EROSÃO COSTEIRA E VARIAÇÃO DA LINHA DE COSTA NA PRAIA DO BESSA JOÃO PESSOA (PB)

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Transcrição:

EROSÃO COSTEIRA E VARIAÇÃO DA LINHA DE COSTA NA PRAIA DO BESSA JOÃO PESSOA (PB) Victor Hugo Rabelo Coelho UFPB victor-coelho@hotmail.com José Yure Gomes dos Santos UFPB - joseyure@hotmail.com Franklin Mendonça Linhares UFPB - franklinlinhares@ig.com.br Ibrahim Soares Travassos UFPB - ibrahim_bitzur@hotmail.com Tássio Barreto Cunha UFPB - tassiocunha@hotmail.com Resumo: A porção sul da praia do Bessa, inserida no bairro Jardim Oceania, vem passando por um processo intenso de ocupação desordenada, provocando um desequilíbrio ambiental marcado pela erosão costeira em algumas áreas. Para a obtenção de uma caracterização da dinâmica costeira da praia em estudo, foi realizado um monitoramento sistemático em um ponto selecionado, localizado nas coordenadas UTM 252.974 me e 9.215.680 mn. Este monitoramento, que é parte integrante da monografia de conclusão do curso de Geografia da UFPB, contou com seis coletas de dados morfodinâmicos, hidrodinâmicos e sedimentológicos. Esses dados, coletados sempre na maré de sizígia de lua nova, foram obtidos através da metodologia proposta por Muehe (1996). Foram também utilizados dados pré-existentes, referentes ao comportamento da linha de costa da praia do Bessa, durante cerca de 36 anos. Os resultados apontam para uma tendência a estabilidade da linha de costa no ponto do monitoramento, apesar da ocorrência de variação entre os estágios intermediários de praia no local. No trecho inserido na porção norte da praia, nas proximidades do Iate Clube da Paraíba (297.872 me e 9.216.957 mn) e Clube dos Médicos (297.858 me e 9.217.808 mn), verificou-se uma grande variação da linha de costa e alta vulnerabilidade à erosão costeira. Apesar deste trabalho de pesquisa apontar duas tendências distintas para a região em apreço, recomenda-se um monitoramento sistemático na área, a fim de dar subsídios na tomada de decisões quanto à implantação de medidas mitigadoras dos problemas que lá acontecem, pois os processos atuantes nas regiões costeiras são bastante mutáveis. Palavras-chave: Praia, monitoramento, dinâmica costeira. Abstract: The southern portion of the beach Bessa, inserted in quarter Jardim Oceania, has been going through a process of intense occupation disorderly, causing an environmental imbalance characterized by coastal erosion in some areas. To obtain a characterization of coastal dynamics at the beach in the study was held a systematic monitoring in the selected point, located at UTM coordinates 252974 me and 9215680 mn. This monitoring, which is part of the monograph of completion of the course in the Geography UFPB, has six collections of data morphodynamic, hydrodynamic and sedimentological. These data, collected always in the spring tide in the new moom, been obtained through the methodology proposed by Muehe (1996). We also used pre-existing data concerning the behavior to the shoreline of the beach Bessa, for about 36 years. The results indicate a tendency to stability to the shoreline at the point of monitoring, despite the occurrence of variation between the intermediate stages of the local beach. In the part inserted in the northern portion of the beach, near the Iate Clube da Paraíba (297,872 me and 9216957 mn) and the Clube do Médicos (297,858 me and 9217808 mn), there is a great variation to the shoreline and high vulnerability to coastal erosion. Despite this research work indicate two distinct trends for the region in question, it is recommended that a systematic monitoring in the area, to provide subsidies in making decisions regarding the implementation of measures mitigating the problems that happen there, because the processes operating in coastal areas are very changeable. Key-words: Beach, monitoring, coastal dynamic.

