ANÁLISE E INTERVENÇÃO ERGONÔMICA APLICADA A ESCRITÓRIOS DE ANÁLISE E DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS

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Transcrição:

ISSN 1984-9354 ANÁLISE E INTERVENÇÃO ERGONÔMICA APLICADA A ESCRITÓRIOS DE ANÁLISE E DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS Hermom Leal Moreira (UNIC - Universidade de Cuiabá) Resumo O serviço de especialistas em projetos de viabilidade em construção, economia, administração, contabilidade, engenharia, entre outros elevou-se gerando automaticamente uma elevação da demanda pelo trabalho de projetistas nesta área. Este arrtigo teve como objetivo realizar uma análise ergonômica de um posto de trabalho em um escritório de engenharia comparando com os itens da Norma Regulamentadora 17 - Ergonomia, do Ministério do Trabalho e Emprego. A principal atividade no local consistia na prestação de serviços na área de projetos complementares de edificações privadas e de obras públicas, sendo este o local escolhido levando-se em consideração o processo de produção de plantas baixas através do uso de softwares tipo CAD, bem como tarefas correlatas de que englobam a digitação, impressão, corte e manuseio de plantas baixas, atendimento a clientes por telefone e serviços administrativos. Palavras-chaves: Normas Regulamentadoras (NR s), OHSAS, Segurança e Saúde no Trabalho.

1. Introdução A partir do surgimento da Revolução Industrial a tecnologia vem modificando significativamente a vida do homem. Muito dos trabalhos a mão foram mecanicamente transformados e as condições de trabalho passaram a exigir menor esforço do homem. Segundo as pesquisas da OIT o homem moderno deixou de fazer esforço e passou a ficar cada vez mais paralisado ou executando serviços de repetição, os quais comprometem a qualidade de vida da humanidade, corroborando DUL E WEERDMEESTER (2004), destacam que o projeto de máquinas, equipamentos, sistemas e tarefas visa melhoras a segurança, saúde, conforto e eficiência. O objetivo deste trabalho consistiu na avaliação do posto de trabalho do setor de produção/administrativo da empresa que é composto por 01 (uma) funcionária, cuja jornada de trabalho é de oito horas diárias totalizando quarenta horas semanais, onde foram analisados os serviços junto à mesa de trabalho, onde se utiliza o computador durante grande parte da jornada. Procurou-se identificar neste trabalho os riscos ergonômicos no ambiente, suas possíveis causas e quais seriam as melhorias possíveis de forma a gerar intervenções nos processos produtivos partindo das análises junto ao trabalhador dos seguintes parâmetros: idade, deficiência ou doença, altura, peso, sexo, função exercida. 2. AET Análise Ergonômica de Trabalho A abordagem das questões ergonômicas relativas ao posto de trabalho com computador visa salientar a importância da prevenção de problemas de saúde e da adoção da necessidade da adaptação do mobiliário por meio do estudo de designer apropriado. Para Fiedler et. al (2009), a motivação e qualidade de vida do trabalhador está ligada à sequência lógica de produção, níveis de iluminação, distância mínimas entre tarefas, áreas destinadas a resíduos e locais de pausa. Além da necessidade de utilização de um ajustamento técnico, num posto de trabalho, serviços com computador exigem adaptações específicas e arranjos específicos de cada local de trabalho onde são instalados estes equipamentos (dimensões, funcionalidades e áreas de acesso), relacionadas às medidas antropométricas de cada trabalhador em questão. Dada a dimensão pessoal e material que envolve a problemática, 2

