea. Petrópolis: Vozes. 2001, p. 116-133 BANDURA, A. Self-efficacy: Toward a unifying theory of behavioral change. Psychological Review, 84, 1977, p.191-215. LEITE, José Carlos de Carvalho et al. Desenvolvimento de uma escala de auto-eficácia para adesão ao tratamento anti-retroviral. Psicologia Reflexão e Critica. 2002, v.15, n.1, pp. 121-133. MEDEIROS, Paula Cristina et al. A auto-eficácia e os aspectos comportamentais de crianças com dificuldade de aprendizagem. Psicologia Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 13, n. 3, 2000. NEVES, Sílvia Pina e FARIA, Luísa. Construção, Adaptação e Validação da Escala de Auto-Eficácia Académica (EAEA). Psicologia, 2006, v.20, n.2, p.45-68. VAZQUEZ, Débora; POTTER. Uma adaptação brasileira da escala de auto-eficácia em saúde bucal com portadores de diabetes melito. Pelotas, 2005, p. 11-14. YASSUDA, Mônica Sanches; LASCA, Valéria Bellini; NERI, Anita Liberalesso. Metamemória e auto-eficácia: um estudo de validação de instrumentos de pesquisa sobre memória e envelhecimento. Psicologia Reflexão e Critica. 2005, v.18, n.1, p. 78-90.

Escala de Auto-eficácia Para a Aprendizagem (EAPA) Instruções Leia atentamente cada um dos itens que se segue. Cada um deles apresenta uma questão que você possa ter vivenciado em relação à sua aprendizagem. Assinale com um (X) a resposta que mais se assemelha às suas experiências, se, NADA CARACTERÍSTICO, POUCO CARACTERÍSTICO ou MUITO CARACTERÍSTICO. Caso queira mudar a resposta você deve circular o X na opção que tinha assinalado anteriormente e marcar outra resposta. NÃO É PERMITIDO ASSINALAR MAIS DE UMA RESPOSTA. Quando terminar, confira se você respondeu todas as frases, sem deixar nenhuma em branco. RESPONDA A TODAS AS QUESTÕES. Não há respostas certas ou erradas, o importante é que você seja sincero. NOME: SEXO: IDADE: PERÍODO: CURSO: CARACTERÍSTICO QUESTÕES NADA POUCO MUITO 1. Sou um aluno capaz de discutir o conteúdo apresentado em sala de aula 2. Só consigo aprender com muito esforço 3. Sou capaz de ser um destaque acadêmico 4. Frequentemente tiro notas baixas 5. Vou concluir o curso com aprovação em todas as disciplinas 6. Minhas notas são sempre abaixo de minhas expectativas 7. Posso obter boas notas mesmo nas disciplinas mais difíceis 8. Sou incapaz de ser um aluno destaque 9. Consigo resolver tarefas escolares mesmo quando difíceis 10. Sempre espero resultados negativos das avaliações que sou submetido 11. Tenho facilidade em aprender novos conhecimentos 12. Mesmo estudando não sou capaz de tirar boas notas 13. Acredito que com os estudos terei mais êxito na minha vida profissional 14. Tenho dificuldade em fazer trabalho individual 15. Me considero um aluno que sempre atinge um desempenho acadêmico acima da média da turma 16. Acho impossível recuperar notas baixas 17. Vou ter um resultado acadêmico positivo ao término do semestre 18. Acredito que seja difícil ser aprovado em todas as disciplinas 19. Sou dedicado aos estudos 20. Mesmo estudando tenho notas baixas