1. INTRODUÇÃO Este trabalho busca entender os processos dinâmicos atuantes na praia do Bessa, porção setentrional do município de João Pessoa (PB), a fim de dar subsídios às medidas de proteção ambiental e monitoramento costeiro da região. A área escolhida para a realização da pesquisa vem passando por um processo de urbanização intenso, principalmente nos últimos anos, devido à procura da população com maior poder aquisitivo por esse espaço de grande potencial cênico. Esse processo de desenvolvimento quando feito de forma desordenada e sem respeitar minimamente os ecossistemas naturais pode provocar um desequilíbrio ambiental. Por isso, faz-se necessário realizar um monitoramento contínuo da área em apreço. O ambiente costeiro, mais do que qualquer outro sistema físico, caracteriza-se pelas freqüentes mudanças, tanto espaciais quanto temporais, resultando uma grande variedade de feições geológicas e geomorfológicas. Esse grande dinamismo da costa advém da complexa interação dos processos deposicionais e erosivos relacionados com a ação de ondas, correntes de maré e correntes litorâneas (ROSSETI, 2008). No Brasil, a maior parte da população reside nas áreas litorâneas, e o número de habitantes dessa região vem aumentando significativamente nos últimos anos, devido às múltiplas funções que esses ambientes expressam, desempenhando um papel importante na economia dos Estados costeiros. Esse processo de ocupação do espaço litorâneo vem ocasionando diversas mudanças nas feições ambientais dessas áreas, além do aumento de processos erosivos provocados pela ação antrópica e por causas naturais nas mais diversas partes da costa. A Paraíba encontra-se inserida neste contexto, pois a maior parte da população do Estado reside nas áreas costeiras compreendidas pelas regiões dos tabuleiros ou baixos planaltos costeiros, bem como também na baixada litorânea chegando até a praia (NEVES, 2003). A área de estudo, a praia do Bessa localizada no bairro Jardim Oceania, passou por intenso processo de ocupação e especulação imobiliária a partir das décadas de 1980/1990, devido ao processo de descentralização do centro de João Pessoa e conseqüente ocupação das áreas periféricas, principalmente o litoral. Apesar dos conflitos entre o uso do solo e a dinâmica natural das praias, poucos estudos foram realizados na tentativa de melhorar a qualidade ambiental nesta área e a qualidade de vida dos moradores que nela residem. Dentre os trabalhos realizados na praia do Bessa, destacam-se os de Neves et al. (2006), Reis (2008) e Vasconcelos (2007). A praia em destaque também apresenta forte atrativo turístico, caracterizado pela presença de vários quiosques, bares e restaurantes em quase toda a sua extensão. As construções residenciais e comerciais não respeitam o sistema praial físico, o que aumenta os relatos de destruição, devido à erosão costeira.

2. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO A área selecionada para a realização do trabalho foi à praia do Bessa, localizada no bairro Jardim Oceania, na cidade de João Pessoa (PB). Este trecho apresenta aproximadamente 3,2 km de linha de costa. A referida praia encontra-se inserida também no bairro de mesmo nome (Bessa) na porção extremo norte do município de João Pessoa (PB), fazendo limite com o município de Cabedelo (PB). O bairro Jardim Oceania faz limite com o bairro de Manaíra ao sul, com o Oceano Atlântico a leste, com o bairro Aeroclube a oeste, e com o bairro do Bessa ao norte. Um perfil praial, denominado de P01 = 1º Retorno Bessa, localizado na coordenada UTM 252.974 me e 9.215.680 mn, cujo ponto de referência (RN) era a base de um antigo muro de residência, foi monitorado mensalmente no período de agosto a dezembro de 2008. Os dados hidrodinâmicos e ambientais, e as coletas de sedimentos foram realizadas no mesmo ponto da realização do perfil de praia. MAPA DE LOCALIZAÇÃO DO BAIRRO JARDIM OCEANIA 0 1 2km 0 50 100 150 km Figura 1 Localização do bairro Jardim Oceania. 3. MATERIAIS E MÉTODOS Antes de iniciarmos a pesquisa foi feito um levantamento bibliográfico a respeito da temática proposta. As atividades de campo envolveram monitoramento do nivelamento topográfico, caracterização ambiental, coleta de sedimentos e dados hidrodinâmicos, cujo período se estendeu de agosto a dezembro de 2008, sempre na maré de sizígia de lua nova, de acordo com as tábuas de maré do Porto de Cabedelo/PB. Apesar das atividades de campo totalizar um período de cinco meses, foram

