Coesão e coerência: fatores de textualidade.

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Transcrição:

Coesão e coerência: fatores de textualidade. Quando lemos um texto, somos capazes de julgá-lo como coerente ou não. Ainda que não façamos uma análise linguística mais apurada, conhecemos a nossa língua suficientemente bem para identificar alguns recursos utilizados pelo produtor do texto para encadear as ideias, provocar algum efeito de sentido específico, promover a sequenciação do texto, retomar referentes já mencionados etc., mas o que faz um texto ser, de fato, um texto, e não uma simples sequência de palavras? Um texto só é um texto por causa da textualidade. É esse conjunto de características que faz com que tenhamos um texto, e não simplesmente um amontoado de palavras que não fazem sentido. Vimos, ao longo das aulas, dois fatores de textualidade importantes: a coesão e a coerência. A coesão está relacionada ao aspecto formal do texto e é construída a partir de mecanismos gramaticais e lexicais. Já a coerência relaciona-se ao sentido do texto. Vamos analisar a manchete abaixo à luz desses dois conceitos? Metrô para São Paulo Greve de 12 horas no metrô para São Paulo e provoca tumulto (Disponível em http://geraldofreire.wordpress.com/category/primeirapagina/page/8/) A análise da manchete leva o leitor a duas interpretações possíveis: metrô em direção a São Paulo e metrô parou São Paulo. O elemento linguístico que favoreceu essa ambiguidade foi o para, que pode ser entendido como preposição ou como verbo parar. Com o novo acordo ortográfico, o acento para distinguir o verbo parar, na terceira pessoa do singular terceira pessoa do singular do presente do indicativo, da preposição para foi abolido, o que acabou levando à ambiguidade do título principal da notícia. A ambiguidade que ocorre em um primeiro momento é desfeita após a leitura do título secundário da notícia. Desse modo, conseguimos entender que se trata do verbo parar. Percebemos também, a partir dessa análise, o papel do conectivo e que une informações sobre a greve no metrô: parou São Paulo e provocou tumulto. Além disso, quando lemos a manchete, acionamos uma série de conhecimentos que temos armazenados sobre a cidade de São Paulo e sobre o seu sistema de transporte. Nosso conhecimento de mundo nos possibilita entender o caos que se instaura em uma grande cidade quando o seu meio de transporte de massa principal apresenta algum problema. Ao ler ou ouvir textos, sempre esperamos que eles sejam coerentes. Por isso, tentamos estabelecer algum sentido até mesmo em um enunciado que, a princípio, possa ser considerado incoerente. Podemos citar como exemplo João é viúvo, mas vive bem com a mulher.. Ao analisá-lo, percebemos, incialmente, uma incoerência, não é mesmo? No entanto, ao ouvir/ler esse enunciado, usamos o nosso conhecimento de mundo e criamos um contexto comunicativo em que ele faça sentido (por exemplo, o interlocutor se referindo, provavelmente, à segunda mulher de João).

Foco na gramática: regência verbal e regência nominal. Quando falamos em regência, estamos nos referindo à complementação de verbos e nomes. Nesses casos, esses elementos precisam de um complemento para integrar o seu significado. Os verbos que precisam de um complemento são chamados de transitivos. Essa relação de regência entre o verbo e seu complemento pode apresentar ou não uma preposição. Desse modo, sem preposição, temos um verbo transitivo direto. Quando uma preposição é necessária para introduzir o complemento, temos um verbo transitivo indireto. PARA RECONHECER SE UM VERBO É TRANSITIVO OU INTRANSITIVO (cf. Bechara, 2009:417) Segundo Bechara (2009:416), há alguns recursos para identificarmos se o verbo é transitivo direto, ou seja, exige um complemento sem preposição. São eles: a) a troca do complemento direto pelos pronomes pessoais o, a, os e as. João não encontrou a Maria. João não a encontrou. b) a passagem da oração na voz ativa para a voz passiva. João encontrou a Maria. voz ativa A Maria foi encontrada pelo João. voz passiva Observe que verbos transitivos indiretos aqueles cujo complemento é preposicionado não podem ser passados para a voz passiva. Não seria possível, por exemplo, transformar a sentença Eu me preocupo com as crianças. para a voz passiva. c)o uso de sentenças interrogativas ( Quem é que...? O que é que...?) antes da sequência sujeito + verbo. Quem é que João encontrou? a Maria. O que é que João encontrou? um livro. d) a possibilidade de topicalizar o complemento para a esquerda do verbo. João encontrou a Maria. A Maria, João a encontrou. Vale ressaltar que, para o autor, devemos utilizar mais de uma estratégia na identificação do complemento direto.