sempre que possível, é importante permitir a participação trabalhador no estudo de concepção ou adaptação de um posto de trabalho. 3. Procedimentos Metodológicos A análise em questão partiu primeiramente da identificação das características do ambiente no que tange a edificação e suas especificidades as quais consistiam em uma construção em alvenaria contendo uma sala com dimensões de 3,5 x 5,5m, com revestimento em argamassa e pintura em PVC na cor gelo, teto de gesso na cor branca, piso cerâmico na cor branca. A iluminação é natural e artificial com 02 (duas) lâmpadas fluorescentes e ventilação artificial através de ar condicionado. O Layout da Sala consiste em: 01 bancada em L para computador que é utilizada para digitação e atendimento, 02 cadeiras fixas, 02 cadeiras giratórias, um armário para armazenamento de documentos, 01 bancada de computador (desativada) usada para guardar documentos. A funcionária que atua no setor exerce diariamente além das atividades de cadista aquele que desenha com o programa Auto Cad -, as atividades de administração, faturamento e pagamento de folha salarial, permanecendo a maior parte do tempo utilizando como ferramenta de trabalho o computador. Os principais fatores ergonômicos encontrados e que são prejudiciais ao trabalhador foram em relação à postura inadequada e Movimentos Repetitivos (digitação), expostos logo abaixo: teclado sem altura regulável; o monitor não estava ajustado ao nível do cotovelo, tornando o punho deslocado com o teclado mantido em posição baixa; falta de conforto visual devido ao monitor devido ao mal posicionamento de distância e em relação a linha de visão. dificuldades de adaptação da mesa pré-existente às necessidades: a localização das pernas, do teclado, do monitor que vezes não permite a correta posição da pessoa no posto de trabalho. Constata-se que estes e outros fatores de risco de trabalhadores que utilizam computadores regularmente e por longos períodos de tempo são o geradores de: dores nas costas; rigidez do pescoço e ombros; dores e tensão nas mãos e dedos; 3

tendinites nos pulsos; pernas cansadas; aparecimento de varizes; problemas oculares. Na sua maioria, estes problemas estão relacionados com posturas incorretas do corpo e com outros hábitos que podem mesmo dar origem a lesões graves e incapacitantes para o trabalhador. Muitas vezes atividades monótona e solitária do trabalhador, também são reportados outros tipos de problemas importantes a considerar, como por exemplo: irritabilidade, depressão, stress e ansiedade, as quais, por sua vez estão associadas com outras conseqüências, como: desmotivação e insatisfação no trabalho, erros operacionais, absenteísmo, que frequentemente se traduzem, finalmente em falta de produtividade e qualidade. 4. Resultados As medidas adotadas devem ser preventivas pois de acordo com a avaliação do local de trabalho deverão ser adotadas medidas ergonômicas para esse posto de trabalho, tais como: melhoria das condições de visibilidade, luminosidade, adequação do mobiliário de trabalho, utilização de cadeiras reguláveis, suporte para os pés, adaptação de dispositivo de ajuste do teclado e da altura do monitor e suporte para leitura de documentos. SAAD (2008) destaca que a repsonsabilidade social das organizações estão ligadas à qualidade de vida de seus trabalhadores. Na verdade sempre o que acontece é o contrário: não há a preocupação em, antes de instalar um posto de trabalho, consultar um ergonomista para elaborar um projeto de adequação conforme cada atividade. A preocupação do projetista visa mais a estética, usualmente desconsiderando fatores de segurança e bem-estar das pessoas. A inatividade física tem se revelado, na sociedade atual, o principal fator no surgimento de doenças ocupacionais. Uma série de fatores pode estar envolvido na causalidade destas doenças, mas talvez o sedentarismo e o estresse representem duas causas comuns a todas elas (JULIANA SALIBIAN, 2005). Medidas essas podem ser implantadas para garantir a melhoria das condições de trabalho desse profissional, visto que há pouca ou nenhuma preocupação com as questões ergonômicas, causando assim grande stress físico e emocional. A NR-17, item 17.3.2 determina que: 4

...para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização e operação e devem atender aos seguintes requisitos mínimos: a) ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento; (117.007-4 / I2); b) ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador; (117.008-2 / I2); c) ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação adequados dos segmentos corporais. (117.009-0 / I2); De acordo com o que foi observado in loco que o posto de trabalho não atende as normas estabelecidas pela NR-17, pois a tela do computador localiza-se na lateral da mesa, impossibilita uma movimentação adequada. Figura 1: Vista geral. Fonte: LEAL, H. 2011; Arquivo digital. Figura 2: Vista do posto de trabalho. 5

A NR 17, item 17.3.3. determina que: Fonte: LEAL, H. 2011; Arquivo digital.... os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos seguintes requisitos mínimos de conforto: a) altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida; (117.011-2 / I1); b) características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento; (117.012-0 / I1); c) borda frontal arredondada; (117.013-9 / I1); d) encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região lombar. (117.014-7 / Il). A NR 17, item 17.3.4. determina que:...para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados sentados, a partir da análise ergonômica do trabalho, poderá ser exigido suporte para os pés, que se adapte ao comprimento da perna do trabalhador. (117.015-5 / I1). 6