realizados seis monitoramentos, pois no mês de agosto houve a ocorrência de duas luas novas. Todos os dados coletados no ponto de monitoramento (P01 = 1º Retorno Bessa) foram tratados e analisados no Laboratório de Estudos Geológicos e Ambientais da UFPB. 3.1 Levantamento e Coleta de Dados Nivelamento Topográfico O nivelamento topográfico foi realizado sempre na maré baixa de sizígia de lua nova, durante os meses compreendidos para a realização da pesquisa. Para efetuar os perfis de praia foi utilizado nível de precisão, mira, trena de 30 metros, piquetes, tripé (figura 2A), e planilha de nivelamento topográfico. Este perfil se desenvolveu desde a pós-praia até 25 metros após a linha d água, sempre a partir de um marco fixo, o qual foi adotado um nível de referência (RN). Adicionalmente, foram realizadas observações visuais utilizando ficha de caracterização do ambiente praial, onde foram preenchidas informações a respeito de interferência antrópica, presença de estruturas sedimentares, berma, minerais pesados e tipo de arrebentação. A declividade do estirâncio foi medida com a utilização de clinômetro. Durante esta etapa também foi realizado a coleta de sedimentos nos três compartimentos do ambiente praial (figura 2B). As amostras foram coletadas para observar o momento de deposição atual, totalizando 18 amostras que foram acondicionadas em sacos plásticos, devidamente etiquetados e levadas para o Laboratório de Estudos Geológicos e Ambientais (LEGAM) da UFPB, onde foram tratadas. A B Figura 2 Nivelamento topográfico (A) e coleta de sedimentos (B) na maré baixa de sizígia de lua nova. (Fotos: Gustavo Vasconcelos (A), em agosto de 2008 e Victor Hugo Coelho (B), em dezembro de 2008). Hidrodinâmica Costeira Os dados hidrodinâmicos (altura significativa e período de onda, velocidade e direção das correntes) foram coletados a partir da metodologia utilizada por Muehe (1994, apud CHAVES, 2005). As informações dos dados hidrodinâmicos foram anotadas em planilhas.

Para a obtenção da altura significativa da onda uma pessoa posicionava a régua graduada na zona de arrebentação. Um observador, localizado no estirâncio, anotava os valores do vale até a crista da onda. Com a medição de dez ondas consecutivas obteve-se a altura média. O período das ondas foi obtido através da utilização de um cronômetro, o qual era marcado o tempo em que onze ondas quebravam em um ponto fixo. Este procedimento era executado durante dez vezes, fazendo em seguida a média entre os períodos de onda. Para a determinação da velocidade e direção da corrente litorânea era lançado um flutuador após a zona de arrebentação e marcado o tempo em que este objeto lançado levava para percorrer os dez metros que foram representados por duas balizas fixadas nas areias da pós-praia. Posteriormente dividia-se o espaço, neste caso 10 metros, pelo tempo obtido, encontrando assim a velocidade da corrente litorânea. Adicionalmente, foram coletadas a temperatura média do ar e a velocidade média dos ventos, utilizando um anemotermômetro da marca Impac. Também se obteve a direção de propagação das ondas, direção da linha de costa, ângulo de incidência das ondas e direção dos ventos, medidos através da bússola. O clinômetro foi utilizado para a medição da declividade da berma e do estirâncio. 3.2. Análises dos Sedimentos Coletados As análises dos sedimentos coletados foram realizadas no Laboratório de Estudos Geológicos e Ambientais (LEGAM) da UFPB. As amostras passaram por um processo de lavagem com água destilada para a retirada do sal, além de secagem na estufa com temperatura média de 70ºC. Depois de secos foram retirados 100 gramas de cada amostra, através de quarteamento, para a realização do peneiramento seco no agitador de peneiras (rot-up). A classificação granulométrica utilizada baseia-se na de Wentworth (1922, apud SUGUIO, 1980). As peneiras possuíam malhas com aberturas que variavam entre 0,074 mm e 2,00 mm, dividindo os sedimentos em grânulos, areia grossa, areia média, areia fina, areia muito fina e silte/argila (quadro 1). Classificação de Wentworth Peneiras utilizadas Phi (Φ) (mm) (mm) Areia muito grossa -1 a 0 2 a 1 2 Areia grossa 0 a 1 1 a 0,5 0,59 Areia média 1 a 2 0,5 a 0,25 0,25 Areis fina 2 a 3 0,25 a 0,125 0,125 Areia muito fina 3 a 4 0,125 a 0,062 0,074 Silte 4 a 8 0,062 a 0,00394 >0,074 argila 8 a 12 0,00394 a 0,0002 Quadro 1 Classificação granulométrica dos sedimentos, referente à escala granulométrica de Wentworth (1922).