Apesar de manuais e gramáticas apresentarem listas de verbos transitivos e intransitivos, a questão da transitividade não é um fato absoluto, pois um mesmo verbo, dependendo do contexto, pode ser classificado de modos diferentes. Por isso, não adianta decorar listas. O ideal é sempre observar o contexto de uso. Além disso, temos que refletir que, em alguns casos, essa variação na classificação em transitivo direto e em indireto pode envolver uma mudança no significado do verbo. Devemos também considerar a diferença entre o uso coloquial da língua e o uso formal, pois, em alguns contextos, é possível perceber alguns modos de usar os verbos que podem não estar de acordo com a prescrição. Não temos problemas com os transitivos diretos, ou seja, aqueles verbos que necessitam de um complemento sem preposição. Nosso foco será entender a complementação de verbos que precisam de um complemento preposicionado, pois o uso da preposição pode causar muita confusão, principalmente nos contextos de língua escrita. Na língua falada, na maioria das situações comunicativas, nosso interlocutor não percebe se trocamos uma preposição por outra, ou se deixamos de usá-la, mas, em contextos de língua escrita, nosso cuidado deve ser maior. Assim como determinados verbos, alguns nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) também precisam de um complemento introduzido por preposição. É o que chamamos de regência nominal. Veremos isso mais adiante. Regência verbal Refere-se à relação entre o verbo (transitivo) e sua complementação. Com os verbos transitivos indiretos, o uso de preposição será fundamental (geralmente a, com, de, em, para e por). Os problemas mais frequentes no que se refere à regência são: a) o apagamento da preposição a ausência da preposição na introdução de complementos de verbos que a exigem; b) o acréscimo indevido da preposição a inserção de uma preposição para introduzir um complemento de um verbo que não a exige; c) a troca da preposição o uso de outra preposição para introduzir o complemento em lugar daquela exigida pelo verbo. VAMOS VER COMENTÁRIOS E EXEMPLOS DE CADA UMA DESSAS SITUAÇÕES. ---------- x --------- O APAGAMENTO DA PREPOSIÇÃO É frequente o apagamento inadequado da preposição a quando o verbo assistir tem o sentido de ver, presenciar : Ele assistiu o filme. Obedeceremos o regulamento.

Nesses casos, apaga-se a preposição com verbos em que ela é obrigatória. Segundo a norma-padrão, o correto seria: Ele assistiu ao filme. Obedeceremos ao regulamento. O ACRÉSCIMO INDEVIDO DA PREPOSIÇÃO É comum o acréscimo indevido da preposição na introdução de complementos de verbos em que ela não seria exigida: Ela namorava com o João. A crise implica em demissões. A preposição é utilizada pelo indivíduo, mas ela não é uma exigência do verbo. Segundo a norma-padrão, teríamos: Ela namorava o João. A crise implica demissões. A TROCA DA PREPOSIÇÃO Usa-se a preposição, mas a incorreta. É comum a produção de: Eles residem à rua do Ouvidor. Elas chegaram em São Paulo agora. Preferiu a Coca-Cola do que o Guaraná. Teríamos os seguintes usos adequados ao padrão: Eles residem na rua do Ouvidor. Elas chegaram a São Paulo agora. Preferiu a Coca-Cola ao Guaraná. ---------- x --------- No que se refere à regência verbal, é preciso ter atenção aos seguintes casos: I- Há verbos com mais de uma regência e mais de um sentido: Ele aspirou ao cargo. (= almejar, desejar) Ele aspirou o perfume. (= cheirar, sorver) Ele assistiu ao filme. (= ver) Ele assistiu o doente. (= prestar auxílio, socorrer)*