Com base nesse item da Norma e baseado na figura 3, também podemos considerar que o posto de trabalho analisado não atende a esse requisito. A observação in loco consta que a partir da análise ergonômica do posto trabalho, poderá ser exigido suporte para os pés (figura 3), que se adapte ao comprimento da perna do trabalhador, além da retirada do anteparo (saia) da mesa o qual impossibilita o movimento adequado da perna (figura 4). Figura 3: Assento utilizado Fonte: LEAL, H. 2011; Arquivo digital. Figura 4: mesa de trabalho Fonte: LEAL, H. 2011; Arquivo digital. A NR 17, item 17.4.2 solicita que: 7

...nas atividades que envolvam leitura de documentos para digitação, datilografia ou mecanografia deve:ser fornecido suporte adequado para documentos que possa ser ajustado proporcionando boa postura, visualização e operação, evitando movimentação freqüente do pescoço e fadiga visual; De acordo com o item 17.4.2:... nas atividades que envolvam leitura de documentos para digitação, datilografia ou mecanografia deve: ser fornecido suporte adequado para documentos que possa ser ajustado proporcionando boa postura, visualização e operação, evitando movimentação freqüente do pescoço e fadiga visual; Com base na Norma e baseado na figura 5, pode-se afirmar que não há nenhum dispositivo que facilite a visualização de documentos e a fácil leitura. Através da análise ergonômica do posto de trabalho foi constado que o espaço das bancadas e insuficiente ocasionando movimentação repetitiva do pescoço do trabalhador. No item 17.4.3 da NR 17, define-se que:...com relação os equipamentos utilizados no processamento eletrônico de dados com terminais de vídeo devem observar o seguinte: - condições de mobilidade suficientes para permitir o ajuste da tela do equipamento à iluminação do ambiente, protegendo-a contra reflexos, e proporcionar corretos ângulos de visibilidade ao trabalhador; - o teclado deve ser independente e ter mobilidade, permitindo ao trabalhador ajustá-lo de acordo com as tarefas a serem executadas; - a tela, o teclado e o suporte para documentos devem ser colocados de maneiras que as 8

distâncias olho-tela, olho-teclado e olho-documento sejam aproximadamente iguais; De acordo com a visita in loco pôde verificar-se que o posto de trabalho não permite o ajuste da tela, o teclado não possui mobilidade e as distâncias olho-tela, olho-teclado e olhodocumento não são iguais, assim como a tela não está ajustada contra reflexos e sombras, dificultando a visualização. Como pode ser observado na figura 3 e 4, indica que o lugar projetado para o teclado esta sendo ocupado por documentos. A NR 17, item 17.5.2 rege que:...nos locais de trabalho onde exijam solicitação intelectual e atenção constantes, como em escritórios e salas de desenvolvimento ou análise de projetos, são recomendadas as seguintes condições de conforto: a) níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira registrada no INMETRO; (117.023-6 / I2); b) índice de temperatura efetiva entre 20oC (vinte) e 23oC (vinte e três graus centígrados); (117.024-4 / I2); c) velocidade do ar não superior a 0,75m/s; (117.025-2 / I2); d) umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) por cento. (117.026-0 / I2); O item 17.5.2.1 considera o nível de ruído aceitável para efeito de conforto será de até 65 db (A) e a curva de avaliação de ruído (NC) de valor não superior a 60 db. Em relação ao ruído o posto de trabalho analisado atende a NBR cujo Limite Máximo (Nbr 10152) 65 Db(A). O valor encontrado no ambiente de trabalho foi de (63,0 Db). O posto de trabalho analisado não atende a NR 17 item 17.5.3.1 em relação a iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa. Pois projeta ofuscamento, reflexos sombras. Luminosidade 170 Lux Limite Mínimo300 Lux. Devido a existência de ar condicionado o posto de trabalho possui boa ventilação artificial o, com a temperatura média de 22ºC. De acordo com o exposto acima e com relação ao nível de ruído podemos considerar que o local de trabalho não ultrapassa aos 65 db(a) estabelecidos pela norma, sendo que o índice máximo encontrado é de 63 db(a). 9