3.3. Trabalhos de Gabinete Esta etapa constou da análise e processamento dos perfis topográficos, tabulação e análise dos dados hidrodinâmicos, tabulação e análise da caracterização ambiental e tabulação e análise dos dados sedimentológicos. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1. Variação da Linha de Costa a Médio Prazo A linha de costa representa o limite entre a terra e a água em uma região costeira, já a região do continente adjacente a linha praial é chamada apenas de costa (SUGUIO, 1992). Muehe (1996) complementa a definição de Suguio quando afirma que a linha de costa é mutável de acordo com a variação da maré. As fotografias aéreas, e atualmente também as imagens de satélite, são excelentes produtos cartográficos para o monitoramento da posição da linha de costa em um determinado espaço de tempo. As informações obtidas através da fotografia aérea de 1969, na escala 1:30.000, fornecida pela SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), e da imagem de satélite do Quick Bird de 2005, fornecida pela PMJP (Prefeitura Municipal de João Pessoa), mostram que houve uma grande variação da linha de costa, entre esse período, na porção norte da praia do Bessa que está inserida no Bairro Jardim Oceania. Conforme pode ser observado na figura 4, o local que apresentou maior recuo de linha de costa foi entre o Clube dos Médicos e o Iate Clube da Paraíba, localizado nas coordenadas 297.897 me e 9217658 mn. Neste ponto a variação foi de aproximadamente 66 metros para os 36 anos, o que corresponde a 1,8 metros/ano. Nas proximidades do Iate Clube da Paraíba (297.872 me e 9.216.957 mn), a linha de costa recuou aproximadamente 33 metros, ou seja, 0,91 metros/ano, para o período compreendido entre 1969-2005 (figura 4). O mar também avançou consideravelmente no Clube dos Médicos (297.858 me e 9.217.808 mn), onde foram reduzidos 23 metros da praia (figura 4). No ponto denominado de 1º Retorno Bessa, localizado ao sul do Iate clube da Paraíba, não houve variação da linha de costa em médio prazo (figura 3). Reis (2008) apresenta o grau de vulnerabilidade para todo o litoral de João Pessoa, baseado em função de vários parâmetros, entre eles: a) do ambiente praial (presença ou ausência de pós-praia); b) das variações horizontais (recuo da linha de costa entre os anos de 1969-1985; 1985-2005); c) das variações verticais a partir de análise do volume sedimentar; e d) e das demais características da costa. Os resultados apresentados por Reis (op. cit.) apontam uma vulnerabilidade alta à erosão costeira nos trechos onde estão inseridos o Clube dos Médicos e o Iate Clube da Paraíba. Já na porção onde está localizado o perfil denominado de 1º Retorno Bessa, a praia apresenta uma frágil

estabilidade, ou ligeira tendência erosiva, caracterizando assim um grau moderado à vulnerabilidade à erosão costeira. Ponto de maior recuo Figura 3 Variação da linha de costa na praia do Bessa, localizada no Bairro Jardim Oceania, entre 1969 a 2005. (Fonte: SUDENE (1969), PMPJ / SEPLAN (2005)). 4.2. Caracterização do Ambiente Praial As unidades geomórficas mais utilizadas e distinguíveis nos ambientes de praias arenosas são divididas em: a) antepraia (shoreface); b) estirâncio (foreshore); c) pós-praia (backshore). As nomenclaturas e a delimitação dessas unidades serão apresentadas de acordo com Emery (1960, apud MENDES, 1992).