Alguns gramáticos consideram que o verbo assistir com o sentido de prestar auxílio, socorrer pode ser usado como transitivo indireto ou direto, ou seja, com ou sem preposição. II- Há verbos com mais de uma regência e com o mesmo sentido: Ele não se lembrou do aniversário da mãe. (com o pronome átono, usa-se a preposição.) Ele não lembrou o aniversário. (sem o pronome átono, não se usa a preposição.) III- Deve-se ter atenção ao uso dos pronomes pessoais o e lhe. Os pronomes pessoais o, a, os, as funcionam como objetos diretos e, por isso, devem sempre acompanhar verbos transitivos diretos: Ele a viu. Nós o encontramos. O lhe funciona como objeto indireto: Enviei-lhe o dinheiro. / Enviei o dinheiro para João. O livro lhe foi entregue. / O livro foi entregue a João. IV- O pronome relativo virá acompanhado de preposição se for complemento de verbo transitivo indireto ou de termo que exija a preposição. A escola em que estudei é ótima. O filme a que assisti foi maravilhoso. V- Com verbos de movimento ir e chegar usa-se a preposição a (embora, na língua falada, os indivíduos estejam utilizando a preposição em ): A noiva chegou atrasada à igreja. Regência nominal Refere-se à relação entre o nome substantivo, adjetivo e advérbio e a sua complementação. Compare os exemplos abaixo: (1) Ele tem admiração por você. (2) Ficamos gratos a você. (3) Os deputados votaram favoravelmente ao projeto de lei. Em (1), temos o substantivo admiração acompanhado do complemento por você. É possível perceber, Em (2), o complemento a você para o adjetivo gratos. Em (3), temos o complemento ao projeto de lei para o advérbio favoravelmente. É válido observar que muitos nomes seguem a regência dos verbos correspondentes. Veja os exemplos abaixo:

Ela confia em Deus. (verbo confiar ) Ela tem confiança em Deus. (substantivo confiança ) VEJA ABAIXO A REGÊNCIA DE ALGUNS SUBSTANTIVOS E ADJETIVOS, SEGUNDO O PROFESSOR SÉRGIO NOGUEIRA DA SILVA. (SILVA, Sérgio Nogueira Duarte da. O português do dia a dia: como falar e escrever melhor. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2009.) Acessível a Acostumado a ou com Adequado a Alheio a Alusão a Análogo a Ansioso por Apologia de Apto a ou para Atenção a ou para Atento a ou em Ávido por Benéfico a Compatível com Consulta a Curioso de Desacostumado a ou com Desatento a Desejoso de Desfavorável a Desrespeito a Equivalente a Falta a Favorável a Fiel a Grato a Grudado a Guerra a

Hábil em Habituado a Hostil a Ida a Impotente para ou contra Impróprio para Inábil para Inacessível a Incapaz de ou para Incompatível com Ingrato com Intolerante com Invasão de Junto a ou de Leal a Maior de Morador em Natural de Necessário a Necessidade de Nocivo a Obediente a Oblíquo a Ódio a ou contra Odioso a ou para Oposto a Parecido a ou com Paralelo a Passível de Preferência a ou por Preferível a Prestes a ou para Pronto para ou em

Propensão para Próprio de ou para Próximo a ou de Querido de ou por Residente em Respeito a ou por Semelhante a Simpatia por Simpático a Sito em Situado em Superior a União com ou entre Útil a ou para Crase Já que o estudo da regência envolve o uso da preposição, vamos entender o que é o fenômeno da crase. Vamos à explicação de Silva (2009) sobre esse fenômeno: É a fusão de duas vogais iguais (a + a/as = à/às). O acento grave indicativo da crase deve ser usado sempre que houver a contração da preposição "a" com outro "a", que pode ser artigo definido, pronome ou a vogal inicial dos pronomes aquele(s), aquela(s) ou aquilo. (SILVA, Sérgio Nogueira Duarte da. O português do dia a dia: como falar e escrever melhor. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2009.) ------x------ VEJA ABAIXO UM ESQUEMA SOBRE A CRASE: CRASE = fusão de A 1 + A 2 A 1 = PREPOSIÇÃO

A 2 = pode ser: aquilo; os artigos definidos femininos a e as ; o a inicial dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), os pronomes demonstrativos a e as. -----x------ Como reconhecer a existência do artigo feminino ou de um demonstrativo a(s) após a preposição a? Uma estratégia útil para identificar se há ou não a fusão é a troca por um complemento no masculino. Compare os exemplos abaixo: Entregue isso ao diretor. (ao = a preposição + o artigo) Entregue isso à diretora. (à = a preposição + a artigo) Outra boa estratégia de visualização do fenômeno da crase é identificar se a preposição aparece sozinha ou se está acompanhada de outro elemento: Voltei à sala de aula. à = a preposição + a artigo Voltei a essa sala de aula. a = apenas preposição Voltei para a sala de aula. para (preposição) + a (artigo) Voltei para essa sala de aula. para = apenas preposição Venho do Pará. do = de preposição + o artigo Venho da Paraíba. da = de preposição + a artigo Venho de São Paulo. de = apenas preposição Vou ao Pará. ao = a preposição + o artigo Vou à Paraíba. à = a preposição + a artigo Chegamos a São Paulo. a = apenas preposição Veja também que, ao trocar o termo regente acompanhado pela preposição a por outro acompanhado de uma preposição diferente (para, em, de, por, sob, sobre), é possível reconhecer se a preposição é ou não seguida de um a : Eu me refiro à nova aluna.