5. Discussão No espaço arquitetônico, a organização e compartimentação do espaço e dos postos de trabalho deverão ponderar aspectos como a distribuição da luz e ventilação naturais, mas também, necessidades de privacidade ou partilha de tarefas deste posto de trabalho. Em relação ao mobiliário serão necessárias algumas alterações para que fiquem acessíveis e permitam maior mobilidade ao trabalhador, bem como permitir a possibilidade de alternância postural necessária para permitir uma fisiologia harmoniosa tanto vascular como muscular. A cadeira encontrada não sugere conforto, pois não atende as necessidades fisiológicas das medidas encontradas, sugere-se a instalação de acessórios, apoio para pés e mouse e apoio para teclado ajustáveis com gel, para que estejam a disposição das mudanças de posição de extremidades. Ponderando ainda realizar a adequação de mobiliário que atenda antropometricamente um percentil de população entre 1,65 a 1,80, tendo como variante mais importante a altura da mesa, onde se permite melhor movimentação de membros inferiores, uma vez que os alcances horizontais permitem todo conforto entre estas medidas anteriormente citado. Dentro dos parâmetros da ergonomia organizacional viu-se a necessidade de realizar orientação aos trabalhadores para estipular períodos de pausas, uma vez que há uma sobrecarga cognitiva nesta tarefa a ser executada. Faz-se necessário treinamento para citar quanto a importância do cuidado da acuidade visual para a tarefa e que o desconforto ocular dita involuntariamente ao trabalhador o desconforto tanto na postura quanto no desgaste mental. Sendo impositiva a pausa como anteriormente citado ou desenvolver nos trabalhadores uma regra de parada em horários obrigatórios. Importante salientar que mesmo a mesa para que tenha um contorno com cavidade abdominal e importante o ajuste de altura do monitor e que o teclado e mouse sejam utilizados de fronte ao monitor, tendo espaço para membros inferiores. 6. Conclusão Constatou-se a necessidade de estabelecer parâmetros de organização e disciplina quanto aos espaços primário e secundário com relação ao trabalhador, assim estabelecendo regras quanto ao uso de pastas, gavetas externas para melhor produção mental, deslocamento e acesso corpóreo no ambiente de trabalho, bem como sua regulação de processo produtivo. Este parâmetro ainda atende uma melhor disposição de objetos onde o trabalhador não 10

execute rotações de tronco ou seu extremo alongamento, possibilitando lesões de ordem musculares, articulares e tendinosas. Foi percebido neste posto de trabalho a manutenção de conforto com relação a temperatura, ruído e luminosidade, permanecendo o estipulado anteriormente. As tarefas do posto, bem como as atividades deverão ser discutidas para viabilizar produtividade sem que haja ruptura na capacidade de concentração dos usuários da sala. 7. Referências CODO, Vanderley.; ALMEIDA, Maria Celeste C. G. LER Lesões por Esforços Repetitivos. 3ED. Rio de Janeiro: Vozes, 1997. CRUZ, S. M. S. Estruturação de um sistema de informação gerencial de saúde e segurança ocupacional para a construção civil SIGaSSeguro. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005. DIAS DE PAULA, M. Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho como motivo de afastamento das funções laborais no município de Concórdia, SC, Brasil, janeiro de 2000 a junho de 2003. 2005,58 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva), Universidade do Oeste de Santa Catarina, Joaçaba, 2005. GHISLENI, Â. P.; MERLO, Á. R. C. Trabalhador Contemporâneo e Patologias por Hipersolicitação. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 18 (2), p. 171-176, 2005. Gonçalves, A.S., Deus, E.P. Intervenção Ergonômica no Processo Produtivo da Construção Civil Estudo de Caso. 2001, Fortaleza Ceará IIDA, Itiro. Ergonomia projetos e produção. São Paulo : Edgar Blücher Ltda., 1992. KROEMER, K. H. E.; GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Porto Alegre: Bookman, 2005. MEDEIROS, José Alysson Dehon Moraes; RODRIGUES, Celso Luiz Pereira. A existência de riscos na indústria da construção civil e sua relação com o saber operário. In: XXI Encontro Nacional de Engenharia de Produção. 9 p. Anais... CD Rom. Salvador: BA, 2001. MELO JUNIOR, A. S.; RODRIGUES, C. L. P. Avaliação de estresse e dor nos membros superiores em operadores de caixa de supermercado na cidade de João Pessoa: estudo de caso. In: XXV ENEGEP. Anais... 2005. MICHALOSKI, A.O., SAAD, V.L., e XAVIER, A.A.P. (2006) Avaliação do risco ergonômico do trabalhador da construção civil durante a tarefe do levantamento de paredes. In: XIII Simpep Bauru,SP, PP. 8 SAAD, Viviane Leão. Análise Ergonômica do trabalho do pedreiro: O Assentamento de Tijolos, Ponta Grossa, 2008. 11