As informações das características do ambiente praial do trecho em estudo foram levantadas simultaneamente à realização dos perfis de praia e da coleta de sedimentos, sempre em maré baixa de sizígia de lua nova. Estas informações encontram-se divididas de acordo com os compartimentos geomórficos da praia em estudo para se ter uma melhor compreensão. A pós-praia apresenta largura aproximada de 40m. Neste compartimento não foi constatado indícios de erosão. Casas, prédios e muros invadem o compartimento do relevo, causando grande interferência antrópica. Por este motivo, como também pelo grande número de banhistas na área durante os finais de semana e feriados, encontramos nela materiais poluentes (vidro, plástico e material orgânico) misturado com os sedimentos. A formação de dunas marítimas embrionárias (figura 4A) se faz presente na área. Estas apresentam largura aproximada de 20 metros; e são fixadas principalmente na parte cimeira pela vegetação típica dos ambientes costeiros e outras espécies que foram inseridas por moradores locais. A escarpa de berma (figura 4B), presente apenas durante a realização dos três primeiros trabalhos de campo, apresentou variação de altura de 15 cm, sendo a maior altura registrada no dia 1 de agosto, quando se apresentava com 45 cm. Figura 4 Dunas marítimas embrionárias com vegetação pioneira estabilizadora em outubro (A) e escarpa de berma em agosto (B). (Foto: Victor Hugo Rabelo Coelho e Gustavo Vasconcelos). No estirâncio não foi constatado obras construídas pelo homem, mas o material poluente (vidro, plástico e restos orgânicos) também se encontrava presente. As marcas de ondas, caneletas e marcas de espraiamento eram visíveis. A inclinação da zona do estirâncio variou de 8º a 14º, apresentando uma média superior à 10º entre o período de monitoramento. As cúspides praiais estavam presentes na época em que a berma era ausente, apresentando uma eqüidistância média de 20 metros. Os recifes de arenito se fazem presente na antepraia, onde não foi constatado interferência antrópica. As ondas, classificadas como deslizante, quase sempre apresentavam ângulo de incidência de 0º (frontal). O fundo da mesma sempre apresentava grande quantidade de bancos e calhas, formados devido o tamanho e intensidade das ondas.

4.3. Hidrodinâmica Costeira Para entender as alterações impostas ao meio ambiente torna-se fundamental o estudo dos fatores naturais. O conjunto desses fatores é responsável pelo modelamento (construtivo e destrutivo) de uma região (KOMAR, 1998 apud TABOSA, 2006). O entendimento dos dados hidrodinâmicos é de fundamental importância para a compreensão das modificações ocorridas nas regiões litorâneas, bem como a preservação das praias e a proteção das propriedades costeiras. Essas alterações são provocadas por agentes modeladores como os ventos, as marés, as correntes litorâneas e as ondas (LIMA, 2004). Desta forma, os parâmetros dos dados hidrodinâmicos (altura significativa de onda, período de onda, velocidade da corrente litorânea) e observações complementares foram adquiridos de acordo com a metodologia descrita anteriormente. A menor altura de onda foi de 0,9m, observada no primeiro dia de monitoramento. Nas observações executadas no dia 30 de agosto, foi registrado o maior valor de altura de onda, onde esta apresentava 1,09m de altura (figura 5A). O período das ondas apresentaram resultados semelhantes, variando entre 78s e 80s em cincos monitoramentos. Apenas no mês de outubro ele apresentou um período inferior a 78s, sendo registrado 72s (figura 5B). Figura 5 Altura (A) e período (B) médio de uma onda no período de monitoramento. A velocidade da corrente litorânea não foi possível ser obtida durante a realização dos trabalhos de campo de outubro e dezembro, devido as fortes correntes de retorno e a intensidade das ondas, que trazia o flutuador para a zona de espraiamento antes que ele percorresse os 10 metros. Nas outras datas a velocidade da corrente litorânea variou entre 0,07m/s e 0,14m/s (figura 6A). Os ventos sempre se mantiveram provenientes de SE. Estes variaram entre 120 Az e 170 Az, possuindo uma velocidade média que não ultrapassou os 5m/s, registrado no mês de dezembro. A menor média foi obtida no mês de outubro, apresentando 2,5m/s (figura 6B).