Preposição a + artigo a. Há a fusão. Desse modo, deve-se usar o acento grave para indicar a crase. Eu penso na nova aluna. Preposição em + artigo a. Ele foi punido por roubar. (apenas a preposição por, sem artigo) Ele cansou de roubar. (apenas a preposição de, sem artigo) Ele se acostumou a roubar. (apenas a preposição de, sem artigo. Por isso, não há crase.) Observações importantes: 1- Pode ou não haver crase antes de pronomes possessivos. Isso acontece, pois podemos usar o artigo junto à preposição ou não. Ele se referiu ao meu pai. / Ele se referiu à minha mãe. (junção da preposição a + artigo) Ele se referiu a meu pai. / Ele se referiu a minha mãe. (apenas a preposição a ) No entanto, quando o pronome possessivo aparecer sozinho, o acento grave para indicar a crase é obrigatório. Compare os exemplos abaixo: Ele se referiu à minha mãe e também à sua. no primeiro caso, temos a fusão da preposição a + artigo feminino a. No segundo, o acento é obrigatório, pois o pronome possessivo está sozinho. Ele se referiu a minha mãe e também à sua. no primeiro caso, temos apenas a preposição a. No segundo, o acento é obrigatório, pois o pronome possessivo está sozinho. 2- Com a palavra até, o uso da preposição é facultativo. Ele foi sozinho até a porta. Ele foi sozinho até à porta. 3- Podemos usar o artigo antes de nomes de próprios ou não. Por isso, teremos ou não a junção da preposição com o artigo. Observe os exemplos a seguir: O noivo de Maria chegou. Ele escreveu a Maria. (de/a = apenas preposições) O noivo da Maria chegou. Ele escreveu à Maria. (da = de preposição + a artigo / à = a preposição + a artigo) A noiva de João chegou. Ela escreveu a João. (de/a = apenas preposições)

A noiva do João chegou. Ela escreveu ao João. (do = de preposição + o artigo / ao = a preposição + o artigo) 4- O acento indicador de crase será utilizado em expressões ou locuções com palavras femininas: Ele está à toa. Ele saiu à noite. Ele comeu arroz à (moda) grega. No entanto, não haverá crase nas expressões formadas por palavras repetidas femininas ou masculinas: Ele ficou cara a cara com a verdade. Ele, passo a passo, ensinou a tarefa. SAIBA MAIS (AULA 4) Para ler mais sobre regência nominal e verbal, veja o livro Regência nominal e verbal sem segredo, disponível em http://www.uninove.br/pdfs/serie%20palavra%20final/regencia%20nominal%20e%20verb al.pdf Que tal fazer mais exercícios sobre regência? Veja o site: http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/portugues/gramatica/sintaxe /gramatica_sintaxe_reg_verbal_nom_2_fase_exercicios ACESSE O LINK ABAIXO, PARA VER A REGÊNCIA DE ALGUNS VERBOS. http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/portugues/gramatica/si ntaxe/gramatica_sintaxe_reg_verbal_nom_2_fase

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO DA AULA 4 Questão 1 Leia a propaganda abaixo: Disponível em http://goo.gl/5mjilw A análise da propaganda apresentada possibilita dizer que I- ela utiliza como recurso os significados da expressão plano de saúde. II- a expressão plano de saúde pode se referir ao plano de seguro que cobre despesas médicas e de hospitalização; seguro-saúde. (cf. Aulete, disponível em http://aulete.uol.com.br/) e a um projeto de vida saudável. III- ela não faz sentido porque, na segunda frase, a expressão plano de saúde foi omitida. IV- os efeitos de sentido pretendidos com ela estão vinculados ao entendimento dos dois sentidos da expressão plano de saúde. Estão corretos os comentários feitos em: a) I, II, III. b) I, III, IV. c) II, III, IV. d) I, III, IV. e) I, II, IV. Gabarito comentado: Mesmo com a elipse da expressão plano de saúde, é possível compreender a propaganda. Vale lembrar que o jogo de palavras faz parte das propagandas em geral.