Figura 6 Velocidade média da corrente de deriva litorânea (A) e velocidade média dos ventos durante o monitoramento. Juntamente com a medição da velocidade média dos ventos foi coletado a temperatura do ar, que apresentou uma amplitude de 4,5ºC. A maior temperatura do ar foi registrada no mês de dezembro, quando esta apresentava 29ºC. Já a temperatura da água na antepraia variou entre 26,5ºC (1 de agosto) e 30ºC (27 de novembro). A direção de propagação das ondas se manteve nos quadrantes E e SE, apresentando variação de 90 Az a 140 Az. A linha de costa variou pouco, entre 30 Az e 40 Az. As ondas do tipo deslizante apresentaram ângulo de incidência de 0º, sendo estas paralelas a linha de costa. 4.4. Perfis Topográficos O perfil transversal de uma praia varia com o ganho ou perda de areia, de acordo com a alternância de tempo bom (engordamento) e tempestade (erosão). O regime de ondas desenvolve perfis sazonais típicos de inverno e verão, onde ocorrem provavelmente erosão e acumulação nos perfis, respectivamente. Sendo assim, ao adaptar seu perfil as diferentes condições oceanográficas, a praia desempenha um papel fundamental na proteção do litoral (MUEHE, 1996). O estudo do perfil de uma praia revela a variabilidade na elevação da praia e na mudança de volume que ocorre no perfil ao longo do tempo. A comparação entre perfis sucessivos pode ser usada para compreender e quantificar as mudanças na posição da linha de praia durante um determinado tempo da morfologia do perfil (REIS, 2008). Silva (2009) apresenta a importância do estudo do nivelamento topográfico, tendo em vista que os dados coletados e posteriormente transformados em gráficos possibilitam a visualização dos diferentes níveis da topografia do terreno, dando condições para o entendimento do ciclo erosivo/deposicional de uma determinada praia. Neste item serão apresentadas as mudanças, em curto prazo, ocorridas durante o monitoramento da área em estudo, tendo por finalidade definir a morfologia do perfil praial, verificando as respostas desse ambiente à dinâmica costeira. A análise de todos os perfis praiais

revelou certa estabilidade na morfologia do perfil até 28 metros do ponto de origem. Deste ponto até 50 metros, foram sentidas moderadas variações morfológicas. Estas variações morfológicas foram mais perceptíveis no compartimento do estirâncio, ficando a antepraia e a pós-praia praticamente estáveis (figura 7). Figura 7 Comparação entre os perfis topográficos de agosto a dezembro. 4.5. Granulometria Suguio (1980) aponta pelo menos quatro razões principais para a realização das análises granulométricas e sua importância no estudo dos sedimentos detríticos: a primeira delas é que a granulometria constitui a base para descrição precisa do sedimento; a distribuição granulométrica pode ser característica de sedimentos depositados em certos ambientes; o estudo detalhado da distribuição granulométrica pode fornecer informações sobre os processos físicos atuantes durante a sedimentação; e por fim a granulometria pode estar relacionada a outros parâmetros, e a modificação desses parâmetros podem ser previstas da variação granulométrica. Os estudos sedimentológicos detalhados podem caracterizar padrões peculiares de cada local ainda não evidenciados, determinando os processos físicos que controlam sua deposição e fornecendo informações valiosas para o planejamento e manejo destas áreas (FIGUEIREDO & CALLIARI, 2006). A coleta de sedimentos foi realizada durante a execução dos perfis de praia nos três compartimentos geomórficos do ambiente praial. Analisando as características granulométricas dos sedimentos da praia do Bessa, pode-se dizer que eles apresentam tamanhos de grãos diferentes, de acordo com o compartimento onde foi coletado, como também, uma tendência a manter o diâmetro médio nas respectivas unidades do relevo praial, durante os meses de coleta. Ao analisar o gráfico da granulometria da pós-praia, verifica-se que houve um predomínio das areias médias, seguido pelas areias grossas e finas. Os grânulos, as areias muito finas e o silte/argila apresentaram quantidades insignificantes (figura 8).

No estirâncio, as areias classificadas como finas estiveram presente de maneira superior as demais. Estas foram seguidas sempre pelas areias médias que foram pouco expressivas nos meses de setembro e dezembro (figura 9). Na antepraia foi constatada a maior variação granulométrica. Apesar de também ter predominado as areias finas, assim como no estirâncio, durante a segunda coleta de agosto elas se apresentaram inferiores as areias médias e praticamente iguais as areias muito finas em outubro. Esta grande variação granulométrica ocorre por se tratar de um ambiente com um grau de energia maior do que os outros vistos anteriormente. Apenas nele foi constatada a presença significativa de areia muito fina e silte/argila (figura 10). Figura 8 Porcentagem granulométrica da pós-praia durante a realização da pesquisa. Figura 9 Porcentagem granulométrica do estirâncio durante a realização da pesquisa.

Figura 10 Porcentagem granulométrica da antepraia durante a realização da pesquisa. Os três compartimentos geomórficos do ambiente praial apresentaram variação no diâmetro médio dos grãos. O tamanho das partículas decresce de maneira relativamente gradual de acordo com o distanciamento da costa em direção ao progressivo avanço na plataforma continental para o fundo oceânico (MENDES, 1992). Na pós-praia os sedimentos apresentaram uma média de 1.69 Φ, já no estirâncio e antepraia apresentaram uma média de 2.52 Φ e 2.67 Φ, respectivamente. Todos os compartimentos apresentaram grau de seleção variando entre moderadamente selecionado e muito bem selecionado, de acordo com Folk & Ward (1957). 4.6. Determinação do Estágio Modal A classificação morfodinâmica de praias arenosas torna-se uma importante ferramenta para o estudo de sua dinâmica, dado o caráter preditivo e de aplicação global que definem a ocorrência de um determinado tipo de praia para as diversas condições ambientais que elas apresentam (TABAJARA & MARTINS, 2006). Souza (2005) estabelece a determinação de estágio ou estado modal para designar a assembléia completa das formas deposicionais e sua relação com os processos hidrodinâmicos. Com o passar do tempo a morfologia de uma praia modifica em função da característica dos sedimentos, das ondas imediatas e antecedentes, das condições de maré e de vento, e do estágio da praia. Diversos modelos conceituais de praias têm sido propostos, sendo que os mais utilizados são os das escolas americanas e australianas. Utilizaremos neste trabalho as características propostas pela escola australiana de geomorfologia, que reconhece seis estágios morfológicos distintos, marcados por dois extremos (estágio dissipativo e refletivo) e quatro estágios intermediários (WRIGHT & SHORT, 1984 apud CHAVES 2005).

(1973): A tipologia praial pode ser obtida através do parâmetro adimensional Omega (Ω) de Dean Onde: Hb é a altura (m) de onda na arrebentação coletada em campo; Ws a velocidade (m/s) de decantação do sedimento que pode ser obtida através da média granulométrica dos grãos; T período (s) médio de uma onda na arrebentação. O parâmetro de Dean relaciona diretamente o estado de equilíbrio do perfil praial às condições ambientais praiais e reconhecem os seis estados ou estágios morfológicos distintos (quadro 2). Estágios da praia Ω σ Refletivo 1,5 _ Terraço de baixa mar (TBM) 2,4 0,19 Bancos transversais (BT) 3,15 0,64 Intermediário Bancos e praia de cúspides (BPC) 3,5 0,76 Banco e calha longitudinal (BCL) 4,7 0,93 Dissipativo >5,5 _ Quadro 2 Estágios praiais e seus respectivos valores de Ω. (Fonte: MUEHE, 1995). O quadro 3 indica o estágio da praia estudada em todas as campanhas realizadas. A situação encontrada durante todo o período da pesquisa aponta para um ambiente intermediário, mas com mudanças no comportamento morfodinâmico variando entre os estágios de bancos e praia de cúspides e banco e calha longitudinal. De acordo com Muehe (1995) esses dois estágios se caracterizam por se desenvolver a partir de um perfil dissipativo numa seqüência acrecional. A amplitude do relevo entre banco e calha é maior, e o estirâncio se apresenta mais íngreme do que no perfil dissipativo. Ao contrário do estágio dissipativo, as ondas, após a arrebentação, voltam a se retornar na calha, cuja profundidade é da ordem de 2 a 3 metros.