Questão 2 Leia o texto abaixo. "Não tenho dúvidas que a reportagem esteja à procura da verdade, mas é preciso ressalvar de que a história não pode ser escrita com base exclusivamente em documentos da polícia política." (Adaptado de O Estado de São Paulo, 30/08/93) É possível perceber, no texto, problemas em relação à regência (nominal e verbal). Assinale a alternativa que apresenta a reescritura adequada segundo a norma-padrão. a) Não tenho dúvidas de que a reportagem esteja à procura da verdade, mas é preciso ressalvar que a história não pode ser escrita com base exclusivamente em documentos da polícia política. b) Não tenho dúvidas de que a reportagem esteja à procura da verdade, mas é preciso ressalvar que a história não pode ser escrita com base exclusivamente em documentos da polícia política. c) Não tenho dúvidas sobre que a reportagem esteja à procura da verdade, mas é preciso ressalvar de que a história não pode ser escrita com base exclusivamente em documentos da polícia política d) Não tenho dúvidas que a reportagem esteja à procura da verdade, mas é preciso ressalvar de que a história não pode ser escrita com base exclusivamente em documentos da polícia política e) Não tenho dúvidas de que a reportagem esteja à procura da verdade, mas é preciso ressalvar como a história não pode ser escrita com base exclusivamente em documentos da polícia política Gabarito comentado: Há, no texto apresentado, dois problemas em relação à regência. No que se refere à regência nominal, temos o substantivo dúvidas, que está acompanhado de um complemento e exige o uso da preposição DE: dúvidas de que.... Também destacamos a regência do verbo ressalvar que, por ser um verbo transitivo direto quem ressalva ressalva algo, não admite a preposição de :...é preciso ressalvar que a história... Questão 3 Leia o texto abaixo: As tarefas nos obrigaram são aquelas o chefe se referiu. A alternativa que completa as lacunas adequadamente é: a) de que que b) a que a que c) a cujos cujo

d) de que de que e) que que Gabarito comentado: A preposição a é solicitada pelos verbos obrigar e referirse : obrigar alguém a algo ; referir-se a algo. Desse modo, em construções encaixadas, ela deve anteceder o pronome relativo. Questão 4 Analise as sentenças abaixo: I. Eu sempre pago minha empregada doméstica na data combinada. II. A professora não lhe ajudou ontem. João ficou triste com isso. III. Eles assistiram ao filme no domingo. IV. O ideal a que visavam os novos diretores era o lucro. Em relação à regência verbal, pode-se dizer que estão corretas as frases: a) I, II, III e IV. b) I, III e IV. c) I e IV. d) II e III. e) III e IV. Gabarito comentado: Em (I), o verbo pagar é transitivo direto e indireto. O complemento que se refere à pessoa (objeto indireto) deve vir regido pela preposição a ; o que se refere à coisa paga (objeto direto) não. Em (II), o verbo ajudar pede como complemento um objeto direto. Por isso, o pronome pessoal que deve ser utilizado é o : A professora não o ajudou ontem.". O pronome lhe deve ser usado com verbos que pedem preposição. Em (III), o verbo assistir é transitivo indireto com o sentido de ver, presenciar, ser espectador. Por isso, a preposição a foi utilizada adequadamente. Em (IV), o verbo visar no sentido de ter vista, objetivar é transitivo indireto com complemento regido pela preposição a. Desse modo, a sentença está adequada. Questão 5 Complete os espaços com a as às às. a) as à a a à b) às a a à à c) as a à a a d) às à à à a e) às a a a a I- Refiro-me seleções que serão feitas na próxima semana. II- Dirija-se senhora que está no balcão de atendimento. III- Ontem noite, fomos festa. IV- Maria é obesa. Ela vive comer.

Gabarito comentado: A preposição a é exigida pela regência do verbo referir-se (= quem se refere sempre se refere a alguma coisa) (I). Por isso, há crase em virtude do artigo definido as, que determina o substantivo seleções. O mesmo ocorre com o verbo dirigir-se, que apresenta crase com o artigo feminino que determina senhora (II). À noite é uma locução adverbial com palavra feminina. O verbo ir pede a preposição a (III). Não há crase antes de verbos (IV).