Perfi 01 = 1º Contorno Bessa Diâmetro Ws Estágio da Campanha Grau de seleção (Folk e Ward) Ω médio (Φ) (m/s) praia 1/8/2008 2.42 (areia fina) Moderadamente selecionado 0,032 3,59 Intermediário 30/8/2008 2,46 (areia fina) Bem selecionado 0,031 4,47 Intermediário 28/9/2008 2,74 (areia fina) Muito bem selecionado 0,028 4,76 Intermediário 28/10/2008 2,39 (areia fina) Moderadamente selecionado 0,034 4,25 Intermediário 27/11/2008 2,33 (areia fina) Moderadamente selecionado 0,033 3,50 Intermediário 28/12/2008 2,71 (areia fina) Muito bem selecionado 0,029 4,44 Intermediário Quadro 3 Valores de ômega calculados para a determinação do estágio da praia e outras informações a respeito dos sedimentos do estirâncio. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES Diante do que foi apresentado neste trabalho, podemos inferir que a praia do Bessa, localizada no bairro Jardim Oceania, apresenta dois trechos distintos, marcados pela estabilidade e forte erosão costeira. A porção norte apresenta tendência erosiva, o que foi constatado a partir da variação da linha de costa entre os anos de 1969 a 2005. As destruições provocadas nas construções, além das obras realizadas para conter o avanço do mar, também são indicadores de que esta região é marcada pela intensa dinâmica costeira. A porção centro-sul da praia, por sua vez, é marcada por uma dinâmica costeira moderada, onde a linha de costa pouco variou no período de 36 anos. Os perfis praiais, a hidrodinâmica costeira e a análise sedimentológica comprovam esta tendência a estabilidade, durante as seis marés de sizígia de lua nova. Os fatores naturais atuam na região como elementos mutáveis, de acordo as condições impostas pelo ambiente. Este fato foi comprovado pela variação dos estágios praiais durante as campanhas realizadas. As atividades humanas também interferem diretamente nos processos relacionados à variação da linha de costa, a partir do momento em que há um desrespeito no processo de ocupação das regiões litorâneas. As áreas que antes serviam como aporte de sedimento para equilibrar o sistema costeiro, são progressivamente engessadas pelas construções civis, que avançam em direção aos espaços destinados as variações das marés. Esse processo provoca sérios problemas aos moradores e comerciantes locais, na medida em que as ondas começam a incidir diretamente sobre as construções, trazendo grandes prejuízos sócio-econômicos. Apesar deste trabalho de pesquisa apontar duas tendências distintas para a região em apreço, recomenda-se um monitoramento sistemático na área por um período de tempo mais longo, a fim de

dar subsídios na tomada de decisões quanto à implantação de medidas mitigadoras dos problemas que lá acontecem, bem como a realização de um gerenciamento costeiro desta área. Outros dados podem ser levantados para a obtenção de resultados mais precisos quanto ao entendimento dos processos que ali ocorrem. Seria necessário uma batimetria do fundo oceânico adjacente para fornecer informações pontuais das formas de relevo, que ajudariam na compreensão de alguns processos hidrodinâmicos. As fotografias aéreas e imagens de satélite periódicas também são instrumentos fundamentais para a realização de estudos a respeito da variação da linha de costa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHAVES, M. S. Dinâmica Costeira dos Campos Petrolíferos Macau/Serra, Litoral Setentrional do Estado do Rio Grande do Norte. Natal RN, 2005. Tese de Doutorado. Programa de Pós- Graduação em Geodinâmica e Geofísica, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. FIGUEIREDO, S. A.; CALLIARI, L. J. Sedimentologia e suas Implicações na Morfodinâmica das Praias Adjacentes às Desembocaduras da Linha de Costa do Rio Grande do Sul. Gravel. v. 4, p.73-87, Porto Alegre, 2006. FOLK, R. L.; WARD, W. C. Brazos River Bar: a Study in the Significance of Grain Size Parameters. Journal of Sedimentary Petrology. v. 27, p. 3-26, 1957. LIMA, Z. M. C. Caracterização da Dinâmica Ambiental Da Região Costeira do Município de Galinhos, Litoral Setentrional do Rio Grande do Norte. Natal RN, 2004. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. MENDES, J. C. Elementos de Estratigrafia. T. A. Queiroz Editora. São Paulo, 1992. MUEHE, D. Geomorfologia Costeira. In:. GUERRA, A. J. T. & CUNHA, S. B. Geomorfologia: Uma Atualização de Bases e Conceitos. 2.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. MUEHE, D. Geomorfologia Costeira. In:. CUNHA, S. B. & GUERRA, A. J. T. Geomorfologia Exercícios, Técnicas e Aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996. NEVES, S. M. Erosão Costeira no Estado da Paraíba. Salvador BA 2003. Tese de Doutorado. Curso de Pós-Graduação em Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia. NEVES, S. M.; DOMINGUEZ, J. M. L.; BITTENCOURT, A. C. S. P. Paraíba. In:. MUEHE, D (org.). Erosão e Progradação do Litoral Brasileiro. Brasília: MMA, 2006. REIS, C. M. M. O Litoral de João Pessoa (PB), Frente ao Problema da Erosão Costeira. Recife PE 2008. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Geociências, Centro de Tecnologia e Geociências, UFPE. ROSSETTI, D. F. Ambientes Costeiros. In:. Florenzano, T. G (org.). Geomorfologia: Conceitos e Tecnologias Atuais. São Paulo: Oficina de Textos, 2008.

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